quinta-feira, 30 de julho de 2015

Comentário




Uma análise de uma grande analista. De uma grande Mulher.

TRATA-SE DOS PORTUGUESES
Os políticos vão e vêm, ganham e perdem. Os países duram. E quanto a alguns bons resultados ou a felizes constatações, não se trata de gabar a coligação. Trata-se, bem mais importante, dos portugueses
1. Valeria a pena questionar esta coisa de António Costa valorizar sistematicamente a sua posição dizendo mal. Só mal. Todo o mal. Exclusivamente mal. Do Governo, do primeiro-ministro, da coligação. Tudo foi um erro, nada se salvou. A ocorrência de haver índices, números, resultados, estatísticas, (já lá vou) que desmentem, ou pelo menos esbatem consideravelmente, a ficção do discurso de Costa sobre o país – falo de Portugal, no verão de 2015 – não parecem interessar-lhe. É mais simples e mais rápido – duvida-se porém se mais eficaz – negar.
Estará o líder do PS manietado pelas expectativas hoje infinitamente menores que provoca em relação a 2014, quando aterrou sem pré-aviso no Largo do Rato, arredando de lá o seu camarada Seguro? Terá (ainda?) pouco de substancial para dizer? Já não evoco a dúvida de algo de já decidido para a governação do país, caso dela venha a ser incumbido; de alguma coisa que ultrapasse em utilidade o “baixar o IVA da restauração” (e alguma vez houve tantos e tão exitosos restaurantes entre nós, de norte sul?) ou “eliminar exames”. Ou de algo que não seja um rol de promessas cuja concretização, quase na sua totalidade, depende de um incertíssimo “aumento do consumo”, em grande parte estrangeiro. Também não evoco os incontáveis ziguezagues executados sem norte aparente sobre o documento idealizado pelos seus economistas. Umas coisas são para ver melhor; outras só verão a luz do dia, se…; outras ainda são passíveis de discussão e, quem sabe até, de serem retiradas.
E assim sendo e parece que é, agarra-se na bengala da linguagem radical como instrumento politico ou desagua-se no insulto. Como o “mentiroso” aplicado agora a torto e a direito ao chefe do Governo com a naturalidade de quem diz que ele é alto ou tem olhos claros. Um passo que o próprio Passos e a coligação nunca deram. Puxem lá pela cabeça: em meses e meses, quatro anos, quatro, de debates parlamentares, discursos, entrevistas, centenas de declarações à entrada e saída de sítios, que me conste não há insultos, verbos radicais ou insinuações falsas arrumadas nos arquivos. Sim, os políticos não são iguais, mas aqui trata-se de escolhas e o que sucede é que elas explicam muito bem – ou mesmo definem – os seus autores. E iluminam o seu caracter e os seus modos de proceder politicamente.
2. Mas qual será o resultado, interrogar-se-ão muitos, entre o pasmo e a dúvida, ao ouvir o insulto como argumento? Atingirá o insulto grosseiro os objectivos políticos em nome dos quais foi disparado? Olhar o gozo quase violento com que as oposições, fazendo hoje disso uma regra, substituem o uso racional do argumento político pela aplicação do insulto travestido de “culpa” (a culpa é sempre “deles”), resvala para o mais baixo do exemplo cívico e político. Não falo – porque não estamos diante disso – de um saudável combate democrático duro e agressivo como compete, ou sequer do uso das boas maneiras: falo de quase uma indecência.
Repare-se em como as oposições servem agora Cavaco Silva como uma espécie de “prato do dia”, devorado com gáudio e convenientemente “usado” como um vulgar inimigo político. Ser ele o Chefe de Estado não impressiona as hostes. A esquerda vomita outsiders (veja-se o caso de António José Seguro, que não era bem “um deles”) Cavaco não pertence àquelas fileiras. Não tem legitimidade. E a direita, por definição, não concita ou merece respeito, mesmo que meramente institucional. Patriótico, ainda menos: a esquerda dá-se mal com a palavra, não lhe encontra significado ou importância, confunde-a com nacionalismo.
3. Falei acima de índices e resultados relativos a Portugal, em Julho de 2015.
Muito a propósito, acabam de me informar de um estudo sobre desigualdades.
Contra o que parece ser a convicção mediática entre nós, mostram os números que constam desse estudo que a desigualdade global dos rendimentos em Portugal não se agravou nos anos da crise. Pelo contrário, a redistribuição nos rendimentos operada pelo Estado (por via dos impostos, transferências, etc. incluídos no pacote de austeridade) foi de molde a conseguir diminuir até, ligeiramente, o (consagrado) índice global de Gini. 
MJA-gini.jpg
A linha azul representa o índice de Gini naturalmente gerado pelo mercado; a verde a acção redistributiva do Estado; e a vermelha o índice de Gini real, depois dessa redistribuição via impostos e prestações sociais  (Fonte: Eurostat)
Julgo em consciência que se tratará de uma quase “façanha”, da qual aliás, nem todos os países sujeitos à austeridade destes anos se poderão gabar por aí além. Sabendo-se porém como estes temas vão ser usados à exaustão na campanha eleitoral, aqui fica o registo, já que a façanha tem sido tornada dispensável pelas oposições ou mesmo ignorada. Que saberá afinal o PS sobre o andamento do país?
4. A “catalogação” em curso – quase vertiginosa, quase demencial, mas certamente irracional – levará a que as considerações acima expostas sejam vistas como vindas de uma “passista” cega ou sabe Deus. Mas não é de Passos e da sua coligação que se trata, mas do país. Os políticos vão e vêm, ganham e perdem. Os países duram. Mas mesmo sabendo que Portugal não se esgota nos insultos nem mora apenas na subcave das redes sociais profissionalmente assassinas, aflige observar como algumas coisas são possíveis de ser ditas.
E quanto a alguns bons resultados do país ou a felizes constatações, como esta das desigualdades, também não se trata de gabar a coligação mesmo que tenha sido a sua navegação a chegar a alguns bons portos. Trata-se, o que é infinitamente mais importante, dos portugueses.
21 de Julho de 2015
 Maria João Avillez

Opiniões



Confesso que gostei dos discursos deles. O de Paulo Portas, mais literato, mas cheio de verdades e de frases desafiantes,  com a necessária clareza e elegância, o de Passos Coelho no realismo caseiro da sua experiência já longa, feita da “estreiteza” (para muitos) tacanha  de um pensamento “honesto” (para poucos), cujo fito foi, desde sempre, o de salvar a nação de um desastre económico.  Mas, é claro, os programas televisivos de ajuizamento desses discursos já estavam  de antemão artilhados e explodiram de imediato, sem darem tempo a reflexão, aliás, também desnecessária, já de antemão fabricados segundo a fórmula de sempre e obedecendo aos critérios do partido de que dependiam, indiferentes aos condicionalismos financeiros  impostos ao Governo, na adopção das políticas de austeridade, e aos êxitos ainda mínimos mas reais do novo status.
António Costa foi o primeiro entrevistado, e nada trouxe de novo, no seu ataque de  melodrama inflamado segundo os parâmetros usuais da inflamação. Jerónimo de Sousa também foi entrevistado a sós e introduziu um dado novo, o da saída da NATO, que ele disse estar subentendida na Constituição de 76 que, ao que parece, isenta o Estado Português de intervencionismos militares do foro mundial, já industriados os que a produziram – a Constituição de 76 - pela isenção autodeterminada de intervencionismo militar nacional em tempos, embora tal norma não estivesse contida  na Constituição de 33. A jornalista que o entrevistou, creio que a mesma Clara de Sousa que entrevistou Costa e Passos, ainda falou da queda do muro como determinante de um menor relevo do comunismo actual, mas Jerónimo de Sousa garantiu que o nosso comunismo é todo ele feito de normas seguidoras do cristianismo exigente do pão de cada dia para as classes trabalhadoras, sobretudo,  embora me pareça isso uma falsidade, ao aperceber-me de que os concertos musicais e outros eventos culturais específicos da nossa cultura continuam a produzir espaços cheios, com bilhetes caros, o que comprova um certo bem estar material, apesar do que se clama por aí de pobreza, para a qual, de resto, várias organizações caritativas  acorrem, como foi sempre regra entre nós.
Mas, ao ouvir hoje, na Opinião Pública da SIC a iracúndia dos que ligaram para dar o seu parecer sobre os discursos de ontem,  perguntei ao meu marido o que pensava de tanta violência oral e respondeu:
- Se aqueles que têm dados, que sabem que o país está mal são contra, porque o que querem é o poleiro, o que se pode pensar das pessoas que apenas sentem quando se lhes toca no bolso? Destes não há que esperar outra coisa, é o seu imediato, não sabem outra coisa além de o dizerem de uma maneira pouco educada, usando a palavra gatuno para qualificar o 1º Ministro, como se estivessem no arraial. O que deviam perguntar é como é que este país pôde fazer tanta construção sem dinheiro.
Concordei, é claro.  Mas lamentarei sempre  que seja assim.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

«Esta moda do pezinho…»



É o registo que me acode, pela imortal voz de Amália, ao ler o artigo «O mito do colesterol» de Manuel Pinto Coelho,  (Médico, doutorado em Ciências da Educação e diplomado em medicina anti-envelhecimento), artigo publicado no PÚBLICO 26/7/2015, pois que a questão do perigo do colesterol virou mito, segundo ele, tal como em tempos o do azeite de oliveira a ser ultrapassado pelos óleos vegetais doutras proveniências, (entre as quais o girassol), mais saudáveis estes, para retomar hoje a sua posição anterior, que Pinto Coelho também aconselha para a redução dos riscos cardiovasculares:

Esta  moda do pezinho
É bem boa de dançar
Dá-se um jeitinho ao pé
E um saltinho para o ar
Toma lá, Chiquita
Toma lá e leva
Esta linda moda para a tua terra
Vira pra direita, vira para a esquerda
Vira pra direita, muchacha galega!

Carlos Pinto Coelho informa, apoiado em estudos, que não é o colesterol o responsável-mor das doenças cardiovasculares, segundo  as prescrições actuais, mas muitas vezes os tratamentos delas, com fármacos como as “estatinas”, ressalvando, todavia, essa medicação: «As únicas pessoas que podem tirar partido das estatinas são as que sofrem de hipercolesterolémia familiar, uma doença rara que dá uma taxa elevada de colesterol (para cima de 330) qualquer que seja a alimentação e o modo de vida.»
O artigo, embora longo, é claro e útil, e aponta não só efeitos benéficos da existência do colesterol nos organismos, como os meios dietistas para o controlar:

«O mito do colesterol»
Manuel Pinto Coelho
«Na luta contra as doenças cardiovasculares, sempre que se pensa em arteriosclerose é admitido, desde há muito tempo, que o culpado é o colesterol que se vai depositando nas artérias, entupindo-as progressivamente a uma velocidade proporcional ao seu nível no sangue. Ora a verdade é que esta teoria não repousa em nenhum dado científico bem sustentado.
Na realidade, não só a investigação comprova que três quartos das pessoas que têm o primeiro ataque cardíaco têm níveis normais de colesterol, como estudos recentes indicam que os tratamentos, em muitas situações, acabam por ser bem mais nocivos.
Reportando-nos exclusivamente aos problemas cardiovasculares, têm-se negligenciado muitas vezes a importância dos numerosos efeitos secundários provocados pelos tratamentos para baixar o colesterol, essencialmente perda de memória, fraqueza muscular e ligamentosa, impotência sexual e diabetes tipo2, alterações digestivas e hepáticas, dores de cabeça, edemas, vertigens, alterações cognitivas e alergias cutâneas.
No caso das estatinas, drogas que bloqueiam, no fígado, a enzima responsável pela produção do colesterol, essencial para a nossa sobrevivência, talvez nos dias que correm os medicamentos que mais se vendem em todo o mundo, utilizadas para baixar o colesterol total e a fracção LDL do colesterol, (sendo que este último, embora não seja mais que um transportador do colesterol do fígado, onde ele é fabricado, para os tecidos que dele têm necessidade é considerado ridiculamente “mau colesterol”, em contraponto com a fracção HDL, considerada “bom colesterol”, outro mero transportador do mesmo colesterol, dos tecidos que o utilizaram, para o fígado - a sua central de fabrico e reciclagem), o risco de diabetes e obesidade resultante da sua toma foi ainda há pouco tempo denunciado pela comunidade científica.
Assim, em Março de 2012 a Agência Europeia do Medicamentos (EMA) reconheceu a gravidade do efeito diabetogénico das estatinas e recomendou aos laboratórios que os seus efeitos secundários passem a ser claramente anotados nas normas de utilização, norma que, parece, nem sempre cumprida.
Mas não é tudo. Começa a aparecer cada vez mais evidência mostrando que as estatinas pioram também a saúde cardíaca, revelando não só que não seguras como também não são muito eficazes. Um estudo recentemente publicado, revelou, em contraste com o aquilo que é hoje comummente aceite (a redução do colesterol com estatinas diminuem a arterioesclerose), que estas drogas podem, pelo contrário, estimular a arteriosclerose e a insuficiência cardíaca (Expert Review of Clinical Pharmacology.2015 Mar;8(2):189-99).
Alguns mecanismos fisiológicos discutidos no estudo mostraram que as estatinas podem piorar a saúde do coração de várias formas:
- Inibindo a função da vitamina K2, necessária para proteger as artérias da calcificação;
- Danificando a mitocôndria, prejudicando a produção de ATP (responsável pela energia do músculo cardíaco).
- interferindo com a produção de CoQ10, como se referirá mais adiante;
- O mesmo com proteínas contendo selénium, tais como a glutationa peroxidase, cruciais para prevenir o dano oxidativo do tecido muscular.
Considerando todos estes riscos, os autores concluíram que “as epidemias da insuficiência cardíaca e arteriosclerose, quais pragas do mundo moderno, podem ser paradoxalmente agravadas pelo uso difuso de estatinas. Nós propomos que os correntes manuais de tratamento com estatinas sejam criticamente reavaliados”.
No que diz respeito às doenças cardiovasculares, em que o colesterol teima em aparecer como o mau da fita, há uma grande incerteza sobre as suas causas e têm surgido as teorias mais contraditórias.
Sabe-se que aquilo a que se chama “placa” ateromatosa, que reduz o diâmetro das artérias, é principalmente constituída por células compostas pelo tecido muscular liso das artérias (proliferarando anormalmente), cálcio, ferro e colesterol, sendo este minoritário, funcionando como um curativo qual penso reparador do desgaste provocado pela inflamação da parede das artérias, esta sim a verdadeira má da fita nesta questão da formação da placa ateromatosa e da consequente arteriosclerose. Daí a importância do seu biomarcador – a PCR (Proteína C Reativa) – estar abaixo de 0,5. Quem o tem abaixo deste valor pode comer gorduras à vontade.
Sendo assim, se o aumento da taxa de colesterol é um meio que o organismo encontra para se proteger, então baixar a sua taxa com medicamentos, estatinas ou quaisquer outros, não parece boa ideia.
Se as taxas estiverem elevadas, tal deverá ser sempre considerado como um problema essencialmente de estilo de vida, que se corrigirá, prioritariamente, modificando o comportamento e a alimentação (de relevar a toma diária de 3 gramas diários de Ómega 3).
As únicas pessoas que podem tirar partido das estatinas são as que sofrem de hipercolesterolémia familiar, uma doença rara que dá uma taxa elevada de colesterol (para cima de 330) qualquer que seja a alimentação e o modo de vida. Se se tiver que as tomar, dever-se-á tomar também CoQ10 ou ubiquinol, co-enzimas também anti-oxidantes cuja produção está igualmente bloqueada pelas estatinas.
Para reduzir o risco cardiovascular, as melhores medidas a tomar são:
- Substituir a alimentação industrial, transformada e artificial, por alimentos frescos pouco cozinhados, se possível biológicos, cultivados localmente;
- Aumentar o consumo de gorduras boas para a saúde como o abacate, peixes gordos, ovos biológicos inteiros, gordura de noz de coco, nozes, amêndoas, avelãs e azeite, de forma que o rácio entre o ómega 3 e o ómega 6 ande entre 1/1 e 1/5 (e não 1/20 como acontece com a actual alimentação ocidental);
- Optimizar a ingestão de cálcio, magnésio, sódio e potássio, optando sempre que possível por legumes biológicos;  
- Monitorar a taxa de vitamina D optando pela exposição ao sol – conseguir-se-ão níveis óptimos com uma exposição de 20 minutos em pelo menos ¾ partes do corpo -, acompanhada de vitamina K2 para evitar a calcificação das artérias;
- Restaurar os níveis hormonais, principalmente da testosterona, com hormonas bio-idênticas;
- Parar de fumar e não beber mais de um copo de vinho tinto por dia;
- Fazer exercício físico regularmente;
- Cuidar da higiene bucal e dentária – as pessoas com má higiene da sua boca têm 70% de risco de desenvolver uma doença cardíaca em contraponto com as pessoas que lavam os dentes pelo menos duas vezes por dia;
-Evitar as estatinas (salvo no caso da hipercolesterolémia familiar), que fazem baixar as taxas de colesterol artificialmente, sem esforço, mas com o risco de numerosos efeitos indesejáveis, como se referiu.
- Melhorar a sensibilidade à insulina – para tal optar por um regime com índice glicémico baixo como a batata-doce (melhor que a batata), o mel (melhor que o açúcar), as leguminosas como as ervilhas, os feijões e as favas (melhor que os cereais).
Com esta finalidade, considerar também o ácido alfa-lipóico (400 mg/dia). 
O colesterol é uma molécula natural produzida 70% pelo organismo, principalmente pelo fígado, (os restantes 30% provêm dos alimentos), que o utiliza como um verdadeiro cimento: ao nível dos músculos, para os reparar quando estão fragilizados depois dum exercício físico; ao nível do cérebro, para ajudar os neurónios a melhor comunicar entre si; ao nível das artérias, para as reparar quando são lesadas.
Ele é uma das substâncias mais importantes, não só indispensável à regeneração das células e à formação das suas membranas, à metabolização de vitaminas como a A, D, E e K, à produção de ácidos biliares importantes na digestão das gorduras, essencial, como se disse, para o cérebro (contém cerca de 25 % de todo o colesterol do corpo, sendo critico na formação das sinapses que permitem o pensamento, a aprendizagem e a formação da memória) como à síntese de hormonas tão vitais para a nossa existência como as hormonas sexuais – testosterona, progesterona e estrogéneo (há quem considere que ter taxas de colesterol elevado a partir dos 65 anos é sinal de longa vida e de virilidade...), as hormonas do stress – glucocorticóides como o cortisol, e à mais importante de todas – a vitamina D, como as hormonas sexuais ela também uma hormona esteróide, sendo que uma pele com níveis insuficientes de colesterol não é capaz de a produzir.
Médico, doutorado em Ciências da Educação e diplomado em medicina anti-envelhecimento

Sendo, pois, o tratamento do  colesterol  responsável pela perda de memória,  como informa o artigo do Dr. Manuel Pinto Coelho sobre os benefícios do colesterol e os malefícios do seu tratamento – e esperemos que tal opinião não vire pura moda efémera, como as mais - concluo com a seguinte anedota bem humorada que o meu filho Ricardo me enviou, ele próprio a caminho dessas patologias enervantes, ou desejoso de precaver a mãe, que já há muito se queixa, hiperbolizando, como é seu costume, embora não lhe pertença o conto burlesco.  Um bom dito é meio caminho para a saúde, pelo menos mental:
«Wanda, Wilma e Waneide»
Três irmãs, Wanda, de 90, Wilma, 88 e Waneide, 86 aninhos de idade, viviam na mesma casa.
Uma noite, Wanda, a de 90, começa a encher a banheira para tomar banho; põe um pé dentro da banheira, faz uma pausa e grita:
- Alguém sabe se eu estava entrando ou saindo da banheira?
A irmã, Wilma, de 88, responde:
- Não sei, já subo aí para ver!
Começa a subir as escadas, faz uma pausa, e grita:
- Eu estava subindo ou descendo as escadas?
A irmã caçula, Waneide, a de 86, estava na cozinha tomando chá e escutando suas irmãs. Balança a cabeça e pensa:
- Que coisa mais triste! Espero nunca ficar assim tão esquecida...
Prevenida, bate três vezes na madeira da mesa, e logo responde:
- Já vou ajudá-las, mas antes vou ver quem está batendo na porta!

Pessoal, agora fiquei com medo.....
Eu estou enviando ou recebendo este e-mail ?
 Acho que as duas coisas. Ainda me sinto capaz de ponderar.

Histórias omissas



Publicou o “A Bem da Nação” um texto de SOLANGE, cujo desespero traduzido numa escrita de triste ironia,  me trouxe ao pensamento “O GRITO” de Edvard Munch, em que uma natureza retorcida acompanha os traços da imagem deformada na monstruosidade da dor. Monstruosa é a dor da SOLANGE, representante de uma nação com grande potencial de riqueza, mas, ao que parece, canalizada para um homem e família, que viveu na Rússia para dominar bem os princípios políticos para os seus fins pessoais. Da Internet extraio passos da sua biografia que ajudam a entender o “Grito” de SOLANGE, de monstro devorador que o mundo aprova, com receio das suas políticas de ditador sem escrúpulos, a própria filha engenheira como ele, tendo oferecido em tempos entrevista delicodoce sobre o seu papá, vovô baboso, ignorando a gravidade dos males sociais no seu país,  entrevista que logo definiu a atitude servil do entrevistador, manietado pelo medo, e a de Isabel dos Santos, no seu ar de simpatia indiferente, após as baboseiras sobre o papá, falando de formação dos jovens para o emprego, no espírito de iniciativa, talento, orgulho, pequenas poupanças – o segredo está em ter uma equipa para se chegar às grandes empresas. Obsceno.
Eis alguns dados sobre o Senhor Presidente Engenheiro, extraídos da Internet, que o próprio mundo agracia, com prémios e referências estimulantes, próprias do cinismo e da má fé gerais, mesmo nas nações culturalmente mais poderosas:
«Desta forma, José Eduardo dos Santos teve um papel de destaque não só na liberdade e autonomia de Angola como no alcance da paz e da criação de um regime democrático no país – tendo o MPLA sido o partido que emergiu como vencedor de todos os sufrágios eleitorais desde que estes se realizam.
Em inícios de 2010 foi adoptada uma nova constituição. Esta abandona, por um lado o princípio da divisão entre os poderes legislativo, executivo e judiciário, concentrando os poderes efectivos no presidente. As eleições legislativas seguintes foram entretanto agendadas para 2012, tendo José Eduardo dos Santos dado a conhecer a sua intenção de não voltar a candidatar-se, Por outro lado, esta constituição já não prevê eleições presidenciais, mas um mecanismo pelo qual é eleito presidente da República e chefe do Executivo o cabeça de lista, pelo círculo nacional, do partido político ou coligação de partidos políticos mais votado no quadro das eleições gerais. apontando como o seu sucessor Manuel Domingos Vicente, na altura presidente da Sonangol . Mais tarde voltou, porém, atrás, assumindo o estatuto de cabeça-de-lista dos candidatos pelo MPLA. Durante a posse, José Eduardo dos Santos apontou sempre a "estabilidade política" como prioridade do mandato presidencial. Esta estabilidade política também foi assegurada pelo cumprimento de um programa de reformas para a melhoria da organização, gestão e controlo das finanças públicas.
A 31 de agosto de 2012 decorreram eleições gerais, também estas ganhas pelo MPLA, e de acordo com a Constituição aprovada em 2010, José Eduardo dos Santos, como número um da lista eleitoral do MPLA, foi automaticamente eleito presidente da República, legitimando desta forma a sua permanência no cargo por um período de mais cinco anos. A sua posse formal foi a 25 de Setembro de 2012.
Recentemente o economista angolano José Pedro de Morais Júnior destacou as medidas pragmáticas tomadas por José Eduardo dos Santos na liderança de Angola, nas mais diversas fases do complexo contexto do país, com destaque para a competitividade, a diversificação da economia, e a vontade política do Chefe de Estado em criar emprego para combater a fome e a pobreza.
Em Setembro de 2014, José Eduardo dos Santos anunciou a cessação da acumulação do cargo de governador provincial, com o de primeiro secretário provincial do MPLA. Esta medida tinha como objectivo melhorar o funcionamento do aparelho da administração provincial e das administrações municipais, de forma a ajustar o modelo de governo ao novo contexto e maior procura dos serviços públicos.
O papel de José Eduardo dos Santos no desenvolvimento do sector petrolífero foi elogiado em Londres, durante a abertura da primeira conferência mundial anual de apoio ao empresariado nacional, que decorreu em Outubro de 2014. O nome do Presidente angolano foi evocado pelo seu empenho na inserção do empresariado nacional do ramo e na formação de quadros, bem como pelo seu incentivo à formação dos jovens nacionais nas áreas técnicas, em especial na engenharia petrolífera.
Durante o V Congresso Extraordinário do MPLA, decorrido de 4 a 6 de Dezembro de 2014, em Luanda, o Presidente do Partido e da República, José Eduardo dos Santos, foi elogiado pelos seus esforços na condução dos destinos do Partido e da Nação. No discurso de abertura do Congresso, José Eduardo dos Santos, referiu também que o partido nasceu num contexto difícil, mas que assumiu o papel de guia do povo angolano, na luta pela libertação de Angola.
Em 2014, o historiador e investigador angolano, Patrício Batsîkama, lançou um livro intitulado "José Eduardo dos Santos e a ideia da Nação Angolana". A obra questiona alguns aspectos do passado recente de Angola e responde a certas curiosidades em relação à participação do Presidente da República na luta pela independência nacional.
José Eduardo dos Santos foi eleito o "Homem do Ano 2014" pela revista Africa World. Segundo a publicação, a escolha do líder angolano deve-se ao seu contributo para o excelente processo de recuperação económica e democrática de Angola desde o fim da guerra. A 8 de Maio de 2015, o Presidente angolano foi galardoado com o prémio de boa governação “Meafrica Award”, no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O Meafrica Awards é uma organização sem fins lucrativos que distingue personalidades individuais que contribuem na facilitação de investimentos e das relações económicas, para as economias em desenvolvimento.»
«Controvérsias»
«José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente associado à grande corrupção e ao desvio de recursos do petróleo, em grande parte proveniente do enclave de Cabinda.  Sua família é detentora de imenso patrimônio, que inclui casas nas principais capitais europeias, participações em grandes empresas, holdings em paraísos fiscais e contas bancárias na Suíça - um patrimônio acumulado ao longo de décadas de exercício do poder. Seus oponentes o acusam de ignorar as necessidades sociais e econômicas de Angola, concentrando seus esforços em amealhar riqueza para sua família, ao mesmo tempo em que silencia a oposição ao seu governo. Em Angola, cerca de 70% da população vive com menos de 2 dólares por dia, enquanto Santos e sua família acumularam uma imensa fortuna, que inclui participações nas principais empresas do país, bem como em grandes empresas estrangeiras.
Santos enriqueceu desde que assumiu o poder mas acumulou enorme quantidade de bens sobretudo durante e depois das guerras civis angolanas . A partir do cessar-fogo, quando grande parte da economia do país foi parcialmente privatizada, ele assumiu o controle de diversas empresas emergentes e apoiou takeovers de várias outras companhias de exploração de recursos naturais.
Afinal o Parlamento de Angola considerou ilegal que o presidente, pessoalmente, tivesse participação financeira em empresas. Na sequência, a fortuna de sua filha, Isabel dos Santos, baseada na participação accionária em várias empresas angolanas e estrangeiras, passou a crescer exponencialmente. Paralelamente, o governo passou a assumir o controle accionário em empresas que o presidente indiretamente controlava.
Ao mesmo tempo, o orçamento governamental chegou a 69 bilhões de dólares em 2012, graças aos rendimentos proporcionados pelo petróleo, os quais saltaram de 3 bilhões de dólares, em 2002, para 60 bilhões, em 2008. No entanto, segundo o Fundo Monetário Internacional, 32 mil milhões de dólares das receitas de petróleo simplesmente sumiram dos registros do governo. Afinal, descobriu-se que o dinheiro faltante foi usado em "atividades quase fiscais".
José Eduardo dos Santos e o regime que representa tornaram-se alvo de protestos políticos por parte dos jovens angolanos, desde fevereiro de 2011. Uma grande manifestação pública realizada em Luanda, no início de setembro de 2011, foi duramente reprimida pela polícia, com dezenas de pessoas detidas e vários manifestantes feridos. A contestação ocorre sob outras formas, inclusive pelo "kuduru" rap e através de redes sociais da Internet.. Ao mesmo tempo, registou-se uma significativa abstenção nas eleições de 2012 (37,2 %, contra 12,5 % em 2008) e, em Luanda, onde vive um quarto da população do país e sua fração mais politizada, a abstenção chegou a 42 % , enquanto o MPLA (o partido de Santos) obteve apenas 25 % dos votos.»

Eis “O GRITO” de SOLANGE, publicado no «A Bem da Nação»:

«Angola. Angola?...»
Somos o povo especial escolhido do Sr. Engenheiro.
E como povo especial escolhido por ele, não temos água nem luz na cidade.
Temos asfalto cada dia mais esburacado.
Os que, dentre nós, vivem na periferia, não têm nada. Nem asfalto. Só miséria, lixo, mosquitos, águas paradas. Hospitais?!!! Nem pensar. O povo especial não precisa. Não adoece. Morre apenas sem saber porquê. E quando se inaugura um hospital bonito e ficamos com a esperança de que as coisas vão mudar minimamente, descobre-se que as máquinas são chinesas, com manuais chineses sem tradução e que ninguém sabe operá-las... Estas são opções especiais para um povo especial.
Educação?!! O povo especial não precisa. Cospe-se na rua (e agora com os chineses, temos que ter cuidado para não caminharmos sobre escombros escarrados de fresco...), vandalizam-se costumes, ignoram-se tradições.
Escolas para quê e para ensinar o quê?!! Que o Sr. Engenheiro é um herói porque fugiu ali algures da marginal acompanhado de outros tantos magníficos?!!!
Que a Deolinda Rodrigues morreu num dia fictício que ninguém sabe qual, mas nada os impediu de transformar um dia qualquer em feriado nacional?!!!!
O embuste da história recente de Angola é tão completo e manipulado que até mesmo eles parecem acreditar nas mentiras que inventaram...
Se incomodarmos o Sr. Engenheiro de qualquer forma, sai a guarda pretoriana dele e nós ficamos quietos a vê-los barrar ruas anarquicamente sem nos deixar alternativas para chegarmos a casa ou aos empregos.
O povo especial nem precisa ir trabalhar se resolvem fechar as ruas. Se sairmos para almoçar e eles bloqueiam as ruas sem qualquer explicação, só temos uma hipótese: como povo especial não precisa de comer, dá-se meia volta de barriga vazia e volta-se para o emprego.
E isto quando não ficamos horas parados à espera que o sr. Engenheiro e sua comitiva recolham aos seus lares e nos deixem, finalmente circular.
Entramos em casa às escuras e saímos às escuras. Tomamos banho de caneca. Sim, bem à moda do velho e antigo regime do MPLA-PT do século passado. Luanda, que ainda resiste a tantos maus-tratos e insiste em conservar os vestígios da sua antiga beleza, agora é violentada pelos chineses. Sodomizada. Sistematicamente. Dia e noite. Está exaurida; de rastos, de cócoras diante dos novos "amigos" do Sr. Engenheiro.
Eles dão-se, inclusivé, ao luxo de erguerem dois a três restaurantes chineses numa mesma rua.
A ilha do Cabo tem mais restaurantes chineses que qualquer outra rua de qualquer outra cidade ocidental ou africana: CINCO!!!! A China Town instalada em Luanda. As inscrições que colocam nos tapumes das obras em construção, admirem-se, estão escritas na língua deles. Eles são os novos senhores. Os amigos do Sr. Engenheiro.
A par do Sr. Falcone... a este foi-lhe oferecido um cargo e passaporte diplomático.
Aos outros, que andam aos bandos, é-lhes oferecido a carne fresca das nossas meninas. Impunemente. Alegremente. Com o olhar benevolente dos canalhas de fato e gravata. Lá fora, no mundo civilizado, sem povos especiais, caçam os pedófilos. Aqui, criam e estimulam pedófilos. Acham graça.
Qualidade de vida é coisa que o povo especial nem sabe o que é. Nem quantidade de vida, uma vez que morremos cedo, assim que fazemos 40 anos. Se vivermos mais um pouco, ficamos a dever anos à cova, pois não nos é permitida essa rebeldia. E quem dura mais tempo, é castigado: ou tem parentes que cuidem ou vai para a rua pedir esmola!
Importam-se carros. E mais carros. De luxo. Esta é a imagem de marca deles: carros de luxo em estradas descartáveis, esburacadas. Ah... e telemóveis!!!! Qualquer Prado ou Hummer tem que levar ao volante um elemento com telemóvel. Lá fora, no mundo civilizado sem povos especiais, é proibido o uso do telemóvel enquanto se conduz. Aqui é sinal de status, de vaidade balofa!!!!!!!!!!
Pobre povo especial! Sem transportes, sem escolas, sem hospitais. À mercê dos candongueiros, dos "dirigentes" e dos remédios que não existem. Sem perspectivas de futuro.
Os nossos "amanhãs" já amanhecem a gemer: de fome, de miséria, de subnutrição, de ignorância, de analfabetismo, de corrupção, de incompetência, de doenças antes erradicadas, de ira contida, de revolta recalcada.
O grito está latente. Deixem-no sair: BASTA!!!!!!