sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Tópicos da «Nota Introdutória» de Frederico Lourenço a «Evangelho segundo Marcos»




«E elas, saindo, fugiram do sepulcro, pois dominava-as um tremor e um êxtase. E nada disseram a ninguém: tinham medo, pois » (16:8) (*)

1- Começando pelo fim:
(*) Nota final de F L: 16:8: «O Evangelho de Mateus termina aqui porque foi este o desfecho pretendido pelo autor? Terá o evangelista adoecido ou morrido antes de terminar a sua obra? Ou terá ele escrito uma continuação  que se perdeu? Se foi esse o caso, em que circunstâncias? Danificação ou perda de papiro(s)? Ou será concebível que  essa continuação tenha avultado incómoda, por alguma razão, e foi por isso eliminada? São perguntas para as quais não temos respostas. Certo é que os versículos, fraquíssimos, que foram mais tarde acrescentados, são quase universalmente considerados espúrios. Para quem gosta de ver no fim abrupto em termos musicais, uma “cadência interrompida”), uma bela maneira de fechar o texto, com tudo no ar relativamente à realidade da ressurreição, há uma dúvida que tem de ser levantada: é concebível que um livro em língua grega possa terminar com a palavra “pois” (a partícula gár)? É que o Evangelho termina com as palavras ephoboûnte gár (tinham medo, pois). É um desfecho muito pouco usual na literatura grega. Contudo, podemos dizer em seu abono que há um paralelo no final do 32º tratado do filósofo neoplatónico Plotino (cf. Enéadas, 5.5) que escreveu no séc. III da era cristã. (V. bibliogr. citada).

2-Estilo:
-  «simples, popular, mas de intenso encanto literário».
-  «Não se trata de uma manta de retalhos que partiu de informações várias.
-  «Redacção tersa, o ritmo é veloz e as frases estão carregadas de dramatismo.
-  «Foi aproveitado (para não dizer plagiado) por Lucas e Mateus.
– «Sobre o Evangelho de Marcos podemos dizer que é um dos livros mais arrebatadores que alguma vez foram escritos.(bibliogr.)»

3- Quem foi Marcos?
a) - O texto não faz referência ao narrador.
b) - «Uma assinatura encriptada, à maneira de Hitchcock, a referência ao jovem nu? (14:51-52)”: “E os discípulos , deixando-o, fugiram todos. Um certo jovem seguia-o envolto apensas num lençol por cima da nudez. Prenderam-no, mas ele, deixando o lençol, fugiu nu.”  Nota de F. L.: «Já muitas pessoas se perguntaram se este jovem que foge, nu, do local onde Jesus é preso, será como que a assinatura cifrada do autor do Evangelho. O jovem (neanískos) será Marcos? Claro que a própria estranheza desta insólita ocorrência tem provocado todo o tipo de leitura simbólica (pensando uns que se trata de uma alegoria da ressurreição; outros do baptismo – e por aí fora).»
c) - «De acordo com a História Eclesiástica (3.39.14) de Eusébio, escrita no séc. IV mas que se apoia em fontes mais antigas, Marcos foi companheiro e tradutor-intérprete (hermêneutês) de Pedro. Marcos, segundo esta tradição da Igreja primitiva, terá registado tudo o que Pedro lhe contou sobre Jesus com exactidão (akribôs), ainda que não ordenadamente (ou méntoi táxei).»
d) - A informação de Eusébio é contestada durante o séc. XIX.
e) - «Hoje também parece improvável, à maior parte dos estudiosos, que o evangelista possa ser identificado com João Marcos referido como companheiro de Paulo nos “Actos dos Apóstolos” (12:12-17); 15:37-39).»
f) - «Por outro lado, a primeira carta atribuída a Pedro no NT alude à presença em Roma (metaforicamente referida como “Babilónia”)  de um tal Marcos como companheiro do autor da carta (1 Pedro 5:13). Que esta carta, atendendo à beleza e à perfeição do seu grego, tenha sido escrita por Pedro, pescador da Galileia, é algo que legitimamente podemos pôr em causa; contudo a presença em Roma de alguém chamado Marcos, ligado a um círculo de primeiros cristãos, é plausível e merece ser levada a sério (independentemente da questão de quem escreveu a carta atribuída a Pedro).»

4 – Conteúdos comprovativos da identificação do evangelista com este último Marcos:
a) «Atendendo a que este Marcos é o próprio evangelista, há vários elementos que, no interior do  seu texto, corroboram um conhecimento da realidade romana:
              « - Latinismos que “maculam” a pureza do seu grego; (e do grego de Mateus e Lucas, quando estes copiam Marcos) em diversas paragens deste Evangelho; Ex:  transliteração para grego dos latinismos: modius (4:21): legio (5:9); speculator (6:27); quadrans (12:42) e centurio (15:39).»
                « - Paralelamente, algum conhecimento da realidade romana tem de ser pressuposto no facto de Marcos (10:20) colocar na boca de Jesus palavras sobre o divórcio que admitem a possibilidade de a mulher se divorciar do marido: a realidade judaica, que o Jesus histórico conheceu, previa apenas que o marido se divorciasse da mulher. Parece perfeitamente previsível, pois, que o Evangelho de Marcos tenha  escrito em Roma como reza a tradição

5 –Tempo da escrita do Evangelho de Marcos:
            - « Acreditar no relato tradicional de que Marcos escreveu sob influência de Pedro implica, para alguns, aceitar que o texto foi escrito antes da destruição de Jerusalém, que ocorreu no ano 70 da nossa era: pois Pedro terá sido martirizado no reinado de Nero, imperador que morreu em 68. O problema, contudo, reside na dificuldade de aceitarmos que quem escreveu o Capítulo 13 do Evangelho de Marcos o fez sem conhecimento da destruição de Jerusalém ordenada por Tito no ano 70. Assim, os estudiosos que colocam considerações de natureza histórica –objectiva acima de outras de índole eclesiástica tendem a aceitar que, à semelhança dos outros três Evangelhos canónicos, o Evangelho de Marcos foi escrito depois do ano 70

6- Só em Marcos:
a) - «Apesar de seguido por Lucas e Mateus, há elementos em Marcos que estão ausentes dos outros evangelistas:
                «-Para a frase bombástica de Jesus em 2: 27 (“o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado”) não encontramos paralelo exacto em Mateus, Lucas ou João.
                «- Nem os outros Evangelhos nos mostram Jesus visto como um louco pela sua própria família (3: 20-21): «Tendo Jesus chegado a casa, de novo a multidão acorreu, de tal maneira que nem podiam comer pão. E quando os seus familiares ouviram isto, saíram para o refrear. Pois diziam: “Enlouqueceu”.»
                « - Apesar de não mencionar nem o nascimento de Jesus nem a virgindade de Maria, o Evangelho de Marcos é o único texto do NT em que Jesus é referido por meio da expressão “filho de Maria” (6:3).
« - Para quem acredite que foi Pedro a instruir Marcos sobre todas as informações atinentes à vida e morte de Jesus, causa estranheza o facto de ser este o único Evangelho que não menciona o nome do sumo sacerdote.
 « - Por outro lado só Marcos regista que Jesus era ele próprio carpinteiro: “ (6:3): “Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós? E escandalizaram-se com isto.”»
« - Atendendo à importância dos samaritanos nos outros Evangelhos – quer como povo detestado pelos judeus, quer como povo a que pertencem inesquecíveis personagens como “o Bom Samaritano” de Lucas ou “a Samaritana”  com quem Jesus conversa no Evangelho de João – surpreende que, em todo o Evangelho de Marcos, não haja uma única referência a este povo. Talvez na Roma onde escreveu este evangelista de nome latino (Marcus), que mostra por várias vezes desconhecer a geografia da Galileia e da Judeia, o chauvinismo antissamaritano  de Israel não fizesse muito sentido.»

II- Estrutura
Síntese dos capítulos, segundo os títulos de Frederico Lourenço:

1- João Baptista; O baptismo de Jesus; Tentações no deserto; Início do ministério na Galileia; O chamamento dos primeiros discípulos.
2-  Cura de um paralítico; O chamamento de Levi (Mateus); Sobre o Jejum; O vinho novo em odres velhos; “O sábado foi feito para os homens e não os homens para o sábado»
3 – Jesus cura uma mão deformada; a multidão junto do lago; A escolha dos doze; A preocupação dos familiares de Jesus; Jesus e Belzebu; mãe e os irmãos de Jesus.
4 – Parábola do semeador: A lâmpada; a medida; o grão que germina secretamente e o grão de mostarda; Jesus acalma a tempestade.
5 – O possesso de Gerasa; Jesus e a filha de Jairo; A mulher que há doze anos sofria um fluxo de sangue.
6 – Jesus incompreendido em Nazaré; Missão dos doze; Herodes e Jesus; Morte de João Baptista; A multiplicação dos pães e dos peixes; Jesus caminha sobre a água.
7 – Jesus e os preceitos da lei judaica; A mulher siro-fenícia; Jesus cura um surdo-mudo.
8 – Nova multiplicação de pães e de peixes; O sinal pedido pelos fariseus; Jesus cura o cego de Betsaida; Pedro reconhece Jesus como Messias; O primeiro anúncio da Paixão.
9 – Transfiguração; Jesus cura um epiléptico; O segundo anúncio da Paixão; O maior no Reino; Sobre o escândalo.
10 – Jesus fala sobre o divórcio; Jesus e os mais pequenos; O homem rico; A dificuldade de os ricos entrarem no reino de Deus; O desprendimento; O terceiro anúncio da Paixão; Jesus cura um cego em Jericó.
11 – Entrada de Jesus em Jerusalém; A figueira estéril; Jesus expulsa os vendilhões do templo: A figueira seca e o poder da fé; Jesus e as autoridades judaicas.
12 –Parábola dos vinhateiros assassinos; O tributo a César; A ressurreição dos mortos; O mandamento do amor; A oferta da viúva pobre.
13 – Jesus antevê a destruição de Jerusalém; Os falsos Messias.
14 – Os judeus procuram matar Jesus; A unção de Betânia; A traição de Judas; A preparação da Ceia Pascal; A instituição da Eucaristia; Jesus em Getsémani; Prisão de Jesus; Jesus perante as autoridades judaicas; As três negações de Pedro.
15 – Jesus perante Pilatos; Barrabás; Jesus coroado de espinhos; O caminho do Calvário; A crucificação de  Jesus; A sepultura de Jesus.
16 – As mulheres vão ao sepulcro e não encontram Jesus.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Um cidadão contente



Dois artigos de Manuel Carvalho que não entendo muito bem, de loas que se refutam, de omissões que me parecem graves. O primeiro texto louva os professores das escolas públicas e as exigências atribuídas a Maria de Lurdes Rodrigues e a Marçalo Grilo, mas não refere Nuno Crato que sempre me pareceu um honesto ministro da Educação que impôs um percurso de exigência educativa, quando em Maria de Lurdes Rodrigues vira antes uma exigência burocrática espalhafatosa e onerosa sobre os docentes, em reuniões contínuas impeditivas de um trabalho sério de formação eficaz, além de ser uma figura integrada num governo de esbanjamento desonesto, criando escolas para ricos, fechando os olhos àquelas a que faltam condições de trabalho decente. Esse facto de elogio de ministros socialistas e de omissão de Nuno Crato como responsável no processo que promove alunos portugueses segundo os dados do PISA 2015, além do apoio entusiástico às escolas públicas, leva-me a situá-lo naquela esquerda que levantou o problema do ensino público e do privado, este último para os meninos bem, o primeiro para a maioria dos assim-assim na questão económica. E este facto pôs em causa, quanto a mim, a honestidade e o equilíbrio do seu parecer, decididamente faccioso.
De facto, embora considerando heróicos os professores de hoje, sobretudo os do ensino público, em escolas sujeitas a vastas camadas de população escolar proveniente das mais diversas origens sociais, não posso deixar de referir, como responsáveis pela formação discente, os excelentes manuais de estudo que, a serem seguidos pelos alunos mais cumpridores, os farão certamente dar boa conta de si em exames futuros, sendo igualmente favoráveis à preparação docente. Foi, de resto, uma das «conquistas de Abril» essa da criação de compêndios escolares e respectivos exercícios de acompanhamento, que me deixam reconhecida às orientações educativas e aos professores criadores dos manuais.
O segundo texto, que concorda que «Provada a sua capacidade de sobrevivência política num quadro completamente novo, a verdade é que o Governo não sabe bem o que fazer» e «Já sabíamos também que António Costa é um mestre em embrulhar más notícias ou más decisões em discursos que parecem poemas de amor», faz, todavia, inebriante elogio à dupla PS e Esquerda : «Depois de 40 anos em lados opostos da barricada, o PS e o PCP conseguiram em 2016 descongelar a história e encontrar pontos de contacto; a liberdade que o Bloco e o PCP têm para deixar passar algumas medidas da governação, ao mesmo tempo que se podem dar ao luxo de chumbar outras, reforçou o parlamentarismo. E essa é uma boa notícia.»
Um homem satisfeito com as contradições do primeiro ministro, o qual nos vai encaminhando alegremente não sabemos se para o abismo, atamancando os discursos, embrulhando as contas, torpedeando os dados, seguindo em frente, a todos nós deixando tranquilos e pacíficos, que não somos bons em matemática.
Muitas palmas para as nossas escolas
Manuel Carvalho
Público, 6 de Dezembro de 2016
Em década e meia, o desempenho dos alunos portugueses passou da cauda para acima da média dos países ricos. Uma das melhores notícias dos últimos anos para o país.

O nosso Presidente-Rei que tanto se empenha em distribuir confiança a todos, medalhas a atletas e afagos a gestores devia fazer uma pausa na sua agenda para dedicar um dia inteirinho a enaltecer o extraordinário trabalho dos professores portugueses. Os resultados internacionais da avaliação TIMMS ou os dados do PISA de 2015 são a melhor notícia que recebemos como país em muitos meses de dúvidas e incertezas. E, desta vez, é ridículo cair no facciosismo partidário ou no ego insuflado deste ou daquele político ou ministro para encontrar a origem dessa boa notícia. Os alunos portugueses de 15 anos têm resultados melhores do que os congéneres dos países ricos porque beneficiam de um esforço colectivo, nacional, desenvolvido pela sociedade portuguesa como um todo.
Se devemos muito a ministros como Marçal Grilo ou Maria de Lurdes Rodrigues, a primeiros-ministros que declararam a sua “paixão” pela educação, ou a académicos que se empenharam em discutir a educação, a maior coroa da glória não cabe às elites administrativas, intelectuais ou políticas: cabe aos alunos, aos pais e, principalmente, aos professores. Fazer o que eles fizeram nos últimos dez anos, perante um nítido envelhecimento da classe, num quadro de permanente instabilidade institucional, com cargas de trabalho não lectivo acrescidas, com as carreiras paralisadas, com perda de parte do seu salário por força das políticas de ajustamento, face a um ministério centralista, burocrático, opressivo e normalizador, num ambiente social tantas vezes degradado e com impactos directos na disciplina na sala de aula, não é pouco. É muitíssimo.
Não há razões para cairmos num estado agudo de ufania, nem de acreditar que tudo está ganho, mas, por um dia, vale a pena celebrar. Porque os resultados do estudo PISA não são mais uma catrefada de números avulsos condenados ao esquecimento até uma próxima vaga. O que está em causa é um estudo sério, profundo, que mobiliza milhares de especialistas, alunos e professores em 72 países e que oferece conclusões habitualmente despidas de grandes contestações. Por isso, os dados do PISA têm uma enorme importância na imagem que os países projectam para o exterior – os principais relatórios internacionais sobre a competitividade ou a capacidade de atracção de investimento externo concedem-lhes ampla atenção. E obrigam os países envolvidos a fazerem introspecção, discutirem o que está mal ou bem e encontrar soluções para melhorar. Ora, foi exactamente o que Portugal fez na última década e meia. Depois de, em 2000, se situar numa posição vexatória (era o antepenúltimo no ranking dos 35 países da OCDE), o país discutiu, reuniu forças, introduziu mudanças, e chegou agora a uma posição que o coloca acima da média na avaliação global em literacia científica e no domínio da língua portuguesa e muito perto da média a matemática. Se isto não é um exemplo capaz de nos dar confiança, não vejo nada melhor nos últimos anos para lá chegar.
Os resultados do PISA obrigam o país a rever muitas das ideias feitas sobre a docência, sobre os objectivos da educação e fundamentalmente sobre o grau de exigência que devemos ter sobre nós próprios enquanto país. Nada disto se faria sem os professores – sem a sua competência e, fundamentalmente, sem a sua capacidade de resistir; nada disto aconteceria se os pais não continuassem a acreditar que a educação é o mais poderoso factor de sucesso para o futuro dos filhos. Mas nada disto seria igualmente possível se, nos últimos anos, não tivesse havido uma alteração no discurso sobre o que o país pode e deve esperar do seu sistema educativo. Sem o combate ao eduquês politicamente correcto que olha para as crianças e os jovens com a placidez hippie de um eterno bom selvagem, dificilmente Portugal poderia ser apontado como um exemplo de sucesso. Sem a convicção de que a aposta no desenvolvimento integral das crianças e jovens deve contemplar muita exigência no ensino da Matemática ou do Português, dificilmente a educação teria melhorado. Sem o contributo de vários ministros que apostaram na formação de professores, que criaram exames de avaliação regular, que tentaram premiar os professores que mais se destacassem no seu desempenho, que forçaram a publicação de rankings onde se podem ler tendências (nunca verdades absolutas) sobre a qualidade das escolas, nada disto teria sido possível.
Com a globalização da economia, a educação tornou-se ainda mais um factor de integração social e de desenvolvimento económico. Formar jovens com capacidades para poderem sobreviver num mundo onde a concorrência pelos empregos se faz mais à escala internacional, no mercado nacional ou lá fora, é uma obrigação da escola. Na era da economia digital, ter competências e saberes ao nível dos melhores é crucial para o futuro dos portugueses e do país. Os nossos jovens não se batem com os de Singapura e talvez não queiramos que alguma vez isso seja possível – um jovem de 15 anos com o mundo reduzido a equações matemáticas pode ser um bom engenheiro, mas dificilmente será um bom cidadão. Mas compararmos favoravelmente com os espanhóis ou os franceses mostra que, quando o país é desafiado, tem nervo, potencial e responde positivamente.
Chegados aqui, vale a pena olhar para a extraordinária notícia da educação como um exemplo: se não quisermos ser uma Albânia do extremo ocidental da Europa, temos de aceitar as regras do jogo do mundo contemporâneo e reunir trunfos para lhe resistir e sobreviver. E nos dias de hoje não há trunfos mais importantes do que os da educação. Se hoje, apesar da crise, dos desmandos dos banqueiros e das incúrias dos políticos, temos perspectivas de futuro, é porque colectivamente somos uma sociedade (e, em parte, uma economia) mais culta e desenvolvida. Com mais competências. Manter o discurso de exigência que muitos ministros, professores, pais ou académicos fizeram em favor de uma educação mais focada e avaliável é fundamental. Recusar e combater o discurso da educação delico-doce, com muito floreado zen e poucas ciências, que despreza a aprendizagem e a avaliação é fundamental.  
Uma outra lição para todos está relacionada com a capacidade da escola pública em dar resposta ao que o país dela espera e precisa. O relatório do PISA ontem revelado é um poderoso argumento para todos os que defendem o reforço da escola pública. Se o sistema público é capaz de providenciar bens de qualidade à sociedade garantindo a equidade e a integração social, deixa de haver razão para discutir a sua natureza e o seu papel. Os resultados do PISA são a prova cabal de que a “liberdade de escolha” que o anterior Governo preconizava para fazer avançar uma privatização travestida é um erro e um perigo. A escola pública, se for bem gerida, com responsabilidade e exigência, responde como respondeu. Colocando os nossos alunos ao nível dos melhores da Europa.     

A “geringonça 2.0” não vem aí
Manuel Carvalho
Público, 28 de Dezembro de 2016
Provada a sua capacidade de sobrevivência política num quadro completamente novo, a verdade é que o Governo não sabe bem o que fazer.

Virar os olhos aos problemas, varrer o lixo para debaixo do tapete, tergiversar ou adiar foram práticas do final do mandato de Pedro Passos Coelho que arrasaram a sua imagem de determinação e o seu tantas vezes proclamado compromisso com a verdade. António Costa não precisou de tanto tempo para seguir esse caminho. Como para ele (e bem) um político que quer que “se lixem as eleições” há-de ser talvez hipócrita, começa a habituar-se a torcer a verdade com transparência e frontalidade. Ora veja-se o que aconteceu com o episódio dos lesados do BES: na última quinta-feira, António Costa declarou aos deputados que a probabilidade de os contribuintes terem de pagar a conta era “diminuta”. Não foi preciso esperar mais do que um dia para que ficássemos a saber que essa declaração foi um monumento à propaganda. Na sexta-feira, Ricardo Ferreira Reis, coordenador do trabalho da Universidade Católica que enquadrou a solução, dizia ao PÚBLICO quea impressão que o estudo deixa é que vai ser difícil esta solução escapar totalmente ao défice e mais vale que o valor seja logo assumido, transparente, prudente e respeitando a convenção da substância sobre a forma”. 
Nós já suspeitávamos que a conta nos seria apresentada — por mau hábito ou por tradição. Já sabíamos também que António Costa é um mestre em embrulhar más notícias ou más decisões em discursos que parecem poemas de amor. Mas, desta vez, vale a pena pegar neste episódio, relacioná-lo com outros das últimas semanas e começar a suspeitar que a gestão corrente e a criatividade das mensagens do Governo vieram para ficar. Os que viram na impaciência e irritação do PCP e do Bloco de Esquerda em relação às negociações do salário mínimo um prenúncio de tensão neste Governo paz e amor, desenganem-se. A patranha dos lesados do BES ou o inenarrável discurso de Natal do primeiro-ministro (um monumento à banalidade) prenunciam que no horizonte não há vislumbre de qualquer espécie de “geringonça 2.0”. O surpreendente sucesso do “perdão fiscal” vai permitir um suplemento de ar fresco no momento em que se souber que o défice público deste ano vai ficar aí por volta dos 2,2 ou 2,3%, iniciativas como a da descentralização ou a repetição da ancestral lengalenga da educação vão levar boa parte do país a supor que, depois de virar a página à austeridade e de devolver rendimentos aos portugueses, o Governo está de facto a governar.
A verdade, porém, é que provada a sua capacidade de sobrevivência política num quadro completamente novo, o Governo não sabe bem o que fazer. Limita-se a viver de rendimentos. Que não são poucos. António Costa tem o extraordinário mérito de ter aberto um novo capítulo na vida política nacional. Aconteça o que acontecer a seguir, a experiência colectiva que vivemos dinamitou muitas das certezas que tínhamos sobre o sistema partidário, abriu um novo leque de oportunidades para o funcionamento do regime e deixou sob suspeita verdades que a dureza dos anos da troika davam como absolutas na área da economia. Entre todas as reacções na Europa aos efeitos da crise e da terapia que se lhe seguiu, Portugal deu a resposta mais original e seguramente a mais sensata. Não tivemos populismos como o do Podemos ou o de Beppe Grillo, não se vislumbram sinais da extrema-direita, o nacionalismo é culto exclusivo de meia dúzia de arruaceiros e não tivemos hiatos na governação de meses como em Espanha.
Para aqui chegar, foi preciso reler as possibilidades do sistema político e partidário, fazer tábua rasa do passado, enterrar estigmas e desconfianças, identificar um inimigo externo para reunir o povo da esquerda (a direita da dupla Passos/Portas), construir pontes e abrir uma nova alternativa política. Não foi coisa pouca. Foi, pelo contrário, uma revolução. Que, como seria de esperar, deu uma enorme força ao Governo e aos partidos que o apoiam e acabou por mudar tudo ou quase tudo na política. Depois de 40 anos em lados opostos da barricada, o PS e o PCP conseguiram em 2016 descongelar a história e encontrar pontos de contacto; a liberdade que o Bloco e o PCP têm para deixar passar algumas medidas da governação, ao mesmo tempo que se podem dar ao luxo de chumbar outras, reforçou o parlamentarismo. E essa é uma boa notícia. O simples facto de, na actual sessão legislativa, ter havido incerteza quando ao sentido de voto das bancadas, negociação e procura de consensos é um bálsamo para o Parlamento. Aconteça o que acontecer, quebrou-se um ciclo, os deputados (até os do PS) experimentaram pelo menos a ideia de que não estão condenados a ser câmaras de eco de São Bento e só isso é muito bom.
O problema é que o encontro de uma solução gerou nos seus promotores um tal ataque de auto-estima que se esqueceram de que há um país em crise a precisar de respostas. Resistir e sobreviver em equilíbrio precário tornou-se o princípio de todas as coisas. A complacência, a tese de que devolver rendimentos ou “virar a página à austeridade” é um fim em si mesmo seja qual for a realidade, ou a recusa em aceitar um sentido de urgência na definição de políticas para o futuro, criaram um modelo de governação que se sustenta na inércia, em medidas anódinas ou no branqueamento da responsabilidade política. Para governar ao centro em questões sensíveis como a política de salários e rendimentos, António Costa tem de entrar num território hostil ao Bloco e ao PCP. Para cumprir promessas como a dos lesados do BES, tem de ter de enfrentar críticas e descontentamento dos contribuintes. O Governo, limitado no Parlamento e seduzido pelo maravilhoso mecanismo que o sustenta, não faz uma coisa, nem outra. Dedica-se a dizer lugares comuns sobre a educação. 
As sondagens dizem que em 2016 houve no ar o perfume da distensão e que o PS é quem mais ganha com isso. A euforia do consumo, a sensação de que o país regressou à normalidade, o delírio de promessas que forçam mais aumentos salariais, mais férias e mais direitos são a prova de que os portugueses gostam mesmo de acreditar no Pai Natal. António Costa não os defraudará. Pelo menos para já. Mal passe o espírito da quadra, ver-se-á se ele e os seus pares vão sobreviver na “feira de gado” e, perante um orçamento tão ou mais difícil do que o de 2016 e num mundo cada vez mais enlouquecido, como irão ser capazes de nos dizer que ou o país recupera um pouco da tensão e energia dos anos recentes, ou estará condenado a ouvir discursos como o da noite de Natal enquanto se dedica a surfar na maionese. Não é por nada, mas tanto amor e carinho, dissimulação e cócegas no umbigo começam a fazer uma narrativa um tudo ou nada aborrecida.  

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Tópicos da «Nota Introdutória» de Frederico Lourenço a «Evangelho segundo Mateus»




«E eis que eu estou convosco, todos os dias, até à completude do Tempo» (28: 20)
I
1- Autoria: Texto anónimo: Em nenhum dos seus 28 capítulos o autor do texto se identifica.
2- Histórico:
                a) O nome do Apóstolo Mateus, ex-cobrador de impostos e discípulo directo de Jesus não o identifica com o narrador do Evangelho segundo Mateus.
b) Não obstante, autores lhe atribuem a autoria do Evangelho segundo Mateus: Eusébio, historiador da Igreja (séc. IV); Ireneu (séc. II), segundo o qual o texto fora escrito para hebreus na sua própria língua.
c) A ideia geral da identificação do evangelista com o discípulo de Cristo é seguida até meados do século XX.
d) Situação actual: Segundo a maioria dos actuais estudiosos do Novo Testamento, tanto o Evangelho segundo Mateus, como segundo Marcos e Lucas são atribuídos a uma fonte comum que partiu de contactos e informações junto dos que conheceram Jesus (o que igualmente provocaria evangelhos apócrifos – de Pedro e Tomé – de quem se fez passar por aqueles discípulos, para maior credibilidade).

3-  Literário:
                «Nas palavras de Graham Staton “entre os evangelistas, o supremo artista literário é indubitavelmente Mateus”. É facto que a releitura contínua deste texto extraordinário revela a riqueza impressionante tanto da sua coerência como das subtilezas da sua arquitectura. É uma obra de uma intencionalidade fortemente focada; e tanto a sua abrangência temática como o sopro arrebatado da sua redacção justificam plenamente a circunstância de, ao longo de dois mil anos, este texto se ter constituído como Evangelho favorito da(s Igreja(s) e dos cristãos
4- Língua original:
«Opinião comum hoje:  «O Evangelho de Mateus não mostra o mínimo sinal de ter sido traduzido de uma língua semítica.» «Mateus utiliza a língua helénica do seu tempo com notável expressividade e perícia, além de ser um profundo conhecedor da Escritura judaica na versão grega dos Septuaginta».

5- Data aproximada para a sua redacção:
                a) - Para muitos leitores – opinião compartilhada por F.L. - existe um «conjunto de passagens que dificilmente poderia ter sido escrito antes da destruição de Jerusalém, no ano 70 da nossa era: 22:7; 23:36-38; 24:2.
Ex:  (24:1,2): (Jesus anuncia a destruição do templo, a perseguição dos discípulos e a destruição de Jerusalém): 24:1-2 «E Jesus, saindo do templo, estava para ir embora quando os seus discípulos vieram para lhe apontar as construções de templo. «Mas ele, respondendo, disse-lhes: “Não vedes todas estas coisas? Amém vos digo: não deve ser aqui deixada pedra sobre pedra que não será desmoronada.»
                - «Por outro lado, Mateus escreveu depois de Marcos, que, como se depreende de Marcos 13: 14-20, deverá ter escrito após a destruição de Jerusalém; e depois de Lucas, como se vê por Lucas: 19: 41-44; 21: 20-24:
«Ex: ”21:20-24: Mas quando virdes Jerusalém sitiada por exércitos, ficai sabendo que a sua desolação está próxima. Então, os habitantes da Judeia que fujam para montanhas; os que estiverem dentro da cidade que se retirem; e os que estiverem no campo não voltem para a cidade, pois dias de punição são estes e de se cumprirem todas as coisas que estão escritas. Ai das grávidas e das que estiverem a amamentar naqueles dias! Porque haverá uma terrível angústia na Terra e ira contra esse povo. Cairão pela boca da espada e serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém será calcada pelos pagãos até que se cumpram os tempos dos pagãos.»                                                                                                                                                                     
b) -   Pelo laconismo do Evangelho segundo Marcos, deduz-se  que Mateus se baseou naquele, dando-lhe um cunhomais desenvolvido e apurado em termos de redacção.   
c)-No caso da relação entre Mateus e Lucas, a questão é mais complexa, pois não se poderia afirmar de modo algum que o Evangelho de Lucas está menos bem escrito do que o de Mateus, ainda que, comparativamente ao de Mateus, seja um texto menos completo, no que toca ao seu conteúdo, quando esse conteúdo intercepta material que está em Mateus. Basta compararmos o Sermão da Montanha de Mateus com o Sermão  da Planície de Lucas; ou as duas versões do Pai Nosso. Afigura-se-nos quase impensável que, se conhecesse o texto de Mateus, Lucas não se tivesse esmerado mais nestes e noutros exemplos.     
Ex: O Pai Nosso segundo Mateus: 6:9-13: Rezai então assim: «Pai nosso nos céus, / seja santificado o teu nome. Venha o teu reino, / faça-se a tua vontade; / assim como no céu também na terra. / Dá-nos já hoje o nosso pão de amanhã. / E perdoa-nos as nossas dívidas, / tal como nós perdoamos aos nossos devedores; / e não nos leves para sermos postos à prova, / mas livra-nos do iníquo.»
Ex: O Pai Nosso segundo Lucas:  11: 1-4-  Disse-lhes então Jesus: Quando orardes dizei:  «Pai, /Seja santificado o teu nome, / Venha o Teu reino / Dá-nos cada dia o nosso pão de amanhã, / E perdoa os nossos erros / Pois também nós perdoamos a quem nos está a dever. / E não nos leves para a tentação.»
d) 1ª Conclusão (seguida por vários estudiosos actuais do NT): “Foi Marcos que usou o material de Lucas e não vice-versa.
e) 2ª Conclusão: “O facto de o texto de Mateus depender de modo tão claro de Marcos e de Lucas refuta a possibilidade de o seu autor ter sido um dos doze apóstolos, testemunha ocular da vida de Jesus”.

6- O público alvo, com hostilidade recíproca:
            a) O Evangelho de Mateus é caracterizado por ser escrito para judeus. Como prova disso, a preocupação na referência à lei de Moisés (Ex: 5: 17-19: “Não julgueis que vim para anular a lei ou os profetas. Não vim para anular, mas sim para cumprir. Pois amém vos digo: até que passe o céu e a terra, não passará um iota ou um pontinho da lei, até que todas as coisas aconteçam. Aquele que afrouxar um dos mais insignificantes destes preceitos, e assim ensinar as pessoas, será chamado o mais insignificante no reino dos céus. Quem, por outro lado, os praticar e os ensinar, este grande será chamado no reino dos céus”.); «ou pelo facto de Jesus proibir os discípulos de levarem a boa-nova a não judeus» (10: 5-6): «Estes foram os doze que Jesus enviou, instruindo-os com estas palavras: Dirigi-vos de preferência às ovelhas perdidas da casa de Israel.», - «proibição essa somente revogada no penúltimo versículo deste evangelho»: (28: 19-20): Indo, pois, tornai discípulos todos os povos, baptizando-os no nome do Pai, do filho e do espírito santo, ensinando-os a cumprir todas as coisas que vos mandei.»
            b)- «A impressão que a leitura deixa, é, contudo de uma permanente hostilidade manifestada para com Jesus por parte das autoridades judaicas, ao mesmo tempo que as críticas mordazes na boca de Jesus contra fariseus e saduceus, escribas e sumos sacerdotes (assim como o retrato inteiramente negativo que destas figuras é feito) nos levam a suspeitar que este Evangelho, alegadamente escrito para destinatários judeus, estaria talvez mais apto a ferir susceptibilidades nas cabeças dos seus leitores judaicos do que a suscitar a sua adesão. É claro que o retrato negativo das autoridades judaicas é transversal aos quatro Evangelhos; mas num texto que é tantas vezes descrito como o Evangelho destinado aos Judeus, esperar-se-ia porventura menos polémica e mais contemporização relativamente ao povo de Israel.
7- Só em Mateus:
“Quem lê os Evangelhos pela ordem canónica (Mateus, Marcos, Lucas e João) encontrará em Mateus e Lucas uma abundância de material que já lera em Mateus. No entanto, há um conjunto significativo de elementos que ocorre apenas no Evangelho de Mateus: - A adoração dos Magos; - A fuga para o Egipto; - O massacre dos inocentes; - O Sermão da Montanha;
- «Só em Mateus encontramos certas imagens  que se tornaram proverbiais , como as pérolas deitadas a porcos, ou a separação do trigo e joio ou de ovelhas e cabras;
- «Só em Mateus é que Jesus diz que não é sete vezes que devemos perdoar mas setenta vezes sete;
- «Só em Mateus é que Pedro tenta caminhar sobre a água, ou Judas se enforca, ou Pilatos lava as mãos;
- «Só em Mateus as dez virgens são impedidas de assistir à boda.
- «Contrariamente ao que lemos nos outros Evangelhos, as quantias de dinheiro referidas por Mateus configuram somas verdadeiramente astronómicas (milhões de euros em moeda actual: ver 18: 24: “Tendo ele começado a fazer as contas, veio ter com ele um devedor de dez mil talentos (Nota: Um talento em moeda actual: cerca de 250 000 euros). «Talvez por isso se tenha afigurado plausível, durante tantos séculos, a sua identidade como alguém ligado à cobrança de impostos? Quem sabe?
II

Síntese dos capítulos, segundo os títulos de Frederico Lourenço:
1- Genealogia; A gravidez milagrosa de Maria; O nascimento de Jesus em Belém. 2- Os magos; o massacre dos inocentes; A fuga o Egipto; José Maria e Jesus estabelecem-se na Nazaré. 3- O baptismo de Jesus. 4- Jesus tentado no deserto; Início do ministério de Jesus. Chamamento dos primeiros discípulos; Jesus taumaturgo. 5- O sermão na montanha. 6- O sermão na montanha (continuação). 7- O sermão na montanha (conclusão). 8- Jesus cura vários doentes; O discípulo que quer primeiro sepultar o pai antes de seguir Jesus; Jesus acalma a tempestade; Os possessos e a vara de porcos. 9- Jesus cura um paralítico; o chamamento de Mateus; Jesus ressuscita uma menina que acabara de morrer; Jesus cura vários doentes; a compaixão de Jesus perante os sofrimentos da multidão. 10- A eleição dos doze; Antevisão das perseguições futuras; Jesus ensina que não se deve temer nada. 11- Jesus elogia João Baptista; A falta de Fé; A revelação escondida dos sábios e inteligentes. 12- Jesus e o sábado; Jesus e Belzebu; A árvore e os seus frutos; O sinal de Jonas; A mãe e os irmãos de Jesus. 13-As parábolas do semeador; do trigo e do joio; do grão de mostarda: do fermento; do tesouro e da pérola; Da rede; Jesus rejeitado em Nazaré. 14: Sobre a morte de João Baptista; O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes; Jesus caminha sobre as águas; Jesus cura doentes em Genesaré. 15 – Jesus e os preceitos da religião; Jesus e a mulher cananeia; Nova multiplicação de pães e peixes. 16 – O fermento  dos fariseus; Pedro como pedra; Primeiro anúncio da Paixão: “Que se negue a si próprio e levante a sua cruz”. 17- Transfiguração de Jesus; A vinda de Elias; O jovem epiléptico; A fé que move uma montanha; O segundo anúncio da Paixão; O tributo do templo. 18- Quem é o maior no reino? Escandalizarmos a outrem e a nós mesmos; A ovelha tresmalhada: «Se o teu irmão errar…»; “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome…”; O perdão. 19: Jesus é interrogado a respeito do divórcio; Os três tipos de eunucos; O jovem rico; O valor de deixar casa e família em nome de Jesus. 20- Os trabalhadores da vinha; O terceiro anúncio da Paixão; Servir os outros; Os dois cegos de Jericó. 21- Entrada de Jesus em Jerusalém; Os vendilhões do templo; A figueira estéril; Jesus contestado no templo pelos sumos sacerdotes; O homem que tinha dois filhos; Os vinhateiros assassinos. 22- Muitos são chamados; mas poucos, escolhidos; “Dai a César o que é de César”; A ressurreição dos mortos; Os mandamentos do amor; Cristo, filho e senhor de David. 23- Jesus condena o farisaísmo; Lamentação de Jesus sobre Jerusalém. 24- Jesus anuncia a destruição do templo, a perseguição dos discípulos e a destruição de Jerusalém; Os falsos Messias; A vinda do Filho da Humanidade; O sinal da figueira; O escravo fiel. 25- A parábola das dez virgens; A parábola dos talentos; O juízo final. 26- A unção de Betânia; Judas vende Jesus por trinta moedas; A Última Ceia; A tristeza de Jesus em Getsémani ; Jesus é preso; Jesus em tribunal; Pedro renega Jesus   27- Jesus e Pilatos; Judas enforca-se; Jesus no tribunal romano; O povo escolhe poupar a vida de Barrabás; Jesus coroado de espinhos; Calvário e Crucificação; Morte de Jesus; José de Arimateia;  A sepultura de Jesus.  28- O sepulcro vazio; O suborno dos guardas; Aparição de Jesus ressuscitado na Galileia; Jesus promete acompanhar os seus seguidores até ao fim dos tempos.