quarta-feira, 2 de março de 2016

A morte do Capuchinho



Mais um artigo assustador de Vasco Pulido ValenteMais baralhadasPúblico,  26/2/16 – em que ataca a oposição pelo alarido à volta de um hipotético Plano B, necessário para o caso de Bruxelas não aceitar o “Plano A” do Orçamento proposto por António Costa. Porque Vasco Pulido Valente não tem dúvidas sobre a existência do Plano B, pois que as exigências caprichosas de reformas várias feitas pela esquerda insaciável - para mostrar um bom trabalho de preocupação pelas classes desprotegidas -  sem olhar a meios nem a compromissos, coisa irrelevante para ela - levarão ou ao impasse com Bruxelas ou ao impasse com o acordo à esquerda.
António Costa, no entanto, parece feliz ao lado do seu ministro Centeno, e mastiga, na sua boca empapada em regozijo,  promessas de uma economia progressivamente em ascensão. Nós só desejamos acreditar, capuchinhos vermelhos no espanto da enormidade de certos traços fisionómicos do lobo feroz.
Mas a conclusão da história é vária. E o mais natural, quanto a mim, é que o caçador não apareça, ele próprio esmorecido em debilidade, para retirar a avozinha e a neta do ventre do lobo, também esfaimado, que as tragou.

Mais baralhadas
Vasco Pulido Valente
O alarido que a oposição está a fazer para que o PS revele o Plano B do Orçamento é inteiramente absurdo. Toda a gente tem sempre um Plano B para tudo o que faz. Se desconfia do tempo, leva um guarda-chuva. Se pensa que vai ter calor, deixa a camisola no carro. Se desconfia que não vai acordar a tempo, põe um despertador. Só o dr. Cavaco, que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas, não se preocupava, para o mal dele e para o nosso, com o plano B. Claro que há um plano B para o Orçamento do PS, sugerido ou não sugerido por Bruxelas. Se não houvesse, António Costa seria absolutamente louco e não devia estar em S. Bento, devia estar num manicómio. A importância que a direita deu ao caso só mostra a desorganização e vácuo intelectual da dita direita.
Tanto mais que essa mania frívola, e se me permitem, estúpida, impediu que ela visse o que estava  à vista: que o Orçamento do PS não é de fiar. A extrema esquerda começou, mas não acabou, a sua lista de exigências. O PC e Bloco informaram a Assembleia disso com a maior clareza. E, cá fora, a CGTP também. Só Deus sabe a que disparates o zelo do radicalismo nos vai conduzir. Já se fala em nacionalizar o Novo Banco (com a bênção do reverendíssimo Vítor Bento); já se fala em estender a ADSE à família dos funcionários públicos (mulheres, maridos, filhos vivendo em casa com menos de 30 anos); já se anunciou até a nomeação de 90 inspectores para liquidar de uma vez o trabalho precário. Esta corrida não acaba antes de Portugal inteiro ficar devidamente subsidiado e falido.
A direita mal abriu a boca sobre o problema essencial do Orçamento. O problema do Orçamento não vem do que lá foi escrito e votado pela Assembleia da República, vem de quem o propôs. Parece que o primeiro ministro, com o peso da sua rotundidade crescente, pede confiança: o que em princípio não seria completamente despropositado. O pior é que a pede também para o PC e o Bloco que não a merece e nunca a ganharão. O cidadão vulgar quer poupar para a trapalhada que se anuncia ou arranjar maneira de proteger o seu dinheiro, se por acaso ainda lhe sobrou algum. Ninguém pensa investir um tostão em nada sob o alto patrocínio da sra. Catarina Martins e do camarada Jerónimo de Sousa. E aqui, como lá fora, as pessoas tremem. Com razão.

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