terça-feira, 7 de junho de 2016

As coisas das nossas rotinas


Mais um parecer sobre a questão da celeuma da nossa mediania – a dos colégios privados com subsídio - que nem sequer dourada é e que se pode traduzir também por mediocridade – aurea mediocritas, que tanto aliciou os nossos clássicos, para, embrenhados em leituras libertadoras, sentirem a felicidade de amar a vida simples, e até a campesina desde que na familiaridade dos antigos pensadores e escritores. Agora, o pensamento da nossa mediania, ou mediocridade, como se lhe quiser chamar, centra-se apenas nos bens materiais para os que aparentemente nunca os tiveram, merecendo tal aberração a nossa comiseração e sempre o ódio contra os habituais hóspedes da materialidade bem fornida, segundo o nosso pensamento perturbado pela invejazinha contra os sortudos do bem-estar, muitas  vezes resultante, é certo, do trabalho e do estudo, vontade que a nós faltou, mais do que a tal oportunidade merecedora da comiseração e do subsídio. Quanto à questão dos colégios privados repentinamente destituídos da ajuda estatal, é só mais uma questão da nossa lana caprina, irrelevante, dado que a lana é mais coisa das ovelhas, pelo menos  a verdadeiramente fofa.
Chegou por email, o texto  que segue, inspirador do comentário que precede:

Colégios Privados / Ensino Público, e sobretudo
Bento Sarmento








Este argumentário é um completo sofisma - e estigmatizar quem os frequenta, é uma técnica totalitária muito em voga;
Primeiro: o Estado precisou e precisa dos colégios - logo, vilipendiar o serviço que eles prestam, é uma hipocrisia;  
Segundo: o dinheiro que é pago aos colégios em contrato é em montante justo, ou é uma exploração?  Se é justo, qual é o prejuízo? E, se é o Estado que se deixa explorar, temos apenas de culpar os seus agentes...
Terceiro: o que compete ao Estado é dar condições a todos para aceder ao ensino - isso é que é 'serviço público' que se distingue de 'serviço estatal'- , e não é criar um monopólio, pois um monopólio é mau por definição;
Quarto: se aos colégios (sem contrato) só chegam os mais abonados, é porque o Estado sonega esse direito aos outros - o dinheiro a despender no ensino não é do Estado, mas sim um recurso que deve ser dado aos Pais - os que pagam impostos e, também, os que não pagam por terem baixo rendimento e que o Estado mantém como dependentes da sua 'benemerência' - em vez de lhes reconhecer o direito à escolha;
Quinto: viva a autonomia, portanto, e institua-se o cheque-ensino...
Finalmente: fiz todo o Liceu numa boa escola que era o velho Liceu D. João III, pelo que não deprecio  a escola pública - antes aprecio a liberdade de cada um, e dispenso a tutela do Estado.

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