Respigo, ao acaso da internet, a propósito do artigo de Guilherme
Valente - Educação,
a prova e a contraprova - títulos
de propostas educativas actuais, (comprovativas de que o ensino enferma de
muitas maleitas), além de uma apresentação já antiga sobre o mesmo autor, em
texto sobre um seu livro - Os Anos Devastadores Do Eduquês - que me lembra Nuno Crato, cujos livros trouxeram em
tempos uma lufada de ar fresco aos conceitos de inércia educativa, substituída
por sobrecarga burocrática no papel dos professores, para além do descontrolo disciplinar
de um laxismo absurdo, impeditivo de seriedade ou responsabilidade educativas.
De modo que repito a frase que encima o texto de Guilherme
Valente - «Os
promotores da "escola" do vazio e da demissão educativa vivem num
mundo da ideologia cega, de ódio ao conhecimento, à ciência, à cultura e à
razão.»
- ciente
de que, numa tal sociedade marcada
em grande parte pelo desrespeito e a futilidade, dificilmente a recuperação
será possível, cada vez mais rareando os seres com qualidade para pôr travão ao
tal ódio político orientador da nova sociedade.
Também de João Miguel
Tavares, cujos textos o Público cibernético já não faculta, repito a
frase com que inicia o seu artigo do mesmo dia que o de Guilherme Valente
(21/2): «2,1% de défice? Que governo espectacular!» «A
bolha da inconsciência está outra vez em alta, para grande estupefacção
daqueles que, como eu, vêem tudo novamente a repetir-se, perante a felicidade
geral.». Frase comprovativa da opinião sobre um Governo de mentira e um
povo cada vez mais inconsciente, e não resisto a continuar a copiar o que se
lhe segue, sobre um “prometido oásis”, talvez predecessor de um novo dilúvio
- desta vez com glaciares rebentando com as estruturas continentais:
«Sim, o governo
teve o mérito de se mostrar empenhado na redução do défice, e de confiar tão
pouco na sua receita para o crescimento que a conjugação da travagem a fundo no
investimento e do perdão fiscal acabou por produzir um défice que foi muito
para além da troika. Nada que perturbe a esquerda, rendida que está às
maravilhas da realpolitik e de uma frase tonta de Passos Coelho que tem sido a
sua tábua de salvação - cada dia sem o diabo é um dia no céu. Mas o céu não
mora aqui. O crescimento diminuiu. A dívida aumentou (muito). Estamos totalmente
dependentes do programa de compra de dívida do BCE. O rating do país é lixo.
O aumento da confiança dos consumidores está a desequilibrar a confiança
externa. Voltámos a endividar-nos para consumir. As imparidades dos
bancos são astronómicas. E os juros da dívida a dez anos aproximam-se dos
níveis de 2010. No entanto, o povo por aí anda, cantando e rindo,
acompanhado de um coro de leitores, colunistas e políticos que acham que
Portugal é um oásis. Não há nada a fazer. A bolha da inconsciência é sempre a
última a rebentar.»
Assim, pois, cada vez
mais a esperança vai fugindo, neste país alegre, de comezaina e espectáculo, a
Educação cada vez mais arredia, a inconsciência cada vez mais incrustada nas
almas, um governo de mentirinha, “abyssus abyssum”.
Educação, a prova e a
contraprova
Os promotores da
"escola" do vazio e da demissão educativa vivem num mundo da
ideologia cega, de ódio ao conhecimento, à ciência, à cultura e à razão.
Guilherme valente
Público, 21/2/17
Os quatro
anos de governo Nuno Crato/Passos Coelho foram marcantes na Educação,
nacional e também internacionalmente. E voltarão a sê-lo daqui a quatro anos,
quando os testes do TIIMS voltarem a realizar-se.
Foram
importantes nacionalmente porque os bons resultados dessa experiência se
manifestaram logo (como eu previra),apesar de restrita e tão breve: os dos
alunos portugueses ultrapassaram mesmo os dos alunos de países com uma história
de excelência educativa, como a Finlândia.
Foram
Importantes internacionalmente, porque vieram provar como mesmo nos países
de grande pressão educativa da sociedade e empenho das famílias na vida escolar
dos filhos, os resultados pioram rapidamente quando diminui a exigência e se
reduz a avaliação, como aconteceu na Finlândia. Contrariando a ideia
pouco atenta à realidade societal dos nossos dias, marcada pela generalizada
demissão dos pais na educação dos filhos, mesmo daqueles pais que estariam
em condições de a realizar, ideia de que com o aumento da escolarização dos
pais a educação dos filhos melhorará inevitavelmente seja qual for a escola que
tenham, é caso para se inverter o provérbio, passando a dizer-se que o objectivo
e a esperança são hoje o contrário, "Escola de filhos, casa de pais".
Essa
breve experiência conduzida por Nuno Crato irá ser importante de novo também
internacionalmente, quando, daqui a quatro anos, com o próximo TIIMS, se
verificar que os resultados dos alunos portugueses voltaram a baixar,
como consequência do regresso, em curso, da "escola" do vazio
educativo deliberado, permissiva, facilitadora e idiotizadora. Com o
fim, agora perpetrado, do exame vital do quarto ano de escolaridade, sobretudo,
mais de 30% das crianças voltarão, assim, a terminar o Básico sem terem
aprendido... o básico: ler, escrever e contar.
Refiro
duas confirmações destas evidências. Também a confirmada persistência dos
maus resultados dos alunos franceses reflecte o domínio continuado naquele país
das mesmas teorias e práticas assassinas da escola, que os nossos
"especialistas" da educação importaram para Portugal.
A escola
portuguesa de Macau tem uma longuíssima tradição de exigência e excelência. Ora,
segundo me vão referindo vários dos seus professores, tem-se verificado uma
significativa dificuldade de integração nela de muitos dos alunos portugueses
chegam com os pais ao território. Nalguns casos essa dificuldade tem-se
revelado mesmo dificilmente ultrapassável.
Quando,
há cerca de 20 anos, um jovem se candidatou a fazer os dois últimos anos do
Secundário num colégio inglês muito reputado, foi-lhe respondido que teria de
se inscrever no 9º ano, pois conheciam as deficiências do ensino em Portugal.
Percebe-se,
pois, a repercussão internacional, particularmente na Inglaterra, como o Financial
Times reflectiu o sucesso da experiência breve do ministério de Nuno
Crato. Esperemos agora por aquilo que, dentro de quatro anos, não tenho
dúvida, será uma contraprova.
Embora
para os promotores da "escola" do vazio e da demissão educativa (veja-se
a indiferença ou a satisfação com que aceitaram o monstruoso AO) não
haja prova de realidade que os convença. Vivem num mundo da ideologia cega,
de ódio ao conhecimento, à ciência, à cultura e à razão. Um mundo onde não existem factos nem verdade para ser procurada. A
sua "realidade", essa, é, de facto, uma construção ideológica e
social.
2º Texto
Data de publicação: 27/10/2012
Fonte: Expresso /Actual
Jornalista: Virgílio Azevedo
Jornalista: Virgílio Azevedo
Os Anos Devastadores Do Eduquês
Radical,
combativo, polémico, emocional. O livro de Guilherme Valente, editor da
Gradiva, pretende ser o testemunho de um combate intelectual, político e
cívico contra as concepções educativas "que dominaram totalitariamente a
educação depois do 25 de abril de 1974", baptizadas de
"eduquês". Concepções que promoveram "a facilidade, a
ignorância, a negligência, a irresponsabilidade e a permissividade, encorajando
mesmo a manifestação da violência". Que levaram ao apagamento do
papel do professor e ao "insidioso encorajamento ao seu desrespeito pelos
alunos", a uma escola que nivelou por baixo e "prejudicou sem apelo
os mais desfavorecidos". Guilherme Valente acusa o
"eduquês" de não querer exames, "nem metas verdadeiras, claras e
adequadas, nem programas rigorosos e realistas, nem exigência, nem trabalho,
nem desafios". Os resultados dão-lhe razão: uma grande taxa de
abandono escolar, estudantes que chegam ao 9° ano com dificuldades em ler ou em
fazer operações matemáticas básicas, a mais baixa percentagem europeia de
alunos a entrar na universidade e a terminar o ensino superior, etc. Uma
parte do livro reúne artigos de opinião publicados pelo autor na imprensa desde
2001, onde defende uma escola nova, "com um ensino centrado no
conhecimento, nos saberes que contam, nas grandes manifestações culturais, nos
valores éticos e morais universais". Condições para a formação e
o exercício do pensamento crítico, da educação para a autonomia pessoal, da
responsabilidade cívica, da nobreza de carácter. Neste combate,
Valente teve sempre do seu lado Nuno
Crato, e afirma ter a certeza de que "o atual
ministro da Educação e Ciência se empenhará na construção da escola que
Portugal precisa". Apesar das grandes restrições orçamentais provocadas
pela crise.
3º:
Tópicos da Internet, hoje:
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