História, 8º Ano
Manual: MISSÂO-HISTÓRIA
6- O Contexto europeu nos séculos XVII e XVIII
I - Como se
caracterizam a política e a sociedade portuguesas no Antigo Regime
1- O Absolutismo em Portugal
1) Também em
Portugal houve reis absolutos, entre os quais se destacou D. João V (o Magnânimo) (reinou entre 1707-1750).
2) No
absolutismo, o poder real, considerado de origem divina, era apenas limitado
pelos costumes e pelas leis fundamentais do reino. A nobreza
perdeu lugares na governação e as Cortes reuniram-se cada vez menos, a última
das quais em, 1698.
3) Os reis reformaram a organização do Estado, criando
organismos que permitiam controlar os súbditos e submetê-los à sua autoridade.
4) D. João V também fez da Corte e dos cerimoniais
públicos os seus instrumentos de poder. Governou fazendo-se rodear
de grande luxo e ostentação, possível graças às remessas
de ouro e diamantes que vinham do Brasil.
5) Enviou
grandiosas delegações às cortes estrangeiras e patrocinou grandes
construções arquitectónicas - Aqueduto das Águas Livres, Palácio Nacional
de Mafra, e outras realizações barrocas - Biblioteca
Joanina da Universidade de Coimbra,
colecção importante dos coches do
Museu Nacional dos Coches…)
6) O absolutismo
joanino impôs-se sobretudo pela magnificência da corte e pelo culto
da figura do rei.
2- A sociedade de ordens em Portugal
1) A
sociedade portuguesa mantinha a hierarquia tradicional das três ordens sociais:
Clero, Nobreza e Terceiro Estado, hierarquizada e estratificada em
função do nascimento e das funções de cada um. As duas primeiras,
classes privilegiadas, (possuindo vastas propriedades; acesso a cargos;
isenção de impostos; justiça própria) - o Clero
com funções de culto, ensino e assistência, a Nobreza
com funções militares, políticas e administrativas; a classe
não privilegiada, o Terceiro Estado, (sujeita
ao pagamento de impostos), ocupando-se - a Burguesia
- do comércio, artesanato , todas as tarefas produtivas, o
Povo essencialmente da agricultura.
2) Ao
contrário do que acontecia nos países do Norte da Europa, a Burguesia portuguesa
era pouco dinâmica e empreendedora, investia os lucros do comércio
em terras e bens de luxo, para imitar o modo de vida da nobreza.
3) Além
disso, a Coroa e a nobreza concorriam com os burgueses nos negócios
ultramarinos.
4) Estas características
negativas da burguesia, o predomínio das ordens privilegiadas e
de uma mentalidade conservadora contribuíram para o atraso de
Portugal.
II -Como se caracterizava a economia portuguesa no
século XVII
1-
Da prosperidade do comércio atlântico à crise económica
1) A agricultura
era a principal actividade económica de Portugal no séc. XVII.
Mas os níveis de produtividade eram baixos, porque as técnicas
e os instrumentos agrícolas eram arcaicos, a maior parte das
terras pertencia ao rei, ao clero e à nobreza e não era convenientemente
explorada.
2) A crise
do comércio português com o Oriente, nos finais do séc. XVI, levou
os Portugueses a intensificarem a exploração dos territórios atlânticos:
O tráfico de escravos e a produção açucareira fizeram
crescer o comércio triangular português
do séc. XVII (entre a Europa, a América e a África) e
trouxe alguma prosperidade.
3) Na segunda
metade do séc. XVII, a economia portuguesa entrou num período de
crise comercial:
- As guerras
de Restauração com a Espanha (entre 1640 e 1668) implicaram o aumento
de impostos e o recurso a empréstimos.
- A concorrência
de ingleses, franceses e holandeses provocou uma quebra no
comércio do açúcar e do tabaco do Brasil.
- As exportações
de vinho e sal produzidos em Portugal diminuíram
muito.
2- O mercantilismo em Portugal
1) A situação
da crise económica levou à aplicação de medidas mercantilistas. O conde
da Ericeira, ministro da Fazenda do rei D. Pedro II, ordenou:
- A criação
de novas manufacturas, sobretudo no sector têxtil, e reforçou
o apoio às que já existiam.
- A
publicação das leis pragmáticas.
- A
atribuição de empréstimos e privilégios a investidores
estrangeiros que instalassem as suas fábricas em Portugal.
2)
Contudo, esta política não deu os resultados esperados: a qualidade dos
produtos manufacturados portugueses era fraca, as leis
Pragmáticas nem sempre se cumpriram e a balança comercial
continuou negativa.
3) Nos inícios
do séc. XVIII , o aumento das remessas do ouro brasileiro e a
celebração de um tratado comercial - o Tratado de Methuen - ditaram o
abandono do mercantilismo em Portugal.
Definições:
Crise comercial: Período de desequilíbrio no funcionamento da
actividade mercantil de um país, que se caracteriza por um défice da
balança comercial e consequente diminuição de lucros.
Pragmática: Lei (protecionista)
que regulava a importação e o consumo de determinados produtos ou
matérias-primas.
Tratado de Methween: (de 1703): Acordo Comercial estabelecido entre Portugal e a Inglaterra segundo o
qual os lanifícios ingleses podiam entrar em Portugal sem quaisquer restrições
e os ingleses, em contrapartida, reduziam as taxas alfandegárias sobre os
vinhos portugueses, tornando-os mais baratos. Esse tratado estimulou a
produção de vinho, sobretudo do vinho do Porto, mas foi também
responsável pelo abandono da política manufactureira portuguesa e pela
dependência económica em relação à Inglaterra. As importações
portuguesas de produtos ingleses passaram a ser muito superiores às
exportações.
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