segunda-feira, 1 de maio de 2017

Saber às pinguinhas, 16



Saber às pinguinhas, 16
História, 8º Ano
Manual: MISSÂO-HISTÓRIA
Tema 7: O arranque da Revolução industrial e o triunfo dos regimes liberais conservadores
7.1- Da “Revolução Agrícola” à “Revolução Industrial”
I- A modernização agrícola na Inglaterra e na Holanda
A - Com os seus governos liberais, (ao contrário da maioria dos países europeus, de monarquias absolutistas), a Inglaterra e a Holanda tiveram um grande desenvolvimento económico, científico e tecnológico, nos séculos XVII e XVIII, a que se chamou de Revolução Agrícola.
B - Em Inglaterra, a nobreza rural pôde alargar as suas propriedades, com a anexação de terrenos comunais (baldios) ou com a aquisição de terras a proprietários falidos.
C - As novas extensas propriedades eram cercadas, chamando-se enclosures, e nelas se praticava agricultura e criação de gado.
D - Além desse aumento da área cultivada, deram-se também melhorias técnicas: de drenagem de pântanos, introdução de novas culturas - batata, beterraba, milho maís, (americano), selecção de sementes e animais reprodutores (para produção de carne e de lã).
II-O aumento demográfico em Inglaterra
A - Foi na Inglaterra sobretudo que se verificou um grande aumento da produtividade agrícola.
B- Consequências:
- A alimentação tornou-se mais abundante e variada.
- A melhoria na alimentação, aliada aos progressos na higiene e na medicina e à diminuição das epidemias trouxe a diminuição da mortalidade, sobretudo infantil, contribuindo para o crescimento natural da população.
- O aumento da população, juntamente com a mecanização da agricultura provocou um excesso de mão-de-obra nos campos e, em consequência, o êxodo rural, com consequências no crescimento urbano e, por conseguinte no desenvolvimento da indústria.
Conceitos:
Revolução agrícola: Conjunto de transformações, na agricultura europeia dos séculos XVII e XVIII, que alterou as técnicas de cultivo e o regime de propriedade, aumentando a produtividade.
Enclosure: Termo inglês que significa «campos cercados». São grandes propriedades rurais, vedadas com sebes, destinadas à agricultura e à criação de gado.
III- O pioneirismo inglês
1- A Revolução Agrícola trouxe capitais, mão de obra e matérias-primas favoráveis ao arranque da Revolução Industrial.
2- A Revolução Industrial define-se como o conjunto de transformações técnicas e económicas que tiveram início em Inglaterra e se espalharam gradualmente a vários países da Europa e à América do Norte.
3- No século XVIII, a Inglaterra reunia uma série de condições que lhe permitiram ser pioneira neste processo de industrialização:
A- Condições políticas, sociais e económicas
1- A Revolução Inglesa de 1688 trouxe reformas políticas e sociais, levou ao triunfo das ideias liberais e à formação de uma burguesia e de uma nobreza dinâmicas e empreendedoras que investiram os lucros obtidos com o comércio colonial e com a agricultura, na criação de indústrias:
   1.1- O grande império colonial e as mudanças aplicadas na agricultura trouxeram capitais que eram investidos na indústria e em novos mercados para escoar os produtos.
   1.2- Trouxeram também matérias-primas (algodão das colónias, da metrópole).
2- Por causa do aumento demográfico e do êxodo rural, consequência da mecanização da agricultura, a Inglaterra ficou com muita mão de obra para trabalhar na indústria.
3- Possuía um sistema financeiro forte, de moeda estável, a libra esterlina, para financiar o Estado e os privados em novos negócios.
B- Condições naturais
(Contributo indispensável para que a Inglaterra fosse o primeiro país a industrializar-se):
- Tinha muitas matérias-primas e recursos minerais, como ferro e hulha
- Tinha uma vasta rede de comunicações naturais: excelentes portos naturais, rios e canais navegáveis, (a que seriam acrescentadas linhas de caminhos de ferro e estradas).
C- Inovações técnicas
 Nos finais do séc. XVIII a Inglaterra beneficiou ainda de uma série de inovações técnicas que permitiram o desenvolvimento da indústria e dos transportes.
Um texto de Adam Smith (Economista britânico, pai da Economia moderna) (in “A Riqueza das Nações”, 1776:
«O comércio colonial tem a vantagem de oferecer um mercado vasto, ainda que longínquo, para os produtos da indústria inglesa (…). Isto encoraja a Grã-Bretanha a aumentar continuamente os seus excedentes, portanto, a quantidade de trabalho produtivo. Por sua vez os operários das manufacturas, ao terem emprego, formam um novo mercado (…) para os produtos da terra.»
            D- “A Idade do Vapor”
1- A “máquina a vapor”, patenteada por James Watt em 1769, marca o arranque da primeira fase da industrialização: Ela permitiu a produção artificial de energia, com a sua capacidade de movimentar outras máquinas. Foi inicialmente aplicada em dois sectores: na indústria e nos transportes.
2- Na indústria os sectores de arranque foram o têxtil e o metalúrgico:
            2.1- A indústria do algodão e daproduziu grandes quantidades de pano para a Europa e América, beneficiando de inovações técnicas, como os teares mecânicos, que multiplicavam o trabalho de um operário.
            2.2- A indústria metalúrgica desenvolveu-se sobretudo a partir de 1830, sendo importante para a produção de máquinas, locomotivas e carris, e contribuindo para revolucionar os transportes.
3- Pela importância que teve em todos os sectores, a máquina a vapor tornou-se o símbolo da Revolução Industrial, por isso se chama “idade do vapor” a este período.
            E- As alterações no regime de produção
1- Todos estes progressos técnicos provocaram muitas alterações no regime de produção:
1.1 - A manufactura foi substituída pela maquinofactura.
1.2- O artesanato foi sendo substituído gradualmente pela indústria, as oficinas pelas fábricas e o artesão especializado dá lugar ao operário, um trabalhador que não precisava de quaisquer qualificações.
2- O trabalho torna-se repetitivo e mecanizado, dá-se uma desvalorização do trabalho:
2.1- Como não era especializado, considerou-se que qualquer um o podia fazer: mulheres e crianças passaram a ser utilizadas como mão de obra ainda mais barata.
2.2- As condições de trabalho e de vida degradaram-se muito nas cidades, o que contribuiu para o aumento de protestos e revoltas por parte de alguns grupos.
2.3- Exemplo de revoltas: As revoltas ludistas, movimento que surgiu na Inglaterra em 1811, com dimensão significativa: os luditas invadiam fábricas e destruíam máquinas, considerando-as responsáveis pela desvalorização do trabalho humano.

Conceitos: Maquinofactura: Regime de produção que utiliza a força da máquina, como energia, substituindo a manufactura ou trabalho manual. Revoltas luditas: O termo deriva de Ned Ludd, um dos líderes destes movimentos que se opõem à industrialização intensa ou a novas tecnologias, por estas desvalorizarem o trabalho humano.
Avanços nas indústrias têxtil e metalúrgica: 1730: Uso do coque na fundição. Darby. 1764: Spinning Jenny (máquina de fiar- J. Hargreaves. 1769: máquina a vapor, J. Watt. 1784: Pudiagem (técnica de aperfeiçoamento do ferro em aço), Cort. 1785: Tear mecânico (aplicação da máquina a vapor na indústria têxtil), Cartwright.

Consequências da Revolução industrial: O alargamento das cidades trouxe, a par das vantagens em conforto e luxos, pelo desenvolvimento da indústria e do comércio, a degradação e a poluição das cidades, com fossas nauseabundas de escoamento latrinário bianual, casas junto das fábricas sem condições de habitabilidade nem higiene, onde a propagação das doenças era rápida, embora a medicina tenha evoluído. A industrialização trouxe aumento de consumo mas também de lixo. Trouxe a exploração do trabalho infantil, como mão de obra barata, tal como o trabalho das mulheres

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