Saber às pinguinhas, 16
História, 8º Ano
Manual: MISSÂO-HISTÓRIA
Tema 7: O arranque da Revolução industrial e o triunfo
dos regimes liberais conservadores
7.1- Da “Revolução Agrícola” à “Revolução Industrial”
I- A modernização
agrícola na Inglaterra e na Holanda
A - Com os seus governos liberais, (ao
contrário da maioria dos países europeus, de monarquias absolutistas),
a Inglaterra e a Holanda tiveram um grande desenvolvimento
económico, científico e tecnológico, nos séculos XVII e XVIII, a que
se chamou de Revolução Agrícola.
B - Em Inglaterra, a nobreza rural pôde alargar as suas
propriedades, com a anexação de terrenos comunais (baldios) ou
com a aquisição de terras a proprietários falidos.
C - As novas extensas propriedades eram cercadas,
chamando-se enclosures, e nelas se praticava agricultura e criação
de gado.
D - Além desse aumento da área cultivada, deram-se
também melhorias técnicas: de drenagem de pântanos, introdução
de novas culturas - batata, beterraba, milho maís, (americano),
selecção de sementes e animais reprodutores (para produção de carne e de
lã).
II-O aumento
demográfico em Inglaterra
A - Foi na Inglaterra sobretudo que se verificou um
grande aumento da produtividade agrícola.
B- Consequências:
- A alimentação
tornou-se mais abundante e variada.
- A melhoria na
alimentação, aliada aos progressos
na higiene e na medicina e à diminuição das epidemias trouxe a diminuição
da mortalidade, sobretudo infantil, contribuindo para o
crescimento natural da população.
- O aumento da população, juntamente com a
mecanização da agricultura provocou um excesso de
mão-de-obra nos campos e, em consequência, o êxodo rural, com
consequências no crescimento urbano e, por conseguinte no desenvolvimento da indústria.
Conceitos:
Revolução agrícola: Conjunto de transformações, na agricultura
europeia dos séculos XVII e XVIII, que alterou as técnicas de cultivo e o
regime de propriedade, aumentando a produtividade.
Enclosure: Termo inglês que significa «campos cercados». São
grandes propriedades rurais, vedadas com sebes, destinadas à agricultura e à
criação de gado.
III- O pioneirismo
inglês
1- A Revolução
Agrícola trouxe capitais, mão
de obra e matérias-primas favoráveis ao arranque da Revolução Industrial.
2- A Revolução
Industrial define-se como o conjunto de transformações
técnicas e económicas que tiveram início em Inglaterra e se espalharam
gradualmente a vários países da Europa e à América do Norte.
3- No século XVIII,
a Inglaterra reunia uma série de condições que lhe permitiram ser pioneira
neste processo de industrialização:
A- Condições políticas,
sociais e económicas
1- A Revolução Inglesa de 1688 trouxe reformas
políticas e sociais, levou ao triunfo das ideias liberais e à formação
de uma burguesia e de uma nobreza dinâmicas e
empreendedoras que investiram os lucros obtidos com o comércio
colonial e com a agricultura, na criação de indústrias:
1.1- O
grande império colonial e as mudanças aplicadas na agricultura
trouxeram capitais que eram investidos na indústria e
em novos mercados para escoar os produtos.
1.2- Trouxeram
também matérias-primas (algodão das colónias, lã da
metrópole).
2- Por causa do aumento demográfico e do êxodo
rural, consequência da mecanização da agricultura, a Inglaterra
ficou com muita mão de obra para trabalhar na indústria.
3- Possuía um sistema financeiro forte, de moeda estável, a libra esterlina, para
financiar o Estado e os privados em novos negócios.
B- Condições naturais
(Contributo indispensável
para que a Inglaterra fosse o primeiro país a industrializar-se):
- Tinha muitas matérias-primas
e recursos minerais, como ferro e hulha
- Tinha uma vasta rede de comunicações naturais: excelentes
portos naturais, rios e canais navegáveis, (a que seriam acrescentadas
linhas de caminhos de ferro e estradas).
C- Inovações técnicas
Nos finais do séc. XVIII a Inglaterra
beneficiou ainda de uma série de inovações técnicas que permitiram o
desenvolvimento da indústria e dos transportes.
Um texto de Adam Smith (Economista britânico, pai da Economia moderna)
(in “A Riqueza das Nações”, 1776:
«O comércio colonial tem
a vantagem de oferecer um mercado vasto, ainda que longínquo, para os produtos
da indústria inglesa (…). Isto encoraja a Grã-Bretanha a aumentar continuamente
os seus excedentes, portanto, a quantidade de trabalho produtivo. Por sua vez
os operários das manufacturas, ao terem emprego, formam um novo mercado (…)
para os produtos da terra.»
D- “A
Idade do Vapor”
1- A “máquina
a vapor”, patenteada por James Watt em 1769, marca o arranque
da primeira fase da industrialização: Ela permitiu a produção artificial de
energia, com a sua capacidade de movimentar outras máquinas. Foi
inicialmente aplicada em dois sectores: na indústria e nos transportes.
2- Na
indústria os sectores de arranque foram o têxtil e o metalúrgico:
2.1- A indústria do algodão e da lã produziu
grandes quantidades de pano para a Europa e América,
beneficiando de inovações técnicas, como os teares mecânicos, que
multiplicavam o trabalho de um operário.
2.2- A indústria
metalúrgica desenvolveu-se sobretudo a partir de 1830, sendo
importante para a produção de máquinas, locomotivas e carris, e
contribuindo para revolucionar os transportes.
3- Pela importância que teve em todos os sectores,
a máquina a vapor tornou-se o símbolo da Revolução Industrial, por
isso se chama “idade do vapor” a este período.
E- As alterações no regime de produção
1- Todos
estes progressos técnicos provocaram muitas alterações no regime de
produção:
1.1 - A manufactura foi substituída pela
maquinofactura.
1.2- O artesanato foi sendo substituído gradualmente
pela indústria, as oficinas pelas fábricas e o artesão
especializado dá lugar ao operário, um trabalhador que não
precisava de quaisquer qualificações.
2- O trabalho torna-se repetitivo
e mecanizado, dá-se uma desvalorização
do trabalho:
2.1- Como não era especializado,
considerou-se que qualquer um o podia fazer: mulheres e crianças passaram a ser utilizadas como mão de obra
ainda mais barata.
2.2- As condições
de trabalho e de vida degradaram-se muito nas cidades, o que
contribuiu para o aumento de protestos e revoltas por parte de
alguns grupos.
2.3- Exemplo de revoltas: As revoltas ludistas, movimento que surgiu na Inglaterra em 1811,
com dimensão significativa: os luditas invadiam fábricas e destruíam
máquinas, considerando-as responsáveis pela desvalorização do trabalho humano.
Conceitos: Maquinofactura: Regime
de produção que utiliza a força da máquina, como energia, substituindo a
manufactura ou trabalho manual. Revoltas luditas: O termo deriva de Ned Ludd, um dos líderes
destes movimentos que se opõem à industrialização intensa ou a novas
tecnologias, por estas desvalorizarem o trabalho humano.
Avanços nas indústrias
têxtil e metalúrgica: 1730: Uso do coque na fundição. Darby. 1764: Spinning
Jenny (máquina de fiar- J. Hargreaves. 1769: máquina
a vapor, J. Watt. 1784: Pudiagem
(técnica de aperfeiçoamento do ferro em aço), Cort. 1785: Tear
mecânico (aplicação da máquina a vapor na indústria têxtil), Cartwright.
Consequências da
Revolução industrial: O alargamento
das cidades trouxe, a par das vantagens em conforto e luxos, pelo
desenvolvimento da indústria e do comércio, a degradação e a poluição das
cidades, com fossas nauseabundas de escoamento latrinário bianual, casas
junto das fábricas sem condições de habitabilidade nem higiene, onde a propagação
das doenças era rápida, embora a medicina tenha evoluído. A
industrialização trouxe aumento de consumo mas também de lixo. Trouxe
a exploração do trabalho infantil, como mão de obra barata, tal
como o trabalho das mulheres
Nenhum comentário:
Postar um comentário