Mais um texto enviado por João
Sena, retirado do blog A BIGORNA, de David Martelo – um estudo documentado sobre
o Iberismo, na sua evolução e diferentes contextos históricos. Será que algum
dia pegará esta praga do iberismo? Esperemos que ao menos o factor clubístico
faça recuar a temerosa ideia de união ibérica, já que deixam de ser relevantes os
pretextos linguísticos ou literários ou outros, fundados na própria História
nacional, enobrecedores do conceito “pátria”, ante as ideologias evolucionistas
interesseiras, para uma estabilidade económica e melhor trato social, sob os
auspícios de uma nação socialmente mais equilibrada. Será? Afinal, cá por casa,
o Hino Nacional já só praticamente se canta nos clubes…
O IBERISMO DEPOIS DE
1820
No curto período que medeia entre a revolução de 1820
e 1822, surge, através da maçonaria dos dois países ibéricos, a ideia de que
uma solução federalista se afiguraria preferível a ficar Portugal na condição
de colónia do Brasil. Tal
tese perderia todo o sentido após o regresso do rei D. João VI e, sobretudo,
depois de consumada a independência daquela colónia. Poderá avançar-se,
sem grande erro, que, desde a revolução de 1820, o iberismo em Portugal se
assume, primordialmente, como o ideário de uma certa elite intelectual, entre a
qual se distinguem os nomes proeminentes de Antero de Quental, Oliveira
Martins, Latino Coelho, Teófilo Braga, Henriques Nogueira. Outros se lhe
opõem vivamente, como é o caso de Fernandes Tomás, Almeida Garrett, Alexandre
Herculano, Rebelo da Silva, Anselmo Braamcamp, José Estêvão e tantos mais,
travando-se, então, as mais contundentes polémicas. No âmbito da Corte,
parece já não se acalentarem mais ilusões a respeito da bondade da solução
ibérica. Por essa altura, é muito forte a posição britânica no contexto europeu
e mundial e torna-se líquido que a Grã-Bretanha jamais veria com bons olhos o
retrocesso à era de Filipe II. A única tentativa com algumas perspectivas de êxito
para o retorno à união ibérica, ocorrida desde o final da Guerra Peninsular até
aos nossos dias, emerge na sequência da deposição de Isabel II de Espanha, em
1868. Nessa ocasião, algumas figuras ilustres da política espanhola
fazem deslocar a Lisboa o enviado Ángel de los Ríos, com a missão de oferecer o
trono vago a D. Fernando II, viúvo de D. Maria II e pai do rei de então, D.
Luís I. Mas a candidatura de D. Fernando é recusada pelas câmaras portuguesas.
De los Ríos não desarma e oferece a coroa de Espanha a D. Luís. O monarca
português, no entanto, apercebe-se do desagrado que tal hipótese provoca na
opinião pública nacional e declina a oferta. Nalguns meios políticos e
intelectuais espanhóis, a recusa dá origem a uma oportuna reflexão. Poucos anos
volvidos, escrevia a propósito o catalão Francisco Pi y Margall: España desea
unirse a Portugal, pero no Portugal a España. Tiene Portugal, como he dicho,
cien veces más asegurados que nosotros la libertad y el orden; y no olvidará
nunca que precisamente cuando lo mandaron los Felipes entró en su período de decadencia.
1 Ultrapassado
o episódio da oferta do trono espanhol, não escasseiam, no último quartel do
século XIX, fenómenos de iberismo e anti-iberismo sob a forma de escritos e de
associações. O iberismo revela-se, muitas vezes, uma explosão de desencanto e
protesto face à inépcia da classe dirigente. Constitui, também, uma via
conspícua de contestação da aliança britânica, contestação essa que encontra o
seu fundamento no modo como a Grã-Bretanha defende os seus interesses à custa
de Portugal – casos das negociações da Conferência de Berlim, do Mapa
cor-de-rosa e do ultimato de Janeiro de 1890. Na sequência da humilhação
sofrida às mãos do velho aliado, o iberismo experimenta um novo impulso.
Guilherme Moniz Barreto lança para a opinião pública, em 1892, um notável
convite à meditação. Depois de recordar o encontro de interesses entre os dois
reinos no período abrangido pelos reinados de D. João II, D. Manuel I, D. João
III e D. Sebastião, Moniz Barreto sublinha: Durante esse período, que é o da
maior prosperidade e grandeza dos povos peninsulares, a consciência da força
própria suprime desconfianças e temores, e a identidade de aspirações e
sentimentos cimenta as bases de uma aliança em que compartilhamos com a Espanha
a hegemonia no Mediterrâneo ocidental e nos dois oceanos. [...] E é um
facto que se presta a reflexões que o período da aliança espanhola coincida com
a época de maior prosperidade e de plena expansão do génio português.
2 Fruto dos
sentimentos da época, declaram-se iberistas muitos republicanos portugueses.
Vêem estes, no regime republicano, a fórmula ideal para um tipo de união
federalista. E são-no, também, alguns vultos renomados do republicanismo
espanhol. Esse sentimento de inspiração antibritânica vai desvanecer-se com
o tempo. Ao chegar ao poder, a República de 1910 tem já, a esse
respeito, uma posição de conciliação e entendimento com o governo de Londres.
Mas a polémica atravessa mais a elite nacional do que o povo, o qual, no
essencial, segue o duvidoso princípio de que de Espanha nem bom vento, nem bom
casamento. E como em Espanha o assunto é também motivo de reflexões
públicas, nem sempre a contento dos interesses portugueses, alguns iberistas
de ontem recuam para posições mais prudentes. Nos meios monárquicos
espanhóis, a crise que se segue ao ultimato britânico merece-lhes um cuidado
extremo. Têm a noção do desprestígio que se abateu sobre a casa real portuguesa
e do crescente poder do Partido Republicano. Um regime republicano em
Portugal pode encerrar uma séria ameaça para a sua monarquia. Assim, há que
manter uma atitude que em nada possa exacerbar os sentimentos nacionalistas dos
republicanos. Após 1910, a situação inflecte. É de Espanha que vêm os
apoios às tentativas de restauração da monarquia, logo, os republicanos afastam
em definitivo o ideário do iberismo. É, então, a vez de assumirem a
aliança preferencial com a Espanha os monárquicos nacionalistas partidários do
Integralismo Lusitano, de que é figura de proa António Sardinha. Segundo ele, «a fórmula de amanhã em política
exterior há-de ser, sem dúvida, não união ibérica, mas aliança peninsular.»
3 Do ponto de vista
da postura política tradicional, trata-se de um momento verdadeiramente
insólito, como o próprio Sardinha haveria de reconhecer ao afirmar: «Pois
são em Portugal os que se consideram integrados na dupla tradição católica e
monárquica do nosso país quem mais braveja e se insurge contra uma maior
aproximação com a Espanha».
4 Na vizinha
Espanha, entretanto, considera-se que o que se passa em Portugal tem reflexos
directos na sua política interna e Afonso XIII permite-se sonhar com o «passeio
militar a Lisboa»
5 Este cenário
desvanece-se, a partir de 1923, com a chegada ao poder do general Primo de
Rivera, indubitavelmente determinado a respeitar a independência e a identidade
próprias de Portugal.
Mas não se extingue, então, o sentimento iberista. Entre os espanhóis
destacam-se as figuras de Cláudio Sánchez-Albornoz, embaixador em Lisboa do
governo republicano espanhol (1936), que, no seu Mi Testamento, registava:
Respeito o orgulho nacionalista dos Portugueses e volto a tornar notório o meu
enamoramento pela sua pátria, mas mentiria se ocultasse a minha esperança de um
futuro regresso de Portugal à matriz da Hispânia de onde saiu.
6 Noutra ocasião,
procurando demonstrar a sem-razão de certos argumentos étnicos, acrescentaria: En
verdad no separan hoy a portugueses de castellanos diferencias psíquicas y
temperamentales ni mayores ni menores que a aragoneses y andaluces, por
ejemplo. Nuestro apartamiento será un día superado, aunque ello parezca hoy
imposible. Y lo será amistosa y fraternalmente por mutua convicción y por
recíproco interés.
7 O regime
português saído da revolta militar de 28 de Maio de 1926 encara com sérias
reservas a orientação da nova República Espanhola no tocante aos seus
objectivos de federalismo ibérico. Segundo Hipólito de la Torre, «foi esse iberismo das
esquerdas, e não só os “perigos subversivos” para o Estado Novo, que motivará a
aposta de Lisboa nos militares rebeldes, quando, em 1936, se inicia em Espanha
uma sangrenta guerra civil».
8 Talvez por isso, Salazar, por ocasião do 10.º aniversário da revolução de 28
de Maio – poucos meses antes, portanto, do início da guerra –, julgasse
oportuno sublinhar: Não
discutimos a Pátria, quer dizer, a Nação na sua integridade territorial e
moral, na sua plena independência, na sua vocação histórica. Há-as mais
poderosas, mais ricas, porventura mais belas; mas esta é a nossa, e nunca filho
algum de coração bem formado teve o desejo de ser filho de outra mãe. Deixemos
aos filósofos e aos historiadores o entretenimento de alguns devaneios acerca
da possibilidade de diferente aglomeração de povos e até das vantagens
materiais de outras combinações que a História não criou ou desfez; no terreno
político e social, para nós portugueses que somos de hoje e velhos de oito
séculos, já não há processo que possa ser revisto, debate que possa ser aberto,
pedaço de soberania ou de terra que nos pese e estejamos dispostos a alijar de
cansados ou de cépticos.
9 O movimento
franquista, por seu turno, não está isento do pecado do iberismo. A sua ala
mais radical patenteia uma clara ideologia iberista-anexionista, embora jamais
tenha usufruído de condições políticas internacionais para a sua concretização.
O jornal da Falange, Unidad, publicava na primeira página o mapa da península
ibérica, como se fosse um único país, com a legenda: España una, grande e libre. Deste modo, a aproximação entre os regimes
franquista e salazarista deve ver-se como uma superação desta visão diversa do
destino comum, a favor da luta conjunta contra o comunismo internacional. O período que se segue até à queda dos dois
regimes ditatoriais mantém em alerta os dois pequenos blocos radicais – anti-iberistas portugueses e pró-anexionistas
espanhóis. Do lado
português destacam-se os monárquicos, grande parte do clero conservador e
algumas figuras salientes do regime deposto. Franco Nogueira, embaixador e
ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar e Caetano, é verdadeiramente
arrasador na defesa dos seus pontos de vista: Os tempos não são novos, nem são
outros: e os fantasmas do passado estão bem vivos no presente – porque não são
fantasmas.
10 No país
vizinho, como quem faz psicanálise conjunta aos temores e aos abalos emocionais
dos dois povos, há quem acompanhe com lúcida serenidade os sintomas mais
visíveis deste nacionalismo impenitente... …aunque paradójicamente fuera una
construcción radicalmente idéntica a la de ese nacionalismo español,
conservador y unitario, que sirve como objeto de repulsa. Sobre todo, en dos puntos
esenciales: Ambos utilizan los mismos parámetros de construcción de sus
respectivas identidades: catolicidad, misión civilizadora, la nación
identificada con la corona en una síntesis conceptual que remite a una sociedad
orgánica, temporalmente perturbada por los factores de ruptura introducidos por
la sociedad contemporánea. • Los dos sostienen una visión lineal de la historia, en la que la
decadencia ibérica se vuelve, hasta la obsesión, elemento central del discurso.
Desde esta óptica, la decadencia se introduce por la imposibilidad de eliminar
los factores externos de disolución de las identidades portuguesa y española:
el renacimiento y sus tendencias laicas y liberadoras del pensamiento; la
disidencia religiosa; la competencia económica de ingleses, franceses u
holandeses. En síntesis, la Europa
del Quinientos y del Seiscientos habría asistido a la ruptura definitiva de la
unidad cristiana, de la que Portugal y España, según los respectivos
nacionalismos, constituirían los primeros y auténticos protectores. En este terreno, los dos nacionalismos buscarán
convencerse hasta una fecha tan tardía como es el final de las dos últimas
dictaduras que se asientan en la Península Ibérica, en 1974-1975, de que el
resto de Europa había errado en su trayectoria histórica, mientras que sólo
ellos habían constituido esa “reserva moral de Occidente” de la que siempre se
sintieron los verdaderos
depositarios.
11 A situação
política internacional criada pela vitória dos Aliados na 2.ª Guerra Mundial,
afastando por completo a possibilidade de uma união ibérica por imposição militar,
vem recolocar a questão das uniões políticas de forma inovadora,
prenunciando grandes alterações no conceito tradicional de soberania dos
Estados. No caso de Portugal, a adesão à EFTA, em 1960, e os acordos
comerciais estabelecidos em 1972 com a CEE materializam, no plano económico, a
primazia da opção europeia relativamente à opção ultramarina. A breve trecho se
constata que o apelo da Geografia – a Europa das Comunidades – é, de
longe, mais atraente do que o apelo da História – a África da guerra sem fim. É
na Europa que, cada vez mais, se situa a maior parte dos portugueses que um dia
saíram da metrópole para ganhar a vida. A presença de emigrantes portugueses
nos países da CEE suplanta, em muito, a dos que se encontram radicados nos
territórios africanos. No
plano comercial, as estatísticas da época são elucidativas: enquanto em 1960
ascendia a 25% o valor das exportações portuguesas para o ultramar, em 1973 já
não representa mais do que 15%.
12 Não
surpreende, portanto, que, após a revolução de 25 de Abril de 1974, com a
emancipação das parcelas ultramarinas portuguesas, a grande justificação para a
aliança com a potência naval dominante perca a sua principal razão de ser.
Quase ao mesmo tempo, caem nos dois países os regimes ditatoriais que os afastavam
da convivência europeia. De imediato, as vicissitudes próprias das grandes
mudanças impedem os dois povos de viver em comunhão a reconquista da liberdade,
mantendo-se, à superfície, sinais iniludíveis de uma acrimónia de tipo
familiar, fomentada, ao longo de séculos, pelos detentores do poder político.
O historiador espanhol Rafael
Valladares resumiu, assim,
essa absurda atitude: El balance se tradujo en un distanciamiento emocional
entre los pueblos español y portugués que, sin demasiadas razones que lo
justificaran, fue impuesto por los respectivos gobiernos para ayudarles a
legitimar sus, también, respectivos fracasos. [...] En Portugal, el
anti-españolismo cultural derivó en político, mientras que en España la mirada
hacia Lisboa se tiñó de la típica arrogancia que todo país débil desarrolla
frente a un vecino que aún se lo parece más.
13 Virada a página ultramarina da nossa história,
Portugal volve o olhar para leste. Mas não apenas para Castela. Os
modernos meios de comunicação permitem aos portugueses, agora, estender os seus
horizontes bem para além da cadeia pirenaica. A adesão à CEE (depois União
Europeia), em Janeiro de 1986, juntamente com a Espanha, tira todo o sentido à
disputa sobre o iberismo – pelo menos na sua forma tradicional. O certo é que um sentimento nacionalista e
conservador se mantém vivo em Portugal, numa postura vigilante que sempre dá
acordo de si quando as oportunidades surgem. Na tradição do antifrancesismo do início do
século XIX e do anticomunismo do Estado Novo, o anti-espanholismo
é a prescrição conservadora dos nossos dias.
A integração dos dois países ibéricos na Comunidade Económica Europeia/União
Europeia, se, de certa forma, afasta a possibilidade da anexação, sem dúvida
que favorece uma certa absorção, resultante do maior poderio espanhol.
Trata-se, agora – afirmam os mais alarmados –, de dominação económica, mais do
que de dominação política sentido
restrito. Aproveitando este cenário, os alertas contra o “perigo
espanhol” não se fazem esperar. Esta espécie de cruzada – que não corresponde
exactamente ao típico anti-espanholismo popular, mas que o alimenta – é, como
fora a sua contrária, marcadamente elitista, e tem vindo a ligar-se, nos
últimos anos, a sectores importantes do mundo empresarial português. Em
Espanha, a patriótica movimentação não passa despercebida: La reciente llegada
de la derecha al poder en Portugal ha desatado el resurgimiento del
nacionalismo más tradicional y patriotero resucitando los anacrónicos fantasmas
de la invasión castellana y un rebrote del antiespañolismo. Dirigentes
políticos, empresarios, banqueros y columnistas han lanzado en los últimos días
diversos ataques contra empresas e intereses españoles ante la supuesta amenaza de la pérdida de soberanía e independencia de
Portugal.
14 Paradoxalmente – ou talvez não –, vamos encontrar
entre esses notáveis patriotas quem tenha vendido a empresas e bancos espanhóis
as suas posições em instituições congéneres portuguesas. Aspiram, agora, a um
favorecimento do governo português nos processos de privatização que se seguem,
para, alegadamente, manter em mãos portuguesas o que designam por “centros de
decisão económica”. «Ora, se há centros de decisão que seria perigoso passarem
para mãos estrangeiras» replica Francisco Sarsfield Cabral, «a solução é
nacionalizar, ou manter nacionalizadas, as empresas em causa».
15 Embora
se não possa estabelecer uma regra, os portugueses anti-iberistas são,
hoje-por-hoje, maioritariamente atlantistas. Os iberistas – se é que ainda os
há, no sentido idealista do final do século XIX – são, sobretudo, os
partidários mais ardentes da integração europeia, onde tendem a ver a Espanha
como uma aliada do grupo dos países do sul. É, a nosso ver, inelutável que uma certa forma de
integração ibérica, menos formal e mais económica do que política, seja o preço
natural da integração europeia. E importa recordar, uma vez mais, que uma
política de cooperação com Espanha foi praticável no passado (séculos XV e
XVI), correspondendo a períodos de grandeza e prosperidade. Nessa óptica, há
que saudar as posições oficiais do Estado espanhol relativamente às relações
com Portugal, de que relevamos a seguinte passagem do discurso do Rei Juan
Carlos, na ocorrência da sua visita a Portugal, em Maio de 1989: Nuestros dos países se encuentran situados en
la periferia geográfica de Europa y por ello obligados a aprovechar las
oportunidades que ambos tenemos “cerca de casa”, si se me permite la expresión.
Tenemos, pues, necesidad el uno del otro. España desea un Portugal próspero y
fuerte, de la misma manera que a Portugal debe convenirle la existencia de una
España vecina, dinámica y desarrollada económicamente. Por incoherencias de
nuestra historia pasada, las regiones españolas y portuguesas situadas a ambos
lados de la frontera se han contado durante mucho tiempo entre las más
atrasadas de Europa. El responder a las aspiraciones seculares de las regiones
fronterizas, es quizás el desafío mayor a que deben hacer frente ambos países
en esta nueva etapa: aspiraciones legítimas a una vida mejor, a una
participación mayor en la riqueza nacional, y de manera inmediata a mejores y
más rápidas comunicaciones.
16 De realçar, comovidamente, o simbolismo de que se revestiu a homenagem
que o Rei Juan Carlos fez questão de prestar, na mesma solene ocasião, ao
Soldado Desconhecido, deslocando-se, para o efeito, ao Mosteiro da Batalha. Nesse
retorno de um monarca espanhol ao local onde se travou a emblemática batalha de
Aljubarrota, brilhou, sobremaneira, um inspirado gesto de reconciliação e um
hábil contributo para o exorcizar dos fantasmas de antanho. Os vínculos
afectivos e culturais que ligam o soberano à nossa terra foram, seguramente, os
dinamizadores de tão prudente atitude. Rei carismático, com o coração
genuinamente dividido entre as duas pátrias, seria a figura ideal para
corporizar uma desejável mentalidade renovadora, onde a palavra cooperação
possa superar todos os chavões geradores de medos e ressentimentos.
1 FRANCISCO PI Y MARGALL, Las
nacionalidades, p. 74.
2 GUILHERME MONIZ BARRETO, A Situação Geral da Europa, In Revista de
Portugal, Vol. IV, p. 95.
3 ANTÓNIO SARDINHA, A Aliança Peninsular, p. XLV.
4 Ibidem, p. XXXI. 5 HIPÓLITO DE LA TORRE GÓMEZ, Do “Perigo Espanhol” à
Amizade Peninsular, p. 11.
6 Citado por JOÃO MEDINA,
História de Portugal, vol. XII, p. 330.
7 CLAUDIO SÁNCHEZ-ALBORNOZ,
España, Un enigma histórico, p. 1143. 3
8 HIPÓLITO DE LA TORRE GÓMEZ, Do “Perigo Espanhol” à Amizade Peninsular,
p. 12.
9 OLIVEIRA SALAZAR, Discursos e Notas Políticas, Vol. II, pp. 131-132.
Sublinhado nosso.
10 FRANCO NOGUEIRA, Juízo final, p. 157. 4
11 JUAN CARLOS JIMÉNEZ – MANUEL
LOFF, Problemas históricos de la relación luso-española, In HIPÓLITO DE LA
TORRE GÓMEZ, España y Portugal – Siglos IX-XX – Vivencias históricas, p. 369.
12 SILVA LOPES, A Economia Portuguesa desde 1960, p.
20.
13 RAFAEL VALLADARES, Ibidem, p. 59
14 El País, 26-05-2002.
15 Diário de Notícias, 29-10-2002.
16 Proferido, no Palácio da Ajuda, em 15 de Maio de 1989.
Texto gentilmente cedido pela Embaixada de Espanha.
David Martelo – 2003