Recordo
António Variações na véspera do lançamento do meu livro «Permanência
em fabulário de mudança».
António Variações, um monstro do nosso cançonetismo, quer como compositor de letras e
músicas, quer como seu intérprete, quer como criador dos modelos das suas
apresentações tão originais. Um génio que não me canso de admirar, e de
lamentar o efémero das suas aparições nos palcos da RTP, porque tão efémera foi
a sua vida.
Recordo
a sua canção «É pr’amanhã», porque é amanhã o lançamento do meu
livro e se cá não estiver, segundo o agoiro da sua letra premonitória, pelo
menos transcrevo-a, com a mesma consciência que ele tinha desse efémero sobre
que escreveu, como poderia transcrever a letra doutro “monstro” do pensamento,
Pessoa, nos vários heterónimos, especificamente o destes versos “Ele morrerá
e eu morrerei. A certa altura…” do meu “Não sou nada. À parte isso…”, que
são pertença de todos nós.
.
É pr’amanhã
António Variações
É p'ra amanhã
Bem podias fazer hoje
Porque amanhã sei que voltas a adiar
E tu bem sabes como o tempo foge
Mas nada fazes para o agarrar
Bem podias fazer hoje
Porque amanhã sei que voltas a adiar
E tu bem sabes como o tempo foge
Mas nada fazes para o agarrar
Foi mais um dia e tu
nada fizeste
Um dia a mais tu pensas que não faz mal
Vem outro dia e tudo se repete
E vais deixando ficar tudo igual
Um dia a mais tu pensas que não faz mal
Vem outro dia e tudo se repete
E vais deixando ficar tudo igual
É p'ra amanhã
Bem podias viver hoje
Porque amanhã quem sabe se vais cá estar
Ai tu bem sabes como a vida foge
Mesmo de quem diz que está p'ra durar
Bem podias viver hoje
Porque amanhã quem sabe se vais cá estar
Ai tu bem sabes como a vida foge
Mesmo de quem diz que está p'ra durar
Foi mais um dia e tu
nada viveste
Deixas passar os dias sempre iguais
Quando pensares no tempo que perdeste
Então tu queres mas é tarde demais
Deixas passar os dias sempre iguais
Quando pensares no tempo que perdeste
Então tu queres mas é tarde demais
É p'ra amanhã
Deixa lá não faças hoje
Porque amanhã tudo se há de arranjar
Ai tu bem sabes que o trabalho foge
Mesmo de quem diz que quer trabalhar
Deixa lá não faças hoje
Porque amanhã tudo se há de arranjar
Ai tu bem sabes que o trabalho foge
Mesmo de quem diz que quer trabalhar
Eu sei que tu andas
a procurar
Esse lugar que acerte bem contigo
Do que aparece tu não consegues gostar
E do que gostas já está preenchido
Esse lugar que acerte bem contigo
Do que aparece tu não consegues gostar
E do que gostas já está preenchido
É p'ra amanhã
Bem podias fazer hoje
Porque amanhã sei que voltas a adiar
Ai tu bem sabes como o tempo foge
Mas nada fazes para o agarrar
Bem podias fazer hoje
Porque amanhã sei que voltas a adiar
Ai tu bem sabes como o tempo foge
Mas nada fazes para o agarrar
É p'ra amanhã
Bem podias viver hoje
Porque amanhã quem sabe se vais cá estar
Ai tu bem sabes como a vida foge
Mesmo que penses que está p'ra durar
Bem podias viver hoje
Porque amanhã quem sabe se vais cá estar
Ai tu bem sabes como a vida foge
Mesmo que penses que está p'ra durar
É p'ra amanhã
Deixa lá não faças hoje
Porque amanhã tudo se há de arranjar
Ai tu bem sabes que o trabalho foge
Mesmo de quem diz que quer trabalhar…
Deixa lá não faças hoje
Porque amanhã tudo se há de arranjar
Ai tu bem sabes que o trabalho foge
Mesmo de quem diz que quer trabalhar…
Mas
é amanhã o lançamento desse meu livro, cuja Dedicatória à minha filha
transcrevo, certamente que no desejo de que o livro seja extensível a muitas
pessoas, pois creio que “vale a pena” conhecê-lo, apesar do negativismo irónico
que nos move a mente:
À Paula, este paralelo risonho com todo
o mundo animal ou vegetal ou mineral que seja, servindo de desfastio no desafio
da aproximação e caldeamento dos tempos, ligando graça e desgraça em cada
momento que passa.
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