segunda-feira, 28 de maio de 2018

Um perfil desconhecido: KADHAFI



O texto veio por email, enviado por João Sena. É sobre as políticas sociais de Khadafi, no seu país. Kadhafi sempre me pareceu, por leveza de conhecimento meu, um homem assustadoramente mau e feio, que, quando cá veio para uma cimeira política, exigiu acampar em frente ao forte de S. Julião da Barra com o seu séquito e isso foi sinal de uma prepotência escandalosa e fútil, aceite por Sócrates. Mas este texto enviado por João Sena é de tal modo maravilhoso, que me fez reviver os contos de encantar da minha infância, propícios ao milagre das transformações imediatas, tão distantes da vida, e por isso maravilhando e seduzindo as mentes infantis. De facto, eu jamais vi tal profusão de obras e regras propiciando o bem-estar no seu país, a transformação de uma Líbia canhestra, num país onde os direitos universais, que nos outros são propostos em documento, mas geralmente atropelados na prática, pareciam ser efectivos. Ei-los, segundo o email recebido:

Ele há coisas, bem CONTRADITÓRIAS!!!!!!!!!
Khadafi
A bem conceituada revista suiça "Schweiz Magazin" publicou um artigo enumerando as "crueldades" de Muamar Kadhafi para com o seu povo.
"So grausam war Gaddafi" -  Kadhafi foi assim tão cruel?    
 Eis alguns dos "sofrimentos" que o tirano (segundo os media ocidentais) provocou durante 4 décadas:
01. Não havia conta de luz na Líbia, porque a electricidade era gratuita para todos. 
02. Créditos bancários, dos bancos estatais, eram sem juros (para todos, por lei expressa).
03. Casa própria era considerada direito humano, universal, e o governo fornecia uma casa ou apartamento para cada família. 
04. Recém-casados recebiam US$ 50.000,00 para comprar casa e iniciar a vida familiar.
05. Educação e saúde eram gratuitas, da pré-escola à universidade. Antes de Kadafi: 25% dos líbios eram alfabetizados. Até o ano de 2010, 83% eram alfabetizados.
06. Agricultores iniciantes recebiam terra, casa, equipamentos, sementes e gado gratuitamente.
07. Quem não encontrou formação ou tratamento desejados recebia financiamento para ir ao exterior, adicionalmente US$ 2.300,00 mensais para moradia e carro.
08. Na compra de automóvel, o Estado contribui com subvenção de 50%.
09. O preço de gasolina, o litro: 0,10 Euro = R$ 0,23.
10. Faltando emprego após a formação profissional, o Estado pagava salário médio da classe até conseguir a vaga desejada.
11. A Líbia não tinha dívida externa - as reservas de U$ 150 bilhões. Após a ocupação, os valores foram retidos ou desviados pelos bancos estrangeiros, incluindo investimentos em bancos estrangeiros e reservas em ouro. 
12. Parte de toda venda de petróleo era directamente creditada na conta de cada cidadão.
13. Mãe que dava à luz, recebia US$ 5.000,00.
14. 25 % da população líbia tem curso superior. 
15. Kadhafi construiu o projecto GMMR (O Grande Rio Artificial), transportando água dos lençóis subterrâneos do Rio Nilo para as cidades e agricultura, irrigando as principais cidades do país e parte do deserto.
 A Líbia sofrerá um atraso de muitas décadas mas, olá!, os desinteressados governos dos EUA, da França e da Inglaterra agora vendem muito mais armas e vão passar a sugar o petróleo e o gás natural da tal Líbia por mais algumas boas décadas.
Tudo boa gente! 

Em resultado desta história maravilhosa, transformada, ao que se afirma, em pesadelo, graças à “generosa” intervenção do Ocidente, especificamente dos EUA, procurei na Internet textos antigos sobre a figura de Kadhafi, que me parecera repelente, no resguardo do seu traje branco oficial, brancura que agora me parece compatível com as tais leis impostas, de perfeita humanidade. E transcrevo:
I
13:37 20.10.2016(atualizado 13:38 20.10.2016) URL curta
Faz hoje cinco anos desde que o líder líbio foi morto a sangue frio perante câmaras de celulares e com o consentimento dos países que participaram da campanha antilíbia de 2011.
© SPUTNIK / MICHAEL KLIMENTYEV
O coronel Muammar Kadhafi liderou o país por 42 anos. A guerra civil que se iniciou no momento de sua morte continua há já cinco anos. Todas as tentativas de criar órgãos de governação fracassaram, a economia está arruinada. A crise foi substituída pelo caos, que ameaça toda a região, e isso se tornou no resultado da tentativa das potências ocidentais para alterar a organização política dos países africanos.
Sputnik Árabe falou com o jornalista favorito do líder líbio, Abdel Baset bin Hamel.
"A experiência líbia, que continuou por 42 anos sob o governo de Muammar Kadhafi, permanecerá como parte incomparável da história do país. O país passou de forma regular por reformas, porque de vez em quando surgiam problemas na educação, saúde ou infraestrutura. Entretanto, a razão da crise de hoje foi provocada por o país ter começado realizando mudanças (depois dos acontecimentos de 2011), mas não pelas mãos líbias, impostas do exterior com o consentimento internacional. O que aconteceu no país pode ser descrito como a realização dos objetivos individuais das grandes potências", disse.
© AFP 2018 / MAHMUD TURKIA
Segundo ele, em 2011 todos falavam sobre a proteção dos civis. Foi aprovada uma resolução que permitiu a 43 países usarem seus arsenais contra infraestruturas para derrotar o regime de Kadhafi.
"O facto de a operação em grande escala contra a Líbia não ter visado resolver a crise é evidente, pois os líbios são mortos em Sirte e Benghazi como vacas. Além disso, depois dessa operação militar o povo líbio foi privado de bilhões de dólares."
O jornalista afirmou que Kadhafi foi o único homem que propôs unir a África e criar um exército africano único. Ninguém queria prestar atenção ao facto de que no país havia jovens que se manifestaram de forma pacífica nas ruas da Líbia. Foram usados nos interesses dos países ocidentais para desencadear o conflito. Hillary Clinton, a atual presidenciável norte-americana, esteve envolvida no mecanismo que visava derrotar Kadhafi.
"O que aconteceu não foi uma revolução, mas uma catástrofe para os líbios por causa da qual eles continuam sendo mortos. A Líbia se tornou o Estado mais fracassado em todas as áreas", afirmou o favorito de Kadhafi.
© REUTERS / STRINGER
Entretanto, o ex-embaixador soviético na Líbia, Oleg Peresypkin, destacou que a morte de Kadhafi não foi uma execução por decisão do tribunal, mas um crime, e é pouco provável que ele seja investigado no futuro.
"Muammar Kadhafi foi capturado em resultado de uma operação especial da OTAN, depois foi revendido de um grupo de bandidos a outro, competindo eles pelo direito de matá-lo. Não saberemos a verdade durante muito tempo, mas mais cedo ou mais tarde ela será apresentada ao mundo", disse Sergei Baburin, presidente do Comitê russo de solidariedade com os povos da Líbia e Síria.
Peresypkin afirmou que a razão para a intervenção na Líbia teve caráter económico. Segundo fontes diversas, disse ele, cerca de $ 180 bilhões de Kadhafi estavam investidos em acções na Europa Ocidental e nos EUA.
"É claro que agora todo o dinheiro foi confiscado, bem como numerosos bens imóveis", disse o diplomata.
© REUTERS / STRINGER
Uma das razões para a eliminação de Kadhafi foi o medo perante uma alternativa social de jamahiriya pouco compreensível para o Ocidente. Ela não correspondia ao modelo de democracia ocidental porque se baseava em tradições populares árabes com muitos anos.
"Kadhafi conhecia aspetos específicos do seu país, conhecia a estrutura de relações entre as tribos. Não tínhamos divergências na comunidade, entre as tribos e os blocos políticos", disse Abdel Baset bin Hamel, acrescentando que o líder líbio foi capaz de encontrar compromissos, tinha qualidades de líder, era um "fenômeno".
O especialista em estudos árabes afirmou que o país precisa de um governo forte para se salvar da desintegração completa. Talvez o melhor governo para a Líbia seja um governo militar.
II
O caso de Kadhafi: O implacável coronel carrasco dos americanos
 
Khadafi o jovem coronel que aos 27 anos assumiu a presidência da Líbia, por via de um golpe militar idealizado e realizado pelo “clube dos coronéis líbios”, não demorou muito para se tornar no maior carrasco dos americanos em África.
O mesmo Khadafi que hoje enfrenta a pior insurreição popular já vista na Líbia, ontem, já foi amado, aclamado e venerado pela população de seu país. Definitivamente a política está cheia de factos e caminhos imprevisíveis. Se resistir às manifestações populares, Khadafi, de 68 anos de idade, no poder há mais de 41 anos, continuará sendo o presidente africano e do mundo árabe há mais tempo no poder. Será que Khadafi resistirá às manifestações do seu povo e as pressões externas vindas da comunidade internacional?
III
Leia o perfil do ditador líbio Muammar El  Khadafi escrito pela jornalista Carllile Alegre.
O coronel Khadafi de ontem, definitivamente não é  mais o mesmo. Enfrentando uma grave crise de impopularidade encarnada na “revolução verde” que levou milhares de jovens líbios às ruas pedindo em uníssono a destituição de Khadafi, transformou o ditador no principal inimigo do povo líbio. Quase inacreditável! Ontem Khadafi era o principal guardião de seu povo, que nele enxergavam o ideólogo e líder incontestável.
Consta oficialmente que Muammar Khadafi nasceu no dia 7 de Junho de 1942. Há quem especule que Khadafi tenha nascido em 1941, dúvida nunca esclarecida pelo próprio. Ele mantém a sua idade em segredo e detesta quem pergunta sobre o assunto.  O coronel tem um gosto peculiar em se instalar em tendas luxuosas, cercado de mulheres. Toda sua guarda presidencial é formada por mulheres. O que pouca gente sabe é que Khadafi nasceu numa tenda no meio do deserto nas adjacências da cidade de Sirt, situada ao norte da Líbia.  Sirt, o berço natal de Khadafi, também aderiu às manifestações populares para impugnar o poder do ditador.
Khadafi veio de uma família com boa condição familiar. Estudou num dos melhores colégios Líbios.  Ao contrário de outros estadistas africanos que se formaram no exterior, ele fez toda sua formação acadêmica em seu país. No ensino secundário foi excelente aluno nas disciplinas de matemática, literatura e geografia. Aos 17 anos entrou para a universidade. Ingressou no curso superior da Academia Militar de Benghazi, vinculada a Universidade da Líbia. Teve uma curta passagem pela Real Academia Militar do país de sua majestade Elizabeth II, Inglaterra.  Admirador fanático de Gamal Abdel Nasser, estadista  Egípcio que também chegara à presidência do Egipto por meio de um golpe militar. Há quem diz que Gamal é o principal mentor de Khadafi. Não por acaso, durante muito tempo Khadafi foi chamado de  “filho espiritual de Gamal” quando este esteve em vida, e, o órfão inconformado quando Gamal morreu, vítima de ataque cardíaco.
As semelhanças entre Gamal Nasser e Khadafi, não são meras coincidências. Ambos estão associados a trajetórias de vida comum.  Gamal também era militar. Formou-se na Academia Real Militar. Gamal para chegar ao poder no Egipto, ostentando a patente de capitão, liderou o movimento dos oficiais que derrubou o Rei Faruk I.  Por sua vez, Khadafi para chegar ao poder, integrou o grupo dos coronéis líbios que marcharam até Tripoli para atropelar o Rei da Líbia Idris I.  Kadafi e Gamal, ambos eram a mesma imagem e semelhança de um ideal  anti-americano.
A longa discórdia com os EUA
Khadafi sempre foi inimigo de estimação dos EUA. Quando o Rei Idris I governava a líbia, os americanos controlavam parte do principal recurso natural da Líbia, o petróleo, também chamado de ouro negro.  Os motores da economia americana foram movidos durante muitos anos com o petróleo líbio explorado e adquirido pelos americanos a preço de banana.  Quando Khadafi chegou ao poder desfez o pacto que o Rei Idris I fizera com americanos. Os americanos criaram várias danceterias e casas de prostituição em toda Líbia.  O coronel mandou fechar todas as danceterias e casas de prostituição. Chamou os americanos de “imorais incuráveis”. Expulsou-os do país, nacionalizou as grandes empresas e companhias petrolíferas  estrangeiras que operavam na Líbia.
Daí em diante, os americanos sempre guardaram ressalvas e rancores por Khadafi. Um ano depois de Khadafi chegar ao poder,  Gamal seu principal padrinho, faleceu vítima de ataque do coração, quando concluía uma reunião de Estado. Khadafi não se conformou. Sempre atribuiu a morte de Gamal aos EUA. Naquele ano Khadafi ainda sofria emocionalmente a derrota da guerra dos seis dias onde o Egipto  de Gamal, foi esmagado  por Israel que contava com o apoio do todo poderoso EUA. Khadafi prometia em privado que iria vingar-se da morte de seu mentor político.
Inconformado, Khadafi começou a fazer alianças com países e grupos que nutriam um sentimento de ódio em relação aos EUA e Israel. Apoiou e patrocinou grupos terroristas extremistas, entre eles os Panteras Negras, Fatah, Setembro Negro e alguns países árabes auto-declarados como inimigos dos EUA.  Tudo para se vingar da morte de Gamal Abdel Nasser, que tanto admirava.
Em 1986, os EUA bombardearam a cidade de Trípoli, capital da Líbia, em resposta a uma explosão orquestrada por Khadafi que mandou para os ares uma discoteca na Alemanha freqüentada por soldados americanos. O foco dos bombardeios dos EUA era a região onde se situava o palácio presidencial, a residência oficial do presidente Líbio. Khadafi saiu ileso dos ataques, mas perdeu a esposa e uma filha (adotiva), que era o xodó dele. O líder Líbio entrou em depressão profunda, chorava amargamente pela perda da indefesa  esposa e da inocente  filha.
A resposta de Khadafi aos EUA não se fez esperar. Em 21  de dezembro de 1988, ele mandou explodir, em pleno ar, o vôo 103 da Pan Air, do tipo Boeing 747-121 que fazia a ponte aérea Londres-Nova York. Momentos depois de decolar, o avião explodiu  na cidade inglesa de Lockerbie. O saldo de 270 mortos chocou o mundo. Dos mortos, 189 eram cidadãos americanos. Os restantes 81 eram nacionais de outros 21 países. Aquele atentado deixou os americanos de rastos. Khadafi estufou o peito de orgulho por desafiar a maior potência do mundo.
Analistas reconhecem que Khadafi sempre teve um serviço de inteligência atuante. Lockerbie não foi o único palco fora da líbia onde o ditador fez derramar sangue de civis inocentes.  Financiou golpes de estados na Libéria e Uganda. Paga milícias para desestabilizarem a região de Darfu no Sudão. Eliminou fisicamente opositores, dentro e fora de seu país. Em Setembro de 1972, Khadafi esteve associado ao massacre de atletas de Israel em Munique, que iriam participar nos jogos olímpicos daquela cidade alemã. O massacre de Munique foi inclusive, eternizado no cinema com o filme “Munique”, dirigido pelo cineasta Steven Spielberg, em 2005.
Khadafi é caracterizado pelos aliados e inimigos como um homem de pulso firme, determinado, teimoso, inteligente e hábil. Resta saber se estes atributos serão suficientes para Khadafi hipnotizar os manifestantes e convencer a comunidade internacional para continuar se mantendo no poder.
Por enquanto, o coronel mais famoso do mundo enfrenta um verdadeiro teste de fogo.  O desfecho não exige estimativas, é pragmático – Em causa está a queda ou a manutenção do poder do clã Khadafi.  Se o ditador conseguir a manutenção do poder sairá ainda mais fortalecido, caso contrário será o fim de uma era iniciada há 41 anos atrás. E não seria surpresa, se no fim do seu consulado, ao invés de um exílio dourado na terra de seus amigos xeiques e aiatolás, Khadafi fosse directo para o banco dos réus do Tribunal Internacional de Haia (corte penal transnacional que julga crimes contra a humanidade) para explicar-se sobre as motivações de seu instinto sanguinário.
IV
Alguns comentários
Daniel
MM Deus Afonso
3 de Março de 2011
‘O homem que tem medo de tudo e de tudo foge, não enfrentando nada, torna-se
um covarde; e de outro lado, o homem que não teme absolutamente nada e
enfrenta todos os perigos, torna-se temerário.’ ass: MM DEUS AFONSO
Estados Unidos está atrás do petróleo, Guiné Bissau assim como outros países da África, com conflitos políticos e militares graves que merecia uma intervenção da famosa comunidade internacional (USA), como nesses países não tem petróleo eles nem falam!

4 de Março
Deus Afonso
Concordo exactamente com as suas palavras, a Líbia há coisa de 48 anos atrás era um desastre, um dos mais pobres do mundo, com mais de metade da população analfabeta e, que vivia uma situação idêntica da Guiné-Bissau (o tribalismo). O Khadafi, após assumir o poder, tudo isso tornou-se numa utopia, ou seja, eliminou esses fantasmas da pobreza extrema e do tribalismo, hoje a Líbia é um dos que países espelho de África, quase todos sabem ler e escrever, é um dos únicos países Árabes em que as mulheres têm oportunidades de trabalhar, estudar e as populações líbias têm um nível de vida estável. E agora eu pergunto: o Zimbabwe e Sudão vivem situações de penúria, de escravidão, feitas pelos regimes do senhor Robert Mugabe e do Omar Al-bashir , os E.U.A, N.A.T.O, E.U, alguns deles interessaram de lá ir tirar do poder esses ditadores? Não. Porquê? Porque certamente não há recursos naturais que lhes interessem. Cuidado com os americanos e europeus, são espertos, não dão nenhum ponto sem nó.


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