sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Césares do nosso tempo


Teresa de Sousa explica, de forma moderada, apoiada por dois comentadores, resultados de eleições intercalares americanas, que pareceram não ser completamente favoráveis ao partido de Trump, qual tem um contencioso com os jornalistas, ao que parece, ele próprio sentindo-se feliz na sua provocação um pouco simplória, de impertinência e arrogância, própria da condição imperial que conquistou, não pelo esforço das armas como Júlio César, mas igualmente cortando, por vezes, a eito, em decisões drásticas, de prováveis e provocatórias “Alea jacta est”, como a que pronunciou o grande general romano, ao atravessar o Rubicão da sua rebeldia. É este César arrogante que desdenha colaborar numa reunião de líderes europeus sobre a paz, em frente à chama do Soldado Desconhecido.
Teresa de Sousa, nos seus argumentos bem esclarecidos e apoiantes da democracia, debruça-se, com preocupação, não só sobre o presidente americano, mas também sobre a União Europeia, onde o passeio de T. May e de E. Macron num cemitério evocativo de uma guerra em que os Ingleses ajudaram os Franceses, (o que torna mais absurdo o Brexit), e os discursos posteriores – de Macron, de Merkel e de Guterres – com marginalização de Trump, indiferente, mostraram a precariedade da paz actual, que o próprio Trump põe em causa, com o seu desprezo.
THE GUNS OF AUGUST
TERESA DE SOUSA
PÚBLICO, 11 de Novembro de 2018
1. A correspondente da BBC na Casa Branca dava na sexta-feira a sua própria versão do que aconteceu durante a conferência de imprensa de Donald Trump dois dias depois das eleições intercalares, escolhendo um título que chamava a atenção: “A questão Acosta: uma opinião impopular.” “Quando olhamos para os clips que passaram incessantemente ao longo do dia, e as respostas nas redes sociais, Jim Acosta emerge como o herói do momento. O homem que enfrentou Trump. O combatente pela nossa liberdade de imprensa. Não o conheço, parece uma pessoa decente, mas sinto que é necessário o contexto.” “Ele foi chamado por Trump para fazer a pergunta que quisesse. E quando acabou a primeira, fez outra (...), foi apenas quando tentou a terceira — ou talvez a quarta, dependendo da forma como definirmos os follow-ups que o Presidente se irritou e lhe disse para se sentar.” Seguiu-se a luta pelo microfone e “as palavras ridículas do Presidente acusando-o de ser uma pessoa rude e terrível”. “Podemos argumentar que o Presidente procura estas situações (...). Mas não nos enganemos. Os media também sabem que se saem bem quando estão a desafiar o urso. Por isso, é conveniente dar um passo atrás.” “Quando o incidente acabou, ele continuou a aceitar perguntas de jornalistas do mundo inteiro — num total de 90 minutos.” De cada vez que chego aos EUA e ligo a CNN, não é preciso muito tempo para a desligar. Só há um tema: Trump. O que disse, o que fez, o que não fez, as consequências do que fez. Cada apresentador-estrela dos sucessivos programas de informação e debate ao longo do dia parece ter como único objectivo ser mais incisivo em relação ao Presidente do que aquele que o precedeu. Sucedem-se os debates com comentadores de várias opiniões, é certo, mas não assim tão várias, a discutir até à exaustão a mesma coisa. Com demasiado ruído e muita monotonia. Algumas horas depois, continuamos sem a mínima ideia do que se está a passar no mundo, que não tenha uma relação directa com a América (de Trump) e sempre nessa perspectiva. É entediante e é, sobretudo, pouco saudável para uma opinião pública que, já de si, tem pouco interesse pelo que se passa fora das fronteiras dos Estados Unidos e para um país dividido ao meio, com cada lado numa guerra de trincheiras contra o outro. Não se pode dizer que os grandes jornais de referência sofram do mesmo mal. Ainda se encontram nas suas páginas alguns dos melhores artigos e análises sobre acontecimentos que, envolvendo ou não a América, marcam a agenda internacional. Trump fez da imprensa livre um dos seus alvos predilectos, revelando até que ponto os seus instintos autoritários são perigosos, mesmo numa democracia com a solidez da americana. Os jornalistas têm um combate a travar para romper as barreiras de acesso à informação. Mas menos obsessão informativa com o Presidente e, sobretudo, mais resistência à tentação de se verem como heróis seria muito bem-vinda. Na América, ninguém corre risco de vida para obter uma boa informação ou desafiar o Presidente com uma série de perguntas incómodas.
2. Já quase tudo foi dito sobre as eleições intercalares americanas. A democracia funcionou. A Câmara mudou de mãos, abrindo espaço para travar parte da agenda de política interna do Presidente. Nunca como hoje houve tantas mulheres eleitas para a Câmara de tantas origens sociais, políticas ou étnicas. Mesmo que o cômputo final seja uma América ainda mais polarizada, o que não são boas notícias para o futuro, o ar tornou-se mais respirável. Igualmente importante, o resultado das eleições foi uma mensagem para aqueles que, no mundo inteiro, resistem à ascensão dos novos “homens-fortes” inspirados por Trump: nada está perdido. Os dados estão lançados para a corrida presidencial de 2020. Trump não perdeu essa guerra, muito longe disso. Primeiro, porque obteve apenas uma semiderrota e a polarização é justamente o que melhor o serve; segundo, porque é bom lembrar que Clinton ou Obama perderam (ainda mais) as intercalares do seu primeiro mandato, o que não os impediu de ganhar o segundo. Mas há um outro lado desta vitória democrata na Câmara que é, porventura, mais importante do que a entrada em força das minorias e dos candidatos situados mais à esquerda, sobre os quais há, aliás, uma coisa que sabemos à partida: não são eles que podem vencer as presidenciais de 2020. Sem atrair o centro onde se situa uma larga fatia de independentes, nenhum candidato democrata conseguirá ser eleito apenas pela soma das minorias que, além disso, não votam todas da mesma maneira. O voto das mulheres brancas educadas (com diplomas universitários) nos democratas subiu quase 10% desde 2016 (de 51% para 60%). Muitas delas vivem nos subúrbios das grandes e médias cidades, terreno tradicionalmente favorável aos republicanos, não foram particularmente afectadas pela crise nem mudaram o seu modo de vida. Pura e simplesmente, rejeitam os lados mais ofensivos e extremistas da mensagem de Trump, incluindo o desprezo pelas mulheres. A onda mudou, incluindo entre as soccer moms dos subúrbios mais favorecidos. Alguns dos candidatos republicanos mais radicais deixaram escapar os subúrbios da classe média maioritariamente branca das grandes cidades. Mantiveram um apoio inabalável nas zonas rurais e no amplo espaço que vai da Costa Leste à Costa Oeste. Mas, em geral, há alguns bons sinais que podem dar aos democratas um ponto de partida para a corrida de 2020, desde que não se enganem de direcção. E podem obviamente enganar-se, ainda mais num país política e culturalmente polarizado como não há memória na sua história recente. Obama e Clinton venceram dois mandatos por olharam para o centro, conquistarem o centro, governarem ao centro. O primeiro teste vai ser o comportamento dos democratas no Congresso. É fácil cair na tentação da oposição cega, respondendo com as mesmas armas ao comportamento dos republicanos. Mas basta, talvez, lembrar a célebre frase de Mitch McConell, o líder republicano do Senado, durante o primeiro mandato de Obama.Temos um único objectivo no Congresso: fazer de Obama um Presidente de um só mandato.” O compromisso e o bipartidarismo morreram. Se a agenda democrata não se limitar a ser “contra” e procurar resolver alguns problemas sérios da generalidade dos americanos através de propostas de compromisso, mesmo que a resposta do outro lado seja cega, cultivará o único terreno que lhe pode dar a vitória em 2020. É a única maneira de não oferecer a Trump de mão beijada o argumento que ele mais deseja para se manter na Casa Branca: os democratas impediram-no de tornar a América “Great Again”. Como escrevia ontem no New York Times David Brooks, a classe trabalhadora branca continua a sofrer a “carnificina” dos efeitos da globalização, a América ainda é um país onde “apenas 37% dos adultos esperam que os seus filhos vivam melhor do que eles”, e onde “milhões de novos empregos são criados através de ‘contratos alternativos’, o que significa sem salário fixo, sem horário fixo, sem segurança”. Enquanto os democratas não conseguirem chegar a este eleitorado, dificilmente vencerão as eleições.
3.  Ontem, as imagens de Theresa May e Emmanuel Macron percorrendo um dos cemitérios do Somme com os soldados britânicos que defenderam a França valem mais para a sobrevivência da integração europeia do que uma mão-cheia de discursos. Tornam também o “Brexit” ainda mais absurdo. Mas estas comemorações não serão iguais às anteriores por uma simples razão. Pela primeira vez, o Presidente americano não estará no centro dos acontecimentos. Trump assistirá à cerimónia diante da chama eterna do Arco do Triunfo e não perderá por nada a parada militar, mas não participará (por vontade própria) no Fórum Global da Paz, que Macron organizou, com a presença de um número raro de líderes mundiais, para reflectir sobre a guerra. Haverá apenas três oradores: Macron, Merkel e Guterres. Trump cortou-se a si próprio da fotografia quando rejeitou a obra-prima política que os Estados Unidos ajudaram a criar depois da II Guerra. É difícil defender a democracia e os valores ocidentais sem a liderança americana. O nacionalismo ganha de novo terreno na Europa. Bill Clinton costumava dizer que mantinha ao alcance da mão um livro de uma quase desconhecida historiadora americana, Barbara W. Tuchman, descrevendo o que aconteceu desde a decisão de declarar a guerra à Alemanha até ao início da ofensiva franco-britânica que travou o avanço alemão sobre a França. The Guns of August ganhou o Prémio Pulitzer de 1963. Descreve como se pode caminhar para a guerra quase sem se dar por isso.
COMENTÁRIOS:
Joao, Portugal 11.11.2018 19:34: Bom, deste texto gostei e li com gosto e com ganho. Quanto ao primeiro ponto folgo por a Teresa finalmente escrever o absurdo e o nojo que é a perseguição ao Trump por parte dos media, da grande maioria dos media. Durante a campanha “Donald Trump foi sujeito à maior e mais violenta campanha de ataques pessoais que alguma vez vi na minha vida” e “Sinto-me vítima de uma conspiração – não da parte de Trump mas da parte dos media. Aquilo que aconteceu não foi a cobertura das eleições americanas, mas antes uma vasta campanha publicitária a favor de Hillary Clinton onde até revistas apolíticas como a Variety participaram.” …
isto confessou o Esteves aqui no Público no dia a seguir, mas continuo, continuo a “sentir-me vítima pois continua a mais violenta campanha de ataques pessoais que alguma vez vi na minha vida” há já mais de dois anos. É obsceno, todos se masturbam com uma vírgula de algo que ele diz, com a relva seca do court de golf dele, com a falta do guardanapo num dos restaurantes do Trump, com algum dos seus hotéis estar para fechar, com… com…
Quanto ao segundo também gostei, é claro que o partido democrata ganhou pois obteve maioria onde não a tinha, e o resto é conversa. Mas o partido do Trump acantonou-se e resistiu a piores males, e isto sob a mais violenta campanha mediática de todos os tempos que perdura há mais de dois anos. Quanto ao terceiro, é verdade, se os franceses (com ou sem o Macron, Macron que viu um nicho promissor nisto) e os alemães não aproveitam a existência do Trump para darem o grito do Ipiranga … perde-se uma oportunidade para a Europa.
Carlos Fonseca, Lisboa 11.11.2018 12:53: No seguimento do comentário anterior, lembro que Trump privilegiou a causa anti-imigração como instrumento para a vitória eleitoral. Os democratas venceram o Congresso por outras causas. Uma delas foi a defesa do sistema de saúde 'Obamacare' sustentada por 41% dos norte-americanos, contra os 23% que preferiam o tema da imigração - a fonte destes números é a CNN que juntamente com o The New York Times, o Washington Post, o Politico e outros travam uma luta sem tréguas contra Trump. O comportamento dele, diário, de noite e de dia, através do 'tweeter' e outros meios, com comentários absurdos, contraditórios, provocadores, justificam a reacção da comunicação social.
Teresa de Sousa, senhora culta e informada, prescindir da CNN muito tempo, é tolerável. Já não me parece aceitável criticar a CNN pela frequência programática dedicada a Trump. De facto, jamais na história da democracia dos EUA, tinha havido um presidente tão xenófobo e populista - MC Carthy movimentou-se por caminhos ideológicos. Trump mente diariamente. É o PR norte-americano que averba o maior número de demissões de conselheiros e colaboradores. A CNN é acusada por ele de ser inimiga do povo. Há o caso da Rússia e o propósito de afastar o investigador Mueller, à semelhança do que sucedeu com Sessions. O jornalista Acosta observou que a caravana de refugiados estava a centenas de milhas, não se justificando fortalecer fronteiras contra uma invasão que não havia. Trump irou-se.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Foram muitos os protestos…

…que mereceu o Editorial de Ana Sá Lopes, com o título O animalocentrismo, publicado no Público. A mesma página em que saiu, continha, nas “Cartas ao Director”, de Helder Pancadas, o protesto epistolar com o título O partido fofinho, com cuja transcrição inicio este texto, para comprovar os argumentos seguintes, do Editorial de Ana Sá Lopes - a “Srª Lopes”, na designação indignada da comentadora Paula Custodio, certamente que fiel seguidora dos preceitos de descortesia, inegavelmente humana, que levaram em tempos João Jardim – sem senhor – a tratar Cavaco Silva por “O senhor Silva”. Coloco apenas alguns desses protestos, de idêntica aversão contra a editorialista, pois que a maioria dos outros foi ainda mais ofensiva. Para pôr os pontos nos ii, transcrevo ainda, do Observador, o artigo do P. Gonçalo Portocarrero de Almada, sensato e justo, e percorrendo a História, em termos comprovativos da existência do Mal no Mundo.
Sou dos que sofre com o sofrimento dos animais, nos espaços fechados onde são enfiados para o alimento ou diversão do homem, ou nas caçadas de adestramento e visível prazer dos caçadores e tantos mais casos de indiferença humana pelo sofrimento animal que a cada passo nos ferem a sensibilidade. O certo é que os animais também se comem uns aos outros e programas há, televisivos, que mostram a cadeia alimentar poderosa, nos mares, como na Terra, como nos ares, sendo o Homem, todavia, o mais requintado a matar, para seu alimento próprio, ou diversão. Creio que sim, que devemos amar os animais, mas os mosquitos, as baratas, ou os ratos, ou mesmo as moscas, ou os piolhos, as carraças, as pulgas, e até micróbios daninhos, não sei como os defendem os “animalocêntricos”.
A mim, parece-me uma provocação reprovável, essa dos encapuzados do IRA.
I -CARTAS AO DIRECTOR  -   O partido fofinho
HELDER PANCADAS, SOBREDA           PÚBLICO, 17/11/18
Quem havia de dizer, hem?Quem poderia imaginar que aquele partido tão fofinho, criado para proteger os animais e resgatá-los das garras dos seus algozes, é a face legal de um grupo de marginais com a sigla IRA. A mesma sigla do extinto Irish Republican Army que tanto fez sofrer irlandeses e ingleses. Pelo que vi ontem no trabalho de investigação de um operador de TV, os tipos levam a sua “missão” muito a sério. As imagens mostravam um grupo de encapuzados armados, em tudo semelhante a imagens dos grupos clandestinos terroristas. Com o pretexto de salvação dos animais, os “ungidos” do IRA praticam actos de violência gratuita que as autoridades têm obrigação de parar quanto antes. Se a jornalista os conseguiu entrevistar e filmar, a PJ também o poderá fazer. E o IRA que se ponha a pau! Se grupos ligados aos touros ou amantes da caça lhes saírem ao caminho, não se admirem das consequências. O deputado do PAN, André Silva, e a sua chefe de gabinete, Cristina Rodrigues, têm muito que explicar às autoridades sobre tudo aquilo que sabem sobre este grupo, o que parece ser muito.
II - EDITORIAL   -  O animalocentrismo
PÚBLICO,    PÚBLICO, 17 de Novembro de 2018
Felizmente, a relação dos humanos com os animais de companhia mudou muito desde o tempo em que se cantava “Atirei o pau ao gato/mas o gato/não morreu/D. Chica/assustou-se/com o berro/ com o berro/ que o gato deu”, ou se enxotava o cão com um pontapé. Mas a sociedade cada vez mais “animalocêntrica” que estamos a criar, em que o amor por um animal, ou por vários animais, começa a ser considerado superior ao amor por um humano ou vários humanos, é a base de sustentação para grupos extremistas como o IRA – Grupo de Intervenção e Resgate Animal – que, utilizando como acrónimo o nome do grupo separatista irlandês, está agora a ser investigado pela Polícia Judiciária por crimes violentos, nomeadamente agressões e roubo.
A relação profunda que é possível estabelecer entre humanos e animais de companhia não nasceu nos últimos anos. Manuel Alegre, agora muito fustigado por causa da defesa das touradas, tem um livro – Cão como Nós – que fala exactamente sobre isso. A expressão “o cão é o melhor amigo do homem” também não é do século XXI. Como é que se passou da existência de relações de pertença a uma alteração social que põe o valor da vida animal a emocionar multidões – em contraste paradoxal com a frieza com que hoje os animalocêntricos europeus olham para os barcos dos refugiados do Mediterrâneo ou para os sem-abrigo das suas cidades?
Não é fácil encontrar explicações para esta mudança de paradigma. Mas é essa mudança que vai, com bastante probabilidade, aumentar a votação PAN, que responde a uma alteração histórica que, no lado positivo, o pode fazer crescer eleitoralmente e, no lado negativo, ter a sua chefe de gabinete suspeita de ter ligações ao grupo extremista que foi objecto da reportagem da TVI e que está a ser investigado pela PJ. O PCP e Os Verdes percebem a ameaça. Num quase inédito comunicado sobre investigações judiciais, o PCP, para além da preocupação sobre o alegado envolvimento da chefe de gabinete no grupo extremista, põe em causa “uma prática subjacente ao projecto político do PAN que, sob o manto das preocupações sobre a natureza e os animais, e assente num discurso de intolerância, promove uma orientação de incriminação, de estímulo à delação e criminalização de hábitos socioculturais, em si mesmo um caldo de cultura para justificação de práticas criminosas”. Infelizmente, o tempo que corre, corre a favor da intolerância.
COMENTÁRIOS:
Paula Custodio: 17.11.2018 20:53 Sra. Lopes, Quando diz "em contraste paradoxal com a frieza com que hoje os animalocêntricos europeus olham para os barcos dos refugiados do Mediterrâneo ou para os sem-abrigo das suas cidades?" - PRECISA DE PROVAR que são os animalocêntricos que olham com frieza para os barcos de refugiados ou sem abrigos... que eu saiba, é a direita chauvinista e saudosista das "tradições" que tanto alarido faz contra os refugiados e sem-abrigo que lhes "sujam" as suas preciosas cidades e ao mesmo tempo tanto gostam que eles existam para lhes limpar as retretes e os poderem tratar como sub-humanos, i. é, escravos modernos… Quem é defensor dos direitos dos animais não defende a morte da humanidade, apenas que não somos donos deste planeta, mas inquilinos como todas as outras espécies que nele cohabitam.
Pedro Almeida, Pico - Açores 17.11.2018 18:47: Não há outros temas na agenda nem outras prioridades. A Dr.ª Graça, com tese em Coimbra, deu um “banho de civilização” aos portugueses, e abriu o debate à volta do cãozinho, gatinho, periquita, galinhas e os touros de arena - espero ansiosamente pelo debate à volta da caça do coelho bravo ou da perdiz... O vulgo anda agora atento às catacumbas da GNR de Alcochete onde a carrinha da PJ é seguida pela CMTV em direito para o tribunal do Barreiro… Há, no meio disto, uma grande solidão…há cada vez mais casais sem filhos - ou com filhos únicos. Há cada vez mais idosos e menos crianças…mas os temas são outros… Assim vai o País…
Pedro Almeida, Pico - Açores 17.11.2018 18:46: Na "parvoeira" do caruncho do "Parlamento", assistimos à Sr.ª Dr.ª das unhas, a Sr.ª Dr.ª das passwords - consideradas um dado pessoal e intransmissível, mas..."pode-se partilhar”...e outras parvalheiras…como a iniciativa do PSD de propor o Dia Nacional do Cão - atenção projecto de resolução, do lendário Marques Guedes, gosto especialmente do nome “projecto de resolução”…bem como o antigo líder da bancada do PSD que tinha um currículo invejável mas não tinha metido os pés na Califórnia… A cereja em cima do bolo é mesmo o Parlamento ter um deputado eleito, para representar o periquito, a aranha…e as melgas…e já agora as moscas…
Raquel Azulay, 17.11.2018 17:20: uma pessoa que acha que os animais não devem ser maltratados é = a alguém que valoriza os animais mais do que os humanos??? Ana, sinceramente!!!! e logo em Portugal, país onde milhares de animais são tratados de forma brutal. é de pasmar. está a tentar ser polémica?
 Porto 17.11.2018 16:00: muito de acordo com ASL. é assustador a personificação dos animais, a sua valorização acima de todas as coisas e pessoas, mas penso que é um discussão sem esperança. os animalocêntricos não são demovíveis, eu tb não: muito respeito pelos animais e pelos vegetais, mas, sem qualquer margem para dúvidas, primeiro as pessoas.
João Teixeira, 17.11.2018 09:23: Nós temos um imenso amor pelos outros animais, é por isso que se estima que 60% dos animais selvagens foram dizimados nos últimos 50 anos por actividades antropogénicas...
III - TOURADAS               As touradas: uma ética bestial? /premium
P. GONÇALO PORTOCARRERO DE ALMADA         OBSERVADOR, 24/11/2018
É da essência do Cristianismo o amor pela criação. Desde sempre, os cristãos amam a natureza, espelho onde admiram a omnipotência e o amor de Deus.
G. K. Chesterton dizia que não é verdade que neste tempo não haja valores, mas parecem ter enlouquecido. Com efeito, mata-se violenta e impunemente um nascituro, ou um doente terminal, mas depois fazem-se campanhas para a ‘adopção’ de animais domésticos, para recolha de alimentos e até cobertores para cães vadios e protesta-se contra a falta de condições dos canis municipais, a que se proíbe o abate de animais porque – ironia do destino! – parece que os matadouros devem ser apenas para os seres humanos!
Se a questão da defesa da vida, no seu início e termo natural, é uma questão de honra e um princípio irrenunciável, pelo menos para qualquer humanista que se preze, bem como para qualquer cristão digno desse nome – não o seria se fosse favorável à eufemística ‘interrupção voluntária da gravidez’, ou ao inverosímil ‘direito a uma morte digna’ – é, pelo contrário, discutível o modo como a sociedade deve encarar a vida animal.
Não é aceitável, não só por questões da mais elementar ciência jurídica, mas também por razões de bom senso, equiparar os animais irracionais, ou as plantas, aos seres humanos, nem conceder-lhes personalidade jurídica: a ausência de inteligência e vontade impede que esses seres vivos possam ser titulares de direitos, do mesmo modo como obsta a que fiquem adstritos ao cumprimento de quaisquer obrigações: só a loucura e a prepotência de um Calígula explica que um cavalo possa ter sido senador em Roma!
Como seres dotados de sensibilidade, como o direito português reconhece, mas não de personalidade, os animais são susceptíveis de protecção jurídica, não apenas pelo seu valor intrínseco, mas sobretudo pela sua relação com os seres humanos. Para algumas pessoas, os animais que criam são o seu sustento e, portanto, essenciais à sua vida. Também há quem os use na sua actividade profissional, ou como meio de transporte e, também para estes, é necessário que o ordenamento jurídico garanta a protecção de tais instrumentos necessários para o trabalho ou deslocações. Também o valor estimativo de um animal é susceptível de protecção jurídica: se um invisual precisa de um cão que o guie, ou uma pessoa tem por única companhia um animal doméstico, é óbvio que esse valor acrescido desse ser vivo deve ser juridicamente relevante.
É evidente, para qualquer pessoa que tenha um mínimo de bom senso, que a questão da protecção dos animais não se põe quando está em perigo uma vida humana. Quando, há já algum tempo, uma criança caiu na jaula dos símios e foi arrastada por um orangotango, felizmente sem danos para o menor, a única decisão acertada foi a então tomada pelas autoridades desse jardim zoológico, que prontamente executaram o animal. O risco, para a vida da criança, era razão mais do que suficiente para o seu abate.
Outra questão, certamente mais discutível, é a utilização de animais em actividades lúdicas, como são os circos, ou as touradas. Há quem entenda que não é aceitável a sua utilização em espectáculos circenses, porque as condições a que os mesmos são sujeitos não são as melhores. Mas, nesse caso, também seria de impedir os jardins zoológicos – não estão, também esses animais, em cativeiro?! – bem como os aquários, oceanários e até as reservas naturais que, a bem dizer, pouco têm de natural, na medida em que os animais, embora tendo mais liberdade de movimentação, também estão confinados a um espaço limitado?! E, se a liberdade de movimentação dos animais é essencial, porquê permitir então a trela e o açaime nos cães?! Não é verdade que esses instrumentos são também inibidores para o animal?! De reconhecer um ‘direito’ do animal irracional, seria preciso, em coerência, abolir tudo o que, de algum modo, os seres humanos impõem, para sua segurança ou comodidade, aos animais que têm consigo.
É da essência do Cristianismo o amor pela criação, obra de Deus, como recentemente recordou o Papa Francisco, com a encíclica Laudato Si. Desde sempre, os cristãos amam a natureza, espelho em que admiram a omnipotência e o amor de Deus. Apesar de muitos dos primeiros cristãos terem sido pasto das feras, é próprio da doutrina católica entender que os animais são um bem, que importa preservar. São úteis para a alimentação dos seres humanos, como são prestáveis para o trabalho e como meio de transporte. Também podem ser uma boa companhia, embora nunca com eles se possa estabelecer uma relação afectiva ou amorosa, que há-de ser sempre interpessoal. É da responsabilidade dos poderes públicos preservar a natureza na sua integridade, defendendo as raças em vias de extinção, impondo defesos em relação à caça ou pesca de certos animais e criando reservas, onde a sua existência possa estar ameaçada e, por isso, deva ser assegurada.
A questão que se põe é, contudo, em relação à licitude de certos espectáculos, como o circo ou as touradas. Há quem entenda que a tourada deve ser proibida porque é cruel para o animal, que é exposto a um sofrimento desnecessário. Com certeza que, para o touro, não são agradáveis as bandarilhas que lhe são espetadas, nem as pegas, nem muito menos a morte em plena praça, embora, se for instantânea, não seja mais dolorosa do que a que lhe é provocada no matadouro. Mas, para os cavalos de corrida, são amenas as chibatadas recebidas até chegar à meta?! Não será também cruel o uso das esporas?! E as trelas e açaimes dos cães, não são também outras formas de tortura animal?!
A verdade é que, pela via do suposto interesse ou bem do animal, seria praticamente impossível estabelecer um código de conduta razoável. Se calhar, todas as práticas desportivas humanas têm um impacto negativo na natureza: os atletas de corta-mato, ou praticantes de BTT, podem destruir ou obstruir o trilho de algumas formigas, os praticantes de para-quedismo, asa delta ou aviação, interferem com o voo das aves, os surfistas e nadadores perturbam o habitat marinho, etc., etc., etc. Mas também é verdade que os animais, entre si, estão em constante luta e que a sua sobrevivência não pode ser alcançada senão pela morte dos seus agressores, ou daqueles de que carecem para a sua alimentação. Não se negue, portanto, aos homens, pelo menos as mesmas prerrogativas que se reconhecem, naturalmente, aos ‘outros’ animais.
No contexto de uma ética personalista, a vida animal deve ser encarada como instrumental para o homem, que é o cume de criação: as pessoas não existem para os animais, mas estes existem, como aliás as plantas e o resto do mundo, para o homem. Uma ética cristã é, por definição, antropocêntrica. E é, portanto, nesta perspectiva, que devem ser encaradas as diversas actividades lúdicas, como o circo ou as touradas.
Não parece razoável que uma pessoa ponha em causa a sua vida por uma questão tão fútil como um espectáculo circense, ou taurino. Se um ser humano morre em defesa da sua fé, ou da sua pátria, ou da sua família, ou de um inocente, é certamente heroico, mas não seria honrosa a morte que acontece por indesculpável temeridade. Ir a uma velocidade excessiva, porque assim o exige a vida em perigo de um doente que se transporta, com urgência, para um hospital, é louvável; mas não o seria se fosse apenas para ganhar uma corrida, pondo em causa vidas humanas, a começar pela do próprio. Introduzir a cabeça no focinho de um leão, ou de um crocodilo, só para ganhar um aplauso, não é razoável: não seria um acto de bravura, mas de supina estupidez. Se lidar um touro significa pôr, desnecessariamente, em risco a própria vida, não é eticamente aceitável, por mais divertido ou emocionante que possa ser o espectáculo.
Nenhuma mãe ou pai perdoaria a um seu filho, ou filha, o imenso desgosto da sua perda, pela mera futilidade de um qualquer desporto, ou diversão. A vida humana inocente, desde a concepção até à morte natural, é um imperativo moral absoluto e, ante esta exigência irrenunciável, não faz sentido recorrer a argumentos sobre os supostos direitos, dignidade ou sofrimento animal. A não ser que, como manifesta expressão da loucura de que já se queixava Chesterton, se queira trocar a moral humanista cristã por uma ética verdadeiramente bestial.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Causas remotas sempre constantes


Mandou-me um dos meus filhos o texto de Daniel Sampaio, de 25/1/2009, sobre esquizofrenia, que apanhou na Internet, infelizmente incompleto, mas que mostra quanto vivemos numa sociedade de tal modo incoerente e anómala, que até utiliza o termo em jeito de metáfora como característica da comunicação social, traduzindo aberração nos comportamentos humanos de menor seriedade de actuação: https://www.publico.pt/2009/01/25/jornal/os-direitos-dos-esquizofrenicos-292909. Daniel Sampaio indigna-se com a impropriedade da designação reveladora de ignorância e desrespeito relativamente a uma doença mental grave e exigindo um tratamento a maioria das vezes sem resultado positivo, ou tendo-o apenas parcialmente, e merecendo uma maior atenção por parte do Estado, em termos de acompanhamento médico e económico, visto que a doença se torna uma sobrecarga para as famílias.
Uma tristeza que isto aconteça e que tem a ver também com a insegurança em que sempre se viveu, mas que a comunicação social exibe hoje em dia em instantânea projecção, que dilata os medos e as fobias de quem já é pouco seguro de si próprio.
E, para exemplificar com um desses textos em que se compraz, em termos de explicitação e aviso, a comunicação social, a notícia saída ontem no EDITORIAL do PÚBLICO, escrito por Manuel de Carvalho e que assim ameaça, para um possível conflito, causador de medo e insegurança, provocando histeria: «O choque entre a Rússia e a Ucrânia às portas do mar de Azov veio outra vez lembrar que no Leste há uma ferida aberta que o tempo está a agravar.»
I - Os direitos dos esquizofrénicos
DANIEL SAMPAIO , 25 de Janeiro de 2009
Quando se fala em esquizofrenia na comunicação social usa-se o termo como sinónimo de dupla personalidade, o que não deixa de surpreender. Os jornais referem a esse propósito posições contraditórias ou dissimuladas de alguém, que estaria a esconder a sua verdadeira face; ou acentuam o carácter escondido de algum comportamento, que escapa a uma observação menos atenta. Fala-se até por vezes em "esquizofrenia política" de um partido, quando os seus adversários pretendem desvalorizar alguma correcção de percurso, sentida pelos críticos como pouco séria. Este uso do termo "esquizofrenia", para além de pouco preciso, enquadra-se na habitual falta de respeito para com os doentes atingidos por essa afecção. De facto, poucos conhecem o significado correcto da palavra: trata-se de uma doença mental grave, que na maior parte dos casos segue um curso crónico e que pode provocar sérias alterações do pensamento e da percepção. A clínica da esquizofrenia pode ter várias facetas, com destaque para as ideias delirantes e as alucinações, surgindo no decurso da evolução perturbações do comportamento e alteração da personalidade, com ruptura psíquica em relação ao mundo exterior e marcada desadaptação social. Na realidade, a maioria dos doentes tem dificuldade em manter relacionamentos afectivos estáveis, tem problemas com a expressão emocional e perda das competências sociais; e muitos deles manifestam isolamento social e conflitos interpessoais na família.
Na origem da esquizofrenia podem concorrer factores genéticos, infecções perinatais ou na primeira infância, podendo as drogas precipitar a psicose num indivíduo vulnerável sob ponto de vista genético. Como a prevalência da doença é de 0,5 a 1 por cento da população, estima-se que cerca de 50 mil portugueses sofram de esquizofrenia, dos quais apenas 25 por cento estarão a desempenhar funções profissionais, muitas vezes apenas de carácter ocupacional: só esta minoria de doentes terá um emprego, aliás pouco remunerado, pois a maior parte dos esquizofrénicos não trabalha ou vive de pensões.
É notável, no entanto, o progresso conseguido no tratamento da esquizofrenia. Novos fármacos anti-psicóticos permitem um muito melhor controlo dos sintomas e novas estratégias de ressocialização conseguem uma melhor adaptação social, mesmo em casos que pareciam à partida de mau prognóstico. O problema é que, em Portugal, o acesso aos cuidados psiquiátricos não é fácil, deixando muitos doentes sem tratamento: por isso, é crucial aumentar a consciência da comunidade sobre este problema, começando justamente por não utilizar o termo de maneira desajustada.
Os doentes esquizofrénicos e as suas famílias merecem melhor acesso ao tratamento, serviços de psiquiatria com melhores condições e, sobretudo, possibilidade de usufruir de todas as modernas técnicas terapêuticas, o que deve incluir apoio psicoeducacional para os familiares. A investigação tem demonstrado que uma correcta intervenção junto das famílias, com sessões estruturadas sobre a natureza da afecção, esclarecimento sobre os sintomas e reforço sobre a necessidade de adesão à terapêutica são da maior importância, sobretudo se acompanhadas de recomendações aos familiares para evitarem os conflitos e as críticas aos doentes.
O interesse que os meios de comunicação social portugueses costumam dedicar a temas de saúde mental, com foco em doenças mais raras com a
anorexia nervosa (tão do agrado dos media), deveria ser deslocado para a atenção ao problema da esquizofrenia. Sabe-se que esta doença provoca acentuada sobrecarga familiar, só possível de minorar com intervenções de apoio à família: é tempo de os jornais contribuírem para a luta contra o estigma de que estes doentes sofrem, ao serem considerados loucos e perigosos, quando merecem ser apoiados nos seus problemas e tratados nas melhores condições que for possível.
Se usarmos o termo "esquizofrenia" com mais rigor, estaremos desde logo a iniciar o processo de luta pelos direitos desses doentes, o que será um bom começo. a  .(texto incompleto)
II – EDITORIAL                A ameaça à Europa que vem do Leste
O choque entre a Rússia e a Ucrânia às portas do mar de Azov veio outra vez lembrar que no Leste há uma ferida aberta que o tempo está a agravar.
                      PÚBLICO, 27 de Novembro de 2018
Não bastava a emergência do populismo, a crise dos refugiados, a tragédia do Brexit ou a quebra dos elos transatlânticos que estiveram na base da segurança da Europa nas últimas sete décadas: o choque entre a Rússia e a Ucrânia às portas do mar de Azov veio outra vez lembrar que no Leste há uma ferida aberta que o tempo está a agravar.
A Rússia ocupou ilegalmente a Crimeia e não aconteceu nada; os dois países mantêm uma guerra de baixa intensidade que, segundo alguns observadores, já causou mais de dez mil mortes, e não aconteceu nada; e a Rússia permite-se ao direito de abrir fogo e de aprisionar embarcações ucranianas que, de acordo com a lei internacional e as convenções celebradas pelos dois países, circulavam em águas livres sem que se vislumbre o que possa vir a acontecer.
O que se passou na Crimeia, se repete na região do Donbass ou agora no estreito de Kerch não pode continuar a ser visto como a repetição de actos longínquos ou inconsequentes. A Rússia tem inscrito na sua genética nacional claros instintos imperialistas e não deixará de aplicar o seu poder a todos os vizinhos que não sigam a política de deferência da Bielorrússia.
Mas será maniqueísmo acreditar que Moscovo veste a ancestral pele do urso predador e que não há responsabilidades na Ucrânia, na Europa ou na NATO pelo que se está a passar. Querer levar as fronteiras atlânticas até às portas da Rússia foi um erro estratégico que fez despertar o orgulho ferido do gigante e estimulou, com os custos que sabemos, a agressividade do regime de Putin.
O problema maior que enfrentamos é a total ausência de respostas para o conflito que continua a ferver e a agravar-se em lume brando. Não passa pela cabeça de ninguém recorrer ao poder militar para suster o apetite da Rússia pelo leste da Ucrânia. A ONU está paralisada pelo veto russo no Conselho de Segurança.
Na Europa acomodada e desorientada está fora de causa sequer subir de tom dos protestos. Para lá dos embargos, das sanções e de banais represálias diplomáticas, o fluir do tempo continua a ser favorável à Rússia. Um dia, mais cedo do que tarde, a Europa descobrirá que a velha tese do apaziguamento de Neville Chamberlain continua a não ser resposta para potências expansionistas. Nessa altura será tarde de mais para acudir à Ucrânia.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

0xalá que não haja por lá marcianos


Os americanos querem estar em todas, são orgulhosos do seu prestígio. Têm sangue na guelra, jovens que são no seu espaço, e gostam de exibir o seu poder. Enquanto isso, os chineses vão penetrando no mundo inteiro, calmamente, com prudência e segurança, sem dar cavaco, povo antigo regido de preceitos antigos e de preconceitos sábios. Dentro em pouco, dominarão o mundo, diz-se, com perseverança e modéstia, sem exibir simpatia mas também sem hostilizar. Não há feriados para eles, nem fins-de-semana. Não sei como aguentam permanecer nas suas lojas, sem empregados, também, dum modo geral, formigas avançando em compostura e obediência a favor do chefe.
Não assim o povo americano, está visto. Ciosos do seu espaço e da sua independência, cultural, criativa e dominadora, construtora de um mundo de energia, criatividade e por vezes extravagância que os seus filmes deixavam transparecer, impuseram-se no mundo pela sua riqueza e engenho, ambicioso de domínio e de prestígio.
No que toca a voos interplanetários, parece que a Lua deixou de importar, planeta de segunda classe, imprescindível para as marés, e antigamente para os namorados, que agora prescindem dela. Começou a era de Marte, nesta era de Trump que deve estar muito feliz com a chegada da sua sonda InSight a Marte. Por enquanto, tudo parece muito distante ainda, mas talvez não seja, o futuro o dirá aos que nele viverem. Os robots da civilização futura – e já de hoje, afinal – vão trazer-nos novidades, que a sonda «In-sight» está a transmitir desde ontem, ainda só a respeito do solo rochoso. Marcianos, pelos vistos, não há mesmo, já, de resto, se sabia. Os americanos serão os marcianos do futuro, se forem os primeiros a lá habitar. A menos que os chineses, entretanto, dêem a volta ao texto, formiguinhas avassaladoras modestamente escrupulosas, num mundo uniformemente manipulado…Os homens são, de facto, os donos do sistema solar. E quem sabe se do universo inteiro!
Da Internet: Marte é o quarto planeta a partir do Sol, o segundo menor do Sistema Solar. Batizado em homenagem ao deus romano da guerra, muitas vezes é descrito como o "Planeta Vermelho", porque o óxido de ferro predominante em sua superfície lhe dá uma aparência avermelhada. Wikipédia-- - -                          
Raio3 390 km; Gravidade3,711 m/s²; Área da superfície144 800 000 km²: Distância do Sol227 900 000 km; Período orbital: 687 dias : LuasFobosDeimos
Sonda InSight já aterrou em Marte para estudar o coração do planeta
Pela primeira vez, uma missão vai estudar o interior profundo de Marte. O grande objectivo é sabermos mais sobre a formação e evolução dos planetas rochosos do nosso sistema solar.
PÚBLICO, 26 de Novembro de 2018, 6:00 actualizado a 26 de Novembro de 2018, 20:11
Correu tudo bem: esta segunda-feira aterrámos em Marte. Pouco antes da 20h de Lisboa, a sonda da NASA InSight chegou à superfície do planeta vermelho sem problemas. A bordo foi a ambição de compreendermos melhor a formação e evolução inicial dos planetas rochosas, incluindo da Terra. Afinal, esta é a primeira missão a Marte que estudará o seu interior profundo. 
Já chegou uma primeira imagem da nova casa da InSight: vêem-se pequenos pontos pretos, que se pensa serem grãos de poeiras na cobertura da câmara, que vai ser posteriormente removida. Para que tudo nesta fase termine bem, falta saber se a InSight abriu correctamente os seus painéis solares. 
Deveria ter partido em 2016, mas falhas nos seus instrumentos científicos adiaram a sua viagem. Só em Maio deste ano partiu em direcção a Marte e levou consigo o legado de outros dois veículos espaciais da NASA: da sonda Mars Polar Lander, que se espatifou em 1999 na chegada à superfície do planeta; e da Phoenix Mars, que alcançou o planeta há dez anos.
Mas se o caminho da InSight (Interior Exploration using Seismic Investigations, Geodesy and Heat Transport) se fez sem percalços até Marte, os cientistas da NASA já estão estão totalmente descansados. Só ficaram tranquilos quando as três pernas da sonda tocaram no solo marciano. Antes, houve sete minutos de terror – o tempo de desaceleração extrema.
“Há uma razão para os engenheiros chamarem à aterragem em Marte ‘sete minutos de terror’”, considerava Rob Grover, responsável pela entrada atmosférica da NASA, num comunicado da agência espacial norte-americana emitido há alguns dias. “Não podemos controlar a aterragem, então temos de confiar nos comandos e tivemos de pré-programá-los na sonda. Passámos anos a testar os nossos planos, aprendendo com outras aterragens em Marte e estudando todas as condições em Marte que se podem virar contra nós.”
Aterrar em Marte não é tarefa fácil. Apenas cerca de 40% das missões enviadas para este planeta tiveram sucesso, segundo a NASA. “A fina atmosfera indica que há pouco atrito para desacelerar a sonda”, refere-se em comunicado, acrescentando-se que apenas as missões da NASA conseguiram aterrar em solo marciano. “Vamos estar atentos até que a InSight se instale na sua casa na região de Elysium Planitia”, garante Rob Grover.
O principal objectivo desta missão é compreender a formação e evolução de Marte, investigar a dinâmica da sua actividade tectónica e impacto dos meteoritos. Para quê? Para nos dar pistas sobre os mesmos fenómenos na Terra.InSight é a primeira missão a fazer um exame completo a Marte”, lê-se no site da agência espacial norte-americana. “A equipa da InSight espera que, pelo estudo do interior profundo de Marte, possamos aprender como outros mundos rochosos, incluindo a Terra e a Lua, se formam”, acrescenta-se. “O nosso planeta e Marte foram moldados do mesmo material primordial há mais de 4500 milhões de anos, mas tornaram-se um pouco diferentes.”
Para Marte, a sonda leva três instrumentos científicos: um sismómetro para registar as vibrações causadas pela actividade interna de Marte e nos dar pistas sobre as propriedades da crosta, manto e núcleo; uma sonda de fluxo térmico, para saber que quantidade de calor circula no interior profundo do planeta; e um sistema de comunicação de rádio, que medirá as mudanças de localização da sonda e como Marte se movimenta na sua órbita. Como a InSight irá estudar os sinais vitais, o pulsar e a temperatura do planeta, precisa de um local calmo, daí a escolha da planície Elysium Planitia.
Atrás da InSight viajam ainda duas mini-sondas chamadas MarCO (Mars Cube One). Tal como a InSight, foram lançadas em Maio no mesmo foguetão, mas são de uma missão independente e fizeram a sua própria trajectória para Marte. “MarCO é a primeira missão ao espaço profundo de CubeSats, uma classe de sondas muito pequenas”, refere-se no site da NASA.
Para o momento da aterragem estava programada uma espécie de dança: quando a InSight estiver a chegar ao solo de Marte, as MarCO irão passar a 3500 quilómetros por cima dela e enviar dados para a Terra. “Os dois veículos espaciais – a MarCO A e o MarCO B – irão executar uma dança bem coreografada com a InSight, dizia há dias Brian Clement (a trabalhar na missão MarCO) ao site da estação televisiva australiana ABC News.
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“Aterrar em Marte é entusiasmante, mas os cientistas estão ansiosos para que isto passe”, confessa Lori Glaze, directora interina da Divisão de Ciência Planetária da NASA. Agora ela e a equipa da NASA, todos aos abraços e aplausos quando receberam as boas notícias de Marte, já podem respirar de alívio
 “Uma vez instalada a InSight no planeta vermelho, começaremos a recolher informação valiosa sobre a estrutura interior de Marte”, Lori Glaze. Até agora, só se investigou a “pele” do planeta vermelho. E, como diz Sue Smrekar, uma das investigadoras desta missão: “Os cientistas mal podem esperar para explorarem o coração de Marte.”


segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Malhar em ferro frio ou a ineficácia da Ética



Uma história de índios, de Nuno Pacheco, espécie de alegoria para ajustar e justificar o seu repúdio pelo AO90. Os comentários de apoiantes, igualmente infelizes com uma situação de perversidade e idiotia definindo cidadãos que comandam os destinos de uma nação, selvaticamente indiferentes à destruição, entre outras, da sua própria língua.

Um texto sobre Ética, com fonte em Platão, de Salles da Fonseca, que se pode aplicar como corolário a este caso do tal Acordo, proveniente da falta da mesma Ética, que no texto se define.



Um provérbio como título desta “apresentação” de dois artigos complementares, que nada tem a ver com esse outro da “Água mole”. As “pedras duras” das nossas cabeças do comando são perfeitamente “infuráveis”, embora de modo algum “impenetráveis”.



Mesmo assim, repetimos, com Salles da Fonseca: «Nesta linha de raciocínio platónico, quase diria que é por egoísmo que pratico o bem cuja melhor definição me parece ser «a qualidade de excelência ética atribuída a acções que estejam relacionadas com sentimentos de aprovação e dever».



OPINIÃO
I - Aprenderemos alguma coisa com os índios?
Em lugar de darmos livre-trânsito às novas variantes do português, alguém teve a péssima ideia de terraplenar a língua, fingindo unidade onde ela não existe nem pode existir.
PÚBLICO, 15 de Novembro de 2018
Ainda temos alguma coisa a aprender com os índios? Parece que sim. No IV congresso de Cooperação e Educação, que se realizou há uma semana no ISCTE, ficaram no ar duas interessantes declarações acerca de África e do modo como o Ocidente lida globalmente com ela. Uma, é o erro de olhar o continente como se fosse um país. Disse-o o guineense Geraldo Indeque, ao lembrar que às vezes chegam à Guiné-Bissau soluções já testadas noutros países para aplicar ali, cegamente, sem cuidar das especificidades locais. “Como se África fosse um só [país], guineenses ou angolanos, tudo o mesmo.” Deve haver uma gaveta chamada “África” de onde vão tirando os planos, sem olhar bem aos destinatários. E isto é válido para o Banco Mundial ou para tantas instituições de tantas espécies. Erro: ao ajudar “os africanos” não alteram nada em termos gerais e estão a falhar no particular.
Outro exemplo foi dado pelo angolano Filipe Zau. Para mostrar que nem tudo se aplica em todo o lado, sem olhar às características particulares de cada povo ou de cada cultura, recordou uma carta antiga, enviada por chefes índios aos governantes de dois estados norte-americanos, Virgínia e Maryland, na sequência de um tratado de paz. Os índios tinham enviado alguns dos seus “bravos” para estudar com os “caras-pálidas” (para usar a linguagem do faroeste, disse Zau), estes regressaram às tribos e depois a proposta renovou-se: queriam eles enviar mais alunos? A resposta, já reproduzida muitas vezes em livros e na internet, por ter sido à data divulgada por Benjamim Franklin (1706-1790), diz o seguinte: “Estamos convencidos (...) que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa. (...) Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens.” Não interessa aqui o discurso do bom selvagem nem o da inutilidade da educação ou do progresso, ambos falsos. Interessa, sim, a noção de desajuste. Porque mesmo a mais avançada das tecnologias deve, ao ser aplicada, ter em conta a comunidade a que se destina. Porque é inegável a importância da diversidade.
Ora o que se aplica a África aplica-se à língua. Não por acaso, a banca de livros exposta no ISCTE, nos dias do congresso, tinha um dístico a dizer “Literatura Afrikana”, com K. Pode parecer estranha tal deformação gráfica, mas é preciso entendê-la como afirmação de independência cultural, em especial de Angola. Zau disse que o seu nome seria Nzau (“elefante” em kikongo, que por cá se escreve quicongo), mas a ortografia portuguesa não lhe permite usar as duas vogais no início da palavra. É verdade, não permite. Porque em lugar de darmos livre-trânsito às novas variantes do português, estudando-as e fixando-as, deixando que cada país estabeleça a sua norma sem necessariamente quebrar os laços com a raiz, alguém teve a péssima ideia de terraplenar a escrita “à bala”, com um “acordo ortográfico” que não é acordo (porque lhe falta ser ratificado por metade dos países abrangidos) nem é ortográfico (porque veio destruir as regras mais elementares da ortografia) e que finge unidade onde ela não existe nem pode existir.
O que Indeque e Zau vieram dizer, com tais exemplos, é que a diversidade dos países deve ser respeitada naquilo que lhes compete. Angola, na escrita, afirma-se pelo K? Estará aí uma característica ortográfica angolana? Que se estude e fixe, se tal fizer sentido, sem a generalizar. Mas é a Angola que cabe a escolha, não a comités “internacionais”. Talvez esteja aí o princípio das autonomias de cada país no universo plural da língua portuguesa.

COMENTÁRIOS:
luisvaz, 16.11.2018: Antes de mais gostaria de agradecer aqui a todos os que através dos seus artigos têm vindo a público em defesa da Língua Portuguesa. Sob pena de deixar alguém para trás, gostaria de salientar o autor deste artigo Nuno Pacheco, Manuel Monteiro, Ivo Barroso e outros que combatem a ignorância, arrogância, pesporrência e pedantismo dos políticos em matéria linguística. Sabemos que para um político é mais importante não dissidiar e assegurar a continuidade do tacho do que defender a Língua Pátria. Assim estendem tapetes aos que em vez de vender cassetes pirata ou ananases, vieram vender dicionários e aos dactilógrafos/as que se meteram a escritores/as e precisam de fazer boca doce aos editores para que os mesmos aceitem e vendam a sua literatura de cordel. Eis o âmago da tribo acordista!...
A primeira coisa que se perguntará qualquer pessoa é por que carga de água têm de ser os políticos a definir as regras de ortografia de uma língua? Onde está a competência dos mesmos em linguística? Todos nós nos recordamos dos políticos que aprovaram e ratificaram o AO90 e das suas asneiras. Desde Cavaco Silva e os seus “cidadões” e “façarei” até à actriz Catarina Martins que pronuncia “acórdos” e “tóchicos” em vez de “acôrdos” e “tóksicos”. De salientar que Catarina Martins é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e mestre em… Linguística. Será que obtinham aprovação num exame da antiga 4ª classe primária? Mas como já tivemos um primeiro-ministro que em escutas telefónicas de investigação criminal, mostrou não saber a diferença entre IVA e IRC, nada me admira no jardim à beira-mar!
mzeabranches, 16.11.2018: O AO90, indefensável do ponto de vista linguístico, é também inaceitável do ponto de vista político. E é aos políticos, em quem votámos, que temos de pedir contas, porque andaram a negociar - nas nossas costas, e ultrajando a confiança que neles depositámos - o destino da língua portuguesa, matéria em que não têm a mínima competência científica. E, além disso, espezinharam a democracia que têm o dever de respeitar, impondo a aplicação do AO90 ao país e permanecendo cegos e insensíveis perante o desastre claramente visível de que são responsáveis! "Errar é comum a todos os homens. Mas quando errou, não é imprudente nem desgraçado aquele que, depois de ter caído no mal, lhe dá remédio e não permanece obstinado. A teimosia merece o nome de estupidez." ("Antígona", Sófocles.
mzeabranches. 15.11.2018: O A090 só pode ter um destino: desaparecer de vez, a fim de reencontrarmos algum rigor e estabilidade ortográfica, em Portugal e no vasto mundo que usa a língua portuguesa. "É uma péssima reforma ortográfica, que tem como mirífico objectivo a unificação ortográfica da "lusofonia" e que, na realidade, contribui de forma clamorosa, para a acentuação da fragmentação ortográfica da mesma. (...) feita sem qualquer transparência no final dos anos 80 (...) sem os necessários estudos prévios, sem bases científicas e sem a indispensável discussão pública (...) TODOS os pareceres sobre o AO90 (...) solicitados pelo Instituto Camões (...) eram contra a aplicação do mesmo [excepto o] da Academia das Ciências de Lisboa [da responsabilidade de] um dos autores do AO90(!)" (Prof. Dr. António Emiliano)
luisvaz, 16.11.2018 Peço desculpa, mas deve haver aí confusão com Malaca Casteleiro que negociou o AO90 para vender os seus próprios dicionários que já estavam cozinhados pelo AO90. Na notícia do Público 1626119 de 26 de Fevereiro de 2014 da autoria de Ivo Miguel Barroso consta o seguinte: - Parafraseando o Professor, linguista e filólogo ANTÓNIO EMILIANO[9], “O Acordo Ortográfico é um monumento de incompetência e ignorância”[10], “um desastre”[11], produto de “indigência intelectual”[12] de “inépcia científica”[13], e de “completa insensatez”[14]. Se alguém definiu maravilhosamente o produto escatológico que é o AO90, foi o Professor António Emiliano. Quanto a Malaca Casteleiro, representante em Portugal da editora brasileira Houaiss, teria imenso gosto em nos pôr a escrever concani, bosquímano ou aborígena.
DCM, charneca de caparica 15.11.2018:  Aceitar o mirandês com segunda língua oficial e fingir unidade ortográfica é de facto uma aberração,
Raquel Azulay, 15.11.2018: sim, aprendemos: se não lutares e ganhares, morres.

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 25.11.18

Foto de Platão, com a seguinte afirmação:
PLATÃO: «Procurando o Bem para o nosso semelhante, encontramos o nosso».

Comentário de HSF:
Tenho como dogma a obrigação de praticarmos o bem.
Parafraseando o Cardeal D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, no seu livro “1810-1910-2010 DATAS E DESAFIOS” na pág. 121, «as coisas não são boas ou más porque Deus as mande ou as proíba; antes as manda porque são boas e as proíbe porque são más».
Mas eu não preciso de ordem divina para praticar o bem; tenho a sua prática como algo que é do meu próprio interesse. Nesta linha de raciocínio platónico, quase diria que é por egoísmo que pratico o bem cuja melhor definição me parece ser «a qualidade de excelência ética atribuída a acções que estejam relacionadas com sentimentos de aprovação e dever».
Mesmo assim, repetimos, com Salles da Fonseca: «Nesta linha de raciocínio platónico, quase diria que é por egoísmo que pratico o bem cuja melhor definição me parece ser «a qualidade de excelência ética atribuída a acções que estejam relacionadas com sentimentos de aprovação e dever».


Novembro de 2018
Henrique Salles da Fonseca
(Nikósia, ABR18)