sábado, 16 de novembro de 2019

Alternâncias ideológicas



Unidade da condição humana que, na busca da paz e da justiça, cria sistemas de divergência, em breve deturpados pela lógica das novas prepotências e dos egoísmos pessoais sempre, que a hipocrisia mascara.

Comunismo e fascismo: escolha o pior /Premium
Os comunistas invocam as abominações do fascismo para relativizar as suas próprias abominações. Mas nem o comunismo deve servir para branquear o fascismo, nem o fascismo para branquear o comunismo.
RUI RAMOS    OBSERVADOR, 15 nov 2019
Há discussões que um dia talvez pareçam absurdas. É o caso da que decorreu na terça-feira, na Assembleia Municipal de Lisboa, inspirada pelo voto do Parlamento Europeu, de 19 de Setembro, equiparando os crimes do comunismo e do fascismo. Como é possível fazer de conta que as ditaduras comunistas do século XX não oprimiram e assassinaram como as ditaduras fascistas?
A razão não tem a ver com qualquer diferença entre comunismo e fascismo, mas com uma iniciativa de Hitler: em Junho de 1941, ao invadir a União Soviética, empurrou-a, muito contra vontade dos seus dirigentes, para o lado do Reino Unido e, a partir de Dezembro, dos EUA. Até aí, a Rússia comunista não tinha apenas ajudado Hitler: tinha dividido com ele a Europa oriental, e imposto na Polónia, que ocupou a meias com a Alemanha, um terror tão sanguinário como o dos nazis. As potências ocidentais, antes de 1939, também negociaram com Hitler, como os comunistas gostam de lembrar. Mas a França e o Reino Unido não partilharam conquistas com os nazis, nem se dedicaram a exterminar milhares de pessoas em países ocupados, como os soviéticos fizeram a 22 000 oficiais polacos em 1940, em Katyn.
Desde 1945, porém, os comunistas usaram a sua colaboração com os Aliados para esconder essas e outras barbaridades. Mais: aprenderam até a invocar as abominações do nazismo para relativizar as suas próprias abominações, como os milhões de mortos da colectivização na Ucrânia. Ora, os comunistas não foram sanguinários por acidente: foram-no porque o ideal e o projecto comunista, tal como o ideal e o projecto nazi, implicavam a eliminação de grupos inteiros da população, em nome da homogeneidade social. Essa homogeneidade era, para uns, biológica, e, para outros, sociológica. Por isso, uns mataram em nome da “raça” e outros em nome da “classe”. Mas ambos mataram sistematicamente, assim como ambos instalaram tiranias onde a ideologia passou por ciência (como as teorias de Lysenko na URSS) e o convencionalismo secou a arte (compare-se a pintura oficial nazi com a soviética). Nem o comunismo deve servir para branquear o fascismo, nem o fascismo para branquear o comunismo.
Tudo isto deveria ser evidente. Não é, porque os comunistas continuam a usar as suas quezílias históricas com os fascistas como maquilhagem para a sua criminalidade. Mas os comunistas apenas se opuseram a ditaduras fascistas ou conservadoras com o objectivo último de as substituir pelas suas próprias ditaduras, como a Europa de leste viu em 1945 e os portugueses comprovaram em 1975. De resto, se a resistência a ditaduras serve de redenção, também os fascistas poderiam invocar os seus serviços contra várias opressões. Rolão Preto, a versão portuguesa de Hitler enquanto chefe dos Nacional-Sindicalistas, foi um inimigo de Salazar. Em 1958, até apoiou a candidatura do general Delgado. A questão acaba por estar na ideia de que os fascistas são uma ameaça maior à democracia liberal do que os comunistas e a extrema-esquerda que emergiu do comunismo. Para sustentar o medo, comunistas e extrema-esquerda inventam fascistas onde eles não existem. Sempre foram useiros nisso, como Emilio Gentile lembra no livro Quem é Fascista? (Guerra e Paz). Chegamos a isto: assustamo-nos com gente que não se diz fascista nem apoia ditaduras, mas a que os comunistas chamam fascista, e tratamos com deferência gente que se diz comunista, homenageia tiranias das mais bárbaras do século XX, e aplaude os últimos regimes que representam esse horror, como as ditaduras cubana ou norte-coreana. No futuro, vai ser difícil de compreender. Ou talvez não, se alguém explicar, como nos explicaram em 2015, que todos os votos contam.
COMENTÁRIOS:
Amora Bruegas: O interessante é não se falar nos crimes cometidos pelas democracias. Não me canso de alertar para o facto de democratas de referência terem cometido atrocidades da envergadura daquelas que são condenadas, e bem, aos socialistas. Como não condenar ao Americanos pelos 3 milhões de soldados alemães mortos em campos de concentração no período de 1945 a 47? Ou do camarada Churchill pelos mais de 3 milhões de indianos mortos á fome em 1943?  E os democratas abortistas que têm matado dezenas de milhão de Seres Humanos, inocentes e indefesos?   Haja um mínimo de coerência e de respeito pela Vida Humana.
André Silva: Uns e outros não passam de gente mesquinha e totalitária que quer impor a sua visão da sociedade – à viva força, porque nunca houve outra forma de as pessoas aceitarem o inaceitável: a ausência de LIBERDADE.
Para tal, passaram por cima de milhões de presos, torturados, escravizados e assassinados. Um horror indescritível, que pensávamos em ambos os casos nunca regressar, mas que está sempre ao virar da esquina: veja-se, por ex., a Venezuela, e por pouco que não a Bolívia, felizmente salva a tempo. A diferença é apenas na hipocrisia e falsidade que assiste a uns e não a outros (que nunca esconderam ao que vinham). A merda aos contentores é a mesma, ou não fosse a raiz – a ignorância atroz (mãe da estupidez), a burrice pura e a ingenuidade aflitiva - também a mesma. É só vê-los por aqui nas personagens do Conde Cruzeiro, do Conas 2.0, do Paulo Alexandre Rabeta, e por aí fora. Mentecaptos.
Carlos Guerreiro: Existe uma grande diferença entre os nacional-socialistas e os comunas (para além de os comunas terem sido muito mais mortíferos). Os nacional-socialistas mataram principalmente estrangeiros, enquanto os comunas se dedicaram (e com muito mais eficácia) à morte dos nacionais. Assim, por uma questão de segurança e para escolher o menos mal, no país onde se vive é preferível ter nacional-socialistas e nos países vizinhos comunas. Mas o melhor mesmo será viver num malfadado país capitalista e rodeado de países capitalistas, têm muitos defeitos, mas vive-se muito melhor e em segurança.
Combate aos BURROS e ANALFABETOS do Observador: É um prazer ler Rui Ramos quando ele fala do que verdadeiramente sabe: História.
Paulo Alexandre : ateu: É claro que o comunismo se revelou tão criminoso como o fascismo/nazismo mas também é verdade que muitos dos que fazem esta discussão não deixam de dar o seu suporte a outras ideologias, nomeadamente religiosas, cujos capitais criminosos não se distinguem, quantitativa ou qualitativamente, das atrocidades e das barbaridades cometidas por esses regimes.
Quando a população europeia era muito inferior à actual, as guerras religiosas resultantes da Reforma e da Contra-Reforma, provocaram entre 60 a 70 milhões de mortos (séculos XVI e XVII), eliminando qualquer coisa como cerca de 1/3 dos efectivos humanos em muitas regiões do nosso Continente. E, como se percebe, este é apenas um mero exemplo. Muitas outras guerras, conflitos e chacinas foram praticados em nome de Deus(es), contabilizando centenas de milhões de mortes à custa dessas ideologias. Mas, ainda assim, não falta quem glorifique essas ideologias criminosas. 
Paulo Alexandre : ateu: É claro que o comunismo se revelou tão criminoso como o fascismo/nazismo mas também é verdade que muitos dos que fazem esta discussão não deixam de dar o seu suporte a outras ideologias, nomeadamente religiosas, cujos capitais criminosos não se distinguem, quantitativa ou qualitativamente, das atrocidades e das barbaridades cometidas por esses regimes. Quando a população europeia era muito inferior à actual, as guerras religiosas resultantes da Reforma e da Contra-Reforma, provocaram entre 60 a 70 milhões de mortos (séculos XVI e XVII), eliminando qualquer coisa como cerca de 1/3 dos efectivos humanos em muitas regiões do nosso Continente. E, como se percebe, este é apenas um mero exemplo. Muitas outras guerras, conflitos e chacinas foram praticados em nome de Deus(es), contabilizando centenas de milhões de mortes à custa dessas ideologias. Mas, ainda assim, não falta quem glorifique essas ideologias criminosas. 
Liberal Impenitente: Há muita gente que imagina por sistema que poderá açaimar comunistas ou fascistas, e trabalhar com eles. São animais deveras perigosos, camaleónicos e traiçoeiros! É sempre a velha questão de como pode a democracia albergar os seus inimigos, defendendo-se deles ao mesmo tempo. Não é agradável saber que a senhora Le Pen tem agora um terço dos votos dos franceses. Parece "domesticada", não parece? É duvidoso.
joao regras: Podemos escolher o pior é isso??? Então escolho sem sombra de duvidas o comunismo........o comunismo/socialismo é de longe o pior O comunismo alem de todos os males não permite a iniciativa privada na economia nem respeita a propriedade privada O comunismo/socialismo distribui a miséria por todos Antes facista que socialista
Paulo Silva: Discussão que peca por tardia, e um tanto ou quanto enviesada...O Fascismo é equiparável, por exemplo, ao Leninismo… Porquê? Porque Mussolini e Lenine foram estadistas, meteram a mão na(s) massa(s). Étienne Cabet ou Marx, não. Ambos os fenómenos são coevos e filhos do pensamento socialsita/comunista do século anterior… Há um erro categorial na equiparação entre fascismo e comunismo. Daí tanta confusão. O fascismo é melhor descrito como uma heresia de esquerda...
José Broa: Um texto para a "carneirada habitual". Desnecessário e sem qualquer utilidade. A única coisa boa de ambos os sistemas, é demonstrar o que há de mau na política e o seu impacto na sociedade. De resto, parece conversa de cachopos ... em que o meu pai "é mais forte que o teu". Mas se já que se fala em "escolher o pior", não tenho grandes dúvidas acerca do pior "opinador" do Observador.
Anibal Augusto Milhais:  Rolão Preto, a versão portuguesa de Hitler enquanto chefe dos Nacional-Sindicalistas, foi um inimigo de Salazar. Em 1958, até apoiou a candidatura do general Delgado.
Durão Barroso: Actividade política: A sua actividade política teve início nos seus tempos de estudante, antes da Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974. Foi um dos líderes da FEM-L (Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas), do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), força política de inspiração maoísta. Barroso foi expulso do MRPP depois de ter demonstrado uma série de atitudes que atentavam contra os princípios pelos quais o partido se movia; por exemplo a situação em que Durão Barroso surge na sede do PCTP/MRPP com uma carrinha cheia de mobília da Faculdade de Direito de Lisboa, roubada na sequência dos tumultos pós 25 de Abril. Nesse instante, Arnaldo Matos (líder do partido) ordena a Durão Barroso que vá devolver o material roubado. Em 1980, Barroso aderiu ao Partido Social Democrata, partido do centro-direita português, no qual está filiado até hoje.


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