sábado, 2 de novembro de 2019

Coragem é que se pretende



Vê-se que é jovem – Bernardo Sacadura - e que segue princípios que muitos de nós, velhos, também seguimos – o de atribuir à família o dever de formar, à escola o de instruir. Gostámos a valer do seu texto, que corajosamente se opõe à invasão da escola pública no foro ideológico dos alunos, que deve apenas respeitar sem intervir, desde que isso não afecte comportamentos menos disciplinados dos alunos, tantas vezes causadores de violências, cada vez mais do tipo bullying, talvez porque a família se destituiu, é certo, cada vez mais do seu papel de educadora, papel que naturalmente a Escola também é chamada a exercer, para suprir irregularidades, com os seus meios próprios, mas estes são cada vez menos eficientes, pela destituição, pelo próprio Estado, desse papel disciplinador da Escola. Mas não é esta a questão, de momento, apesar da sua interligação, que se traduz em comportamentos de choque. Respeitar o outro, qualquer que seja o seu estatuto sexual, é o que se pretenderia numa sociedade ideal, mas sabemos que isso não acontece. Que há sempre motivos de grosserias, que se lêem também em comentários escritos, hoje, sobretudo, daqueles que se pretendem progressistas, para poderem, muitas vezes, extravasar recalcamentos e ódios. Sabemos isso.
Não vimos o tal programa que refere Bernardo Sacadura, mas calculo a violência argumentadora dos defensores das “irregularidades” sexuais - que hoje se chamam de “ideologia de género” - e, tal como Bernardo Sacadura, apoiamos Maria Helena Costa e o Tiago Aragão que, segundo aquele, «tiveram a coragem de enfrentar os defensores da ideologia de género e do papel do Estado num ambiente totalmente adverso. Estamos no meio de uma guerra cultural feroz. Bem hajam pelas lutas que travam em nome dos nossos filhos».

Os meus filhos educo eu
A escola pública não pode ser ideológica. O foco da escola pública deve ser a instrução dos alunos. O foco das famílias a educação dos filhos. Alunos e filhos são conceitos completamente diferentes.
BERNARDO SACADURA          OBSERVADOR, 01 nov 2019
No dia 29/10 passou na TVI um debate sobre a educação da ideologia de género nas escolas públicas. Este debate deixou-me revoltado e preocupado. A facilidade como se discute a intenção do Estado se tornar educador, se tornar “pai”, é revoltante.
Sou pai de 4 filhos, 3 raparigas e 1 rapaz. Aos meus filhos ensino que quem nasceu rapariga é rapariga e quem nasceu rapaz é rapaz. Que ser rapariga é diferente de ser rapaz e que isto se materializa não apenas nos órgãos sexuais, mas também no tipo de comportamentos que são próprios de cada um (nesta fase é a brincar que expressam a sua personalidade, a título de exemplo não deixaria o meu filho usar vestidos de “princesa”). Que o facto de serem raparigas ou rapazes é uma realidade da sua substância que não é alterada por outras realidades acidentais, tais como os seus sentimentos ou pensamentos.
A educação dos meus filhos não se limita a isto. A educação dos filhos não é um processo programático composto por módulos, mas sim um processo integral. Ensinar que são raparigas ou rapazes independentemente da sua vontade não é o mesmo que ensinar que podem tratar mal todas as pessoas que pensam de maneira diferente. A base da educação dos meus filhos é a matriz cristã que pressupõe o amor como ponto de partida e de chegada para tudo. Ou seja, tudo o que fizerem na sua vida tem de ser por amor e com amor. Por isso, se algum dos meus filhos tratar mal outro que pensa de forma diferente será recriminado, pois aí não está o amor.
Dito isto, a nenhum dos meus filhos será ensinado que respeitar a visão do outro significa ter de a aceitar como uma realidade alternativa. O outro que acredita que existem géneros, que acredita que a relação homossexual é moralmente igual à relação heterossexual, que acredita que ter relações sexuais antes do matrimónio é bom, deve ser respeitado e amado como pessoa, mas as suas ideias combatidas. E isto sempre fez parte das sociedades livres.
O problema é quando o Estado, neste caso materializado na escola pública, quer tomar o papel de educador dos meus filhos nestas matérias.
Esta pretensão é um ataque ao meu direito Constitucional de educar os meus filhos. Este direito é pré-existente à Constituição e esta apenas pretende garantir que não é desrespeitado. Por isso qualquer movimento neste sentido é um ataque à Constituição. Para além disso, o Estado que tem como função legislar para um conjunto de indivíduos no abstracto, não pode chamar a si a função de educar no particular. Ou seja, na maior parte dos casos, quem conhece o que é mais conveniente para a formação dos seus filhos são os pais. Eu sei como eles são diferentes, como as suas maturidades são diferentes e como as suas sensibilidades são diferentes. O Estado conhece os meus filhos no abstracto. Não sabe que um deles é tímido e obediente, e que o outro é desafiador e orgulhoso e que por isso precisam de ser tratados de forma distinta. Para o Estado são apenas crianças de uma determinada idade e, por princípio, iguais às restantes.
Assim, a escola pública não pode ser ideológica. O foco da escola pública deve ser a instrução dos alunos. O foco das famílias deve ser a educação dos filhos. Alunos e filhos são conceitos completamente diferentes. O Estado é fundamental para garantir a instrução a todos os alunos, as famílias são fundamentais para garantir a educação dos seus filhos. O amor, a educação para a sexualidade, a visão antropológica da pessoa são valores que devem ser ensinados pela família.
Para demonstrar que estas preocupações não se tratam de excesso de zelo, veja-se a disciplina obrigatória Cidadania e Desenvolvimento que tem na sua componente de Educação para a Sexualidade como referencial um documento redigido pela associação rede ex aequo (denominam-se de jovens LGBTI) que contém extraordinárias sugestões para os professores deste tipo: “Mostre à turma filmes com personagens gays, lésbicas, ou bissexuais seguros de si ou convide pessoas que sejam lésbicas/ gays/ bissexuais assumidos para falarem à turma”; “Prepare uma lista de perguntas do tipo “Quem…” (por exemplo, (…) Quem é que entraria num café para lésbicas? Quem é que iria a uma discoteca gay?”; “Mães e pais não têm influência na orientação sexual dos seus filhos ou filhas (…)”; “Tente integrar nas suas aulas (Matemática, História, Geografia, Literatura, Ciências Sociais, Saúde…) exemplos de vivências homossexuais”; “Conte a seguinte história aos seus alunos: “A Cristina é católica e muito praticante. Simultaneamente, sente-se atraída por mulheres (…) Decidiu então escrever anonimamente para a coluna de Perguntas & Respostas de uma revista: Os meus pais e a Igreja a que pertenço condenam as relações lésbicas. Mas li que, em algumas igrejas protestantes, as lésbicas podem casar. Que devo fazer?”; “O sexo e género são conceitos distintos, distinguindo-se ambos de orientação sexual” etc etc. Infelizmente a lista de exemplos não tem fim. Isto é pura ideologia de género, é propaganda LGBT. Esta associação tem um relatório onde indica ter realizado 315 sessões nas escolas entre Janeiro 2016 e Dezembro de 2018 no âmbito do projeto Educação LGBTI. Estão a usar as nossas escolas e os nossos filhos para disseminar a sua visão do mundo, a sua ideologia e nós não podemos aceitar.
Aproveito para agradecer à Maria Helena Costa e ao Tiago Aragão que tiveram a coragem de enfrentar os defensores da ideologia de género e do papel do Estado num ambiente totalmente adverso. Estamos no meio de uma guerra cultural feroz. Bem hajam pelas lutas que travam em nome dos nossos filhos.

COMENTÁRIOS:
Maria Emília Santos Santos: Temos um Governo traiçoeiro, que opera às escondidas, porque sabe que aquilo que faz é muito mau, é destruidor de Portugal, das crianças, das novas gerações! Um Governo que já nos tinha atraiçoado antes, exactamente neste mesmo aspecto, e que os portugueses já lhe disseram que não querem esse veneno satânico nas escolas para os seus filhos, mas ele, este Governo, esteve-se nas tintas para os desejos dos portugueses, preferindo ser fiel às fraudulentas ideologias de género, LGBTs que visam criar gerações amorais, de seres infelizes, sem valores, sem futuro, destinados à escravatura, incapazes de uma relação autêntica! Os corruptos destruidores de democracias, os bilionários globalistas investem forte, só que quem tem governos sensatos, que querem o bem do povo que governam, safa-se. Quem não tem, como os portugueses, Terá que se revoltar com quem alguns "cegos" elegeram. A ideologia de género  conduz à  barbárie!
Ana Ferreira: Infelizmente quando os filhos deste senhor puderem aperceber-se do pai que têm já sofreram bastante, será esse o preciso momento em que ele começará a receber deles aquilo que merece!
Inês L: Espero que este senhor saiba que os seus filhos (se bem educados) vão ter opiniões próprias que não serão necessariamente um reflexo das suas. Não crie alguma aberta de mentalidade que vai ver onde é que essa relação pai-filhos vai parar...
Carlos Ferreira: O homem é um misto de biologia, pensamento e circunstâncias, ainda que mudem o pensamento e as circunstâncias, a parte da biologia não pode mudar; poderá artificialmente, mas nunca na essência, é isto que deve ser ensinado a todos. O resto não é ciência, é ideologia sociológica e politica, é engenharia social, radical e intolerante, de pensamento único e que deve ser contestada. A cegueira, a surdez, a bipolaridade, são diferenças que devo respeitar e incluir, amando as pessoas portadoras, mas não podem obrigar-me a considerar que ser cego, surdo ou bipolar é normal e positivo. Aos radicais não interessa a biologia, apenas o que decretam como certo e apelidam de ciência. Os trans não ficam curados depois dos procedimentos invasivos a que se sujeitam; continuarão a ser trans pela vida fora, com o que isso tem de bom e de mau, se por qualquer razão deixarem de se medicar a sua biologia impor-se-á e, quando engravidam, é porque são biologicamente mulheres e querem ser mães e não pais, interessam-lhes as denominações tradicionais que lhes dão jeito, rejeitam e impõem aos outros as que inventam para se normalizarem. Isto é tudo muito feio e intolerante.
Lopes Luis: O combate já está perdido… As minorias lgbts e cia estão próximas do poder e conseguem impor a sua religião sem que o poder tenha alguma consideração pela maioria! A primeira lei do costa quando apanhou o poder?…O casamento dos que…pegam de marcha atrás.
Mosava Ickx: A escola não deve deve servir para educar, mas para ensinar. Hoje, nem isso sabe fazer!
José Paulo C Castro Congratulo-me pelo facto de ter 4 filhos. São eles que vão pagar a sua reforma no futuro e ainda as dos lbgt que estão a protestar. Naturalmente, só por isso, devia ter direito a impor ao estado o seu direito a educar os seus filhos. Quanto ao custo dos lbgt na sociedade portuguesa e no estado social, é a questão interessante... Será que pagam ou contribuem o suficiente para o que exigem ? Uma coisa é respeito e protecção, outra é custos acrescidos. Quem paga as aulas da ideologia errada ?
Maria Nunes: Excelente.
Paulo Monteiro: A ideologia do género a procurar fazer o seu caminho totalitário, como é próprio de qualquer extremismo, fazendo uso das crianças.
Carminda Damiao: 100% de acordo. O que querem fazer às crianças é criminoso. Deixem as crianças em paz.
Isabel Brito: Completamente de acordo com o artigo! Parabéns!
Manuel Magalhães: A escola pública ou outra não deve nem pode ser ideológica, isso é falsear, abusar e formatar as crianças que ainda não têm a capacidade de fazer os seus próprios juízos, se não fosse assim não deveria haver a distinção entre adultos e crianças!
João Fernandes: Concordo consigo, mas os pais de hoje demitiram-se da sua função de educadores por falta de tempo ou por laxismo. A escola tem vindo a tentar substituir essa função, muitas vezes erradamente como refere, mas outras vezes com sucesso relativamente a vários aspectos do crescimento. O problema também reside no facto de que os pais, na sua grande maioria, só vão à escola quando algo corre mal, falta de tempo ou laxismo. É preciso mais diálogo com os professores. Quanto á disciplina de cidadania, na minha modesta opinião, deveria dedicar mais tempo a ensinar regras de civismo.
Glorioso SLB: Demasiado Opus Dei. Mas concordo plenamente. Cm já comentei aqui, se ñ tiver dinheiro pra colocar os meus filhos em escolas privadas q ñ tenham essas ideologias, ñ sei o q fazer.
Antonio Fonseca: "Este debate deixou-me revoltado e preocupado." Recorra ao ensino doméstico. Foi o que milhares de pais "revoltados e preocupados" fizeram nos USA.
Carmo Matos: Parabéns pelo artigo! Até há pouco tempo, ser gay ou lésbica era um estigma, agora, querem impor à maioria uma visão LGBT da sociedade.

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