terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Maleitas sociais


Um artigo desinibido de um jovem médico – Nuno Parente - que ataca frontalmente toda uma hábil exploração das tendências hipocondríacas da sociedade, porque isso se traduz em lucro, quer para as empresas fabricantes, quer para os meios mediáticos que assim difundem a ilusão da saúde. Agora até os multibancos entram no despique! Quanto à hiperactividade das crianças... os próprios cafés onde nos libertamos, por vezes, da monotonia doméstica, admitem o império dos meninos, por vezes, numa actividade ruidosa e bulhenta, sem a intervenção dos pais que, democraticamente, os querem livres de peias, desistindo das normas educativas, que mais tarde, impotentes, substituem por medicação domável...
"Disease mongering". O culto português que (ainda) nos assombra
Andam a vender-nos doença, de mãos nos bolsos e a assobiar, e nós compramos barato, satisfeitos por descobrirmos uma suposta enfermidade que não mudará em nada a nossa vida, mas trará muita ansiedade.
 Espero que o vosso Natal seja rico em afectividade e que todos desejem, como é moda, perto das 23h59 do 31 de Dezembro, um ano cheio, atulhado, pronto, que rebente pelas costuras de saúde para aqueles que vos aconchegam o coração e/ou supliciam o juízo.
Vou exactamente iniciar este texto por essa ânsia cega, desmedida, pseudo-altruísta de bem-estar do próximo, que vigorosamente se impõe depois dos excessos materiais egocêntricos e até alimentícios do Natal e arredores que são prósperos e contribuintes para um estado de saúde física e mental completo nesta altura. O que significa então este superchavão médico — “disease mongering”? Em termos mais transparentes que água da nascente da Serra da Estrela traduz-se basicamente em “comercializar” a doença através do alargamento dos seus limites com vista a lucro de prestadores de determinado exame/tratamento. Ora bem, é actualmente um dos tsunamis da medicina e responsável por transformar pessoas sãs em doentes etiquetados, desperdiçar recursos em questões vazias e originar dano quer por resultados limítrofes ou falsos positivos em exames, quer por tratamentos sem indicação formal e, muitas vezes, com efeitos adversos bem expressivos. Desta forma, a tendência será a prescrição de exames/medicamentos para doenças de gravidade cada vez menor até ao ínfimo tutano da simplicidade sana, eclipsando-se o cenário na sátira de Ray Moynihan do dia 1 de Abril de 2006 em que descreveu, pela primeira vez, a perturbação de deficiência motivacional, maleita que poderia afectar 1 em cada 5 empresários e obrigaria à toma de medicamentos para combater a preguiça aconchegante do sofá.
De facto, nós, os portugueses, somos dos maiores compradores de doença. Vou dar um exemplo claríssimo. Os programas da manhã. Desde há muitos anos que assistimos à inundação do daytime com anúncios de produtos que fazem maravilhas como o cogumelo do tempo, entre outros qualificados companheiros. Por outro lado, cada vez é mais rotineiro na consulta a indagação intempestiva sobre a eficácia deste ou outro suplemento, com relatos de magia ancestral contra os quais a minha humilde ciência não pode vencer. A questão é: “vós achais que existe algum estudo que conclua que um homem ou mulher que tome diariamente cogumelos do tempo, comparando com outro(a) que não os tome, envelhece menos rapidamente?”. A resposta é um redondíssimo não. Para além desta propaganda do mercado dos suplementos alimentares, que é realmente lucrativa (atente-se ao caso da vitamina D que é um dos negócios mais bem sucedidos e vale biliões de dólares nos Estados Unidos da América), temos sido recompensados com visitas bastante regulares de diversos médicos nestes programas. Ora médicos de família, ora pediatras, ora especialistas de especialidades mais específicas.
Será que isto nos ajuda no trabalho? Não me parece, de todo. Devem estar a ponderar se o meu negativismo é mania-mania ou cepticismo muito ponderado. Sinceramente, se eu me transfigurasse em vós, ficar-me-ia pelo último. Vou esclarecer-vos com uma mini-revisão muita prática relacionada com o cancro da próstata. Corria o Setembro de 2019, com ou sem chuva não vislumbro agora, e no programa da manhã (penso que no canal no 3) falava-se sobre próstata. Em tom de brincadeira, para aproximação das classes sociais (na minha opinião claramente hiperbólica já que estamos a falar de saúde), ditou-se que seria importante o homem realizar, a partir dos 50 anos, o toque rectal e a medição do PSA (“…uma análise fundamental para perceber se há cancro na próstata ou não”).
População portuguesa, levantai os braços se me ouvis! Se há rastreio que ainda não demonstrou qualquer impacto benéfico significativo na mortalidade é o do cancro da próstata. Nas normas de orientação clínica portuguesas o que está explanado é que os riscos deste rastreio devem ser discutidos com o doente (ainda que seja herculeamente trágico transpô-los para linguagem simples) e que se deve tomar uma decisão partilhada.
A vítima somos nós que estamos de olhos esbugalhados a absorver toda esta manipulação matreira e dissimulada. Se isto não vos faz soar campainhas é porque andais desatentos meus caros.
Aliás, o caso é mais negro do que possam pensar. Outro dia, num supermercado deste país, estava eu pronto para levantar uma ou duas notas e deparo-me, na fase da pré-marcação de código secreto, com uma publicidade de um hospital privado que dizia: “Cancro da próstata: 90,9% dos doentes sobrevivem quando o diagnóstico é precoce”. Portanto, eles andam escondidos nos pingos da chuva e antes de vos lançardes nessa jangada perigosa, em caudais desconhecidos, falai com o vosso médico de família.
É sempre engraçado perceber que neste jogo do comércio da doença há normalmente uma trilogia de sabores — a ciência, a história e a vítima. A ciência é usualmente representada por alguém com suposto conhecimento científico, superior, que através do caminho da falácia da autoridade trará mais ou menos respeito e segurança. A história normalmente é contada por uma celebridade que nos diz muito ou pouco ao coração e nos faz reluzir que a esperança é realmente a última a morrer, podendo quiçá (in)corrermos contra o tempo como Benjamin Button. A vítima somos nós que estamos de olhos esbugalhados a absorver toda esta manipulação matreira e dissimulada. Se isto não vos faz soar campainhas é porque andais desatentos meus, caros.
Eu sei que é tempo de bacalhau mas isto, com raras excepções, acopla quase sempre uma pescadinha de rabo na boca. Vós sois assoberbados com informação inútil, que transpira uma doença que não sabíeis deter, ides procurar um médico que vos responda às dúvidas dilacerantes, este médico (se seguir o molde da medicina baseada na evidência de qualidade) desapontará as vossas expectativas, a insatisfação crescerá dentro de vós como um mal ardente, abalará os próximos contactos entre os dois e degenerará a relação médico-doente e procurareis resposta em realidades alternativas (homeopatia, práticas chinesas, etc) que vos ouvirão com olho sorridente e, através do além, serão o ponto de partida para novas desinformações ultra-dramáticas que reiniciarão a vida da pescadinha.
Pensai que nós próprios somos óptimos em promover doença. Um doente, assim como aproximadamente 3/4 da população portuguesa, pode sofrer de dor lombar inespecífica mas, ainda assim, terá uma probabilidade baixíssima de ter uma patologia grave, do foro cirúrgico ou não. Contudo, enquanto eu disponho do meu tempo para tentar resolver a sua ambivalência relativamente à importância do benefício evidente de um estilo de vida mais saudável que inclua, por exemplo, actividade física regular, moderada a intensa, pelo menos 150 minutos por semana, o doente está vocacionado para a doença e, sem centralizar o que eu proferi, grita em sofrimento: “Ró- X!”.
De igual modo, hoje em dia, é também francamente comum a tentativa de banalização de doenças do foro psiquiátrico em crianças. Respeitosamente, atenção respeitosamente, há muitos pais que julgam que o filho(a) sofre de uma perturbação de hiperactividade e défice de atenção, quando na pura e crua da verdade ele(a) sofre é de falta de educação, ou seja, um rigoroso e meticuloso esquema de regras. A postura cada vez mais passiva e submissa dos pais faz com que os filhos não desenvolvam os mecanismos de coping, ou seja, ferramentas que lhes permitam combater adversidades, e, por isso, é também provável que prossigam com sessões infindáveis, de meses, de terapia ocupacional só para saber lidar melhor com a frustração.
É premente maior investimento no controlo sobre as matérias de saúde noticiadas. Em Portugal sítios como Scimed, com maior foco no público, ou Evidentiamedica, com maior foco nos profissionais médicos, são revoltos em qualidade, contudo, falta-nos alcançar um equilíbrio nos media. O HealthNewsReview.org nos Estados Unidos da América só nos primeiros 22 meses de actividade reviu 500 notícias e concluiu que transversalmente se falhou na discussão da qualidade da evidência científica, alternativas, custos e “peso” absoluto de benefícios e danos.
Em suma, andam a vender-nos doença, de mãos nos bolsos e a assobiar, e nós compramos barato, satisfeitos por descobrirmos uma suposta enfermidade que não alterará em nada a nossa vida futura, mas trará certamente uma ansiedade efervescente e demoníaca de resolver algo que, em benefício para a saúde, é um busilhão.
COMENTÁRIOS
Armando Brito de Sá: Um excelente texto, que toca em várias áreas críticas, hoje bem identificadas, sobre as quais é muito difícil mudar mentalidades e atitudes. Atenção ao problema da PHDA (perturbação de hiperatividade e défice de atenção) que encontramos simultaneamente mal diagnosticada e subdiagnosticada. Temos muito trabalho de esclarecimento à nossa frente. 
Martim Cabral: E as patifarias das farmacêuticas??? Todas...
Venezuela Livre > Martim Cabral: Não os tome que ninguém o obriga.
João Valdoleiros: Excelente comentário meu caro jovem colega, profundamente assertivo quanto ao "clima", que desde sempre rodeou o trabalho dos profissionais de Medicina, começando pelo modus operandi dos senhores delegados de informação médica, que utilizam toda a espécie de "argumentos" para vender tantas vezes uma mera banha de cobra. Parabéns Nuno Parente, são jovens como você, que me fazem ainda acreditar na "minha" Medicina em Portugal.
Joaquim Zacarias: SR.Doutor,nem todos os portugueses são hipocondríacos..E a aversão que demonstra ter com os suplementos alimentares,vai-lhe passar com o avanço da idade,já que de alimentação,parece nada saber.
Mike Road: "De igual modo, hoje em dia, é também francamente comum a tentativa de banalização de doenças do foro psiquiátrico em crianças. Respeitosamente, atenção respeitosamente, há muitos pais que julgam que o filho(a) sofre de uma perturbação de hiperactividade e défice de atenção, quando na pura e crua da verdade ele(a) sofre é de falta de educação, ou seja, um rigoroso e meticuloso esquema de regras. A postura cada vez mais passiva e submissa dos pais faz com que os filhos não desenvolvam os mecanismos de coping, ou seja, ferramentas que lhes permitam combater adversidades, e, por isso, é também provável que prossigam com sessões infindáveis, de meses, de terapia ocupacional só para saber lidar melhor com a frustração.". Infelizmente existem nódoas em todo o lado, o camarada é só apenas mais uma. Além de não ter direito a opinião (nem formação) na matéria, esclarece a completa ignorância em relação ao neurodesenvolvimento. Oportunidade de ouro para estar calado, que deixou escrito. Vergonha.
Carlos Almeida: artigo corajoso capaz de trazer dissabores ao médico seu autor  
victor guerra: Já não há médicos que saibam "mexer" nos clientes,nem sequer usar estetoscópio,ou seja conhecer o corpo humano,Por isso defendem-se com exames e diagnósticos, que alimentam a indústria médica Eu, que já "tive" um cancro da próstata,acho que este sujeito é ignorante
Marina Molares: é exactamente isso .querem que as pessoas pensem que o corpo tende para a doença quando tende é para o equilibro. e se fosse suposto andarem a ver-nos constantemente por dentro tínhamos nascido com um periscópio acoplado.
gostomuito dequeijo: Caro Parente, Pelo nome deves de ser cá de cima e sabes do que falas. Eu, profissional de saude reformado encho-me de gozo e de pena quando vejo colegas(?) eu chamar-lhe-ia propagandistas da doença a debitar bojardas e conselhos em directo na televisão em horas a que esses clínicos deveriam estar a trabalhar nos seus hospitais e centros de saúde, promovendo a banha da cobra e que os pseudo doentes gastam balúrdios e depois vêm queixar-se que os medicamentos estão caros, O negócio esconde por trás um outro não menos importante que é o dos transportes a utentes quase na totalidade controlada pelo bombeiral. Outro negócio importante é o dos gases, oxigénio a copo e ao domicílio, com eventual controle em "rede de malha larga", que rende muitas "royalties" que são devidamente pagas. Acredito que em 95% dos casos são absolutamente desnecessárias e por mim falo pois houve quem me vendesse esse produto (um colega muito diferenciado) e que só uso duas ou três vezes por ano quando estou constipado, mas a pingadeira funciona criando-se a noção de "imprescibilidade" do dito tratamento. Sem entrar no SNP (serviço nacional de psicologia) que todos os dias escoicinham para terem um naco do bolo, Enfim!
Nuno Vilhena: Também nos vendem esquerdites e direitites ou centrites. E anda tudo doente. Os senhores dos grandes grupos económicos vendem tudo. Haja mercado e ovelhas no pasto.
Venezuela Livre > Nuno Vilhena: Méé.
Maria Augusta Martins: parabéns pelo artigo, pois procura pôr a nu aquilo que poucos vêem e que outros não querem ver. Trata-se da espiral consumidora de saúde, que não de doença, com que os profissionais desse ramo querem fazer render o peixe e ganhar mais uns euros, fazendo duma vulgar gripe um sumidouro de dinheiro ou duma gravidez vulgar um pote de libras, para quem explora, claro está. Por essas e outras razões e devido ao nosso SNS (tendencialmente gratuito) para que funcione como os políticos e interessados querem são precisos pelo menos 250 000 médicos, e 400 000 enfermeiros afora técnicos e peniqueiros, A saúde está cada vez mais um carrossel em que os profissionais estão mais interessados em garantir trabalho aos seus pares do que em tratar doentes e patologias. mas garantido que vai piorar!
Zacarias Bidon: Eu já reparei que no domínio da patologia existem modas, tal e qual como no domínio do vestuário. Aqui há uns anos o chique era ser celíaca (falo no feminino porque nunca me cruzei nem ouvi falar de homens que sofressem dessa maleita). Hoje em dia já é uma doença proletária. Até uns vizinhos meus, ela educadora de infância e ele desempregado/ biscateiro, têm um filho celíaco (sei que isto contradiz o que digo acima sobre o facto de a doença celíaca ser uma doença de mulheres, mas neste caso o doente é demasiado pequeno para escolher e tenho a certeza de que se curará espontaneamente assim que atingir a adolescência).
Não estou muito a par das tendências, mas penso que neste momento o chique é ter síndrome de Asperger. Ou era, pois parece que recentemente uma americana publicou um livro em que conta que o senhor que dá o nome à doença era um nazi horroroso... 
Armando Azevedo > Zacarias Bidon : faz mais sentido agora as atitudes da Greta.
Zacarias Bidon: Benza-o Deus, Doutor, assim é que é falar!

Síntese


De Teresa de Sousa, sobre a década praticamente transcorrida. Amanhã começam os anos 20 do século XXI, e a incógnita mantém-se sobre os problemas criados nesta que passou e que TS bem define. Afinal, sempre assim foi, “le roi est mort, vive le roi”... Novas perspectivas aí virão, e a sociedade espera, para ver...
OPINIÃO
2019, 2020
Trump ser ou não reeleito em Novembro de 2020 é um dos acontecimentos – ou, talvez, o acontecimento – que vai definir a próxima década.
TERESA DE SOUSA
PÚBLICO, 29 de Dezembro de 2019
1. Termina uma década que começou com os efeitos devastadores da crise que abalou o coração do sistema financeiro mundial, transformando-se na Grande Recessão, cujos efeitos ainda estamos a sofrer. Nasceu nos Estados Unidos, com a crise do subprime (2007) e com a queda do Lehman Brothers (2008) e propagou-se em ondas de choque à escala global, atingindo com mais violência as economias ricas do Ocidente. Foi isso que a distinguiu de outras, cujo epicentro se situou na Ásia ou na América Latina. Trouxe com ela uma vaga de desconfiança em relação ao modelo de desenvolvimento económico ocidental, até então aquele que toda a gente queria copiar como o caminho mais rápido para o enriquecimento. Abriu as portas à emulação de modelos de tipo chinês, geridos com mão de ferro pelo Estado ou por uma “tecnocracia inteligente” que se acha dona da verdade à qual o comum dos mortais não tem acesso. A crise, que começou por ser financeira, económica e social, acabou por traduzir-se em pesadas consequências políticas para as democracias liberais e para o mundo. Na segunda década do século XXI, vimos entrar em cena novas e velhas correntes populistas e nacionalistas. Já nos habituámos a elas, mesmo que ainda não tenhamos descoberto a maneira mais eficaz de as derrotar. Apenas sabemos que são contagiosas.
2. À escala global, esta foi a década da emergência dos “homens fortes”, que exploram as fraquezas dos países onde a desigualdade é mais gritante e a corrupção é mais chocante. São arautos de um discurso fortemente nacionalista, que aponta o dedo a forças externas para os problemas internos. Putin já era um modelo consagrado. Tem hoje vários seguidores. No Brasil, nas Filipinas, na Turquia, ou até na Índia. Nos Estados Unidos, que nasceram como República democrática, Donald Trump sonhou tornar-se um deles, ainda que sem o menor sucesso. Limita-se a invejá-los. As instituições americanas têm revelado, como era de esperar, uma enorme endurance perante as investidas autoritárias do actual morador da Casa Branca. Sendo ainda os Estados Unidos a superpotência mundial, ser ou não reeleito em Novembro de 2020 é um dos acontecimentos — ou, talvez, o acontecimento — que vai definir a próxima década. Não tanto por razões internas: a democracia americana continuará a resistir, caso seja reeleito. Mas pela sua capacidade de destruição da ordem internacional liberal, a viver a sua mais séria prova de vida. Os Estados Unidos eram o seu principal garante, através da rede de alianças e das instituições multilaterais que criaram no pós-guerra. Hoje, numa crescente desordem internacional para a qual Trump contribuiu, o mundo resvala para a velha rivalidade entre grandes potências que esteve quase sempre na origem dos conflitos e das guerras — que, mais uma vez, apenas os EUA ainda estão em condições de travar.
A China passou a ser a mais directa concorrente ao estatuto de líder mundial. A novidade está na desfaçatez com que exerce o seu poder, seja na sede da ONU, seja nas mais prestigiados universidades ocidentais ou quanto à liberdade e imprensa e de expressão fora das suas fronteiras. Tirou a máscara. Já ninguém pode dizer que ainda não percebeu a verdadeira natureza do poder de Pequim.
A Rússia, com a sua economia relativamente débil e a sua força militar, incluindo nuclear, transformou-se numa potência revisionista da ordem estabelecida. Imprevisível e, portanto, altamente perigosa. Durante a Guerra Fria, a ameaça soviética traduzia-se em milhares de carros de combate na fronteira da Alemanha Ocidental. À vista de todos. Como à vista de todos estavam as suas “quintas colunas” no seio das democracias. Hoje, as armas de Moscovo são outras: os partidos populistas e de extrema-direita que dependem da sua pródiga ajuda financeira, e batalhões de hackers capazes de utilizar as redes sociais e de piratear os sistemas informáticos mais sofisticados para interferir nas decisões e nas eleições das democracias. Foi assim nos EUA em 2016. É assim hoje na Europa.
Na Índia, Narendra Modi conseguiu desencadear a maior vaga de protestos da década com uma lei que apenas garante a cidadania aos não muçulmanos dos países vizinhos, dando mais um passo na doutrina nacionalista do seu partido: um país onde apenas os hindus podem ser cidadãos de primeira.
A nossa boa velha Europa, com o seu modelo social único no mundo, com a sua imensa diversidade cultural, que é, em boa medida, a explicação para o seu incrível sucesso, não tem conseguido reencontrar o caminho da unidade que lhe poderia garantir a força de que precisa num mundo que deixou de lhe correr de feição para passar a andar em sentido contrário. Continua profundamente dividida — cada vez mais dividida, mesmo que não pareça. No dia 31 de Janeiro vai perder um dos seus principais bastiões. Mau presságio.
3. Por cá, neste nosso pequeno recanto, que se considerava imune aos extremos, a paisagem começa a mudar lentamente. Aquilo que já era visível nas redes sociais salta de repente para a rua e para o próprio Parlamento. Certamente com muito dinheiro em caixa, os cartazes do Chega mostram a mesma desfaçatez que os seus adeptos, conhecidos e desconhecidos, manifestavam nas redes sociais. Não é um movimento de extrema-direita à deriva. Tem uma ideia e uma estratégia. Não convém subestimá-lo. A Iniciativa Liberal não tem a mesma natureza, mas aproxima-se no método: um discurso igualmente simples mesmo que aparentemente racional, capaz de resolver qualquer problema do país, incluindo a pobreza ou a Saúde, desde que o Estado seja reduzido à sua mínima expressão (passámos os anos 1980 e 1990 a ouvir esta receita infalível, até ao momento em que o Estado teve de salvar os bancos) e o socialismo desapareça da face da Terra. Tal como o Chega, exibe nas ruas cartazes gigantescos e ganha todos os dias adeptos nas redes sociais. Já o Livre, com a sua velha cultura de extrema-esquerda (apesar de não parecer) e a sua pseudodemocracia interna sem líderes e com “colectivos”, vai-se esvaindo, entrincheirado entre a política identitária da deputada que conseguiu eleger e uma aparente paz interna que apenas esconde uma luta fratricida para saber quem fica com os restos.
E depois os portugueses não são os melhores do mundo (à excepção de Ronaldo) como o Presidente insiste em nos fazer crer. São como os outros povos, com os seus defeitos e as suas virtudes. Com a sua História, que não tem nada de transcendente. E com a necessidade urgente de aprender algumas verdades básicas. Tão básicas como andar apertado nos transportes públicos, de preferência em pé para caber mais gente (recomenda-se, se possível, uma visita ao metro de Paris, de Londres ou de Tóquio). Como não culpar o Estado por tudo o que de mal lhe acontece, sem nunca se culpar a si próprio (um pouco do espírito individualista americano seria bastante útil). Mas também  exigir melhor informação, para saber, por exemplo, que há manchetes na imprensa francesa ou britânica sobre os hospitais públicos e os respectivos serviços nacionais de saúde exactamente iguais às dos jornais portugueses. Ou que a melhor forma de combater a corrupção é através de uma cultura de responsabilidade, geral e não apenas dos políticos ou dos grandes interesses económicos. E não através do justicialismo de um sistema de Justiça muito pouco transparente ou dos “arcanjos vingadores” que querem ser os novos heróis dos media.
4. 2019 foi também o ano de todos os protestos. Do Chile a Hong Kong, passando pela Índia, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Espanha, França, Rússia, Argélia, Iraque, Sudão, Líbano ou Irão. As razões são muito distintas. Em Hong Kong ou em Moscovo luta-se pela democracia. No Iraque, no Líbano ou até no Irão luta-se contra as injustiças sociais e já não contra o Grande Satã americano. Na Argélia ou no Sudão derrubam-se ditadores que se consideravam eternos. Nos EUA ou na Europa, luta-se pela defesa do planeta ou pelos direitos das mulheres. Em Paris, enchem-se as ruas para defender direitos adquiridos. Podemos ter apreciações diferentes sobre a sua justeza, mas elas revelam uma sociedade vibrante e activa, disposta a lutar contra os ditadores, contra as tentações autoritárias, mas também por mais justiça social, por mais direitos, por mais liberdade. São também fruto das redes sociais e de um mundo que os media tornam cada vez mais próximo. A política globaliza-se, enquanto a globalização económica regride.
Bom ano!

COMENTÁRIOS
Carlos Costa. Brilhante TdS.
vinha2100, 29.12.2019: Mais um artigo de notável qualidade da Teresa de Sousa. Um dos melhores colunistas deste jornal de referência, com uma qualidade intelectual e um convite ao debate inteligente exemplares.
francisco tavares, 29.12.2019: O avanço da democracia e a escolha dos políticos/governos através do voto põe o ónus da responsabilidade nos eleitores. Serão os eleitores independentes ou estarão a ser presa fácil dos demagogos e populistas que prometem muito, mas, no fim de contas, pouco ou nada dão e podem tirar muito? Estarão, por exemplo, os eleitores americanos conscientes dos efeitos perniciosos que causarão à política internacional, e interna, se o actual inquilino da Casa Branca for reeleito em Novembro de 2020? É evidente que os europeus devem assumir financeiramente a sua defesa. Mas é sensato sepultar uma aliança de décadas, como a NATO? Os políticos responsáveis devem exercer uma ação pedagógica forte no sentido de esclarecer os eleitores. E apontar as suas responsabilidades na hora de votarem.
JonasAlmeida: Caro Francisco, a desqualificação do voto por ser influenciado pelos púlpitos do que quer que seja tem como único efeito a culpabilização (e eventualmente a punição) colectiva. Talvez mais produtivo perceber as motivações para a falta de vontade dos outros sustentarem o mercantilismo dos mínimos denominadores comuns. Repito a ref em baixo - ver CNBC "During the NATO summit, the US needs the EU to focus on trade, not just defense spending".
Vermont76: 29.12.2019 4: Mais uma vez está de parabéns TdS pela sua perspectiva é à qual concordo plenamente. Cumprimentos e bom ano!
Armando Heleno, 29.12.2019: Não preciso comentar. Corroboro totalmente.
JonasAlmeida, 29.12.2019: Vamos lá ver se este sobrevive sem ser conspurcado: votos de um bom ano para si também!
Estes artigos de TdS são pregos a que nenhuma realidade parece virar o bico. Vejamos. Os americanos não estão mais interessados na ordem mundial que sustentaram até aqui. As elites que comandam essa ordem, e beneficiam dela de formas crescentemente criminosas, também não estão interessadas nos americanos. Parece um divórcio bem democrático. Qual é a espiga? Sobre a "boa velha Europa" criada para avançar o mesmo modelo social que afinal a UE saqueia e esventra já nem vale a pena tentar. Os números que é pelo contrário fora da zona euro, e em vários casos fora da geografia europeia, que esse excelente modelo prospera, não contam, são "populismo".
Não fui completamente justo - mesmo no meio de geoestratégias convoluídas, Teresa de Sousa não tem dificuldade e destrinçar as semelhanças na metodologia demagógica entre a Iniciativa Liberal e o Chega (no #3). Uma vénia aqui pelo tiro certeiro :-D. Um bom ano Novo!
PRO, 29.12.2019: Claro que o ditador do Jonas Americano tinha de vir criticar os Liberais! Quais são os países fora do euro e da UE onde ele próspera? Será a Noruega ou Suiça ou Canadá? Esse sempre foram! Na verdade é a UE que está a ajudar a construir esse modelo nos países de Leste. Você nunca andou nas Balkans pois não?, Já alguma vez visitou a Roménia ou a Bulgária ou a Macedónia? Não fale do que não sabe Jonas! E na verdade o Brexit vai é destruir o resto que existe de estado social no RU!
JonasAlmeida, 29.12.2019 : A nota sobre as semelhanças na metodologia demagógica entre a Iniciativa Liberal e o Chega são citações do artigo de TdS, no #3. Acalea-se e leia o que critica.
PRO, 29.12.2019: São citações de que eu discordo! A IL em nada se assemelha ao Chega e TdS nao está sempre certa pois nao?
francisco tavares, 29.12.2019 : Aceita-se que os americanos não queiram pagar a defesa da Europa. Não se aceita é que Trump se alie a Putin. Porque aliar-se a um personagem do calibre de Putin é estar a tramar a Europa e também a América. Pretender terminar uma aliança como a NATO, de um dia para o outro, é tramar a Europa. A componente política da NATO é útil e importante para os europeus e americanos. Porque têm, ou tinham, uma visão semelhante sobre as grandes questões das sociedades modernas: a democracia, os direitos humanos, a luta contra a pobreza, as questões ambientais (a salvação do planeta), entre outras coisas. Recentemente, o impeachment veio juntar mais uma razão porque os americanos se devem desfazer de Trump. Será que para os americanos, a Europa se tornou no inimigo público número um? Às vezes parece.
PRO: Francisco não tornou! Apenas para o Americano Jonas! Uma sondagem de setembro do pew institute revelou que uma maioria de Americanos é a favor da UE!
JonasAlmeida. Francisco, vou repetir via ref o argumento que aqui circula e deixo-o pensar sobre o tema da sua pergunta: ver artigo CNBC de 3 Dezembro "During the NATO summit, the US needs the EU to focus on trade, not just defense spending". Sobre a Rússia, lembre-se que os americanos dão a guerra fria como concluída. Não ficaram amigos, mas tb não são inimigos. Tirando as tais elites que o eleitorado não mais suporta, não há muita gente interessada na conversa do urso mau da estepe, ou da Crimeia não ser russa etc etc.
Pedro Matias: 29.12.2019 Excelente perspectiva! Que mundo paradoxal.
PRO 29.12.2019 Não vai definir a próxima década diria eu. Vai definir os 4 anos de Presidência. Porque por essa ordem de ideias a eleição de Trump em 2016 já definiu esta década. Se há coisa que devíamos ter aprendido é que nada é definido. Basta olhar para o embrolio do Brexit.


segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

À suivre



Um texto que me parece precioso estudo sobre a história de Israel no contexto actual de muita animadversão, talvez motivada por por invejas e orientação política tendenciosa, que não admite o sucesso alheio resultante de inteligência e esforço, orientação política essa mais centrada – se for do calibre da nossa esquerda tagarela – numa pseudo virtude desresponsabilizadoramente esmoler. Uma história para ser admirada, exemplo de energia a seguir.
Homenagem a Israel
Apesar dos erros, problemas e desafios passados e futuros próprios de qualquer país, Israel resiste na prosperidade enfrentando uma guerra dura que torna improvável erradicar abusos e crimes pontuais.
GABRIEL MITHÁ RIBEIRO, Professor, investigador e ensaísta, doutorado em Estudos Africanos
OBSERVADOR, 29 dez 2019
Povo criador do monoteísmo e nação sem estado que resistiu durante séculos nas diásporas, ultrapassadas as provações da inquisição ou do holocausto nazi reinventou-se em Estado-Nação, em 1948, com a instituição de Israel, o seu estado territorial nacional.
Na sua caminhada milenar, a identidade judaica, depois também israelita, tem mantido como razão de existir a autorresponsabilidade pelo destino colectivo imposta na origem ancestral, o momento da submissão ao seu Deus único. Mesmo quando se foi modernizando com a passagem do tempo e, não menos, quando foi transitando para manifestações não-religiosas da vida social, intelectual, política, económica, artística, cultural, institucional, quotidiana – a tradição em causa nunca deixou de se situar nos antípodas da muitíssimo mais recente moral social soviética, tradição perfilhada pelas esquerdas, gerada desde 1917 justamente da ruptura com os fundamentos religiosos da ordem social.
Ao perder a crença de serem todos filhos de um mesmo Deus, a última marginaliza a unidade do género humano mantendo sempre latente a legitimação da violência social e política, uma vez que o outro não é necessariamente concebido como igual a nós. Daí que se trate de um fenómeno de regressão moral e civilizacional que, em troca, passou a colocar no âmago do sentido da existência colectiva o princípio material que fragmentada, na génese, a ordem social entre ricos e pobres, opressores e oprimidos. Este novo sujeito moral nascido no século XX define-se por remeter para fora de si mesmo, por afastar da sua consciência, as responsabilidades pelos seus falhanços, submetido que vive ao primado moral da vitimização. Considerando que os meta-paradigmas em causa materializam-se em estados territoriais com existências concretas, num extremo situa-se Israel e no extremo oposto a URSS/Rússia, os povos fundadores dos dois grandes modelos antagónicos que determinam os destinos do mundo atual, a moral social da autorresponsabilidade (fundada numa continuidade histórica de matriz ancestral) versus a moral social da vitimização (fundada numa ruptura revolucionária recente). Nesse jogo de contrários, coube ao modelo moral soviético (1917-1991) ir dissipando as dúvidas sobre as razões do falhanço de certas sociedades e ao modelo moral israelita (1948-2019) a demonstração do inverso, ambos evidências históricas consistentes de cerca de setenta anos em que uma implodiu e a outra continua a prosperar.
Se diversas sociedades são exemplos de funcionalidade por causa da sua orientação moral (Suíça, Japão, Austrália, entre outras), o processo histórico da Nação hebraica e o contexto regional onde foi instituído o seu Estado territorial valorizam-nos enquanto conjugação singular. A grande vitória de Israel é, por isso, a de ser hoje o mais sólido modelo de moral social capaz de orientar o desenvolvimento das mais variadas sociedades, muito em particular das que se debatem com a pobreza, a instabilidade social e política ou a violência armada, justamente as dominadas pela idolatria materialista marxista-leninista-maoísta.
Em 1948, o Estado israelita nasceu num contexto geográfico de pobreza de recursos naturais, uma génese bem mais desafiante do que a de muitos países asiáticos e africanos que, no mesmo ciclo histórico, foram acedendo às independências; foi instituído num contexto de hostilidades crescentes vindas do mundo árabe, depois reconvertidas numa guerra continuada; assim como acabou por ser um Estado acossado por pressões internacionais hostis lideradas pelas esquerdas.
No âmago das respostas a tais desafios, a moral social israelita de autorresponsabilidade pelo destino colectivo foi sempre provando ser capaz de gerar e manter, a cada nova geração, características civilizacionais que definem a nobreza das nações: um poder tutelar do Estado territorial que preserva a identidade do seu povo, ao mesmo tempo que garante a sua segurança; uma sociedade aberta que se autogoverna por uma democracia consolidada, ambas com capacidade de integrarem segmentos árabes, e como nem a abertura à diversidade nem a democracia estavam inscritas na matriz identitária originária dos judeus, os israelitas demonstram possuir uma identidade tão moralmente conservadora quanto socialmente dinâmica que, ao mesmo tempo, soube apropriar-se do muito que recebeu dos outros povos ao longo de séculos, além do que deu, em particular dos povos ocidentais; e um país capaz de gerar prosperidade económica em renovação continuada que assegura a qualidade de vida dos seus cidadãos. Apesar dos erros, problemas e desafios passados, presentes e futuros próprios de qualquer país, Israel resiste na prosperidade enfrentando uma guerra persistente que torna improvável erradicar abusos e crimes pontuais. Porém, o seu estado de direito não fecha os olhos a tais ocorrências, muito menos a sua democracia legitima o apagamento da consciência social dos diversos traumas sociais.
Compreender Israel obriga, desse modo, a nunca omitir que do outro lado domina uma moral social de natureza distinta, a do mundo árabe a que se filiam os palestinianos. Na guerra que é a mãe das guerras por confrontar orientações morais, humanas e civilizacionais distintas, nos últimos nunca foram salientes remorsos ou arrependimentos, por exemplo, face ao desaparecimento das comunidades judaica e cristã das suas sociedades islâmicas. Por trocar o primado da autorresponsabilidade pelo da vitimização, a moral social de matriz árabe não consegue gerar pressões sociais endógenas eficazes contra a banalização da violência – armada, não-armada, física, psicológica, quotidiana –, tradição sintomática entre os palestinianos que, além das manifestações que atentam contra determinados segmentos (mulheres, homossexuais, minorias étnicas ou religiosas), legitima o ataque a civis israelitas, os últimos submetidos a um estado de direito que lhes interdita respostas equiparáveis.
Não se pode exigir mais à ordem moral coletiva de um povo que alcançou e mantém tal postura e realizações tendo em conta que os povos não existem em representações abstratas muito ao gosto de intelectuais, políticos e cativistas diletantes. Antes, os países confrontam-se com heranças históricas e circunstâncias existenciais concretas, em alguns casos dificílimas, como as que forçam amiúde a ter decidir entre matar ou morrer, sobreviver ou ser aniquilado. Anote-se que as disfuncionalidades do Médio Oriente eram bem menos graves antes do impacto dos ideais soviéticos durante a Guerra Fria (1945-1991). Razão bastante para o substrato cultural que alimenta a violência na região ter de ser procurado em último lugar no interior da sociedade israelita. Se é legítimo falar em justiça social e histórica, mais do que filha de proclamações abstractas ou ideológicas, ela legitima-se por realizações concretas a partir do próprio exemplo do sujeito colectivo na sua própria casa, o que obriga a remeter o essencial bloqueios para o interior do mundo árabe circundante.
Descontado o fator religioso judaico que determina a moral social dos israelitas, as condições materiais e naturais não distinguiam, em 1948, Israel dos demais territórios árabes vizinhos e, se havia diferenças, os israelitas partiram em desvantagem. Setenta anos decorridos, o detalhe que diferencia a prosperidade da miséria, ou uma democracia consolidada e funcional de autoritarismos violentos ou da anarquia, é o das identidades sociais do mundo árabe da região terem investido, no mesmo ciclo histórico, na moral social de inspiração soviética da vitimização que as esterilizou e desregulou.
A atitude foi agravada porque tal influência moral externa reabriu a ferida narcísica do Islão que remonta à Baixa Idade Média em resultado das suas perdas civilizacionais sucessivas face ao Cristianismo e ao Ocidente, influência externa que colocou nessa ferida identitária a instigação da violência, marca inapagável dos ventos soviéticos. Tal sentimento de perda sustentado em razões históricas, bem mais do que religiosas, associadas à influência dos ideais de esquerda impuseram ao Islão a incapacidade de exorcizar a guerra santa, o seu ideal religioso fundador de combate aos infiéis que nesse caldo existencial acabou transformado no pretexto para as identidades islâmicas sonegarem a si mesmas o seu latente ódio ao próximo.
Enquanto esse sentimento não for exorcizado com provas dadas a partir do berço, o mundo árabe, uma possibilidade que a história sempre admitirá, a religião islâmica persistirá anacrónica no século XXI. Não foi mero acaso o terrorismo islâmico ter sido historicamente ativado após a chegada ao mundo árabe dos ideais socialistas e de esquerda, anticristãos e antiocidentais na sua génese moral marxista-leninista-maoísta.
A passagem das décadas que se sucedem ao auge da influência soviética no mundo foi transformando os povos árabes do Médio Oriente em vítimas da sua própria vitimização. São estas identidades sociais que têm de pacificar primeiro a relação consigo mesmas, o que implica que se confrontem com a natureza da sua moral social, sendo que esta deixa marcas por demais óbvias no interior do espaço de existência de cada povo. Trata-se da precondição para depois poderem pacificar a sua relação com as outras identidades sociais, à cabeça das quais a dos israelitas e como pano de fundo o mundo ocidental.
Não pressionar os povos árabes nesse sentido é continuar indiferente, no Médio Oriente, à má governação, miséria, violência e morte que alguns causam entre os seus e, por isso, tais fenómenos estão necessariamente filiados a representações sociais patológicas da condição humana. Daí que as pressões internacionais contra Israel, em muito instigadas pela aberração moral em que se transformou a ONU, mais pareçam uma parada de loucos. Contra elas é necessário impedir que se cometa a barbaridade há décadas latente de se destruir uma moral social de autorresponsabilidade que demonstra ser funcional, ao mesmo tempo que se instiga e premeia uma outra de vitimização que apenas tem dado provas de gerar sociedades mentalmente patológicas.

COMENTÁRIOS
Pérolas a porcos: Povo inventor do racismo, quer você dizer... Israel é o "povo eleito", com exclusão de todos os outros que não pertençam - pelo sangue e por via materna - às 12 tribos de Israel. A MAIOR MANIPULAÇÃO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE FOI OS JUDEUS TEREM CONSEGUIDO METER À FORÇA NO CRISTIANISMO O ANTIGO TESTAMENTO. Isso foi "obra" do São Paulo e de uns quantos judeus de Alexandria que DETURPARAM a mensagem de Cristo para manterem vivo o Judaísmo, dentro e fora do Cristianismo que era e é o seu principal concorrente e opositor até ao advento do Islão...
O que mais me espanta é haver católicos a defenderem o Judaísmo e sobretudo a sua expressão totalitária, que é o Estado de Israel, em nome do Cristianismo de que obviamente só apreenderam (e mal) os aspectos exteriores e superficiais com o catecismo, que é a versão simplificada para gente estúpida... Obviamente isto só se pode dever às afinidades totalitárias, dado que o Catolicismo é ele próprio a versão totalitária do Cristianismo - tal como o Nazismo foi a versão totalitária do Socialismo.......!!!
Al – Mufhada > Pérolas a porcos: Há muito tempo que o Judaísmo deixou de ser uma religião. Hoje em dia não passa de um clube, ao qual até os WASPs se convertem para - por exemplo - poder fazer parte integrante da indústria de Hollywood.
Rui Lima: Pois Al - bom tema , um único estado socialista com liberdade foi Israel no mundo repito foi, hoje apenas 2% da economia terá essa forma de produção quando chegou a ser largamente majoritária. Mesmo em liberdade o socialismo não teve resposta para a nova economia .
Al – Mufhada > Rui Lima: Concordaria em absoluto se o Mundo acabasse hoje.
Vitor N.: Os esquerdopatas (que se dizem defensores dos direitos das mulheres e donos das comunidades LGBT mas são aliados dos árabes contra Israel) vão espumar com este artigo.
Al – Mufhada > Vitor N.: Artigo de um pobre propagandista que - dada a sua ascendência africana, árabe e indiana - só mesmo muito dificilmente teria lugar na actual sociedade de Israel. Sofrerá muito provavelmente de um qualquer desarranjo do tipo Síndrome de Estocolmo.
Liberal Impenitente: No Ocidente industrializado o marxismo, religião fundada no século XIX por um lunático, foi sempre visto com bem merecida desconfiança. O marxismo, produto ocidental, encontrou no seu berço os anticorpos que o combateram sem nunca desfalecerem, até o terem neutralizado, com o colapso do Império soviético. O mundo não ocidental, em geral muito pobre, não gozou desses anticorpos, e tornou-se presa fácil para os demagogos dos amanhãs cantantes, que não se fizeram rogados para irem pregar amanhãs cantantes um pouco por todas as latitudes e longitudes. Todos os tolos que embarcaram nesse barco a meter água que foi e é o marxismo pagaram por isso um alto preço. Os judeus e o seu Estado de Israel deixaram o marxismo do outro lado da fronteira, e assim puderam vingar e prosperar.
Al – Mufhada > Liberal Impenitente: Então e que tal os kibutz? Um pilar na criação do Estado de Israel, pilar esse que cheira a marxismo por todos os lados. Ou não?!
Liberal Impenitente > Al - Mufhada: Não, da mesma forma que os municípios, base da organização do Reino de Portugal, não cheiram a marxismo.
Al – Mufhada > Liberal Impenitente: Uma coisa são relações de produção, outra coisa é a organização administrativa de um país.
Liberal Impenitente > Al - Mufhada: Um 'kibbutz' será algo como uma comunidade agrícola, e não me consta que haja lá gente forçada, como é apanágio de regimes marxistas. São muito anteriores a Israel. A produção através de cooperativas, independentes do Estado, não caracteriza o marxismo.
Al – Mufhada > Liberal Impenitente: Contudo, e segundo a wikipedia, <>.
Jack Martin > Al - Mufhada: Pronto!, vem na  Wikipedia, logo, é dogma.    Meu Deus, abençoai todos aqueles que abdicaram da respetiva capacidade de raciocínio!
Al – Mufhada: Ironicamente, ainda há gente que pensava que o apartheid na África do Sul seria eterno. O apartheid nunca durará para sempre, seja ele em que país for. Pensar o oposto é o grande erro da camarilha que governa Israel hoje em dia. Uma camarilha cuja política envergonha o próprio povo judeu.
André Silva > Al - Mufhada: O apartheid apenas vai mudando de cor e/ou lugar. Na África do Sul de hoje - um autêntico shithole, quando ainda há 20-30 anos, governado por brancos, era um país desenvolvido e económica e militarmente ao nível de um país europeu - é contra os brancos, aqueles que fizeram daquilo o único país minimamente em condições daquele continente. Na Europa, a perseguição é contra os mesmos, os brancos.
Al – Mufhada > André Silva: Tanta falácia para quê? Eu limitei-me a dizer que o apartheid, seja lá onde for, não é eterno. E, quanto a isso, não vi da sua parte qualquer argumento válido.
Vitor N. > Al - Mufhada: Apartheid é o que existe nos países árabes, onde mulheres e gays são tratados como animais.  Estes m3rd@s da esquerda acham que todos são imbecis como eles. 
Luís Martins: Excelente artigo, do melhor que já li sobre a matéria. Haja alguém que mostre a verdade!
Leónidas António: Os islamonazis e comunoislâmicos, depois de lerem este artigo, em tudo verdadeiro e bem demonstrado, vão ter uma passagem de ano deprimente. Que a divina providência ilumine o seu ser e ainda poderão ser felizes quando compreenderem a verdade e a realidade. Quanto aos países muçulmanos ainda terão muitos anos de miséria, até perceberem que o mal que os oprime, está na sua própria religião, e não nos outros. Irão desaparecendo como os comunistas, nazistas e fascistas.
Luís de Campos Teixeira Neves:  O Hamas dá-vos muita "justificação" (para os vossos crimes). Mas como "justificam" vocês a cena na Cisjordânia (onde o Hamas não está presente)? (Eu sei que vocês não terão qualquer dificuldade em responder.)
Jack Martin > Luís de Campos Teixeira Neves: Tal como o Hamas justifica o que os israelitas fazem em Gaza, também a OLP mais do que justifica o pouco que os israelitas fazem na Cisjordânia.   Vai por mim, figurinha, essa gente representa a escória da humanidade
Jack Martin > Luís de Campos Teixeira Neves: Como eu acredito no Pai Natal, também posso fazer-te a vontade e acreditar que o terrorismo palestiniano nada tem a ver com o islamismo.    Mas há outra coisa em que também acredito, pois salta à vista que só um acto de fé pode levar alguém a aceitar os atropelos aos Direitos Humanos em que os "palestinianos" são inultrapassáveis, ao contrário de Israel.
Mas, pensando bem, no teu caso esse acto de fé não se aplica pois, para isso, seria necessário que a tua mente tivesse capacidade para raciocinar para além do politicamente correcto.
Mosava Ickx: Uma peça de antologia! Sobretudo : “Não foi mero acaso o terrorismo islâmico ter sido historicamente activado após a chegada ao mundo árabe dos ideais socialistas e de esquerda, anticristãos e antiocidentais na sua génese moral marxista-leninista-maoísta.”, com a invenção de um “povo palestiniano que nunca existiu nos anos  60, e claramente acontece a mesma decadência na ONU : “instigadas pela aberração moral em que se transformou a ONU, mais pareçam uma parada de loucos”, aberração que começou em força também nos anos ‘60, e com a ajuda actual de um pantanoso esquerdista lusitano ...
Mosava Ickx > José Paulo C Castro: Ainda não percebeu ? Não há palestinianos, apenas jordanos e israelitas! Povo palestiniano nunca existiu, foi inventado pelo Nasser nos anos ‘60 para justificar o terrorismo islâmico do Arrafat.
Xico Zé: tive a sorte de viver/trabalhar em Israel em 79/80/81...  devido aos acordos de camp david que fizeram a paz entre israel e Egipto e a posterior entrega do Sinai ao Egipto .... foram os melhores anos da minha vida ... israel  (e já corri mundo),  é um país espetacular só mesmo vivendo lá é que se percebe 
Ana Ferreira: Israel é, desde que nasceu como alegada compensação pelo horror do holocausto, na verdade por pressão do enorme poder judeu disseminado por todo o lado, a prova viva do que a História reza, aquele povo é nómada por essência, consubstanciada na inesgotável sede de poder e riqueza. Para o cumprirem esmagam tudo em volta. Pobre Palestina!
Mosava Ickx > Ana Ferreira: A Palestina Britânica foi dividida em 1920 em Palestina Árabe e Palestina Judaica, feito confirmado pela SDN e a Liga Árabe em 1923. E reconhecido pela ONU quando foi criada. A parte árabe mudou de nome para Jordânia após toma de poder dos Hachemitas, e a parte judaica mudou para Israël em 1947/48. Criada em 1920, nada a ver com o holocausto, renomeada em 1947/48. A esquerda continua a reescrever a História, mais uma vez?
José Paulo C Castro > Ana Ferreira: Povo nómada, os judeus ? Credo, que ignorância. Expulsos pelos romanos do seu território secular.
Luís de Campos Teixeira Neves > Mosava Ickx: À Jordânia nunca se chamou Palestina. Fez parte do Mandato Britânico da Palestina. Só. E o que foi dividido pela ONU em 1947/8 foi a Palestina, isto é, actualmente Israel mais os Territórios Ocupados.
Miguel Fernandes: Excelente artigo de um dos melhores do Observador. Com os votos de um bom Ano a Mithá Ribeiro.
victor guerra: Completamente de acordo.Só um povo superior ,seja pela educação ,ou por protecção "divina", consegue viver num espaço árido ,rodeado por inimigos, que são protegidos por instituições ditas respeitáveis, como o Parlamento Europeu.Quem duvidar, vá lá ver. Provocam ,sim, muita inveja e foram roubados, ao longo da História


domingo, 29 de dezembro de 2019

Os olhos são o espelho da alma


Os de Putin têm toda a  aparência de traiçoeiros, e os olhos não enganam. Como o algodão...
EDITORIAL
20 anos de Putin
A mão de Vladimir Putin estende-se da Ucrânia à Líbia, de Barcelona aos Estados Unidos e o país que governa, o maior do mundo, é mantido sob estrita vigilância.
DAVID PONTES
PÚBLICO, 29 de Dezembro de 2019
Nos balanços da década, tem surgido uma figura, não tanto como determinante para o sentido da história, mas exemplar no sentido que ela foi tomando nos últimos anos. Viktor Orbán, o primeiro-ministro da Hungria, é referido como exemplar – foi eleito em 2010 – dos populismos construídos na capacidade de torcer e encolher a democracia até a transformar na contradição em termos que é “democracia iliberal”.
Mas seria injusto não salientar que há alguém que na última década – mas ainda antes disso, pois em 31 de Dezembro cumprem-se 20 anos que, num discurso de passagem de ano, lhe foi entregue o poder – tem sido, ele sim, determinante no inclinar da História para idêntico pendor autoritário. Mesmo na sombra, a mão de Vladimir Putin estende-se da Ucrânia à Líbia, de Barcelona aos Estados Unidos e o país que governa, o maior do mundo, é mantido sob estrita vigilância. A experiência bem sucedida de isolar a Internet da Rússiao assalto às instalações da fundação do líder da oposição, ou a entrada ao serviço de um míssil hipersónico capaz de escapar às defesas dos EUA, tudo eventos desta semana, são o que é já habitual no percurso de um ditador ambicioso.
O foco norte-americano no alargamento da influência chinesa não pode deixar os europeus distraídos da ameaça que representa o seu vizinho continental. A notícia de anteontem de que três espiões russos se deslocaram à Catalunha em vésperas do referendo é só mais um sinal, a juntar à interferência nas eleições norte-americanas ou no referendo britânico, que mostra a vontade de Putin de vingar através da desestabilização das democracias ocidentais.
Podemos achar que o estereótipo do agente russo, fonte do mal, que dominou o cinema de espionagem e acção durante décadas caiu em desuso. Mas devíamos recordar que Putin é um filho do KGB e que o livro The Foundations of Geopolitics de Alexandre Dugin, publicado em 1997, ajudou a forjar o novo nacionalismo russo. Para a Rússia afirmar o seu poder, escreveu, é necessária a “rejeição do atlantismo, o controlo estratégico dos EUA e a recusa em permitir que os valores liberais dominem [o país]”.
Importante, para Alexandre Dugin, é cultivar a ideia da Rússia enquanto império, enquanto potência capaz de se afirmar para lá das suas fronteiras. Sem uma economia ou tecnologia capazes de ser fonte de influência, a estabilidade e a capacidade de os russos continuarem a ser actores no palco internacional tem sido determinante para Putin manter e alargar o seu poder. Quanto mais ele tiver sucesso, mais as nossas democracias e a nossa liberdade estarão ameaçadas.
COMENTÁRIOS:
Caetano Brandão: Já disse e repeti nestes comentários que Putin é seguramente a maior ameaça à paz e ao progresso mundial. É, porque tem uma mente maquiavélica que o tornaria um menino ao lado de Estaline se para isso tivesse condições. Basta ver um dos muitos documentários bem feitos que passaram na televisão ou estão na net, basta ver como comanda o poder fingindo que não manda quando coloca uma marionete no poder, basta ver a sangria que não hesita em mandar prender, matar ou envenenar quem se atravessa no seu caminho, a chacina na Tchechénia ou simplesmente de crianças num teatro de Moscovo, os milhões acumulados em offshores (ver Panama papers) e o crime imenso que foi a invasão da Siria que custou a devastação total dum povo e país para salvar o coiro dum facínora como Assad "comprando" assim este país.
Caetano Brandão: Corrijo, tornaria Estaline um menino ao seu lado...
antónio: -Se o Ocidente não tem descaradamente aproveitado o tempo do ébrio e fraco Yeltsin para violar o compromisso de não estender a NATO até às fronteiras russas, talvez esta não necessitasse de se reafirmar desta maneira, e hoje fosse governada mais à moda do Ocidente. A parca ilusão de que se pode humilhar indefinidamente um país como a Rússia, pela sua extensão, pela sua cultura que poucos no Ocidente conservam, só podia reavivar o orgulho nacionalista. -Antes de a Rússia chegar à Líbia, os europeus e os americanos encarregaram-se de destruir o país e deixá-lo na anarquia selvagem. -Sustentar que a Ucrânia tem direitos históricos sobre a Crimeia é ignorar que a Crimeia foi conquistada pelos russos ao Império Turcomano e que só a patetice regionalista de Krushtchev a deu à borla à Ucrânia.
manuel.pires.793926. certíssimo....
Jose Vic: Em primeiro lugar, Putin é fruto do descalabro Ielstsin. Os russos, não o império, sabem disso. O tema Rússia, tem mais a ver o que sobra para o tal mundo ocidental (leia-se EUA e Europa) se a Rússia jogar a carta chinesa. Hoje a Rússia já funciona como procuradora da China em diversos pontos do mundo. Até agora foi apenas uma relação de conveniência, apesar de, desde 2013, os dois presidentes já se terem encontrado mais de 30 vezes. Embora historicamente a rivalidade entre estes dois países seja enorme, competem há séculos sobre a influência na Ásia Central, sudeste asiático e agora no Árctico. A Europa e os EUA ao hostilizarem a Rússia, podem lançá-la irremediavelmente para os braços da China. A China é um poder em ascensão e o parceiro dominante; a Rússia continua em declínio, ao contrário do que o autor parece querer dizer. A China é a segunda maior economia mundial; a Rússia não está sequer entre as 10 primeiras.
Animação e descanso: Correctíssimo, no entanto a economia russa continua no top 10 em PPP
PM.877587: Daqui a 2/3 décadas a Índia, potência nuclear, vai ultrapassar a China em população.
Animação e descanso: Mais um propagandista ao serviço da russofobia, que vergonha Público! Um texto carregado de inverdades, incoerências e difamação pura. Os USA e Israel fazem autêntica bandidagem internacional e o Putin por lhes fazer frente é o mau da fita.
Terráqueo: Quais são as inverdades, incoerências e difamações do texto?
Tiago Vasconcelos; "Animação e descanso" -- nickname para mais um troll do kremlin
Terráqueo: Excelente artigo. Só não percebo a paixão dos comunistas tugas pelo Rússia Unida e pelo Putin. Devem achar que ele é o mais parecido que conseguem arranjar á defunta URSS.
Animação e descanso: Um artigo Macarthista. Eu detesto comunistas como detesto imperialistas e fascistas. O sr pelos vistos gosta dos últimos.
Terráqueo: Aha! Ou és comunista ou és imperialista/fascista! Abomino fascistas e extrema direita, tal como abomino comunistas estalinistas.
bento guerra: Uma sorte para a Rússia."Aquilo é demasiado grande para ser chefiado por mais de um homem" disse alguém ,no passado. E agora o Trump não tem asco em falar com ele,ao contrário do Obama.
Nuno Silva: A nível internacional e na estabilidade do mundo, a Rússia de Putin tem sido excepcional (extraordinária, até). Mas ao nível da política interna, é do que mais rejeito na vida, ou seja ele é uma m..... mas que Portugal deve ser amigo (e ao abrigo dos supersónicos), como outro país qualquer...
VIKTOR MOROZOV: O Sr. esqueceu a culpa de Putin no que se refere à explosão do carro armadilhado na Somália e às cheias em Portugal