segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Com papas e bolos

Dizem as sondagens que os partidos de esquerda estão em ascensão. De facto assisti ontem a uma profusão de punhos cerrados, que me fez reviver outros tempos, noutras esferas do globo. Eram os discursos profusos em promessas de dirigentes de partidos africanos, aos seus povos explorados por odiosos exploradores. Alcançada que foi a pretendida governação, os generosos dirigentes enterraram as promessas e trataram de se safar bem, nas hecatombes surgidas nos, agora seus, povos, explorados sem protesto.
Com a liberdade alcançada nesta esfera do globo, forjaram-se aqui partidos, que experimentaram governar democraticamente, na tolerância e até no multipartidarismo, como disseram. Mas foi pura peta, o que sucedeu realmente, foi que cada um lutou sempre pelo bolo inteiro. Tivemos ajudas, todavia. Da União Europeia, com que construímos as estradas e fechámos as linhas férreas e os trabalhos de lavoura inúteis.
Entretanto, cada um ia roendo a sua parte do bolo, em calamitosa e progressiva demonstração de que mais do que os povos a quem se promete, todavia, fartura de papas e de bolos, o que se observa, nestes povos como o nosso - de iliteracia perfeitamente aproveitada pelos que lhes fazem as promessas - o que se observa, tal como nas esferas do globo supracitadas, é a generalização dos escândalos e das corrupções, seja nos políticos, nos administrativos bancários, judiciais e tutti quanti. E desemprego. E despedimentos. E fome. E desrespeito.
E chegou a vez de mais um homem sério prometendo fartura para os votos. Os apoiantes são muitos, uns já caturras, outros jovens, que ainda não sabem distinguir, ou que também já visionam hipóteses de boa sobrevivência futura, muitos os de punho cerrado, em suma. E os chefes, homens sérios, aproveitam a consternação geral instalada por um governo vaidosamente prepotente, para se indignarem contra os capitalismos gerais, apologistas que são da terra/bolo a quem os trabalha. E assim se enganam os tolos. De punho erguido.

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