sexta-feira, 30 de junho de 2023

Um email do Ricardo


Que agradeço, lembrando velhas leituras de velhos prazeres, ainda hoje retomados, caso aconteçam.

CRÍTICA | ASTERIX NA CÓRSEGA

Por RITTER FAN 5 de agosto de 2020 784 views

FacebookPinterest3TwitterPartilhar

Astérix na Córsega é um dos mais diferentes álbuns da série. Ao mesmo tempo que, por ser o 20º, ele ganha um ar comemorativo, ele também apresenta uma história que é particularmente hermética e, por conseguinte, exige esforço para quem não for francês ou conhecer muito a cultura francesa. Mesmo assim, o resultado é altamente divertido e, uma vez ultrapassada a barreira do estranhamento inicial – que, em alguns casos, exigirá até pesquisa para melhor contextualização – ele pode até mesmo ser considerado como um dos melhores dentre a colecção já de altíssimo nível capitaneada por René Goscinny e Albert Uderzo até esse ponto.

Para começar, não há o famoso mapa da Gália com a aldeia dos irredutíveis gauleses sob uma lupa. No lugar dessa clássica abertura, há um mapa da Córsega, paradisíaca ilha do Mediterrâneo ao sudeste da França e a oeste da Itália que, dos séculos XIII ao XIX, foi governada pela República de Gênova, chegando a auto-proclamar-se uma república de língua italiana. No entanto, ela foi cedida como pagamento de parte de uma dívida ao Imperador Luís XV da França que, em 1769, anexou a ilha a força. Curiosamente, esse mesmo ano – precisamente no dia 15 de agosto – ficou marcado para sempre como sendo o do nascimento de seu mais ilustre habitante, ninguém menos do que Napoleão Bonaparte, que se tornaria Imperador da França no começo do século seguinte. Mas, voltando ao mapa, Goscinny e Uderzo estabelecem que os romanos pontilharam a ilha de acampamentos romanos, mas somente em seu litoral, já que as vastas florestas corsas os fazem se perder.

Culturalmente, porém, o legado corso vai além de Napoleão, com seus habitantes sendo jocosamente lembrados como nacionalistas ao extremo, orgulhosos, preguiçosos (eles adoram sestas, como os espanhóis) e brigões, resolvendo tudo na base da faca (inclusive, o termo vendetta – vingança – é popularmente reconhecido com vindo de lá, existindo até mesmo uma famosa faca com esse nome), além da onipresença de florestas na ilha repletas de porcos selvagens (não javalis), castanhas e, claro, a fabricação do famoso queijo casgiu merzu que realmente fede demais (mas é uma delícia!) como vemos feder a ponto de explodir o navio dos piratas. E é claro que Goscinny, provavelmente lambendo os beiços, amplifica os estereótipos corsos e cria um cenário em que a Córsega é outro protetorado romano selvagem e incontrolável, com seus habitantes capazes de ganhar brigas e duelos apenas com o olhar e com um “dramalhão mexicano” de arrancar excelente risadas. Uderzo, por seu turno, pegando esse maravilhoso gancho, desenha todos os corsos – sejam homens ou mulheres – como pessoas de cabelo preto lambido (como mafiosos), postura altiva e uma carranca séria que somente muito raramente oferece um discreto sorriso.

Mas a história do álbum começa de maneira bem diferente e inusitada, no dia em que nossos queridos gauleses comemoram anualmente a vitória na Batalha da Gergóvia – a que Vergingetórix varreu as tropas romanas, somente para, no mesmo ano, ser demolido na Batalha de Alésia – com convidados de diversas regiões e países. É nesse ponto, logo no início da narrativa, que o aspecto comemorativo do álbum fica evidente, já que vemos a chegada da família Conchampiñon Y  Champiñon de Asterix na Hispânia, Petissuix e sua esposa de Asterix entre os Helvéticos, Cinemapax, Zebigbos, Mac Arronix, Relax e Otorrinolaringologix de Asterix entre os Bretões, Alambix e sua esposa de O Escudo Arverno, Docontrix de Asterix Gladiador e, finalmente, Mudaodix, Beladecadix e Cabeçudix de Uma Volta pela Gália com Asterix. Ou seja, além de exigir conhecimento específico sobre a Córsega, a dupla criativa ainda faz com que esse volume tenha seu verdadeiro valor só compreendido por quem porventura tenha lido um bom número dos anteriores. A festa, além de banquetes, tem como ponto alto, claro, o espancamento dos romanos dos acampamentos que cercam o vilarejo, com os romanos, claro, desaparecendo nessa época justamente por saberem disso.

Mas, a chegada surpresa de um destacamento romano carregando a tiracolo o corso exilado Buonapartix (a tradução brasileira do nome do personagem já entrega a referência a Napoleão, algo que fica mais para a frente apenas, já que o nome original dele é Ocatarinetabellatchitchix), acaba impedindo que os legionários de Babaorum fujam, para a alegria dos gauleses e seus amigos que se refastelam com a poção mágica de Panoramix. Mas é Buonapartix que abre o espaço para a segunda parte da narrativa, já que Astérix e Obélix – além de Ideiafix – encarregam de levá-lo de volta à sua ilha natal porque ficam curiosos para ver como é que os corsos enfrentam os romanos. O retorno à ilha a partir do porto de Massília (Marselha) com o uso do navio dos piratas – que, hilariamente, fogem silenciosamente de lá quando, à noite, descobrem que dois dos passageiros são Astérix e Obélix – serve de guia turístico para todas as dezenas de estereótipos corsos que Goscinny e Uderzo distribuem ao longo das páginas restantes, com Buonapartix tendo a missão de impedir que o pretor romano leve a pilhagem de seu território para Roma.

A forma como a população corsa é abordada lembrará muito o estereótipo do siciliano mafioso e essa conexão não é sem querer, já que existe uma forte conexão entre essas duas ilhas do Mediterrâneo, com momentos hilários como quando Brutamontix se sente-se ofendido porque um legionário romano simplesmente fala com sua bela irmã e sente ofendido novamente quando esse mesmo legionário diz que não quer nada com ela. É também na Córsega que há diversas referências diretas a Napoleão Bonaparte, inclusive à Batalha de Austerlitz e à célebre menção, pelo próprio, de que é capaz de sentir a proximidade à sua terra natal apenas pelo olfacto (e isso sem contar com a mão dentro da veste, lógico!).

Estruturalmente diferente dos demais álbuns por conter três banquetes, por não mostrar o mapa clássico, substituindo-o pelo da Córsega cercada e por conter uma introdução dos autores sobre a ilha em si, além de servir de comemoração pela chegada ao 20º álbum (aliás, o último publicado inicialmente em capítulos na revista Pilote) Astérix na Córsega é um deleite que, para ser mesmo um deleite, exige conhecimento prévio razoavelmente extenso – mais do que o normal – sobre uma hoje região administrativa da França que não é lá muito famosa fora do território francês. Mas o leitor de Astérix é um leitor que certamente gosta de ser desafiado, pelo que esse pequeno detalhe certamente não atrapalhará o divertimento e as diversas lições de história costumeiras já nessa maravilhosa colecção.

Asterix na Córsega (Astérix en Corse, França – 1973)
Roteiro: René Goscinny
Arte: Albert Uderzo
Editora original: Pilote, Dargaud (serializada entre janeiro e maio de 1973 e lançada em formato encadernado em 1973)
Editoras no Brasil: Editora Record (em formato encadernado)
Páginas: 48

 

Aprender até morrer

 

Do facebook de

Luis Soares de Oliveira

2 d

«O PM António Costa regressa de Bruxelas e declara que desistiu de se candidatar à Presidência da EU para poder continuar a garantir a estabilidade política que conseguiu criar em Portugal.

Dado o cunho charlatanesco que a política assumiu nos tempos presentes, julgo que para compreender o significado de tal gesto temos que considerar várias alternativas.

1. AC não conseguiu os apoios indispensáveis para chegar a um alto cargo na EU e desiste de altos voos

2. AC capacitou-se de que o PS está a perder votos em Portugal e atribui essa queda à atenção que ele tem dado ao cargo europeu. Esconderá portanto toda e qualquer diligência sua virada para a Europa, pelo menos até às próximas eleições para o Parlamento europeu, e voltará depois.»

 

Histórias da nossa Terra


Já vividas antes, a merecer curiosidades e receios, aquando dos OVNIS, que nos punham a todos as cabeças no ar, hoje ainda mais consistentes, esperemos que não nos atirem a todos com as cabeças para o chão, joguetes que somos do saber limitado e da fantasia muita… E os EU, como sempre, na linha da frente, para maravilhar e assustar, hoje com UAPS, mais amplos em ambiguidade assustadora (Unidentified Anomalous Phenomena). Ainda bem que há quem advirta e brinque, metaforicamente, com as nossas anomalias nacionais bem identificadas, como o fez o Escritor e Argumentista ALEXANDRE BORGES.

J agora, uma notícia do outro mundo

Porque esconderiam os Estados Unidos a existência de vida extraterrestre quando passam, publicamente, a vida a procurá-la e a gastar nisso biliões de dólares, dirá o camarada leitor?

ALEXANDRE BORGES Escritor e argumentista

OBSERVADOR, 29 jun. 2023, 00:1518

Há anos que o pobre Fukuyama não faz outra coisa senão levar pancada de todo o santo especialista em totobolas de segunda-feira. Mas a verdade é que a História não só não acabou, como, convenhamos, tem tido ultimamente alguns twists incríveisEpidemias globais de vírus desconhecidos, reencarnações de Estaline que declaram guerra a antigos actores de comédia, máquinas pensantes que, em meia dúzia de meses, puseram as cabeças mais respeitadas da espécie humana a falar em risco de extinção. O que é que falta? Isto: uma invasão extraterrestre pode estar a caminho.

Certo. É provável que não tenha ouvido, entre as bombas da guerra na Ucrânia e os tiros no pé do governo português. Mas, nas últimas semanas, tem-se falado em OVNIs e ETs como não acontecia desde que Orson Welles foi para a rádio relatar a “Guerra dos Mundos”.

David Grusch, um oficial americano que passou os últimos 14 anos a trabalhar em agências de informação do Departamento da Defesa, veio a público dizer: “não estamos sozinhos”. Aliás, um pouco mais do que isso: segundo ele, não estamos a falar de uma possibilidade abstracta, nem de um vago contacto com um som ou uma forma luminosa; os Estados Unidos terão mesmo, em sua posse, em peças ou no conjunto integral, vários “veículos exóticos de origem não-humana” que aterraram ou se despenharam na Terra. Assim.

Grusch não é, exactamente, o estereotipo de maluquinho que possa estar a imaginar. É um militar experiente, que liderou até há pouco tempo o gabinete de análise a UAPs da NGA – Agência Nacional de Informação Geoespacial (UAP é a designação que substituiu o velho “O.V.N.I. – Objecto Voador Não Identificado”. Significa “Unidentified Anomalous Phenomena”, isto é, “Fenómeno Anómalo Não Identificado”, uma vez constatado que muitos avistamentos estranhos não correspondiam a objectos – mas a fenómenos atmosféricos, por exemplo – e que nem tudo o que é estranho voa – sim, ao que parece, volta e meia, também aparecem coisas esquisitas a entrar e a sair dos oceanos). E como o próprio acrescenta, também não é “um ex-trabalhador revoltado”. Demitiu-se ele mesmo no passado mês de Abril para, ao abrigo do estatuto de “whistleblower”, denunciar o que considera serem factos demasiado graves para continuarem a ser escondidos ao povo americano, que paga com os seus impostos estas agências, programas e investigações.

Na sequência das duas entrevistas que concedeu este mês, outros militares vieram a público, uns para corroborar as afirmações de Grusch e outros a refrear a temperatura aos ânimos com algum cepticismo. Todavia, o Congresso já anunciou que vai mesmo abrir uma investigação ao caso e o próprio Mark Rubio, senador e antigo candidato à liderança do Partido Republicano, veio nos últimos dias reconhecer que outros oficiais de alta patente já partilharam relatos semelhantes ao de Grusch com a Comissão de Inteligência do Senado.

No mundo da pós-verdade, em que dois dos homens mais ricos e tidos por geniais do planeta se entretêm a prometer porrada um ao outro e a responder com emojis em forma de cocó, já não parece estranho que exista mais disponibilidade para ter esta conversa. Mas vale a pena lembrar que este não é um acontecimento isolado, saído da cabeça do Garganta Funda do trimestre; vem na sequência de uma série de notícias credíveis saídas nos últimos dois anos. Em 2021, imagens mais tarde reconhecidas como verdadeiras pelas autoridades mostravam um conjunto de encontros de aviadores militares americanos com objectos voadores de comportamento bastante inexplicável. Na sequência da divulgação, o Pentágono publicou um relatório onde reconhecia a ocorrência de mais de 140 encontros com UAPs para os quais continua a não ter explicação. Um novo gabinete foi, então, criado, o AARO, All-domain Anomaly Resolution Office (uma espécie de tudo-em-um dos acontecimentos estranhos), que reunisse os dados e investigações das diferentes agências. E é no contexto do trabalho desse gabinete que sai, agora, o relato de David Grusch.

Mas porque esconderiam os Estados Unidos a existência de vida extraterrestre quando passam, publicamente, a vida a procurá-la e a gastar nisso biliões de dólares, dirá o camarada leitor? E eu digo: tem o camarada toda a razão, mas há razões que a razão desconhece. Então na América.

A verdade é que, como nos lembrará, dentro de dias, o filme “Oppenheimer” e a própria corrida à Inteligência Artificial, de cada vez que se descobre uma nova tecnologia, seja ela de que planeta for, há uma corrida para a dominar antes da concorrência.

Michael Shellenberger, autor e activista ambiental distinguido pela Time, acrescenta pormenores: estaremos a falar de 12 a 15 veículos, metade em bom estado, metade em mau, de pelo menos quatro morfologias diferentes. Terão sido, diz Grusch, recolhidos pelo Pentágono ao longo de décadas, não necessariamente em solo americano, começando com um achado nos anos 40 em Itália, remetido para os EUA com ajuda de Mussolini e do Vaticano (como resistir a isto, caramba?). Desde então, são estudados em programas de “engenharia reversa”, que tenta compreender como foram feitos e que tecnologia utilizam, e pessoas já poderão ter sido mortas para manter estas informações em segredo. Assim. À filme.

Agora, o que virão cá os extraterrestres fazer, essa já é outra questão. Entre o perfil do invasor diabólico e o do gentil diplomata consagrados pelo cinema, há espaço para quase tudo – até para turistas espaciais em férias, em busca da nova Quarteira Sideral. Quem sabe, até não fazem visitas regulares para observar a questão do aquecimento global, como quem vê se a água do banho já está quentinha que chegue? Num tempo em que tudo o que está entre nós e o apocalipse nuclear pode ser um ex-vendedor de cachorros-quentes enraivecido, a história não deixa de trazer uma estranha dimensão de esperança. Mas uma coisa lhe garanto: agora é que o preço dos alojamentos em Alfama dispara para as estrelas.

AS PEQUENAS COISAS    OBSERVADOR

COMENTÁRIOS (de 18)

João FlorianoAbilio Silva: Eu diria que é um chip para ser facilmente localizado e recolhido pela nave mãe se as coisas se complicarem. Ninguém me tira da cabeça que o que se passou no Ministério das Infraestruturas, não foi mais do que um confronto entre alienígenas de grupos diferentes e que a TAP não é o que se pensa mas uma frota escondida para viagens intergalácticas. Só assim se explica que já tenha consumido mais dinheiro dos contribuintes portugueses do que a NASA dos congéneres americanos.

 

Os Ministérios do Presente


Implicam, naturalmente, todos eles, a vida futura, motivados, cada um deles, em função dos tempos que seguem para a frente. A criação de mais um, com tal carisma de Ministério do Futuro, parece ser antes um meio sofisticado de desperdício, pela formação de mais cargos e burocracias implicativos de dispêndio de dinheiros, acentuando o parasitismo e o vazio nacionais. A questão do aeroporto é prova de mais esse arrastar, com super vigilâncias sucessivas descambando em… nada. Sentimos vergonha de tanta estreiteza. Mas tudo isso tem a ver com a deficiente Educação, para mais, de indisciplina consentida pelo seu Ministério…

Por um Ministério do Futuro

Pensar Portugal a 20 anos tornou-se um imperativo da governação, para não se insistir em erros que prejudicam o funcionamento de serviços públicos, o desenvolvimento do país e o bem-estar da população

ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 29 jun. 2023, 00:2027

Em Portugal, há um orgulho nacional no desenrascanço, característica virtuosa que os portugueses atribuem a si mesmos — essa capacidade para improvisar soluções, apesar das contrariedades e da constante falta de meios. Funciona praticamente como uma fé colectiva de que, apesar de quase tudo se preparar sobre a hora e em cima do joelho, no final tudo correrá bem. E, em parte, até corre. Os exemplos mais evidentes são as organizações de grandes eventos (como as próximas Jornadas Mundiais da Juventude), cujos preparativos tardios provocam atropelos institucionais, impõem erros estratégicos, aumentam os custos e exigem um desgaste brutal de quem trabalha a contra-relógio — mas, no final, corre bem. E, assim, todos celebram patrioticamente o sucesso de cada iniciativa.

Tal como uma moeda, este orgulho nacional tem um outro lado. Aquilo que se olha como uma virtude, este desenrascanço dos portugueses, foi apurado por um vício com anos e anos: a indisponibilidade para planear, para reflectir a longo prazo, para antecipar riscos e para decidir em prol de soluções robustas e estruturais. Em Portugal, olha-se para os pés, em vez de para o horizonte — só é problema o que é urgente, tudo o que não for urgente não é problema. Eis uma vergonha nacional: auto-sabotamo-nos, porque esperamos sempre que os problemas se agravem antes de os tentar resolver.

No palco da política nacional, o perdurar deste vício arrasta consequências mais profundas do que muitos imaginam. Nem é preciso teorizar, basta ler as notícias: o país lida actualmente com uma série de desafios complexos e gravíssimos que resultam directamente desta ausência de planeamento. Três exemplos da actualidade: professores, SNS e TAP. Na Educação, vive-se em emergência por faltarem professores (que, envelhecidos, estão em idade de se aposentarem), quando há (pelo menos) uma década que este problema está identificado e zero medidas foram implementadas. Na Saúde, a falta de médicos no SNS e os encerramentos de serviços eram riscos há muito discutidos, face às más condições de trabalho no sector público (atraindo muitos para o sector privado) — pouco ou nada se fez para contrariar a tendência. Nas infraestruturas, a definição da localização do novo aeroporto de Lisboa arrasta-se anedoticamente há décadas, sobrecarregando a capacidade existente e prejudicando o desenvolvimento da cidade.

Ou seja, hoje fala-se em colapso da rede pública de educação ou de falhas graves no SNS simplesmente porque, no tempo devido, estes desafios foram identificados sem que nenhuma medida fosse implementada. Um governo que está em funções há quase oito anos é obrigatoriamente responsável por esta negligente incapacidade de ver a longo prazo e antecipar soluções. Mas, em boa verdade, nisso este governo não difere dos que o antecederam — a governação do país está viciada em resolver questões imediatas e adiar com a barriga os restantes dossiers, até que o seu agravamento justifique um espaço na agenda do Conselho de Ministros.

Seria da maior importância quebrar esse ciclo vicioso num próximo governo, sobretudo se liderado por quem pretenda ser alternativa (em vez de alternância). Pensar Portugal a 20 anos tornou-se um imperativo da governação, para não se insistir em erros ou negligências que, no fim do dia, prejudicam o funcionamento dos serviços públicos, o desenvolvimento do país e o bem-estar da população. Não é preciso inventar a roda. Um passo em frente seria, por exemplo, ter um “ministério do futuro” no organigrama do governo, dedicado a estudar tendências e identificar riscos sociais e políticos, para responsabilizar e obrigar os ministros das pastas sectoriais a lidar com esses desafios previsíveis de forma atempada.

POLÍTICA    PAÍS    CRESCIMENTO ECONÓMICO    ECONOMIA    GOVERNO

COMENTÁRIOS (de 27):

Alfaiate Tuga: Já disse e volto a dizer, o 44 deixou um Estado falido financeiramente e o Kosta vai deixar um Estado falido estruturalmente. O Estado não consegue atrair gente qualificada, paga pouco e não tem mecanismos para reconhecer (€€€) o mérito. Desta forma vê os mais antigos a acomodarem-se ao funcionalismo, ou seja vão fazendo qualquer coisa sem grande empenho até chegar a bendita aposentadoria e vê os mais novos a dar à sola para o privado ou a nem sequer entrarem no Estado. De 2014 até hoje o número de funcionários públicos aumentou em cerca de 75000 pessoas, mas depois não há médicos nem professores suficientes para manter o SNS e ensino público a funcionar convenientemente. Estes 75000 novos contratados serão essencialmente gente pouco qualificada que o PS contratou para tapar o buraco das 35 horas e comprar votos por atacado. Portanto, cada vez temos um Estado maior, mais caro, mas que também presta piores serviços a cada dia que passa. A falência financeira do Estado resolveu-se em 4 anos, com um empréstimo acompanhado de corte de despesa e aumento de receita (impostos) . A falência estrutural do Estado não será fácil de resolver, implica uma transformação profunda na massa de funcionários públicos, e na forma como são avaliados, há muitos que não fazem falta nenhuma que tinham de sair, para liberar recursos para poder pagar melhor aos que fazem falta, com a legislação actual não sei como é que isto se faz. Estou convicto de que o governo actual de forma deliberada está a fazer com que o Estado preste cada vez pior serviço para afugentar os utentes para o privado, a saúde e educação são disso exemplo. Há um conjunto cada vez maior de portugueses que praticamente o único contacto que tem com o Estado é através do ministério das finanças para pagar impostos e quando circulam em estradas nacionais ou municipais, pois a saúde e educação já são prestados por privados, estes pagam impostos para quê? Para terem umas forças armadas de brincar e uma polícia para caçar multas? O irónico disto é que os que estão a rebentar com o Estado são os que juraram a pés juntos estarem a defendê-lo.

Ana Silva:  “Pensar Portugal a 20 anos” tornou-se imperativo para os partidos políticos que se alinham para suceder ao governo socialista na governação do país. O socialismo não funciona. Nestes anos todos provou ser uma escola de corrupção, incompetência e nepotismo. Do governo não se pode esperar mais do que uma mentalização coletiva, alimentada com o dinheiro dos contribuintes, para a dependência do Estado, para além do confisco gritante (leia-se roubo institucionalizado) das pessoas que trabalham e produzem alguma riqueza. Mas o que fazem os partidos da Direita e do Centro-Direita? A questão é que, tirando o Chega, um CDS em extinção e os ultra-minoritários monárquicos, não há Direita. O PSD é mais do mesmo. É centro-esquerda, encostada ao PS. Por sua culpa, fruto da era Rio. Não tem uma visão de futuro ou se tem disfarça bem. Gere o presente como se vivesse no limbo, como se não lhe interessasse nada, nadinha, chegar ao poder mostrando músculo, capacidade de defrontar com realismo e competência os problemas estruturais de que padece o nosso país. Como alguém dizia um dia destes por estas bandas no Observador, está simplesmente à espera que o poder lhe caia no colo, sem esforço nenhum, por efeito do desgaste do governo de António Costa. Talvez nem queira chegar-se à frente, tal o rasto de destruição que o PS semeou por décadas passadas e nutre com desvelo para as décadas futuras… Esgota as energias em bater vilmente no Chega, em vez de se  mobilizar pelo próprio mérito, pela apresentação de uma proposta credível, séria, mobilizadora da mudança. Em vez de pensar no país e nos filhos que partem sem vislumbrarem um futuro em solo pátrio. Vai ser necessário muito trabalho e espírito de sacrifício para inverter esta tendência nacional suicida, implementada pelos socialistas. Não há o mínimo esforço da parte do partido da oposição maioritário, que já o é há sete anos, mas a culpa é, para todos os efeitos, da iliteracia política dos portugueses. Nota: Portugal é a pátria dos portugueses e não um território europeu onde simplesmente residimos. Há toda uma memória histórica de oito séculos a prová-lo. Não são balelas ideológicas, como a do multiculturalismo globalista importado sem pudor pelo Costismo.

Carlos Chaves > Ana Silva: Caríssima Ana Silva, concordo em absoluto com este seu texto, obrigado. Ainda ontem o Sr. Montenegro (consta que seja o líder da oposição) apareceu com inaceitáveis declarações populistas bem ao jeito dos socialistas. Não é que os salários não devam subir, mas devem subir segundo as regras da economia e não por decreto como tanto gostam os socialistas/comunistas! E este tipo de comportamento tem sido uma constante, mesmo quando o “senador” social democrata com provas dadas, o Professor Cavaco Silva, vem a terreiro explicar como se faz.                                        

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Não digo que seria mal

 

Por enquanto, não passa de sonho. Para mais que na caixa de Pandora a Esperança é a última a desaparecer, conquanto na cartilha cristã, ela fique entre a Fé e a Caridade, além de que pertence mais ao foro divino, como virtude teologal, o que a torna menos acessível, sobretudo se formos buscar a Caridade, por cortesia. Hitler foi mais dinâmico – digo, na extinção pessoal - embora retardada, para a esperança generalizada. Além de que Putin não vai nesses conceitos teológicos, por muito que o Papa Francisco tente encaminhá-lo, o que eu acho uma imoralidade, o dar-lhe troco, se bem que também tenhamos o nosso Guterres virtuoso, a ir lá, à mesa, sem se importar com a distância longitudinal estabelecida, dificultando com certeza a audição entre ambos, de resto, sem isso aquentar nem arrefentar, dada a vacuidade da tentativa. Entretanto, Putin vai destruindo o que pode, na Ucrânia. É bem certo que são os seus homens, não ele, que tem daí as mãos lavadas, já Pilatos fora assim, drástico mas sem dar o corpo – naturalmente com as mãos incluídas, ao manifesto, que é papel dos governantes explicar as decisões e mandar outros cumpri-las. Por isso não sei se tem razão, João Marques de Almeida, na sua afirmação de que a guerra na Ucrânia acabará com Putin, ele saberá defender-se, e tem bons apoios no seu povo admirador, para além de outros povos auxiliares das suas diversões explosivas.

A guerra na Ucrânia vai acabar com Putin

Quando a oligarquia de Moscovo chegar a um consenso sobre a pessoa que irá defender os seus interesses, Putin chega ao fim. Será o único culpado da guerra e abandonado por todos.

JOÃO MARQUES DE ALMEIDA Colunista do Observador

OBSERVADOR, 28 jun. 2023, 00:3226

Putin não acredita na existência de uma nação ucraniana. Podia não existir, mas a guerra iniciada em Fevereiro do ano passado, criou uma nação na Ucrânia. Ninguém sabe quais serão as fronteiras do Estado ucraniano, mas já todos perceberam que a Ucrânia é um país independente. Muitas vezes, a soberania conquista-se nos campos de batalha.

Se não integrasse o território ucraniano na Rússia, Putin queria transformar a Ucrânia num protectorado russo com soberania limitada. Não sendo uma grande Crimeia, teria que ser uma nova Bielorrússia. Nada disso vai acontecer. A Ucrânia estará, mais tarde ou mais cedo, na NATO e na União Europeia. Mais uma vez, graças a Putin. O Presidente russo também já conseguiu que dois países, tradicionalmente neutrais (a Finlândia e a Suécia), tivessem entrado na Aliança Atlântica.

Com a ocupação da Ucrânia, Putin queria mostrar que a Rússia ainda é uma grande potência. Mas a sua incapacidade de derrotar a Ucrânia apenas mostra que a Rússia já não é uma grande potência mundial. Foi despromovida para a categoria de potência regional.

A revolta do grupo Wagner no fim-de-semana passado mostra que a guerra na Ucrânia está a enfraquecer o regime de Putin. Se não houvesse guerra, ou se a Rússia estivesse a ganhar, nada teria acontecido. A partir de agora, a principal questão já não é quem ganha a guerra, mas por quanto tempo se aguentará Putin no poder?

Aliás, Putin deu razão a todos aqueles que têm condenado a guerra. Chamou ao grupo Wagner uma organização terrorista. Tem toda a razão. Mas esses terroristas, desde a Crimeia e Donbass em 2014, lutam ao lado de Putin. Os terroristas foram usados por Putin para fazerem guerras em nome da Rússia. Matam inocentes, e reduzem cidades a cinzas, como têm feito na Ucrânia. Porquê? Porque Putin começou uma guerra de ocupação. E agora tem o descaramento de chamar de terroristas àqueles que lutam por ele há uma década. Putin confessou a todo o mundo que é o líder de um regime terrorista. Esse regime iniciou o caminho para o fim no dia em que invadiu a Ucrânia.

Quando a oligarquia de Moscovo chegar a um consenso sobre a pessoa que irá defender os seus interesses, Putin chega ao fim. Será o único culpado da guerra e abandonado por todos. Até o Presidente chinês, Xi, abandonará o seu “amigo” Putin. Há limites para o regime chinês apoiar aventuras de quem começa guerras e não as consegue ganhar.

VLADIMIR PUTIN   RÚSSIA   MUNDO   GUERRA NA UCRÂNIA   UCRÂNIA   EUROPA

COMENTÁRIOS (de 26):

Fernando CE: E o “nosso” PCP? Como conseguem dormir os dirigentes desse partido, sobretudo os que se têm pronunciado publicamente a favor - ou pelo menos justificando-o - do regime criminoso de Putin quando vêem a destruição de vidas civis causadas pela guerra? Cegueira ideológica que se repetiria caso alguma vez tomassem o poder em Portugal, justificando os meios pelos fins, como aconteceu durante o PREC.               João Floriano > Fernando CE: Não estou nem um pouco preocupado com as insónias do PCP. Estou sim incomodado por ver na AR um partido destes ostensivamente anti Ocidente, anti Nato, anti UE, partido que sempre foi bajulado pelo PS, que tem aceitação na CS e no mundo sindical. Preocupa-me muito mais «dormir com o inimigo» da democracia, adorador de estados autocráticos e de ditadores abomináveis.                   Paulo Silva: Quem dera uma bola de cristal… O que sei é que Putin é um saudosista do Império russo e um admirador dos tempos áureos do expansionismo soviético. Quando chegou à idade adulta e ingressou no KGB, a defunta URSS começava a trajectória de descida e nada podia fazer – o ‘período de estagnação’, Zastoi. Criticou o regime dos gulags, não por pruridos morais ou humanistas, mas por causa dos erros estratégicos que destruíram o poderio da superpotência. Recusou-se a aceitar que a era dos Impérios na Europa tinha acabado.               João Floriano: Uma questão: a Suécia já é membro da NATO? Não havia entraves por parte da Turquia devido aos refugiados curdos na Suécia? A Rússia nunca será uma potência regional devido ao seu arsenal nuclear. A Rússia é uma potência à beira da implosão, o que a torna particularmente perigosa. Como será a era pós Putin? Atrevo-me a pensar que será ainda mais assustadora porque como alguém dizia ontem num comentário: Putin já é velho conhecido do Ocidente. Quem vier depois pode ser um ilustre desconhecido ainda mais nacionalista e obcecado pelo renascimento imperialista da Rússia. A guerra na Ucrânia tem todas as possibilidades de não acabar com Putin, mas de alastrar a outras regiões.

Trata-se de resgate

 

Não de rapto, por banditismo. Puro resgate, repito, no receio - russo - de que as crianças ucranianas morram no conflito. Às vezes cometem-se injustiças, nos julgamentos apressados. Também nos lentos, é certo. Outros feitos se revelam, neste 490º dia, desta vez de Prigozhin, lá pelas férteis Áfricas. O tempo passa a correr. Por vezes mais depressa do que era suposto.

GUERRA NA UCRÂNIA

Alertas activos

Ponto de situação. O que aconteceu durante o 490.º dia de guerra na Ucrânia?

Cardeal do Vaticano está na Rússia em missão de paz. Número de mortos em Kramatorsk sobe para 11. General russo terá tido conhecimento prévio da rebelião de líder do grupo Wagner.

ADRIANA ALVES: Texto

TIAGO CAEIRO: Texto

CAROLINA SOBRAL: Texto

OBSERVADOR, 28jun.2023

Passaram 490 dias desde que as tropas russas invadiram o território ucraniano. O Ministério da Defesa russo confirmou esta quarta-feira que realizou um ataque à cidade de Kramatorsk, mas garantiu tratar-se de um “posto de comando temporário” do exército ucraniano. A informação contrasta com as acusações das autoridades ucranianas, que alegam que Moscovo lançou um ataque com mísseis a um restaurante local.

Ao longo do dia foram sendo conhecidos novos detalhes sobre a rebelião liderada pelo chefe do grupo Wagner, contra a liderança militar russa. Segundo a imprensa norte-americana, Yevgeny Prigozhin terá antecipado a rebelião em alguns dias, após os serviços de informações russos terem descoberto os planos do mercenário mais cedo do que o previsto. O general russo Sergei Surovikin, ex-comandante das forças russas na Ucrânia, terá tido conhecimento prévio dos planos de insurreição.

Estes são os principais acontecimentos que marcaram as últimas horas:

O que aconteceu durante a tarde?

O porta-voz do Kremlin rejeitou as alegações de um relatório das Nações Unidas que apontava que a Rússia violou os direitos das crianças na Ucrânia. Dmitry Peskov garantiu que as forças russas estão a resgatar crianças das zonas de conflito.

O secretário-geral da NATO convocou 0s responsáveis da Turquia, Suécia e Finlândia para uma reunião em Bruxelas, no dia 6 de julho, para resolver o bloqueio de Ancara e concluir a adesão de Estocolmo à aliança.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky garantiu que uma parte dos mercenários do grupo Wagner ainda se encontra na Ucrânia. Numa conferência de imprensa avançou que se encontram na região de Lugansk.

O porta-voz do Kremlin confirmou que o cardeal Matteo Zuppi, enviado especial do Papa Francisco, já chegou a Moscovo. “Valorizamos muito os esforços e as iniciativas do Vaticano”, afirmou Dmitry Peskov.

Por ocasião do Dia da Constituição da Ucrânia, que se celebra hoje, Volodymyr Zelensky discursou no Verkhovna Rada (parlamento ucraniano). O Presidente sublinhou que a Ucrânia se tornou num “centro global de coragem”.

O que aconteceu durante a manhã?

A Lituânia comprou dois sistemas avançados de mísseis terra-ar NASAMS à empresa norueguesa Kongsberg que serão entregues à Ucrânia dentro de três meses, anunciou o Governo lituano.

A Croácia reconheceu o Holomodor como genocídio do povo ucraniano. O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já agradeceu a votação “histórica” no parlamento.

As forças armadas ucranianas têm feito “alguns avanços” sob o território ocupado, avançou o ministro da Defesa ucraniano. No entanto, estes não foram tornados públicos pelo exército de forma a evitar que as tropas sejam expostas.

São já 11 os mortos contabilizados na sequência de um ataque russo, com mísseis, a um restaurante a Kramatorsk, na região de Donetsk, avançaram as autoridades ucranianas. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) revelou que um homem foi detido na cidade por suspeitas de ter colaborado no ataque.

Os EUA sancionaram um indivíduo e quatro empresas ligadas ao grupo mercenário Wagner e ao seu líder, Yevgeniy Prigozhin, envolvidos em transacções ilegais de ouro para financiar as suas atividades.

GUERRA NA UCRÂNIA    UCRÂNIA    EUROPA    MUNDO    RÚSSIA

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Amanhã o que será?

 

NOTAS DO OBSERVADOR

Ontem,  27/6/23

GUERRA NA UCRÂNIA OBSERVADOR, 27/6/23

Lukashenko: "herói" Prigozhin está sob pressão

Presidente bielorrusso confirmou que líder do grupo Wagner está no país a "descansar", e reiterou estar do lado de Moscovo. "Se a Rússia colapsar, nós vamos permanecer debaixo dos escombros", disse.

GUERRA NA UCRÂNIA

Putin: militares russos evitaram "guerra civil"

Putin garante que a Rússia não teve de desmobilizar tropas russas dos territórios ocupados na Ucrânia para responder à rebelião do grupo Wagner — que, se fosse bem sucedida, teria trazido o "caos".

GUERRA NA UCRÂNIA

Ex-CIA avisa Prigozhin para se afastar de janelas

Acumulam-se desde o início da guerra as notícias de oligarcas russos que morrem em circunstâncias estranhas, muitas vezes com quedas aparatosas. Petraeus admite que o mesmo pode acontecer a Prigozhin.

(BCE. Lagarde atira às margens de lucro de empresas

Presidente do BCE diz que vivemos uma "segunda fase" do surto inflaccionista e sublinha que as empresas têm de sacrificar as suas margens para acomodar as inevitáveis subidas salariais.)

GUERRA NA UCRÂNIA

Lukashenko: a vitória rápida, mas pouco sólida

No imediato, a imagem de Lukashenko sai reforçada: passa a ser visto como um potencial mediador do conflito. No Kremlin, ganha créditos junto de Putin, o aliado de longa data.

GUERRA NA UCRÂNIA

Em directo/ "É uma questão de tempo até alguém desafiar Putin"

22:2 Buscas por sobreviventes a ataque a restaurante continuam

22:17Zelensky ataca "russos selvagens" devido a ataque com mísseis a Kramatorsk

21:38Ataque em Kramatorsk. Autoridades actualizam número de mortos para quatro

20:28Ataque em Kramatorsk. "O inimigo não quer que a vida retorne à normalidade na Ucrânia", diz Olena Zelenska

20:16 Ataque em Kramatorsk. Número de mortos sobe para três. Uma das vítimas é uma criança

19:40 Pelo menos duas pessoas morreram e 22 ficaram feridas em Kramatorsk

NATO

Grupo Wagner. Polónia pede reforços à NATO

Presidente polaco diz que ida dos Wagner para a Bielorrússia "é um sinal muito negativo" e uma ameaça à região. "Já vimos as capacidades destes mercenários" defende chefe da diplomacia da Letónia.

GUERRA NA UCRÂNIA

Navalny. Putin é "uma ameaça para a Rússia"

O opositor russo, Alexei Navalny, detido desde 2021, diz que o regime de Putin "é tão perigoso para o país que mesmo o seu inevitável colapso constitui uma ameaça de guerra civil".

GUERRA NA UCRÂNIA

Lukashenko: "herói" Prigozhin está sob pressão

Presidente bielorrusso confirmou que líder do grupo Wagner está no país a "descansar", e reiterou estar do lado de Moscovo. "Se a Rússia colapsar, nós vamos permanecer debaixo dos escombros", disse.

 

HOJE, 26/6/23

GUERRA NA UCRÂNIA

Lukashenko: a vitória rápida, mas pouco sólida

No imediato, a imagem de Lukashenko sai reforçada: passa a ser visto como um potencial mediador do conflito. No Kremlin, ganha créditos junto de Putin, o aliado de longa data.

GUERRA NA UCRÂNIA

Como o Kremlin e os Wagner negociaram fim do motim

Insurreição dos mercenários durou menos de 24 horas e acabou num recuo de Prigozhin. Mas, nos bastidores, várias negociações contribuíram para evitar a confrontação armada.

GUERRA NA UCRÂNIA

Grupo Wagner. Polónia pede reforços à NATO

Presidente polaco diz que ida dos Wagner para a Bielorrússia "é um sinal muito negativo" e uma ameaça à região. "Já vimos as capacidades destes mercenários" defende chefe da diplomacia da Letónia.

Precisão nos dados


Salientes na temática que Helena Garrido explora, com a competência de sempre, e bem assim os comentadores. Acomodamo-nos todos bem, biquinhos abertos, no ninho, esperando o cibo, foi dito e redito. Sem cura, todavia. Acomodadamente.

A política de distribuir as sobras

Em vez de política orçamental vivemos na táctica popular de distribuir as sobras do dinheiro do Estado, numa lógica de “bodo aos pobres”. Podia ser diferente.

HELENA GARRIDO Colunista

OBSERVADOR, 27 jun. 2023, 00:2028

A nova regra de política orçamental em Portugal parece ser distribuir dinheiro quando há folga nas contas públicas. Ou será antes uma regra de manutenção do poder, criando um exército cada vez mais alargado de dependentes do Estado, sem capacidade de iniciativa nem qualquer motivo para se mobilizar de forma a aumentar o seu rendimento. O ministro das Finanças diz que não quer dar um passo maior do que a perna, mas talvez não saiba o tamanho da perna e por isso demite-se de ter uma política de finanças públicas, que nos afaste estruturalmente do risco de colapso financeiro, optando pelo “bodo aos pobres” que garante votos.

Foi agora com a divulgação das contas nacionais relativas ao primeiro trimestre que percebemos de onde veio a generosidade do governo para com os funcionários públicos, os pensionistas, as famílias mais vulneráveis, os inquilinos e os que têm prestação por crédito à habitação. O primeiro trimestre deste ano foi marcado por um excedente orçamental histórico. Na ótica da contabilidade que é relevante para Bruxelas, as administrações públicas registaram um excedente orçamental de 761,3 milhões de euros, o equivalente a 1,2% do PIB.

Os primeiros apoios chegaram logo em meados de Fevereiro com o designado pacote “Mais Habitação”. Aí se consagra uma ajuda à renda de casa que pode ir até ao máximo de 200 euros. Começaram a ser pagos em meados de Junho, desencadeando a decepção de alguns inquilinos, depois de o Governo, através de um despacho do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Nuno Félix, ter “interpretado” o decreto-lei, considerando que a taxa de esforço de 35% se devia calcular com o rendimento bruto e não com o rendimento colectável (mais baixo), o que reduz os apoios. Aparentemente, e de acordo com o Diário de Notícias, a formulação do decreto-lei levava a que o custo desta medida atingisse os mil milhões de euros, quando o Governo esperava gastar 250 milhões de euros, verba consagrada no Programa de Estabilidade, e que se prevê que dure até 2027. Esta ajuda à renda começou a ser paga também em Junho, incluindo-se neste pacote a bonificação de juros para o crédito à habitação, com um custo previsto, apenas para este ano, de 200 milhões de euros.

O segundo apoio foi logo anunciado em finais de Março, dirigido às famílias mais vulneráveis no montante de 30 euros mensais, pagos trimestralmente, mais 15 euros por dependente. O custo desta medida, que se pode ver no Programa de Estabilidade 2023-27 é de 580 milhões de euros. O primeiro montante foi recebido pelas famílias em Maio e o segundo em Junho. É uma ajuda mais focada, respeitando melhor as orientações de evitar apoiar quem não precisa, como de alguma forma aconteceu no final de 2022.

Na mesma altura, em Março, foi anunciado um aumento intercalar de 1% para a função pública e a subida do subsídio de refeição em 80 cêntimos para 6 euros. Começou a ser pago em Maio com retroativos a Janeiro e tem um custo bruto estimado de 388 milhões de euros. (O encargo líquido é de 456 milhões de euros porque a esse valor é preciso somar o IRS e as contribuições que se perdem no caso do aumento do subsídio de refeição – 163 milhões ao todo – e subtrair 95 milhões que se ganha em mais IRS e contribuições pelo aumento salarial). E este é um valor que fica para sempre na despesa.

É também em Março que é anunciada a redução do IVA para zero num cabaz de produtos alimentares, depois de uma enorme resistência do Governo e mesmo assim alvo de criticas por beneficiar quer as famílias vulneráveis como as de mais elevados rendimentos. Uma decisão que custa 410 milhões de euros.

Em Abril é anunciado o aumento intercalar das pensões, em 3,57%, a ser pago a partir de 1 de Julho. Esta é uma correção que pretende responder às críticas que foram feitas ao Governo quando deu, o ano passado, uma prestação única e aumentou as pensões em Janeiro apenas pela metade do que está previsto na lei. De acordo com o Plano de Estabilidade, esta atualização significa mais 500 milhões de euros.

Foram seis anúncios de aumentos, apoios e redução do IVA que começaram em Fevereiro e acabaram em Abril. A seguir aos anúncios chegam os pagamentos que se vão prolongando. São medidas de distribuição de dinheiro que são tomadas passo a passo, crescendo à medida que o Ministério das Finanças percebe que vai ter os cofres cheios. Ao todo e por junto, estas medidas correspondem a  um custo orçamental adicional de quase 2,4 mil milhões de euros.

Claro que podemos considerar que o aumento dos funcionários públicos é justo, pela perda de poder de compra que têm tido, e que a correção do valor das pensões mais do que justa corresponde ao cumprimento da lei. O problema é a forma como se vai adoptando estas medidas, como se de um prémio se tratasse. Uma tática que temos legitimidade de considerar que tem como objetivo manter os votos deste segmento muito elevado da população – funcionários públicos e pensionistas.

Resolvem-se muito lentamente os problemas estruturais dos salários da função pública e vai-se dando aumentos aqui e ali. Não se resolve o problema das pensões e vai-se dizendo aos pensionistas que se paga o que determina a lei se houver dinheiro. E se ou quando não houver dinheiro? Os funcionários públicos regressam aos cortes da era da troika e os pensionistas também?

O apoio às famílias mais vulneráveis é o único que, na actual conjuntura, tem racionalidade. A inflação, especialmente esta que tem sido mais elevada na alimentação, é um pesado imposto para quem tem rendimentos baixos.

Mas todos os outros apoios, nomeadamente os relacionados com a habitação e até com o IVA zero já são mais discutíveis. Os apoios à renda e a bonificação dos juros não resolvem problema nenhum. Teria sido preferível aumentar o apoio às famílias vulneráveis, em vez de entrar neste modelo de ajuda a quem é inquilino ou quem comprou casa. Mas a ideia aqui, tal como está a acontecer com o PRR, é espalhar dinheiro pelo maior número de pessoas possível.

Percebe-se que Fernando Medina joga pelo seguro, esperando para ver se tem dinheiro para depois o distribuir. Prefere ir dando dinheiro com um carácter excepcional do que reduzir impostos, ficando com menos receitas cuja recuperação, se a conjuntura o exigir, tem elevados custos políticos.

Mas esta forma de gerir as contas públicas tem um perfil mais de “politics” do que de “policy”, contribuindo igualmente para uma cultura de dependência do Estado, de subsidiodependência, de esperar que o dinheiro caia do céu. Obviamente que é uma receita ganhadora para quem tenha como único objectivo a perpetuação no poder e não a criação de uma sociedade madura, responsável e desenvolvida.

A política orçamental deixou de existir. Temos agora uma política de gestão do dinheiro que vai sobrando. E é isso que Fernando Medina irá fazer, escolher o saldo orçamental que quer e depois distribuir o resto pelo povo, em apoios populares. E podia ser diferente, porque há dinheiro para mudar estruturalmente o Estado, garantindo melhores serviços públicos com menos despesa e, ao mesmo tempo, reduzir mais rapidamente a dívida. Vivemos um tempo de oportunidades perdidas porque a função objectivo de quem nos governa está apenas concentrada em manter o poder – ou só sabe fazer política económica desta maneira.

GOVERNO    POLÍTICA    ORÇAMENTO DO ESTADO    ECONOMIA

COMENTÁRIOS (de 30):

José Manuel Pereira > Maria Clotilde Osório: Muito bem              Rui Pedro Matos > Maria Clotilde Osório: Acertado!          Jose Carlos Fonseca: HG podia explicar "preto no branco" como se garantem melhores serviços públicos com menos despesa.             Maria Clotilde Osório: Chama-se "bodo aos pobres". Pobres de espírito. E, mesmo assim, os números da pobreza aumentam? E os jovens emigram? Em tempos houve um governo que tentou implementar medidas negociadas pelo PS com os credores externos. A CS, Helena Garrido incluída, passaram o tempo a reclamar. A Dra Ferreira Leite rasgou as vestes com os cortes nas pensões mais altas (sim, porque as mais baixas não foram afectadas). A CS fez coro. O aeroporto estava cheio de pais chorosos a despedir-se dos rebentos. Agora, os pais ficam chorosos mas ninguém quer saber. CS incluída. E podia continuar. A política de distribuir sobras rende muito mais aplausos do que a política de planear e desenvolver uma estrutura de futuro para o país. A CS promove isso. A pobreza de espírito e a dependência. No fundo, a CS também vive do bodo.                  Filipe Paes de Vasconcellos: A “GENIALIDADE” DO PS!: 1 - O PS em 50 anos esteve 25 no governo. 2 - No período de 1986 a 2022, 36 ( TRINTA E SEIS) anos, Portugal recebeu de fundos comunitários 160 000 000 000 (CENTO E SESSENTA MIL MILHÕES DE EUROS ). 3 - O PS desses 25 anos de des(governo) formou governos que levaram o país, por 3 (TRÊS) vezes à falência. 4 - Resultado do socialismo: mais de 4 000 000 (QUATRO MILHÕES) de pobres e subsídio - dependentes que se esganam, digo bem!, por um salário de 750 ( SETECENTOS E CINQUENTA)€ e um subsídio de renda de 25 (VINTE E CINCO)€ 5 - Cuidados de saúde nem ver! Estás doente, cuida-te ou volta mais tarde! Cerca de 2 000 000 (DOIS MILHÕES ) sem médico de família. 6 - Justiça nem ver! Se queres valer os teus direitos esquece, não arranjes problemas! E já agora rouba à vontade! 7 - Educação, para quê? Tens sempre a passagem de ano garantida porque aqui  não entra a exigência da direita e dos fascistas! 8 - Por último: Mintam à vontade porque assim o povo socialista e os seus membros do governo já podem continuar a mentir à bruta não precisando de ter aquele mínimo de pingo de vergonha na cara! Sejamos todos cobardes tal quais os ditos! Conclusão: estas “sumidades” que falam para os Portugueses e até para os deputados, do alto da sua cagança, deviam ir a julgamento por má gestão dos dinheiros públicos. Portugal deveria entrar de luto prolongado. E ninguém se revolta !? E ninguém vai preso !? CHIÇA !!! Já agora1:na semana passada fui a um dos grandes Hospitais públicos de Lisboa e o elevador que apanhei estava completamente às escuras e cheio de doentes. Mas, que maravilha, ao menos funcionava! Há cerca de um mês fui ao Palácio de justiça, também havia 2 elevadores só que um deles estava selado por falta de assistência.            JA 2.: Até dói ao sentirmos a impressão de como recuámos a níveis de qualidade de serviços públicos idênticos aos anos 60 do século passado.               Sérgio: O toine nepotista e mafioso deve andar num desespero a vender-se e a comprar tudo e todos, típico vendedor de banha da cobra! Ele sabe que as "contas certas" é uma treta e está mortinho por deixar a batata quente para outros...Nunca tivemos tanta despesa fixa com o número recorde de FP e não fosse a "bazuca" teríamos já cá a TROIKA! Que raio de masoquista quereria na UE um estadista deste calibre?!? Um manhoso, aldrabão, manipulador, mentiroso, nepotista, incompetente, despesista, desleixado e rodeado de criminosos e envoltos em problemas de corrupção e favorecimento e roubo e condenados.... O chefe do gang que nos arrasta para a cauda da Europa e OCDE e que nos empobrece e, tudo isto com a maior divida e carga fiscal da história! Que arruinou por completo o SNS, educação, justiça, entidades reguladoras, empresas públicas, saúde.... Seria o maior tiro na credibilidade da UE e Bruxelas!                 João Ramos: A política de Costa é manter o poder e a mediocridade, pois não sabe fazer mais nada!                JOSÉ MANUEL: Diria antes "a política de distribuir miséria" para obrigar as pessoas a mendigar sobras…           JOSÉ MANUEL: complementando o meu anterior comentário, algo que me surpreende é o facto de a comunicação social, em paralelo com o óbvio empobrecimento da população, particularmente da antiga classe média, assistir muda ao escandaloso e desproporcionado enriquecimento da turma propaladora da igualdade, e basta apenas pensar na reforma do inútil Pinho, da indemnização colocada nas unhas da Alexandra antes de lhe darem mais um tachão, ou a remuneração da dona Cabrita ou do Sentino. E ficam ainda escandalizados com a comparação com o porco Napoleão?                     Fernando CE: Muito bom. Costa só sabe governar para manter o poder. Não tem engenho nem coragem para mais.            joaquim zacarias: A política distributiva tem um nome. Socialismo. E é praticada por todos os partidos de esquerda, em quase todos os países do mundo. O nosso drama, é que os portugueses adoram o pai estado, e corremos o risco de dentro de um ano, sermos o único país da Europa, com um governo socialista.                José Carvalho: Tudo começou na velha Roma: começaram a repartir trigo pela população, que era pobre porque a economia não funcionava, e todos sabemos como a coisa acabou. Com esta política de esmolas do governo do PS, só nos falta saber se acabamos comidos pelos bárbaros do Norte ou pelos do Sul.                Carlos Chaves: Caríssima Helena, artigo certeiro descrevendo o método de como criar pobres e dependentes eternizando os algozes no poder! Contudo não concordo com esta sua frase – “Temos agora uma política de gestão do dinheiro que vai sobrando”…. Proponho a seguinte alteração - “Temos agora uma política de gestão do dinheiro que o governo vai esbulhando aos Portugueses!            Rui Pedro Matos: Mais um artigo em que a dra. Helena Garrido articula o NIM. Da minha parte, apenas percebo que estou cada vez mais empobrecido, face ao custo real dos bens e serviços que utilizo e usufruo. Infelizmente a dra. Helena não referiu a aproximação brutal entre salários dos licenciados e não licenciados, como medida de política de empobrecimento deste governo...