segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Provavelmente


Temos nós culpa, pascácios que somos, habituados à canga da subalternidade… Há sempre quem se aproveite e saiba gerir o seu sustento, a partir das côdeas do nosso. Hábitos antigos das nossas luzes baças.

As figuras do Estado

A primeira figura do Estado não sabe o que diz. A segunda figura do Estado manobra para vir a ser a primeira. Já a terceira figura do Estado faz de conta que não percebe o estado a que levou o Estado

HELENA MATOS, COLUNISTA DO OBSERVADOR

OBSERVADOR, 30 out 2022, 00:23103

Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto Santos Silva e António Costa. Ou dito de outra forma: as três principais figuras do Estado. O primeiro é Chefe de Estado e o mais alto magistrado da Nação (seja isso o que for). O segundo é Presidente da Assembleia da República de Portugal. O terceiro é o Primeiro-Ministro. Marcelo Rebelo de Sousa, a primeira figura do Estado, não sabe o que diz. Augusto Santos Silva, a segunda figura do Estado, manobra para vir a ser a primeira ao mesmo tempo que recupera o silêncio do PS sobre José Sócrates. António Costa, a terceira figura do Estado, faz de conta que não percebe o estado a que levou o Estado.

Augusto Santos Silva, o desaludido. Porque um texto não tem de se arrumar como as cerimónias oficiais, comecemos pela segunda figura do Estado. Este atropelo no protocolo está mais que justificado com a frase proferida pela segunda figura do Estado a trabalhar para vir a ser primeira durante a entrevista à CNN: E quanto às questões a que quer aludir, elas estão em justiça. Deixemos a justiça tratar. Porque eu também sou uma das pessoas que gostará de saber o que é que realmente se passou.”

Esta frase faz parte da resposta de Santos Silva à pergunta: “Foi, de facto, um defensor muito forte de José Sócrates. E há quem diga que não fez autocrítica suficiente. Não se apercebeu de algumas das coisas de que depois José Sócrates foi acusado e que estariam a acontecer?” e é um condensado sobre a arte da desresponsabilização.

Santos Silva começa por não nomear o assunto por que estava a ser interrogado, são apenas as “questões a que quer aludir”. Em seguida recorre ao mantra desculpabilizante do “Deixemos a justiça tratar.” Por fim, rematou o assunto com uma afirmação que diz tudo sobre o que realmente pensa: “eu também sou uma das pessoas que gostará de saber o que é que realmente se passou.” Realmente? Porquê realmente? Aquilo que a investigação policial revelou e as palavras de Sócrates em sua defesa nos mostraram sobre a desrazoada vida do ex-primeiro-ministro não chegam para que Santos Silva saiba que, independentemente daquilo que a justiça vier a decidir, estamos realmente perante um escândalo político?

Na entrevista à CNN ficámos a saber também que a segunda figura do Estado faz sandes e lava louça (eu prefiro fazer máquinas com roupa seleccionada por cores mas aceito sugestões para sandes que resistam a umas horas de calor na praia). Mas a segunda figura do Estado, que para mais quer ser primeira, tem perceber que das sandes e da louça só fala se quiser. Já sobre a actuação de José Sócrates a opção não se coloca: deve-nos explicações não sobre Sócrates mas sobre si mesmo. Não viu? Não percebeu? Ou acha que não existe nada de criticável? E também temos de saber porque recusou que fosse mostrada no parlamento a exposição “Totalitarismos na Europa”, dedicada aos crimes cometidos por regimes fascistas e comunistas em diversos países europeus. Ou porque bloqueia a atribuição de uma vice-presidência ao Chega

 Marcelo Rebelo de Sousa, o estrafegado: “Aumentar juros a este ritmo não é para curar o doente, é estrafegá-lo“. Marcelo, a primeira figura do Estado, foi à Gulbenkian. Ouviu Vítor Constâncio e pouco depois aconteceu o momento “Marcelo Rebelo de Sousa a falar aos jornalistas”, sucessor do momento “Marcelo a descrispar”. Os momentos “Marcelo Rebelo de Sousa a falar aos jornalistas” sucedem-se a um ritmo avassalador. Em queda nas sondagens, o presidente reage perante os microfones como uma fada diante de uma varinha de condão partida: repete os gestos e os truques, interiormente esperando que o feitiço aconteça de novo e que a magia da popularidade regresse. Cada falhanço acentua o dramatismo da tentativa seguinte.

As declarações de Marcelo a propósito da subida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE) não são sobre a subida das taxas de juro nem sobre o BCE e muito menos sobre os impactos desta subida. O estrafegado que estrebucha nas palavras de Marcelo afinal é ele mesmo, pois é ele quem se sente a estrafegar. Durante anos as intervenções do BCE garantiram juros baixos e permitiram a Portugal manter a ilusão de que o crescimento resultava da conjugação entre o optimismo da primeira figura do Estado e o optimismo irritante da terceira figura do Estado: devidamentos adicionados e agitados em noticiários festivos, os dois óptimos geravam um país positivo, até o melhor do mundoA inflação veio pôr fim a esta auto-ilusão. E Marcelo estrafega porque não vislumbra saída. Ou melhor dizendo começou logo a vislumbrar quando teve aquele momento “falar aos jornalistas”: vai atacar a subida dos juros e também o BCE. A primeira figura do Estado entrou em auto-estrafegamento e não se vê como se libertará do nó que colocou à volta do seu próprio pescoço. Quanto a nós devemos dar graças por estarmos no euro pois alguém tem dúvidas sobre o que nos teria acontecido caso tivéssemos moeda própria? Venezuela da Europa seria a definição mais apropriada.

António Costa. O contrariado. A terceira figura do Estado procura uma forma de deixar de ser a terceira figura do Estado. A maioria absoluta tornou-se uma armadilha para António Costa. Em primeiro lugar, a maioria absoluta privou-o daquilo que gosta e sabe fazer: gerir equilíbrios até atingir aquele zénite que se basta a si mesmo ou, na mais excêntrica das situações, em que se faz alguma coisa para que tudo permaneça na mesma. Em segundo, a existência de uma maioria absoluta veio lembrar, sobretudo àqueles que não são figuras do Estado, que as figuras do Estado têm agora condições para fazer reformas. Ora a terceira figura do Estado não quer reformar nada. Que lhe lembrem que tem condições para o fazer causa-lhe uma irritação nevrálgica. Em terceiro, o fim da maioria absoluta deixou os seus antigos parceiros livres para serem oposição. E a terceira figura do Estado sem paciência para os ouvir.

Em resumo, a terceira figura do Estado quer continuar a ser figura mas de preferência fora deste Estado. A segunda quer ser primeira a vários custos e a primeira esquece-se do Estado.

MARCELO REBELO DE SOUSA   PRESIDENTE DA REPÚBLICA   POLÍTICA   AUGUSTO SANTOS SILVA   PAÍS   ANTÓNIO COSTA

COMENTÁRIOS:

bento guerra O censor foi ver se havia "respeitinho"...               António Lamas: Três Tristes que para mal dos portugueses coincidiram no tempo. Dá vontade de pedir um Filipe II. Se Marcelo sofre de infantilidade e vaidade, Costa de má educação e sonha com a aplicação do Princípio de Peter, o pior é o cerebral SS. Cínico, maldoso, intriguista, podia ser um ideólogo de uma qualquer ditadura. Está quase              Vitor Batista Fenomenal! já li grandes crónicas da Helena Matos mas esta é sublime, deveria ser mostrada nas escolas, e ser lida em voz alta perante todos os portugueses, sejam eles analfabetos, analfabrutos ou com outra "qualidade" qualquer . Esta trupe ter cometido tropelias no passado até se desculpa, agora o que não tem perdão é um povo que é chamado a gerir o seu próprio destino, não aceitar a verdade que lhe gritam de que o Rei vai nu, condenaram o país à indigência e à miséria, como se pode constatar com o aumento avassalador dos números de pobres, de indigentes e subsidio dependentes.  Continuem a dar-lhes corda que eles agradecem.            Tristão: Eu ainda me lembro da segunda figurinha de estado que quer ser primeira dizer o seguinte sobre um tal figurão chamado Sócrates: "Sócrates não merece essa nódoa no currículo". A nódoa era ser condecorado por Cavaco - coisa que este se recusou a fazer como é evidente. Acrescentava ainda “ que Cavaco não o deve fazer - haverá outro Presidente com essa "honra"”.  Enfim, ter memória dá um certo jeito..            Madalena Sa: Oh Helena Matos não pode ser melhor o seu artigo! Estas 3 figuras são o verdadeiro descalabro dum País em ruínas! não há salvação! Foi o povo que as elegeu! Porca miséria!              Carlos Quartel: Três no podium, a dificuldade é ordená-los. Mas faça-se um esforço e pode ser que se considere Marcelo o menos mau. Parece ser desastre, inadequação, ausência de sentido de Estado, mas não acinte nem  ódios recalcados.  Não é uma figura sinistra (aí Santos Silva é o maior) nem um arruaceiro agressivo, onde Costa é imbatível. Mas nem Marcelo consegue dar bom gosto à caldeirada .....                Maria Tubucci: Extremamente realista, HM. A divindade demoníaca tríplice, o filme, não precisa de sair de casa, sente-se no seu sofá e aprecie, a realidade supera qualquer ficção. O filme foi financiado por si, contribuintes, o enredo foi selecionado pelos votantes PS e   abstencionistas, a promoção ficou a cargo da sabuja comunicação social. As personagens principais são: o mafarrico do microfone e das banalidades que assina tudo de cruz, o mafarrico do embelezamento da corrupção da sua famiglia, por fim, o mafarrico do riso sádico que diz tudo e o seu contrário, ao mesmo tempo.  Estes 3 juram a “pés” juntos aos espectadores que os vão levar ao céu, mas na realidade, todas a suas ações conduzem o espectador ao inferno. Olha, da TV vem um intenso cheiro a enxofre!             Antonio Marques Mendes: A segunda figura bloqueia como qualquer porteiro de discoteca. Agora querer passar de porteiro a residente já parece de mais. Ou talvez não, se olharmos para o residente actual. Pobre Portugal.               João Eduardo Gata: Ou seja, Portugal merece os TRÊS IDIOTAS que governam este País Falhado.              manuel rodrigues: Os três da vida airada: Cocó, Ranheta e Facada. É só escolher              Rui Teixeira: E, além de tudo o que a H. M. bem diz, os 3 são, entre os seus pares da UE, os mais feios. São feios como escarros! O peru, a "hiena trotskista e o sapo!            Pontifex Maximus: Os três estarolas que governam o país mais patético da Europa, que aplaude uma instituição quando actua contra a evidência e a censura quando corrige a sua absurda conduta anterior. Ainda se lembram dos juros baratos porque a inflação era passageira e a FED já carregava nas tintas dos juros? É dessa gente que se trata, esquecendo que o BCE imprimiu toneladas de notas para os governos brincarem ao tio Patinhas, pagando para as pessoas ficarem em casa a ver a Netflix enquanto a Covid mudava as regras centenárias da economia… e agora tem que retirar esse dinheiro da economia pois não corresponde a riqueza criada nesse período!             Joaquim Almeida: Três admiradores do Lula... Estamos  em segurança...                José Miranda: Grande Helena! Descrição perfeita destas tristes figuras.          João Floriano: Excelente crónica. A entrevista de ASS é um puro exercício de hipocrisia destinado a endrominar os que ainda acreditam nas boas intenções e competência dos que fingem governar-nos. E infelizmente são ainda muitos. A metáfora de MRS brandindo a varinha de condão para sempre quebrada, repetindo o gesto cada vez que vê um microfone e uma câmara televisiva pelo menos a 500 metros (há aves necrófagas que detectam o repasto a longas distâncias), é magistral. Imaginemos MRS como a Sininho voando à volta do seu Peter Pan, António Costa. Uma Sininho grotesca a bem da verdade mas coadjuvante de um Peter Pan que recusa reformas, tal como o Peter Pan do conto infantil se recusa a crescer.  Penso que há uma pequena gralha no texto ou então sou eu que não consigo perceber o sentido: Em terceiro, o fim da maioria absoluta deixou os seus antigos parceiros livres para serem oposição. E a terceira figura do Estado sem paciência para os ouvir.  É mesmo o fim da maioria absoluta ou o  seu início?          Zé das Esquinas o Lisboeta: O professor, o aluno do professor e o amigo do aluno do professor... A minha mãe dizia: de tanto andares com um coxo acabas a coxear.               Francisco Marnoto: Isto, com este regime, já não tem conserto! A verdade é que o povo não tem de se queixar, pois elege estas figuras medonhas. Aos jovens e competentes só lhes resta partir, pois não se faz uma revolução numa "Democracia".          Alberico Lopes > ANTONIO MONTEIRO: Ainda duvida que o amigo do Ricardo Salgado é mesmo uma nódoa? Um puro ilusionista?!         Manuel Martins: Não podemos esquecer que tanto Costa como o Augusto foram os ministros principais do  Sócrates...           Joaquim Almeida > ANTONIO MONTEIRO: Para o alto nível de responsabilidade cívica e política que lhe cabe  MRS anda a dizer demasiadas tolices há demasiado tempo —  é facto  tão lamentável como inegável.            Ana Oliveira: os media na generalidade parece q estão focados na formatação do povo com a agenda esquerdista dominante.               Cisca Impllit: Augusto Santos Silva nem para presidente. da AR quanto mais do País.  Um trio dispensável; até, no meu entendimento, desprezível.            José Paulo C Castro > jose ricardo da cruz pereira: Os professores ensinaram-nos assim. Frequentaram universidades de esquerda para serem militantes na sua profissão. É a escola de jornalismo que temos: a do jornalista militante que nem sai da redação para fazer o trabalho. Não é informar sobre o mundo. É informar o mundo. A agenda vem logo no ponto um.           Geraldo Sem Pavor: excelente artigo. O humor é sibilino e seria engraçado se o lodo em que estamos não fosse tão deprimente.               Jorge Barbosa:  Helena Matos já não lhe dou parabéns porque todos os seus artigos são excelentes. Agradeço-o, a si e ao Observador. Sobre as tristes personagens nada de bom a esperar. O 1° e o 3° tratarão de escapar ilesos das suas indignas magistraturas enquanto o 2°, tudo fará para em proveito próprio, branqueando o seu passado, chegar a PR. Estes malefícios agradeçam-se aos cidadãos               paulo mariano: Reles democracia. Reles políticos. E depois admirem-se que o CHEGA seja a terceira força politica. CHEGA que não interessa a ninguém. Portugal adiado, com elites sem nível nenhum.            Maria Madeira: Mais um excelente artigo de Helena Matos.                Liberales Semper Erexitque > Manuel Martins: É tudo esterco fabricado na escola de formação a que eu chamo o gutterrismo. Esse indivíduo, o que voou para a ONU assumindo o estatuto de vampiro global, deixou toda uma escola em Portugal, que nunca saiu realmente do poder desde 1995.             Amigo do Camolas:  Os três no pascácio de Belém :   «ACosta - Olá meus queridos! São servidos?  Augusto Santos Silva - Chega sempre para mais um! Estão reunidos na mesa do orçamento para saber para onde vamos e de onde é que vimos?   ACosta - Não. Por acaso ainda não falamos para onde vamos a seguir... mas eu, depois desta almoçarada, para ser sincero, ia beber uma bica e mamar uma amêndoa amarga!         Augusto Santos Silva - Por isso é que ele ( o Marcelo) veio para podermos beber à vontade que é ele que conduz - e rápido.  Marcelo- Eu é que sou o presidente da república. ACosta - Exactamente. E que assuntos profundos é que vocês vão tratar?     ACosta - Assuntos profundos como?   Augusto Santos Silva - Isso é nas almoçaradas na nossa casa do povo, nas nossas não! Nós como as três figuras mais importantes do estado discutimos outras coisas.  ACosta - Mas também muito importantes, tais como, o que é o jantar amanhã!      Augusto Santos Silva - Ou onde vamos almoçar amanhã!    Marcelo - Não, não. ACosta - Não o quê?   Marcelo - Eu é que sou o presidente da república! ACosta - Já sabemos Marcelo!   Augusto Santos Silva - Nós ainda o trazemos connosco porque ele tem uma pontaria para feijoadas que nem lhe digo! Mas têm outras preocupações para além do orçamento?        ACosta - também nos preocupamos com a bebida...  Augusto Santos Silva - E lá está, também nos preocupamos com os pobrezinhos como toda a gente. ACosta - É um assunto que nos toca a todos, não é verdade? E se não fosse a maldita direita eu já tinha acabado com ela. Com a pobreza?      Augusto Santos Silva - Não. Com a direita. E isso afecta-vos?   ACosta - Afecta-nos por causa da esquerda. Como a esquerda vai e vem, nunca se sabe quando é a altura deles...  Marcelo - Eu... ACosta - Tu o quê? Tu sabes qual é a altura de te calares?      Marcelo - Não. Eu é que sou o presidente da república.  Augusto Santos Silva - Outra vez? Já sabemos, pá! Só estão aqui os três porque se acham uma espécie de troika?  ACosta - Não. Somos só os três porque por onde passamos levamos tudo à frente. Eu, foi o velhote, o Santos Silva é para malhar na direita, e existe o presidente que...  Augusto Santos Silva- Quem?  Marcelo - Eu.  ACosta - Tu?  Marcelo - Sim. Eu é que sou o presidente da república.  ACosta e Santos Silva - Já sabemos! Já sabemos! Chato do Car...  »

Saudades de Ogígia?


«- Quantos males te esperam, oh desgraçado! Antes ficasses para toda a imortalidade, na minha ilha perfeita, entre os meus braços perfeitos… Ulisses recuou, com um brado magnífico:  – Oh deusa, o irreparável e supremo mal está na tua perfeição! E, através da vaga, fugiu, trepou sofregamente à jangada, soltou a vela, fendeu o mar, partiu para os trabalhos, para as tormentas, para as misérias – para a delícia das coisas imperfeitas!»

É a parte final do Conto de Eça “A Perfeição”, com Ulisses fugindo da ninfa Calipso e da sua ilha perfeita, para os trabalhos e lutas que o regresso a Ítaca lhe proporcionará, junto da intermitente tecedeira Penélope, sua esposa devotada. Não, não julgo que Ulisses pensasse em inflações ou bancarrotas quando fugiu de Ogígia. Provavelmente partiria na mesma, habituado à guerra e aos artifícios para a vencer, qual  corajoso  Zelensky destes tempos, para mais governante de um povo trabalhador e heróico, a servir de exemplo.

Nós por cá vamos lutando pela côdea, tant bien que mal… Talvez preferíssemos Ogígia, da nossa gula e prazer, ralaços que somos…

«...E VÓS, TÁGIDES MINHAS...» - 10

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA               A BEM DA NAÇÃO,  30.10.22

ou

O MUNDO VISTO DA MINHA VARANDA

ou ainda

«HOC TEMPUS VINDICTA» que é como vulgarmente se diz «esta é a hora da vingança».

Vingança de quem contra quem?

De quem, já lá vamos, mas seguramente contra Mário Draghi e os «seus» juros negativos, da política desculpadora dos países sulistas, os perdulários, em desfavor dos nortistas, os frugais, do apadrinhamento dos devedores da banca em desfavor dos credores, os titulares dos capitais. Por palavras maledicentes, esta é a hora da vingança dos aforradores de direita contra a demagogia protectora dos «coitadinhos»,  os consumidores. Pior dizendo… não digo; da mão invisível do «big brother» contra o «peão da brega». A Porta de Brandeburgo contra a Praça Sintagma.

Tudo o resto vem por acaso e muito a despropósito.       E o que é esse resto?

É «só» o Putin e os seus complexos imperialistas, a destruição física do maior fornecedor de cereais à Europa (obrigando-nos a virarmo-nos para Marrocos e para a imprescindível irrigação do Sahara), a busca de fontes energéticas alternativas (não nos esqueçamos de que não foi por falta de pedras que acabou a Idade da Pedra), a tomada (finalmente!) de consciência de que o «colonialismo XX» eufemisticamente chamado «globalização» estava a mostrar-se mais inconveniente do que proveitoso – feitiço vs feiticeiro.

Tudo, ao mesmo tempo, dá esta confusão em que nos encontramos:

Os juros só deixarão de subir quando a remuneração líquida dos capitais for confortavelmente positiva;

A «fronteira» dos US$ 70,00/barril de petróleo sendo confirmada como aquela abaixo da qual há um determinado número de poços exploráveis (definindo um nível determinado de oferta mundial) e acima da qual a viabilização da exploração sobe para quase o dobro do número de poços (aumentando significativamente a oferta mundial e puxando a cotação de novo para baixo), até que consolidemos a substituição dos fornecimentos russos ou os «petroleiros» russos substituam Putin;

Algo não muito diferente para o gás natural com os nossos amigos moçambicanos prestes a entrar na oferta mundial.

Concluindo, estamos sujeitos a uma vaga de aumento de preços (vulgar e erradamente chamada inflação) com duas origens – interna e externa – e duas causas fundamentais: 1) A necessidade de repor a remuneração líquida positiva dos capitais; 2) A especulação desenfreada que se mede pela chamada «inflação subjacente» que é a que nada tem a ver com as questões acima referidas e que em Portugal ascendeu a mais de 7% neste final de Outubro de 2022 calculada sobre o período homólogo - esta, sim, a merecer atenção no curto prazo pois que mais não é do que a vingança dos mercados opacos sobre o consumidor inocente e indefeso.            30 de Outubro de 2022

COMENTÁRIOS:

 Anónimo  30.10.2022  16:02: Henrique, recordo que há largos meses, num comentário, referi que tendo o BCE o objectivo de assegurar uma taxa de inflação de cerca de 2% (por lapso, escrevi 3%), faria os possíveis para que tal acontecesse. Isto foi escrito, salvo erro, antes da Guerra da Ucrânia, quando os preços começaram a subir por a oferta, saída do confinamento do COVID, não estar a corresponder às solicitações crescentes e abruptas da procura. Viu-se agora que o BCE reagiu tarde e não me sinto capacitado para afirmar que, atento o conhecimento de então, ele deveria ter reagido mais cedo. Mas a dúvida fica. A sua Presidente afirmou esta semana que tudo faria para baixar a inflação para os tais 2%. Não fixei exactamente a expressão em inglês, mas foi curta, utilizando o verbo “to do”, a fazer lembrar a afirmação de Draghi, em Londres, em 26/7/2012, salvadora do Euro – “whatever it takes”. Esperemos que a afirmação da Senhora Lagarde, com “to do”, tenha o mesmo efeito, desta vez em relação à inflação, apesar de críticas ou de alertas de alguns dirigentes políticos a tantos incrementos das taxas de juro. É o BCE a afirmar a sua independência em relação aos vários poderes políticos. Aprendemos nas primeiras aulas universitárias que a inflação é o pior dos impostos, pois é altamente regressivo, penalizando mais as camadas populacionais economicamente mais débeis e que têm, consequentemente, maior propensão para o consumo, assim como os que têm rendimentos fixos. Então tudo deve ser feito para a evitar. Assistimos aos alertas para que o “doente” não morra da “cura”, isto é, que a taxa de juro não suba tanto e tão rapidamente que possa provocar uma recessão. Não sei se a provocará, mas seguramente que arrefecerá a economia, pois é esse o objectivo. E como apontas, a inflação subjacente (excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) continua a subir e já vai nos 7,1%. E quando a raiz do problema não for tratada (infelizmente, ainda é cedo para isso), esperemos que a política monetária do BCE, conjugada com políticas nacionais, possa atenuar a inflação e os seus efeitos perversos. Depois, Henrique, abordas a dicotomia norte/sul, frugais/perdulários, Porta Brandeburgo/ Praça Sintagma. Terão de passar algumas gerações para que essa dualidade não esteja presente em políticas europeias e no sentimento dos povos dos vários países europeus. Curiosamente, não notei que no coro dos alertas mencionados acima estivesse algum grego, mas em contrapartida está um francês. Admirado? Talvez não. Será que a situação social e económica francesa cria entropia ao funcionamento do eixo Paris-Berlim? Intelectualmente, vai ser também interessante acompanhar o que Berlim e Frankfurt irão fazer. Estarão alinhados? Os efeitos da política monetária do BCE em que medida se repercutirão nos dois tipos de países que descreves? Que são os mais endividados que serão penalizados, não há dúvida. Mas será que haverá medidas complementares que atenuem essa penalização? Será que, a existirem, elas terão também de passar pelo Tribunal Constitucional alemão? Um livro agora saído “Diplomacia em tempo de Troika”, do nosso embaixador em Berlim nesses tempos, Luís de Almeida Sampaio, descreve, com algum pormenor, o sentimento político alemão em relação aos resgates de Portugal e da Grécia. Como o autor é diplomata não reproduz frases análogas ao que Barack Obama ouviu dos frugais em relação aos gregos, numa cimeira do G8: “Eles não pensam como nós” (pág, 596 de “Uma Terra Prometida”). Vejamos que panorama económico e social, bem como eventuais fracturas europeias o futuro nos reserva. Grande abraço.  Carlos Traguelho


domingo, 30 de outubro de 2022

Amor é um fogo que arde sem se ver


É – também – um não querer mais que bem-querer.

Mas é provável que outros poemas do nosso escol literário sugiram outros afectos, na vasta galeria das longas siglas afectuosas dos tempos de hoje. Citemos, para isso comprovar, ou mesmo o seu contrário, ao contrário do que sugerem os do contra, que em tudo descobrem lenha para queimarem os outros, quando a lenha não passa por vezes de simples argueiro no olho alheio, para mais, a maior parte das vezes invisível, aos olhos dos menos perspicazes:

Não te amo, quero-te: o amor vem d’alma.
      E eu n’alma - tenho a calma,
      A calma - do jazigo.
      Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
      E a vida - nem sentida
      A trago eu já comigo.
      Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
      De um querer bruto e fero
      Que o sangue me devora,
      Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
      Quem ama a aziaga estrela
      Que lhe luz na má hora
      Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
      De mau, feitiço azado
      Este indigno furor.
      Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
      Que de mim tenho espanto,
      De ti medo e terror...
      Mas amar!... não te amo, não.

                                   Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas’

É certo que a retratação chega por vezes, mesmo tardia, confirmando a velha asserção de que não há fumo sem fogo, valha-nos Deus, que tudo pode:

«Eu tinha umas asas brancas,

Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

— Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra,
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
— Veio a ambição, coas grandezas,
Vinham para mas cortar,
Davam-me poder e glória;
Por nenhum preço as quis dar.

Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
— Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas…
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.

Cegou-me essas luz funesta
De enfeitiçados amores…
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!

— Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Pena a pena me caíram…
Nunca mais voei ao céu. 
Almeida Garrett

Poderíamos recorrer também aos exemplos poderosos que a nossa Amália confirma, a respeito do nosso genérico amador, feito de paixão, por exemplo o seu “Confesso que te amei, confesso Não coro de o dizer, não coro” a título de demonstração desculpabilizante, mas de facto já vai muito decantada esta prosa, de sensibilidade justificativa das nossas relações de afectos múltiplos em verso, leiamos antes a prosa de MIGUEL PINHEIRO, Director executivo do Observador, que tem referências mais conclusivas nesse capítulo, de bastas jogadas de recurso, não, é certo, para nosso espanto, depois da nossa larga travessia não tarda que quinquagenária, nos bastos casos de uma corrupção exemplar. Leiamos igualmente os Comentadores, com os dados do seu saber de experiência vasta.

O estranhíssimo regresso de José Sócrates

Esta semana, Costa e Santos Silva agitaram o nome de Sócrates de forma pública e com orgulho, como se fosse um estandarte ou uma medalha. Não sabemos se é uma coincidência ou um plano — mas é um sinal

MIGUEL PINHEIRO Director executivo do Observador

OBSERVADOR, 29 out 2022, 00:2158

Quando ninguém estava à espera, José Sócrates voltou. E, estranhamente, estando em causa um egocêntrico furioso, não voltou por vontade própria — voltou por conveniência do Partido Socialista. Primeiro, foi António Costa. No debate sobre o Orçamento do Estado, o actual líder do PS declarou ser o orgulhoso herdeiro de uma nobre linhagem de antigos primeiros-ministros que combateram a pobreza indígena e multiplicaram a riqueza nacional — e onde incluiu, num luminoso lugar de destaque, José Sócrates.

Dois dias depois, foi a vez do pré-candidato presidencial Augusto Santos Silva. Em entrevista à CNN, o ainda presidente do Parlamento declarou, com solenidade e orgulho, que o primeiro governo de Sócrates “foi um dos mais reformistas que o país teve”; acrescentou, com severidade e desgosto, que o segundo governo de Sócrates “caiu nas consequências da crise e também da impossibilidade de conseguir um acordo no parlamento que nos permitisse escapar à troika”; e terminou, com cinismo e dissimulação, afirmando que todas as outras “questões” relativas a Sócrates serão tratadas num “julgamento que ainda nem começou”, sendo que, naturalmente, “as pessoas são inocentes até ao trânsito em julgado”.

António Costa e Augusto Santos Silva falam de José Sócrates como se fosse um político normal. Mas esquecem, ou tentam esquecer, ou tentam fazer com que nos esqueçamos, que ninguém precisa de um julgamento — menos ainda do trânsito em julgado de uma eventual condenação — para saber que Sócrates não é um político normal. Não são precisas provas: o próprio José Sócrates admitiu que recebia dinheiro em notas para viver acima das suas possibilidades. E as justificações para isso são tão abstrusas que incluem a afirmação, feita pelos seus advogados, de que este recurso ao dinheiro vivo se justificava por o ex-primeiro-ministro “não confiar nos modos normais de circulação de fundos”.

Não é preciso haver um crime para existir uma vergonha. E, como consequência disso, não é preciso haver um julgamento criminal para existir um julgamento político. Tudo o que já se conhece sobre a vida de José Sócrates deveria ser suficiente para António Costa e Augusto Santos Silva manterem tanta distância dele como do vírus do Ébola.

E, no entanto, algo se move. Numa mesma semana, os dois principais dirigentes do PS agitaram o nome de José Sócrates de forma pública e com orgulho, como se fosse um estandarte ou uma medalha. Não sabemos se é uma coincidência ou um plano — mas é seguramente um sinal. Como diz a frase célebre, “Se anda como um pato, se nada como um pato e se grasna como um pato, então é porque é um pato”. Esteja sentado em São Bento ou esteja a candidatar-se a Belém, este PS está disponível para, através de um banho lustral, transformar Sócrates num exemplo. Costuma dizer-se, lembrando os Bourbons, que não aprenderam nada, nem esqueceram nada. Mas eu temo que se lembrem de tudo e que tenham aprendido demasiado.

JOSÉ SÓCRATES   POLÍTICA   PS

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Alexandre Barreira: Mas qual estranhíssimo. Qual quê. Então o "selfies" vem com o choradinho do Passos Coelho. É natural que o Costa venha com saudades do "patrão" ! Zé das Esquinas o Lisboeta: A vida é uma coisa estranha, muitas vezes bela outras vezes cheia de contradições e incertezas. Lembro, há muitos anos, um amigo residente no concelho de Oeiras, a propósito das suspeitas que havia do seu hoje e na altura presidente de câmara de corrupção e ou comissionista, ter-me comentado qualquer coisa do género: "pode até ser tudo verdade, mas o certo é que Oeiras, desde que ele é presidente, tornou-se o concelho com melhor qualidade vida, belo e desenvolvido do país e eu que até não votei nele nas próximas eleições irei votar". Certo é que mesmo após ter sido destituído do cargo, julgado e condenado, Isaltino voltou a ser eleito pelos oeirenses para a presidência da câmara. Sócrates ainda não foi julgado nem condenado e tudo aponta para que nunca o venha a ser, pois Portugal não é uma verdadeira democracia (porque onde a Justiça não funciona, não existe democracia) e o povo tem tendência em votar com quem se identifica, logo tudo de mau pode vir a acontecer. Quem não se lembra das manifestações de apoio ao ex-primeiro ministro, de fazer 'inveja' a muita estrela pop? Todos os governos dos países, ditos democráticos, são reflexo dos seus eleitores. Lamentavelmente a grande maioria dos eleitores não tem educação cívica, podem ter 'cursos superiores' ou não, porque neste caso, não faz diferença nenhuma. O elogio ou as referências a Sócrates não os envergonham porque quem as faz não têm vergonha nenhuma e, até ver, têm um passado comum.                    João Angolano: Escrevi um comentário muito minimalista que dizia apenas e só : ‘ nojo profundo’. O comentário foi enviado para a censura….não seria hora de o Observador apresentar os seus censores?               Rosa Silvestre: Está a dar resultado no Brasil, porque não aqui?              Luís Abrantes: Os canhotos protegem sempre os seus, por mais vigaristas que sejam… até porque ser canhoto significa ser vigarista…                  Filipe Freitas: Quase parece que o lamaçal ainda não é suficientemente confuso e pouco recomendável para estes senhores. Juro que não entendo como há quem ainda acredite ou vote nestes dirigentes do PS. Espero bem que a oposição os confronte com tudo isto! E com certeza que há pessoas competentes perdidas lá no meio do PS. Mas todas as decisões, medidas e propaganda estão a cargo do pior que Portugal tem para oferecer: chico-espertos que só se preocupam com o próprio umbigo. Nem sequer nos próprios netos pensam cujo futuro será provavelmente emigrar.                Luis Santos: Não fiquei admirado pois são todos farinha do mesmo saco.              Antonio Silva: "os dois principais dirigentes do PS agitaram o nome de José Sócrates de forma pública e com orgulho, como se fosse um estandarte ou uma medalha". Calados, preventivamente, durante meses e meses, ei-los agora a incensar um biltre que em má hora foi primeiro-ministro. Costa e Sócrates são farinha do mesmo saco, apaniguados do Sócrates e só enganam os tolos e distraídos. Declarações destas são a medida da sua falta de carácter a par da incompetência traduzida em 17 anos de marasmo e decadência do País. Infelizmente, ou talvez não, os portugueses apoiam esta mafia há anos. Perderam não só o direito de se queixarem como são co-responsáveis pela nossa falta de futuro. Danem-se!                  João Eduardo Gata: António Costa e Santos Silva estiveram sempre alinhados com o Criminoso José Sócrates, que Aldrabou e Roubou o Povo Português, e conduziu Portugal à Bancarrota e à Troika em 2011. Assim sendo, tudo fica mais claro.                    Luís Rodrigues: Não é preciso haver um crime para existir uma vergonha.” A estratégia do PS, desde Sócrates, tem beneficiado da erosão do conceito de vergonha. Ao mesmo tempo, todas as declarações dos seus responsáveis vão no sentido de desvalorizar julgamentos morais, como se a moral se reduzisse à jurisprudência e às sentenças dos tribunais.               António Silva: Suponho que tenha a ver com as eleições brasileiras e com a provável vitória de Lula. Enquanto goza o seu “termo de identidade e residência” por diversas vezes foi ao Brasil preparar o seu futuro. Se Lula vencer, teremos a resposta.               Amigo do Camolas: Se Costa não teve um pingo de vergonha em apoiar, Lula, um condenado pela justiça brasileira em três instâncias por ter roubado o povo brasileiro em quantias que dava quase para tirar toda a população brasileira da miséria, o estranho seria não apoiar, Sócrates, o seu amigo do crime. Caso seja preciso. E se Costa disse que foi enganado pelo Sócrates quando o Juiz Rosa disse para todo o País ouvir que Sócrates era um corrupto prescrito e agora com Lula, em vez de se pôr de lado para não ser enganado outra vez, o que faz? Ignora tudo, romantiza o ex-presidiário e luta ferozmente pela volta do mesmo ao local do crime. Só se pode concluir que ao Costa só o engana quem ele quer.                  João Floriano: É caso para dizer: «aqui há gato e daqueles escondidos com o rabo de fora». Ontem só faltava a entrevista de novo entregue a Anabela Neves ser regularmente interrompida com anúncios do patrocínio de uma qualquer lixívia gentil. Não gosto de ASS, e por isso mesmo posso ser extremamente tendencioso na apreciação da entrevista. Lavar a loiça é relaxante, percebe de bandas punk, tem um livro cuja capa é ilustrada por um desenho infantil do filho, não sabe onde fica o botão para tirar  a palavra a um deputado, os deputados do CHEGA são apenas enfants terribles, contextualiza o seu gosto por malhar na direita e sobretudo dá um banho de lixívia gentil em Sócrates. Declara-se disponível para o serviço público em Belém: depois de um entertainer, um cínico vem mesmo a calhar. É como se andassem (Costa e ASS) a arrumar a casa. Outro pormenor interessante é que subitamente André Ventura tem sido muito requisitado na CS. Foi a entrevista no Observador, comentários sobre guinadas à esquerda, e ontem estava no Expresso da Meia Noite. Parece tudo muito bem encaixado. Para quê? Nunca tive espírito  maquiavélico mas em breve vamos saber.                 Joaquim Lopes: O regresso do Lula português, promovido pelos tribunais e pela justiça, pela ditadura comunista que tem como porta-voz o Ernesto, LCI, Liga Comunista Internacionalista e o Costa que deve ter enriquecido como Obama, é mais um pântano de país onde a CNN é uma das TVs mais activas ou seja a TVI, junto com todas as outras. Temos censura, temos corrupção generalizada, temos um país parada e estagnado sem futuro, nem projectos e agora para ser visto como o governo que diminui dívida com aumento brutal de impostos por via da inflação, vamos ter um Inverno que os irá depois mostrar como se governa um povo miserável e analfabeto, quando as luzes se apagarem por via da política energética morrerão os mais velhos e os mais doentes e pobres, como tordos.

 

Uma história antiga


Trazida à baila da nossa ligeireza historiográfica, por JNP, e que fez erguer em peso os seus apoiantes, a lembrar dados também sobre uma nossa actual governação de falsete, e mais ainda certas figuras nacionais, desde sempre traiçoeiras, mas ocupando bons cargos que lhes são facultados por um status propício – para sempre camarada - na execução da traição. Refiro-me, especialmente ao retrato de Louçã, a quem, naturalmente, invejo as boas espórtulas que a sua voz convictamente balanceada, e a sua competência intelectual lhe devem angariar, em programa da Sic, canal 5… Mas o prazer de se expressar - e de se espremer - com maior ou menor produção salivar, além do seu próprio proselitismo doutrinário, de que ele, aliás, se desfez em tempos, passando a pasta em distribuição amável – até nem implicará grande remuneração, bem servido que é por um bom cargo do seu amplo mérito com que a pátria reconhecida o favorece, e que até me fez esquecer o pobrezinho do Mussolini, da especial referência biográfica de JNP.…

Os 100 anos da Marcha sobre Roma

A marcha dos fascistas sobre a capital, depois exaltada como decisiva, foi mais uma demonstração de força destinada a cobrir um golpe de Estado indolor do que um assalto violento ao poder.

JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 29 out 2022, 00:209

A Itália, sendo uma nação antiga, é um Estado recente. Ainda que desde Dante, Petrarca e Maquiavel possa falar-se numa língua, numa cultura e numa identidade italianas, a estatalidade só lhe chegaria em 1861, quando o Rei Vittorio Emanuele II da Sardenha unificou a península e se intitulou rei de Itália. Assim, foi só no século XIX que o Estado italiano, a monarquia dos Saboia e a Itália independente se consolidaram, encontrando as suas raízes culturais nas óperas de Verdi e nos romances de Alessandro Manzoni. Mas tal como a Alemanha e como quase todos os Estados da Europa e das Américas a Itália far-se-ia sobretudo na guerra e pela guerra.

A Itália unida tentou desde logo participar na partilha de África mas teve um pesado insucesso militar quando, num dos poucos desastres de forças europeias coloniais perante tropas locais, a expedição do general Baratieri, em Aduá, foi vencida pelos etíopes de Menelik II.

No princípio do século XX, há em Itália um vigoroso movimento cultural que manifesta uma identidade rica e modernizante. Il Leonardo, de Papini e Prezzolini, Lacerba, de Papini e Ardengo Sofici, ou La Voce são algumas publicações da chamada “idade das revistas”; e Filippo Tommaso Marinetti, do Movimento Futurista, publica em Fevereiro de 1909 um Manifesto que iria desencadear muitas outras proclamações do género, da Rússia aos Estados Unidos e da Inglaterra a Portugal.

Mussolini: de socialista a fascista

A Grande Guerra vem surpreender e perturbar um dirigente socialista italiano, Benito Mussolini, homem da esquerda do Partido Socialista e director do jornal Avanti. Nas vésperas Grande Guerra, a Itália estava numa situação política e diplomática especialíssima: fazia parte da Tripla Aliança, com os Impérios Centrais da Alemanha e a Áustria, mas, para os nacionalistas italianos, o inimigo histórico era a Áustria dos Habsburgo.

Ainda que, em Itália, o intervencionismo reunisse gente da direita, do centro e da esquerda, o Partido Socialista Italiano era pela neutralidade. Por isso o socialista revolucionário Benito Mussolini, ao passar a integrar o bloco intervencionista, foi expulso do Partido.

Mussolini alistou-se então como voluntário, foi ferido e experimentou o que muitos europeus de todas as fés e quadrantes experimentaram com a guerra – o fim de uma época, o fim dos seus mestres e referências e o nascer de um tempo novo.

Com outros da sua geração, vai fundar, em Milão, no dia 23 de Março de 1919, os Fasci di Combatimento. Da reunião sai um programa que é muito fruto do pensamento e da acção do núcleo fundador, onde há ex-socialistas e sindicalistas revolucionários, futuristas, ou seja, modernistas reaccionários, e também arditi, os ex-combatentes das forças especiais. À luz dos critérios pré-guerra, o programa era um cocktail contraditório: nacionalista, socialista (defendia a nacionalização dos bancos e a expropriação dos latifúndios), democrático (era pelo direito de voto universal, incluindo as mulheres, para os maiores de 18 anos) e jacobino (queria a nacionalização dos bens das congregações religiosas).

Este programa vai evoluir e modificar-se, em função das circunstâncias e dos aderentes. O “fascismo de esquerda”, o primeiro, o milanês, vai alterar-se com a adesão dos agricultores do Norte e da Emília Romanha, perante o risco de ocupação das suas propriedades. O chamado “fascismo agrário” cresceu muito graças aos agricultores que, receosos da ocupação por militantes de esquerda, apelavam aos Squadristi fascistas.

Mussolini procurou sempre ser o árbitro e o mediador entre a esquerda e a direita fascistas. A sua estratégia de manter uma força de milícias armadas, os Squadristi, que protegia os comícios e as sedes do partido e que atacava as sedes socialistas e os jornais de esquerda, e de, ao mesmo tempo, concorrer a eleições e manter um grupo parlamentar, mostra bem essa sua preocupação táctica.

Não era uma estratégia original, já que o Partido Socialista actuava da mesma forma. No fim da guerra, com a revolução dos Bolcheviques na Rússia, a opção pela violência coexistia com o legalismo eleitoral, com os socialistas a obterem 1. 840 000 votos e 156 deputados num parlamento de 508. Nesta conjuntura, a componente maximalista tomava a dianteira e os socialistas italianos lançavam-se na empresa de “copiar a Rússia” com uma retórica radical, pontuada por clichés marxistas, que anunciava a “crise inevitável e próxima do regime capitalista” que “nada nem ninguém podia salvar”.

Para Ângelo Tasca, companheiro de Gramsci na revista Ordine Nuovo, Mussolini joga com o “nacionalismo exasperado” e as “reivindicações sociais radicais”, isto é, com a Itália da “vitória traída” e a Itália “nação proletária”, vítima das “nações plutocráticas”, como a França e a Inglaterra.

Mil Novecentos e Vinte abre com greves maciças na Indústria e com lutas sociais no campo, o que leva os patrões e as classes médias a preparar a resistência às ocupações. Mussolini está a integrar o “bloco anti-socialista”, articulado pelo primeiro-ministro Giolitti, com o apoio do Vaticano. Por essa altura (entre o Verão de 1920 e o princípio de 1921) o Duce está a multiplicar os “fascios”, que passam de 108 a cerca de mil.

É a guerra de classes, a guerra civil de baixa intensidade; mas, ao contrário do que acontecera na Rússia, os vencedores não iriam ser os “vermelhos”, mas os “negros”.

Os fascistas e os Squadristi têm aqui um papel fundamental: apesar do mau estado das estradas, criam um sistema de mobilização e coordenação intercidades que multiplica a força das expedições punitivas e defensivas na Itália do Norte e do Centro, contando com a simpatia discreta do Exército; enquanto a burguesia, assediada e amedrontada pelo “perigo comunista”, passa da desconfiança à neutralidade colaborante.

Por esta altura, o Governo liquida o caso de Fiume e Mussolini deixa cair D’Annunzio, que “libertara” a cidade do Adriático. Em Livorno, em Janeiro de 21, no XVII Congresso do Partido Socialista Italiano, os comunistas abrem a secessão. Os socialistas mantêm-se fortes no Parlamento, onde os católicos populares de Don Sturzzo também têm uma boa representação.

Mussolini vai então defender uma nova aliança para uma nova maioria: “uma nova e grande coligação […] das três forças verdadeiramente eficazes na vida do país” – os socialistas, os católicos populares e os fascistas. É nesse espírito que assina um “pacto de pacificação” com os socialistas, em Agosto de 1921. As forças conservadoras voltam-se contra ele, bem como os sectores esquadristas mais radicais – do Vale do Pó, da Toscânia, de Veneza Júlia, de Bolonha –, que também se insurgem contra o acordo.

É Dino Grandi quem corporiza esta linha crítica dos esquadristas. Nesta altura, os Fasci já passavam dos 300 mil filiados. No Congresso de Roma dá-se a pacificação interna e os Fasci são abolidos, passando a Partido Nacional Fascista (PNF).

O PNF organiza-se rapidamente em milícia nacional, numa rede de ocupação territorial que conta com a cumplicidade de quadros militares. Os governos sucedem-se, com as esquerdas incapazes de chegar a um acordo entre socialistas, comunistas e populares. Os comunistas italianos hesitam, tal como os seus correligionários alemães hesitariam na véspera da conquista do poder por Hitler: entre dois males, qual seria o pior, o fascismo ou a “democracia burguesa”?

No Verão de 22, o esquadrismo fascista desenvolve operações violentas em Cremona, Novara e Ravena. Em Ravena, na comemoração do sexto centenário da morte de Dante, incendeiam sedes partidárias de esquerda.

Mussolini, numa série de discursos em Agosto e Setembro de 22, trata de tranquilizar as instituições, ao mesmo tempo que conversa com dirigentes conservadores e liberais, para tentar um governo de coligação. E propõe uma política externa não-sujeita à Sociedade das Nações e à Inglaterra, que vê como o poder imperialista por excelência.

A marcha dos condottieri

A Marcha sobre Roma nasce neste clima. É decidida em Milão, em meados de Outubro, torna-se pública no encontro de Nápoles (24-25 de Outubro) e inicia-se na noite de 27 para 28 de Outubro. Um Quadrunvirato (o fascismo, à semelhança do bonapartismo, retomava as hierarquias romanas), formado por Italo Balbo, Emilio De Bono, Cesare Maria De Vecchi e Michele Bianchi, assume a direcção do Partido e das operações. Os fascistas começam a ocupar centros políticos e estratégicos por toda a Itália, de prefeituras administrativas a estações ferroviárias.

Em Roma, o governo liberal de Luigi Facta demite-se e declara o estado de sítio – que o Rei Vittorio Emmanuele se recusa a assinar.

Entretanto, Mussolini está em Milão. No dia 28, à tarde, o Rei chama o conservador Antonio Salandra para formar um governo de direita com os fascistas. Salandra consulta Mussolini, que lhe responde que só integrará o governo como Presidente do Conselho de Ministros.

A 29 de manhã, Mussolini recebe um telegrama do general Cittadini que, em nome do Rei, o convida a vir a Roma para formar governo. Parte de Milão ao fim da tarde e chega a Roma na manhã de 30, Domingo. À tarde, às 19h20, entra no Quirinale para apresentar ao Rei o seu Ministério.

É um governo de coligação parecido com os anteriores: nele entram, além de Mussolini, três fascistas, um nacionalista, dois populares, dois democratas, um social-democrata, um liberal, um independente (Emilio Gentile) e dois militares.

Na sua manobra para conquistar o poder, Mussolini segue o conselho maquiavélico, combinando a força do leão com a astúcia da raposa: numa Itália traumatizada pela “vitória traída”, com as classes médias preocupadas e assustadas perante a ameaça comunista patente no Bienio Rosso, os fascistas surgiam como alternativa.

Sem abandonar na retórica dos princípios a ambição do solidarismo social através do corporativismo, o fascismo fora perdendo no terreno a sua componente “de esquerda” e, sobretudo a partir do “fascismo agrário” e do esquadrismo, passara a integrar a direita sociológica.

Ao mesmo tempo, Mussolini tecera aquilo a que o historiador Francesco Perfetti, um discípulo de Renzo De Felice, chamaria “uma teia de aranha” político-partidária com os principais dirigentes conservadores e liberais – Giolitti, Orlando, Salandra, Facta — e o nacionalista Federzoni. Quando Facta quis declarar o estado de sítio, o rei recusou-se a fazê-lo, sabendo das simpatias da jovem oficialidade pelos fascistas e por Mussolini, e tendo, através de Federzoni, a garantia de que não tocariam na Monarquia.

Nessa medida, a marcha dos fascistas sobre a capital, depois exaltada como decisiva, foi mais uma demonstração de força destinada a cobrir um golpe de Estado indolor do que um assalto violento ao poder. Um assalto em nada comparável à tomada de poder pelos bolcheviques e às perdas humanas causadas pela revolução e pela guerra civil na Rússia. Perdas que Antony Beevor, no seu recente Russia – Revolution and Civil War 1917-1921, estima em 12 milhões de vidas.

A SEXTA COLUNA   CRÓNICA   OBSERVADOR   ITÁLIA   EUROPA   MUNDO

COMENTÁRIOS:

Antonio Marques Mendes:  “jacobino (queria a nacionalização dos bens das congregações religiosas”. Esta afirmação está incorrecta embora o possa ter dito na sua juventude socialista. O papa Pio XI foi determinante na sua evolução posterior e tomada do poder. Aliás, foi o mesmo papa que enviou um sacerdote a Portugal para recrutar Salazar e Cerejeira para liderarem o movimento fascista em emergência. Daí a fotografia de Mussolini na secretária de Salazar. Não vale a pena branquear esta fase da Igreja Católica, história é história.            Maria Correia: Muito bem! Obrigada               José Pinto de Sá: Vários comentadores anteriores concluem que o fascismo foi um produto do comunismo, mas discordo. O que o fascismo fez e faz foi usar o populismo, da mesma maneira que o comunismo fazia e faz, explorando o ressentimento social dos pobres. Mas juntou-lhe e junta-lhe um sentimento popular de grande força, o nacionalismo, e nisso entra em choque com o comunismo, cujo internacionalismo sempre foi, na prática, um disfarce para a subordinação fidelíssima à URSS. Claro que o populismo social não existiu no salazarismo, mas existiu também no franquismo de guerra, com a Falange. E é interessante que Ventura queira também criar um sindicalismo... Este artigo é muito instrutivo quanto a como ascendeu Mussolini, mas pouco se sabe sobre o que fez o seu fascismo depois, nos 18 anos decorridos até à guerra. E claro que foi essa guerra, com todos os disparates que cometeu, que liquidou o fascismo italiano, incluindo o próprio Mussolini. Pouco antes do mesmo suceder ao fascismo alemão.              Joaquim Lopes: Jaime Nogueira Pinto, publica e tem uma obra extensa de qualidade única, tanto de história como de filosofia e não é fácil, é preciso pesquisar para publicar, fico a dever-lhe tudo isso, é um homem odiado pela esquerda comunista, mas a esquerda não tem argumentos, grita, sobe para os palanques e diz as mentiras que tem escondido desde a guerra civil na Rússia até à tomada do poder pelos bolcheviques, hoje ainda não se consideram Mao, Estaline, Lenine, Pol-Pot, Trotsky e outros, genocidas como Hitler, porque os universitários por todo o mundo são esquerdistas há muito, um assassino comunista mata para salvar o povo, sendo por isso ilibado, mesmo que assassine aos milhões a tiro ou pela fome ou em campos de trabalho e de concentração, os Gulags não existiram disse o seminarista da homilia trotskista Louçã que se mantém com membro do Conselho de Estado, sem vergonha na cara disse o que disse de Adriano Moreira sem contraditório, um parasita como Louçã deixa sempre rasto como as lesmas e é venenoso como uma cobra de língua bífida. Este é o pântano da ditadura instalada, com um povo que encolhe os ombros tal a pobreza de espírito, abandonados por Deus e por escolha deles, mais miseráveis serão.              Francisco Tavares de Almeida: É evidente mas deve ser muitas vezes repetida a responsabilidade dos comunistas na génese do fascismo e do nazismo. Em ambos os casos, foi o medo do comunismo que levou moderados e católicos a não hostilizar e até apoiar fascistas e nazis. E algo de semelhante se pode dizer das classes médias ibéricas em relação a Franco e Salazar. Bem como deve ser muitas vezes repetido que o nazismo pode ter morto 60 milhões de pessoas (atribuindo-lhe todas as mortes da II Guerra) dos quais 6 milhões por genocídio, enquanto o comunismo matou mais de 100 milhões dos quais 30 por genocídios.                bento guerra: Ainda ontem,a RAI3 apresentou um interessante filme sobre a Marcha sobre Roma. Mussolini ,tal como Hitler, vieram ambos do campo socialista, agregando o discurso nacionalista com as preocupações sociais e atacando retórica comunista. Ganharam o poder através de acções de força, constituindo unidades paramilitares, perante um Estado inerte . Vitor Manuel é o exemplo acabado do pomposo deixa-andar. Depois, foi montar o espectáculo de massas e a trama                Vitor Batista: Jaime Nogueira Pinto acaba de confirmar aquilo que já se sabia, mas muitos teimam em não aceitar: o fascismo é um produto do comunismo.                    João Angolano: Explicado muito bem a origem socialista/esquerdista do fascismo e depois a sua evolução por pressão e medo do comunismo, que tem aquele condão de conseguir ser sempre ainda pior e mais destrutivo. O diabo que os carregue a ambos.              Joaquim Lopes > João Angolano: E carrega não tenha dúvidas, o Diabo carrega todos eles, num só. Veja-se a ditadura socialista de Sócrates e Costa, a que o povo assiste, entretido com novelas, roda da sorte e as graças do gordo, a casa dos degredos e a informação sempre censurada, em todas as televisões, todas subsidiadas, o que é isto se não um regime comunista/ gramsciano, onde a força dada à GNR que já controla, tudo, até no mar, com militares sem valor e sem honra, os que a têm passam à reserva. Se, se reparar Costa tem este projecto, como a ditadura de Maduro numa Europa, refém de uma Comissão corrupta e não eleita e um PE, sem poderes, onde apenas alguns países fazem ressurgir o que quiseram destruir por decreto, as Nações e os Estados. Por isso odeiam a Inglaterra e Brexit, um país à parte com um povo diferente e muito melhor com defeitos é certo, mas com mais virtudes que defeitos. Pois, os fascistas eram socialistas, assim como os Nazis, ali não havia a divisão saída da Revolução francesa de esquerda e direita. Fica a dúvida se estas eleições e o seu resultado, não foi alterado dentro dos ministérios à medida que os dados eram introduzidos, estou convencido que sim, que cerca de 1 milhão de mortos votou no PS. Se isto não é o Diabo, se a reabilitação de Sócrates na sucursal americana de extrema-esquerda CNN, por Costa e depois pelo Comunista internacionalista Ernesto Santos Silva, prova aquilo que todos diziam vem aí o Diabo pois já cá está instalado desde a geringonça, diria que desde Abril 74, agora de forma paulatina e como uma serpente.