quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Anomalias do crescimento


Reflectem uma sociedade cujo princípio básico é a convicção do poder, e da grandeza que daí advém – grandeza sem quaisquer considerações de modéstia, de equilíbrio, de meio-termo, apenas uma imoderada arrogância puramente senil, se não idiota. Mas não julgo que seja um princípio genérico no poderoso espaço americano, jovem e dinâmico, pois outros presidentes ali houve, corajosos e sóbrios de maneiras … Trump não passa dum pobre diabo sem educação, subserviente qb, daqueles a quem se chamava de “armalhão”, nos meus tempos de adolescência. O crescimento em riqueza, que o fez cair nas boas graças de apoiantes interesseiros, apenas o fez crescer em vaidade lorpa e subserviente, para com quem o pode ajudar no seu espectáculo, que interessa a muitos dos seus, está visto, em livro a condizer, para incitar a sociedade a tornar-se ainda mais reles…

DONALD TRUMP

As conversas de Trump e Bob Woodward, agora em audiolivro: "Entendermo-nos com a Rússia é uma coisa boa, não é uma coisa má, certo?"

Não tinha qualquer plano quando desafiou Kim jong-un; as ideias dos discursos são todas suas, aprecia líderes mundiais "quanto mais duros e mais maus forem". As revelações de Trump a Woodward.

JOÃO FRANCISCO GOMES: Texto

OBSERVADOR, 19 out 2022, 11:03 9 

O jornalista norte-americano Bob Woodward, célebre por ter sido um dos protagonistas da investigação Donald Trump jornalística ao escândalo Watergate, que levou à demissão do Presidente dos EUA Richard Nixon em 1974, vai lançar na próxima semana um audiolivro com oito horas de gravações de 20 entrevistas com— durante as quais o antigo Presidente norte-americano fala extensamente sobre a sua relação com Kim Jong-un e Vladimir Putin, sobre o armamento nuclear dos EUA, sobre a pandemia da Covid-19 e sobre o seu modo de administrar a Casa Branca.

De acordo com a CNN, que esta quarta-feira publica alguns excertos do audiolivro, uma das grandes revelações da obra é a de que Donald Trump não tinha qualquer plano quando, em 2018, se envolveu numa disputa retórica com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, sobre o poderio nuclear de cada um dos países, chegando mesmo a afirmar que tinha um botão nuclear “muito maior e mais poderoso” do que o norte-coreano.

Numa das entrevistas que surgem neste audiolivro, gravada em dezembro de 2019 na Sala Oval, o famoso escritório do Presidente dos EUA, Bob Woodward pergunta a Donald Trump se o objectivo daquela retórica dura contra Kim Jong-un era o de convencer o líder norte-coreano a negociar. Mas Trump assume honestamente: “Não, não. Foi por uma razão qualquer, foi, quem sabe, instintivamente. Falemos do instinto, está bem? Porque, na verdade, não sabemos o que vai acontecer, mas era uma retórica muito forte. A mais forte.Depois, o então Presidente norte-americano mostrou ao jornalista uma série de fotografias ao lado de Kim na zona desmilitarizada da Coreia.

Na introdução do livro, Bob Woodward explica que a sua decisão de publicar o audiolivro, que será a mais completa colecção de gravações de Donald Trump a pronunciar-se sobre a sua presidência, se prende com a importância de ouvir Trump de viva voz. “Ouvir Trump a falar é uma experiência completamente diferente de ler as transcrições ou de ouvir alguns excertos de entrevistas na televisão ou na internet”, diz Woodward, citado pela CNN, acrescentando que Donald Trump é “cru, profano, divisivo e enganador”, usando uma linguagem “frequentemente retaliatória”.

“Ainda assim, também é possível ouvi-lo a interagir e a entreter, a rir-se, sempre o anfitrião. Ele está a tentar conquistar-me, vender-me a sua presidência. Um vendedor a tempo inteiro”, diz o jornalista, acrescentando que tinha o objectivo de publicar o máximo possível de gravações de voz de Trump, não apenas para o registo histórico, mas também “para que as pessoas possam ouvir, julgar e fazer as suas próprias avaliações”.

Noutro excerto divulgado pela CNN, Donald Trump falou sobre o processo de escrita dos seus discursos e garantiu que todo o processo gira em torno de si próprio: “Há pessoas que vêm com ideias, mas as ideias são minhas, Bob. As ideias são minhas. Quer saber uma coisa? Tudo é meu. Sabe? Tudo. Cada parte.”

O Presidente Donald Trump reflecte também sobre as suas relações com outros líderes internacionais, incluindo Vladimir Putin ou Recep Tayyip Erdoğan. “Gosto de Putin. A nossa relação deveria ser uma relação muito boa. Defendi que devíamos entender-nos com a Rússia, a China e toda a gente. Entendermo-nos com a Rússia é uma coisa boa, não é uma coisa má, certo? Especialmente porque eles têm 1.332 ogivas nucleares”, disse Trump a Bob Woodward.

Dizendo que habitualmente tem melhores relações com líderes mundiais “quando mais duros e mais maus forem”, Donald Trump salientou que se dá muito bem com o Presidente turco. “Dou-me muito bem com Erdoğan, apesar de não ser suposto fazê-lo porque toda a gente diz que ele é um tipo horrível. Mas, sabe, isso para mim funciona bem.”

audiolivro de Bob Woodward será publicado na próxima terça-feira, dia 25 de outubro.

DONALD TRUMP     ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA    AMÉRICA    MUNDO

COMENTÁRIOS:

luís palma de jesus: O mais interessante interveniente na geopolítica no recente século XXI merecia um compilador mais isento: «ele queria vender-me [o seu produto]» «ele é divisivo e enganador».

Dará para confiar na «Edição» deste audio livro?          Jorge Barbosa: Como é possível que nos EUA e no mundo em geral ainda se ouçam javardotes de gabarito de um Trump, ou de um Berlusconi          João Angolano > Jorge Barbosa: Se gravassem António Costa há 10 anos ele diria ‘gosto de José Sócrates’ ….posto isto concordo apenas em parte consigo pois andam muitos mais javardotes à solta do que esses dois exóticos                João Eduardo Gata: Claro que Donald Trump gosta de Putin....como gosta de Hitler, Estaline, Mao Zedong, Kim Jong Un, e de todos os demais Ditadores Sanguinários da História.              Francisco Ramalho: Tudo pior do que se imaginava. Todos os actos e declarações do presidente dos EUA têm um enorme impacto politico, económico e militar. Pensar-se que durante 4 anos este senhor com problemas psicológicos esteve no lugar mais poderoso do mundo e que poderá voltar é muito preocupante. Mas o sistema americano dá mais poder de voto aos habitantes dos Estados do interior e rurais onde predominam os menos qualificados. Se alguém julga que o Trump é de direita ou tem especiais afinidades politicas, engana-se. No passado dizia ter afinidades democráticas mas o que o move é o seu enorme ego. É em função disso que toma decisões que se repercute m nas nossas vidas.              JP>  Francisco Ramalho: Concordo consigo quando afirma que Trump está ao serviço do seu ego e não tem afinidade política em concreto. Ele já se considerou democrata, independentemente e agora republicano, se bem que, diga-se, as posições dos partidos também se foram modificando ao longo do tempo, como Ronald Reagan afirmou uma vez: "I didn't leave the Democratic Party, the party left me." Mas a verdade é que o Partido Republicano endossou Donald Trump. Trump pode não ser de direita, mas o partido qui-lo, achando que representava as ideias e os valores republicanos. E agora ainda estão a colher os frutos dessa escolha. O partido está completamente dominado pelos seguidores de Trump e as vozes dissonantes estão a abandonar o barco. E do outro lado não há alternativa viável que se vislumbre, com o Partido Democrata cada vez mais nas mãos da extrema-esquerda woke.                     Francisco Ramalho > Francisco Ramalho: Totalmente de acordo. Só espero que esse apoio seja totalmente oportunista e que apareça um candidato mais sensato ou que o Trump seja impedido de se reapresentar, fruto das muitas ilegalidades que foi cometendo na vida privada e na esfera pública. Para bem do Mundo.                    JOSÉ MANUEL: claro que gosta de quem o colocou no poder               LÚCIO MONTEIRO: Trump a Woodward: "Gosto de Putin"” É óbvio que Trump gosta de Putin e Bolsonaro e vice-versa; de igual modo, Putin gosta de Bolsonaro, e vice-versa; Também Bolsonaro “morre de amores” por Kim Jong-un, presidente da Coreia do Norte, que “ama” os ditadores acima citados, e vice-versa. Enfim, todos os líderes ditadores e autocratas, - e de igual modo portadores de grave condição médica de insanidade mental -  que se encontram no poder neste momento, se identificam e admiram entre si. Mas o mais grave no meio de tudo isto é que, neste momento, existem mais líderes no exercício de poder com estas características psíquicas, do que seria expectável, já que eles ameaçam, literalmente, a paz global. 

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