quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Uma constante


Que, mais do que crítica trocista, mereceria, talvez, um esforço conjunto para elevarmos o nível educacional, mas que, naturalmente, tem a ver com políticas educativas, para além de firmeza na obediência a normas e conhecimentos que os elaboradores dos livros nos complementares, sobretudo, têm desenvolvido a um nível de excelência, no que toca, sobretudo à Literatura Portuguesa. Já aqui se falou nas “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares” que Antero de Quental com tanto saber desenvolveu e transcrevo da Internet, o pequeno texto introdutório:

«As Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos foi o tema que Antero de Quental expôs na segunda das Conferências do Casino. Antero tenta explicar as razões do atraso português e do atraso espanhol a partir do século XVII. A conferência sistematiza teses há muito defendidas por Alexandre Herculano. Foi publicada em folheto, tendo exercido uma grande influência, sobretudo em Oliveira Martins. Martins escreverá a História da Civilização Ibérica, em 1879, e o Portugal Contemporâneo em 1881, tendo como bases as teses de Herculano e Antero.

Para Antero as causas principais da decadência são três:

Contrarreforma dirigida pelos Jesuítas;

A Centralização Política realizada pela Monarquia Absoluta;

O Sistema Económico realizado pelos Descobrimentos…..»

É certo que em termos educativos, o povo foi ignorado, desde os inícios da Monarquia, e relembro um texto de uma antologia antiga e desaparecida, referindo uma crítica de um inglês que visitara Portugal, talvez por alturas de D. João I e já chufava do parasitismo pelintra dos nobres preocupados com a sua aparência e os seus cabelos, igualmente iletrados, afinal. Com as excepções que todos conhecemos dos escritores e outros génios maiores que nobilitaram a língua e a nação portuguesa, ao longo dos séculos.

Vem este introito a propósito do texto de Luís Soares de Oliveira, 1 d, que me fez procurar igualmente na Internet as referências menosprezantes de Lord Byron (que colocarei no fim), do “BLOG DA RUA NOVA”:

«PAÍS DA POBREZA»

Já o escritor inglês William Beckford, que por qui se atardou nos finais do século XVIII, dizia que em Portugal até os latifundiários são pobres. E tinha razão. Eram pobres porque não sabiam fazer render o considerável capital fixo de que dispunham.

COMENTÁRIOS

António Pereira de Carvalho: Absolutamente!

Aida Franco Nogueira: Uma grande verdade, infelizmente...

Alexandra Madeira Ferreira: Senhor Embaixador, Luis Soares de Oliveira, ou numa vertente humorística apresentada por Herman José num sketch: “Lá em casa somos todos pobres, o pai é pobre, a cozinheira é pobre e até o motorista é pobre!”

João de Santarém: "Cartas de Felipe II a las Infantas sus hijas". Às tantas refere que em Portugal (da altura) não se encontrava sequer "un palo".

Graça Gonçalves Pereira: É muito funda esta característica do nosso país, obrigada pela dica do livro que não conhecia.

NOTAS DA INTERNET:

Blog da Rua Nove

Lord Byron - Uma carta de Portugal

blogdaruanov

«Cork Convent, near Cintra (1840s).

Drawn by C. Stanfield, from a sketch by Capt. Elliot. Engraved by E. Finden.

    É bem conhecido o enlevo que o autor inglês Lord Byron (George Gordon Noel, 1788-1824), nutria pela região de Sintra. Os dois versos "...Lo! Cintra's glorious eden intervenes / In variegated maze of mount and glen..." (canto I, estrofe XVIII), do seu extenso poema Childe Harold's Pilgrimage (1812-1818), são frequentemente citados para ilustrar este aspecto. No entanto, o seu desdém pelos portugueses, evidente ao longo das estrofes XIV a XXXIII do mesmo canto e frequentemente referido na sua correspondência, tem sido esquecido, com excepção de algumas diatribes académicas, velhas de muitas décadas.

A carta que se transcreve documenta eloquentemente os dois aspectos acima referidos - o elogio explícito de Sintra e a crítica  irónica aos portugueses:

 

   [Ao Sr. Hodgson]

                                                                     "Lisboa, 16 de Julho de 1809."

   "Até ao momento temos seguido a nossa rota, e visto todo o tipo de panorâmicas maravilhosas, palácios, conventos, &c., - o que, estando para ser contado na próxima obra, Book of Travels, do meu amigo Hobhouse, eu não anteciparei transmitindo-lhe qualquer relato de uma maneira privada e clandestina. Devo apenas observar que a vila de Cintra, na Estremadura, é talvez a mais bela do mundo.

   Sinto-me muito feliz aqui, porque adoro laranjas, e falo um latim macarrónico com os monges, que o compreendem, uma vez que é como o deles, - e frequento a sociedade (com as minhas pistolas de bolso), e nado ao longo do Tejo, e monto em burros ou mulas, e digo palavrões em Português, e sou mordido pelos mosquitos. Mas quê? Aqueles que efectuam digressões não devem esperar conforto.

   Quando os portugueses são pertinazes, eu digo 'Carracho!' - a grande praga dos fidalgos, que muito bem ocupa o lugar de 'Damme!' - e quando fico aborrecido com o meu vizinho declaro-o 'Ambra di merdo' [por 'Homem de merda' ?]. Com estas duas frases, e uma terceira, 'Avra bouro' [por 'Arre burro' ?], que significa 'Get an ass' ['Arranja um burro' ...!?!, obviamente uma tradução incorrecta.], sou universalmente reconhecido como pessoa de categoria e mestre em línguas. Quão alegremente vivemos sendo viajantes! - se tivermos comida e vestuário. Mas, em sóbria tristeza, qualquer coisa é melhor do que Inglaterra e eu estou infinitamente divertido com a minha peregrinação, até ao momento.

    Amanhã começaremos a percorrer cerca de 400 milhas até Gibraltar, onde embarcaremos para Melita [por 'Melilla' ?] e Bizâncio. Uma carta para Malta aí me encontrará, ou será reexpedida caso eu esteja ausente. Rogo-te que abraces o Drury e o Dwyer, e todos os Efésios que encontres. Escrevo com o lápis que me foi dado pelo Butler, o que torna o mau estado da minha [escrita?] mão ainda pior. Perdoa a ilegibilidade.

   Hodgson! Envia-me as novidades, e as mortes e as derrotas e crimes capitais e as desgraças dos amigos; e dá-nos conta das questões literárias, e das controvérsias e das críticas. Tudo isto será agradável - 'Suave mari magno, &c.'. A propósito, tenho andado enjoado e farto do mar. Adieu."

COMENTÁRIOS:

 Carlos Costa  28.11.2010: Só ironia e sarcasmo da parte de Byron. Junto com François Villon, Byron é o meu poeta favorito. Foi um homem do seu tempo. O Romantismo estava no seu auge.

 Carlos Costa  16.02.2011: Não admira o desprezo que Byron tinha pelos tugas. Naquela época, os tugas eram analfabetos, fanáticos religiosos e conservadores. Lê uma biografia que escrevi sobre Byron em http://carlos-costa.com/lord-byron/

 Lord Ruthven  25.06.2013: Não tem nada a ver com isso. lord Byron vinha de uma sociedade tipicamente conservadora (a inglesa), portanto não teve nada a ver com o conservadorismo mas sim com a parolice que já havia na altura na sociedade portuguesa, que vinha em decadência desde o séc. 17. Tem que ler os livros de Eça de Queirós para perceber isso.

 Serico115  19.03.2015: E os ingleses? Vis, rancorosos, orgulhosos. É muito triste ver a subserviência que uma certa corja de tugas teima em assumir perante quem em Portugal apenas encontrou quem os quisesse bajular e se deixar explorar. Caminhos de Ferro, Carris, Telefones, Vinhos do Porto, para não falar do mapa-cor-de-rosa (Angola-Moçambique), e quantas coisas mais?????

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