sábado, 27 de abril de 2024

Antissemitismo, antibelicismo


Coisa antiga, a merecer protesto sempre, por toda a parte, com razão... Traduzido em resumo de beleza, cá por casa, o antissemitismo sucedendo posteriormente, também cá por casa, por enquanto, apenas se chamando de anti- castelhanismo …

Lusíadas, IV, 44

«Alguns vão maldizendo e blasfemando
Do primeiro que guerra fez no mundo;
Outros a sede dura vão culpando
Do peito cobiçoso e sitibundo,
Que, por tomar o alheio, o miserando
Povo aventura às penas do Profundo,
Deixando tantas mães, tantas esposas,  / 
Sem filhos, sem maridos, desditosas.»

 10h07:54

Netanyahu compara protestos nas universidades dos EUA com "antissemitismo" na Alemanha nos anos 30

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, comparou os inúmeros protestos que estão a acontecer nas universidades dos EUA com o “antissemitismo” que marcou várias manifestações na Alemanha Nazi.

O discurso de Netanyahu surge depois de terem sido detidas mais de 550 pessoas que se manifestam contra a operação militar israelita na Faixa de Gaza.

Netanyahu argumentou que “turbas anti-semitas tomaram conta das principais universidades” norte-americanas, pedindo “a aniquilação de Israel”. O responsável acrescentou que os manifestantes estão a “atacar” estudantes e professores judeus no que é uma “uma reminiscência do que aconteceu nas universidades alemãs na década de 1930”.

Há 10h07:22

EDGAR CAETANO

OBSERVADOR, 26/4/24

Cais humanitário pode receber 150 camiões por dia. Estará operacional no início de maio.

No início de maio deverá estar operacional o cais que os EUA estão a construir em Gaza. A infraestrutura deve começar por receber o equivalente a 90 camiões de ajuda humanitária por dia, mas dentro de poucas semanas a capacidade pode chegar a 150.

O início da construção deste porto marítimo começou por ser anunciada por Joe Biden, em março. Segundo um comunicado oficial do Pentágono, emitido na noite de quinta-feira, já no início de maio vai começar a ser possível fazer chegar ajuda humanitária àquela região, descarregando grandes volumes de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.

O porto, que será construído por soldados norte-americanos, fica a sudoeste da cidade de Gaza, a região que era a mais populosa do enclave até ao início da guerra. Um alto funcionário do governo Biden, citado pelo The Times of Israel, disse que a ajuda humanitária que chegar ao cais irá passar pelos postos de controlo israelitas em terra.

Essa verificação de segurança acontecerá apesar de a ajuda já ter sido inspeccionada por Israel em Chipre antes de ser enviada para Gaza. A intenção é impedir que qualquer ajuda chegue ao Hamas, apoiando o seu esforço de guerra.

Há 10h07:15

Bom dia.

Vamos concentrar neste artigo liveblog todas as últimas notícias relacionadas com o conflito no Médio Oriente, ao longo desta sexta-feira.

Deixamos,aqui, a ligação para o liveblog de ontem, quinta-feira, que terminou com a informação de que Israel concorda com regresso de palestinianos ao norte da Faixa de Gaza.

Muito obrigado por nos acompanhar.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Pois não

 

A panaceia qual seria? A oeste, opina-se.

Apoio norte-americano permite à Ucrânia "respirar de alívio", mas não será "panaceia" para vencer a guerra

Pacote de ajuda dos EUA de 57 mil milhões de euros ajudará ucranianos a suster ofensiva russa e a proteger civis dos ataques aéreos. Kiev deixará de "racionar munições", mas não é nenhuma "panaceia".

JOSÉ CARLOS DUARTE: Texto

OBSERVADOR,  25 abr. 2024, 22:252

Índice

Ajuda militar, financeira, logística e humanitária: por que é composto o pacote de ajuda norte-americano?

Ucrânia pode agora arriscar, mas só restabelecerá capacidades em junho

A mobilização: o calcanhar de Aquiles da Ucrânia

Um excepção ou o apoio prolongado até à vitória: a dúvida que pode determinar o sucesso ucraniano

Que Putin se arrependa do dia em que duvidou da determinação norte-americana.” Após meses de impasse, negociações nos bastidores, chantagens e ameaças, o pacote de 61 mil milhões de dólares (cerca de 57 mil milhões de euros) de ajuda à Ucrânia foi aprovado esta terça-feira à noite pelo Congresso norte-americano e promulgado esta quarta-feira pelo Presidente norte-americano, Joe Biden. O líder do Senado, o democrata Chuck Schumer, saudava a decisão, com críticas ao Chefe de Estado russo e aos republicanos que insistentemente se opuseram à ajuda. Em Kiev, respirou-se de alívio.

Na Ucrânia, que tanto apelou à aprovação do pacote de ajuda, existe um renovado sentimento de esperança. As forças ucranianas têm enfrentado condições cada vez mais difíceis no terreno e não têm conseguido fazer face a uma limitada ofensiva russa, que paulatinamente tem levado à conquista de várias aldeias no Donbass. A falta de munições, equipamentos militares e homens para combater criam dores de cabeça às altas patentes militares de Kiev. Ora, o apoio de Washington vem tentar colmatar essas falhas, esperando dar um novo ânimo à Ucrânia.

Numa entrevista ao canal de televisão norte-americano NBC News, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que este “apoio vai fortalecer as Forças Armadas”. E até referiu que os 61 mil milhões de dólares poderão dar uma “chance de vitória” à Ucrânia, se o país “receber as armas que tanta necessita”. “Temos de estabilizar a situação e retomar a iniciativa”, declarou o Chefe de Estado, que apelou a que a ajuda chegue o “mais cedo possível”.

Os destroços do ataque russo contra Kharkiv, esta quarta-feira ANADOLU VIA GETTY IMAGES

Em declarações ao Observador, Mariya Omelicheva, professora de Estratégia na National War College, em Washington D.C., assinala que os soldados e a liderança ucraniana puderam “respirar de alívio” com a aprovação do pacote de ajuda dos Estados Unidos da América: “Vai dar aos ucranianos a artilharia e as munições necessárias para os ajudar a estabilizar as linhas de defesa e travar os avanços lentos da Rússia”. No entanto, a especialista ucraniana avisa este auxílio não é uma “panaceia” que vai solucionar todos os problemas: O maior desafio da Ucrânia é o número de homens”.

Ajuda militar, financeira, logística e humanitária: por que é composto o pacote de ajuda norte-americano?

Ainda não foram divulgados os pormenores do pacote de ajuda norte-americano. Apenas se sabe dividirá em várias componentes: de ajuda militar, financeira e humanitária. Dos 61 mil milhões, cerca de nove mil milhões de dólares (aproximadamente 8,42 mil milhões de euros) serão, relata a BBC, em formato de “empréstimos perdoáveis”, que abrem a possibilidade de Kiev nunca pagar esse valor, caso não obtenha condições financeiras para tal.

Na ajuda militar, um grande valor será utilizado para reparar ou recarregar equipamentos de guerra enviados pelos Estados Unidos para território ucraniano noutras fases do conflito. Em concreto, a Reuters apurou que a primeira tranche deste pacote de ajuda será de mil milhões de dólares (cerca de 940 milhões de euros).

Joe Biden anunciou que, nas "próximas horas", Ucrânia vai receber equipamento militar norte-americano SHAWN THEW/EPA

Esta quarta-feira, ao promulgar o pacote de ajuda, Joe Biden anunciou que, nas próximas horas”, a Ucrânia já vai receber equipamentos de guerra e munições dos EUA. “Vamos começar a enviar equipamentos para a defesa aérea, artilharia, sistemas de lançamento de foguetes e veículos de combate”, detalhou o Presidente norte-americano.

Não obstante, demorará algum tempo até se ter uma ideia completa para onde é que serão destinados os 61 mil milhões de dólares. Ao Observador, Mikhail Polianskii, membro do think tank Peace Research Institute Frankfurt e especialista em política russa e na segurança da Europa, defende que o pacote de ajuda norte-americano vai colmatar as principais falhas no terreno. “Esta ajuda é provável que inclua várias formas de apoio militar, como armas, munições e treino. Poderá fortalecer significativamente a Ucrânia e parar os avanços russos.”

No entender do especialista russo que vive na Alemanha, a falta de munições é, atualmente, o problema mais grave com que se debatem as tropas ucranianas. Estes 61 mil milhões de dólares darão a possibilidade à Ucrânia de “deixar de racionar munições”, como tem feito “nos últimos meses”, devido à escassez: “A Ucrânia começou recentemente a usar sistemas HIMARS ativamente, após as notícias de o pacote de ajuda ter sido aprovado”. 

"Esta ajuda é provável que inclua várias formas de apoio militar, como armas, munições e treino. Poderá fortalecer significativamente a Ucrânia e parar os avanços russos"

Mikhail Polianskii, membro do think tank Peace Research Institute Frankfurt e especialista em política russa e na segurança da Europa

Um exceção ou o apoio prolongado até à vitória: a dúvida que pode determinar o sucesso ucraniano

Outro tipo de ajuda importante é, para Mikhail Polianskii, o logístico, algo que poderá ser reforçado com o pacote de ajuda.Além do militar, apoio logístico é crucial”, sublinha o especialista, enumerando no que consiste: “Combustível, equipamentos médicos, dispositivos de comunicação, que são vitais para manter as capacidades operacionais”. 

Ucrânia pode agora arriscar, mas só restabelecerá capacidades em junho

Travar a lenta ofensiva russa no leste e salvar os civis dos ataques aéreos de Moscovo estes são os dois principais fins para o pacote de ajuda norte-americano. A Rússia tem lentamente avançado em território ucraniano e as forças armadas ucranianas tinham de racionar munições e sofriam perdas”, expõe Mariya Omelicheva, algo que a ajuda de Washington ajudará a travar. “Também permitirá reabastecer a defesa aérea para proteger cidades e infraestruturas críticas danificadas por mísseis russos e ataques com drones. E será usado para treinar recrutas ucranianos.”

Apesar de a entrega de equipamentos de guerra começar muito em breve, isso não deverá “afectar a situação na linha da frente” durante “várias semanas”. No relatório diário do think tank norte-americano Instituto para a Guerra (ISW) da passada segunda-feira, lê-se que a Ucrânia pode ainda “sofrer alguns reveses” com a ofensiva russa, até ser “capaz de estabilizar a frente”, principalmente em redor da localidade de Chasiv Yar, que a Rússia tem tentado, nas últimas semanas, conquistar.

A situação em Chasiv Yar AFP VIA GETTY IMAGES

As forças ucranianas vão provavelmente continuar a sofrer de falta de munições e de interceptores de defesa aérea nas próximas semanas”, prossegue o Instituto para a Guerra, que conjectura que “as forças russas” ainda poderão ter “ganhos tácticos marginais”. Além disso, a “ameaça de um avanço significativo russo nas próximas semanas ainda se mantém”, embora a Ucrânia possa agora tomar passos “arriscados”, de modo a “evitar esse avanço, uma vez que sabe que mais material chegará em breve”.

Neste sentido, o Instituto para a Guerra prevê que as capacidades das forças armadas ucranianas estarão mais fortalecidas para combater de igual para igual a Rússia provavelmente em junho de 2024, mês em que se espera que Moscovo lance uma ofensiva de larga escala na Ucrânia. O Kremlin não desiste de controlar a totalidade das províncias de Donetsk e Lugansk, assim como planeia uma operação militar para conquistar a cidade de Kharkiv, palco de ataques aéreos russos nos últimos dias.

A capacidade ucraniana de se defender (e quem sabe passar a ofensiva) depende igualmente da Rússia. O Instituto para a Guerra vaticina que as forças russas, nas próximas semanas, vão “provavelmente intensificar as operações ofensivas”, bem como os ataques com drones e mísseis, para explorar precisamente esta altura de impasse, em que a Ucrânia já recebeu ajuda ocidental, mas que não a implementou totalmente no terreno. “As forças russas mantiveram e, em algumas áreas, intensificaram as operações ofensivas.”

Tropas ucranianas continuarão, apesar da aprovação da ajuda, a sofrer alguns reveses no campo de batalha nas próximas semanas STR/EPA

Publicamente, o Kremlin reagiu com desprezo à ajuda norte-americana. O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, atacou a polícia “neocolonial” norte-americana, garantindo que os 61 mil milhões de dólares “não vão mudar nada”: “Todos os especialistas podem ver a olho nu a situação da frente, que está longe de estar favorável para o lado ucraniano. Não vai mudar nada”.

Por sua vez, Mikhail Polianskii não vê “como é que aprovação do pacote de ajuda possa mudar a posição da Rússia” no terreno, continuando com operações ofensivas de baixa intensidade: “A Rússia está actualmente a usar as capacidades máximas e não está a esperar por uma oportunidade para escalar”. Ainda assim, o especialista ressalva ao Observador que pode assistir-se a uma “intensificação da propaganda” destinada a “minar o real significado” deste apoio, passando a mensagem de que é ineficaz e nada vai mudar, como o porta-voz do Kremlin fez. “Além disso, não prevejo grande mudanças.”

A mobilização: o calcanhar de Aquiles da Ucrânia

A ajuda norte-americana pode ajudar a Ucrânia em termos financeiros e militares, mas há algo que nunca poderá fornecer: homens. O grande desafio da Ucrânia é ter pessoas para disparar as balas”, realça Mariya Omelicheva, que traça um retrato de “várias baixas e exaustão na linha da frente”, após dois anos e dois meses de guerra: “A Ucrânia precisa de mais e mais soldados, de preferência revigorados”.

"O grande desafio da Ucrânia é ter pessoas para disparar as balas. A Ucrânia precisa de mais e de mais soldados, de preferência revigorados" Mariya Omelicheva, professora de Estratégia na National War College, em Washington D.C.

Assim sendo, o Presidente ucraniano tem tentado mobilizar a sociedade para que mais homens se inscrevam nas Forças Armadas e aceitem combater. “Recentemente, [o governo] diminuiu a idade da conscrição dos 27 para 25 anos”, exemplifica Mariya Omelicheva. Essa mudança trará cerca de 400 mil pessoas para as Forças Armadas.

Há outra frente, desta vez mais diplomática, em que o governo ucraniano tem tentado obter sucesso: convocar os homens em idade militar que abandonaram a Ucrânia. Sendo assim, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, anunciou que os serviços consulares de Kiev serão suspensos para homens entre os 18 e os 60 anos.

Na sua conta pessoal do X (antigo Twitter), o chefe da diplomacia ucraniana justificou a decisão, recordando as circunstâncias da “agressão em larga escala da Rússia” e frisando que a “principal prioridade” dos habitantes do país passa agora por “proteger a pátria da destruição”. Dmytro Kuleba criticou depois os “homens em idade militar que foram para o estrangeiro“, que mostraram ao “Estado que não querem saber da sobrevivência” da Ucrânia — daí ter-lhes suspendido os serviços consulares.

Diplomacia ucraniana esforça-se para que homens que abandonaram a Ucrânia em idade militar regressem ao país SERGEY DOLZHENKO/EPA

Adicionalmente, em meados de abril, a polémica nova lei da mobilização também foi aprovada, ainda que tenha sido impopular. Uma das medidas mais contestadas foi o facto de não haver um prazo para a desmobilização dos soldados. Ou seja: numa guerra que se antevê longa, continua a não existir um prazo legal até quando os homens podem ser dispensados do campo de batalha. A legislação introduz, na mesma medida, um serviço militar básico para os jovens entre os 18 e os 24 anos, que poderão escolher quando é que o querem cumprir. Além disso, nas universidades, será introduzida uma componente de treino militar.

Um excepção ou o apoio prolongado até à vitória: a dúvida que pode determinar o sucesso ucraniano

Pelo menos nos próximos meses, este pacote de ajuda ajudará a Ucrânia a sustentar a ofensiva russa. O que acontece, porém, quando acabar? Num Congresso cada vez mais adverso ao auxílio a Kiev — com facções dentro do Partido Republicano abertamente contra a medida — torna-se cada vez mais difícil reunir apoio político nos Estados Unidos. O cenário ainda é mais negro para Kiev se se tiver em consideração uma possível vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas em novembro, sendo que o magnata já prometeu “terminar com a guerra em 24 horas” — o que pode levar a cedências territoriais do lado ucraniano.Para Mariya Omelicheva, “mais significativo” do que estes 61 mil milhões de euros seria a “previsibilidade” desse apoio à Ucrânia. Isto é: que o apoio do Ocidente fosse contínuo até levar a Ucrânia à vitória. “

"Este novo pacote de ajuda vai ser gasto rapidamente. Embora não se deva desvalorizar o simbolismo deste pacote de ajuda — os EUA demonstraram determinação no apoio a Kiev — as disputas no Congresso resultaram em atrasos e incerteza, o que é altamente prejudicial para o sucesso da Ucrânia" Mariya Omelicheva, professora de Estratégia na National War College, em Washington D.C.

 É a previsibilidade da ajuda que é extremamente importante”, sublinha a especialista. Com um conflito já longo e sem perspectivas para acabar, essa previsibilidade pode estar em risco. Num artigo de opinião do New York Times, o senador republicano J.D. Vance, próximo de Donald Trump, defendeu a existência de negociações para terminar a guerra (mesmo com condições desfavoráveis para Kiev), argumentando que, mesmo com o apoio dos Estados Unidos, a Ucrânia não tem qualquer hipótese de vencer a guerra.

Ainda que esteja longe de estar dominante, esta tese começa a ganhar alguma tracção entre os republicanos. Com maioria na Câmara dos Representantes, estas facções do Partido Republicano conseguem criar impasses e dificultar a aprovação de pacotes deste género. O líder republicano da comissão dos Negócios Estrangeiros na Câmara dos Representantes, Michael McCaul, reconheceu que a “propaganda russa” entrou nos Estados Unidos. “Infelizmente, infectou grande parte da base do partido.”

Até onde o Ocidente está disposto a ir para garantir a vitória ucraniana é uma incógnita. A própria definição de ‘vitória’ varia: será a reconquista de todos os territórios ocupados pela Rússia desde 2014, incluindo a Crimeia, ou será estar numa posição de vantagem em relação à Rússia para encetar negociações? A primeira hipótese poderá ser impossível, tendo em conta o poderio russo; a segunda é difícil de avaliar.

Até quando o Ocidente, em particular os Estados Unidos, vão apoiar a Ucrânia é uma incógnita GETTY IMAGES

Para 2024, uma vitória militar ucraniana será praticamente impossível. Em declarações à Reuters, Matthew Savill, director de ciências militares no think tank britânico RUSI, enfatizou que a Ucrânia terá de se concentrar nas “posições defensivas”, resignando-se à ideia de que “perdeu alguns territórios para a Rússia”. Para o país, “o grande desafio é simultaneamente garantir uma defesa forte e preparar para uma ofensiva em 2025″. 

Em todo o caso, o apoio ocidental para uma eventual vitória será importante neste processo e terá de ir mais além dos 61 mil milhões de dólares norte-americanos. Apesar das dificuldades, Mariya Omelicheva mostra-se confiante: “A Ucrânia tem uma hipótese de vitória — mostra heroísmo, determinação, vontade e capacidade para lutar”. Contudo, o pacote norte-americano “não trará” o tão desejado triunfo a Kiev, reconhece a especialista, salientando que isso vai depender de vários factores. O principal? Até quando o Ocidente está disposto a financiar o esforço de guerra ucraniano.

GUERRA NA UCRÂNIA   UCRÂNIA   EUROPA   MUNDO   RÚSSIA

COMENTÁRIOS:

Liberales Semper Erexitque: Apoio norte-americano permite à Ucrânia "respirar de alívio", mas não será "panaceia": Tradução para português: apoio norte-americano não será panaceia para que os ucranianos continuem a morrer que nem tordos para glória dos fascistas locais e testes militares dos EUA.

Pertinaz: Quem diz… os russos…???

Proibir a proibição

 

Acima de tudo. Não impor regras. Prezar, democraticamente, a liberdade. Liberdade no vestir, liberdade no agir. Mas o facto é que as regras foram sempre surgindo, sobre que reflectiam os grandes pensadores, ajudando à formação dos povos. Com o respeito das regras surge o respeito por si próprio, e pelo outro, também. No fundo, o vestuário aberrante é uma forma de exibicionismo e de provocação, como outro qualquer, uma questão de educação ou de falta dessa, no desprezo pelo outro e no amor exclusivo de si próprio. Dificilmente tais actuações, implicando exacerbação do ego, se debruçarão sobre o futuro e a necessidade de o preparar sem desleixo, como pede o texto de Leonor Galvão. E uma vez mais, a velha frase “vanitas vanitatum et omnia vanitas” que percorre os séculos, se impõe hoje, no simples jeito grotesco de retirar centímetros ao calção. Quem o faz, não se preocupa com o presente e menos ainda com o futuro. E quem o permite também não. Os Velhos do Restelo, sim, preocupam-se e serão sempre precisos, Não devem ser excluídos.

Abril e os Velhos do Restelo

Se querem mudar o comportamento, mudem antes a educação, a formação, os planos curriculares, a aposta na inovação, a aposta na formação de professores, e deixem lá os centímetros de calções e decotes.

LEONOR GAIÃO Estudante do Mestrado em Psicologia Clínica na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

OBSERVADOR, 25 abr. 2024, 00:1214

Diz-se que quem conta um conto acrescenta um ponto. O conto do 25 de abril não é diferente. Há inúmeras formas de contar a mesma história, e em cada versão, mudam os vilões, mudam os bons e os maus, muda o final, muda a moral. Haverá um dia em que ninguém terá vivido o 25 de abril. Eu já não o vivi, estive longe de o viver. Como serão os 100 anos do 25 de abril? As memórias já não serão as memórias dos que o viveram, mas dos que ouviram a história. Será que a história ainda será contada (da mesma forma)? O que estará escrito nos manuais de História?

A saudade é quase um símbolo universal da cultura portuguesa. Somos um povo saudosista, os que acreditam no Quinto Império, que esperam por D. Sebastião, que sonham acordados com o que já não volta, mas dormimos sobre o futuro, apagamo-lo como se apagam as noites em que não sonhamos: retidas no esquecimento.

O ano de 2024 é uma aparência, a liberdade que desce à rua é, talvez, das mais complexas de sempre. Nunca tivemos na mão tanta liberdade e tanta escolha, um privilégio inegável, sem dúvida. No entanto, parece que nunca foi tão fácil tirar a liberdade a alguém. O que dizemos e fazemos fica manchado por um lápis cuja cor ainda não conhecemos. Já não temos a PVDE, mas temos a prisão do politicamente correcto, “os polícias pela verdade”, “a cultura de cancelamento”. Mas qual verdade e que cancelamento? É evidente que não podemos comparar uma polícia do Estado, com métodos de tortura, à “polícia do politicamente correcto”. Mas que ambições são as nossas se apenas queremos impedir o regresso do impensável, mas não lutamos pelo progresso do desejável?

Quando se fala de Estado Novo fala-se de um regime autoritário, fascista, antidemocrático, entre outras coisas. Em 2024, usam-se estas palavras como quem usa peças de roupa. Não se medem as palavras, mede-se o mediatismo. Mas será que ainda se mede a roupa?

No dia 5 de maio de 1941, o governo fez publicar pelo Ministério do Interior, o Decreto-Lei n.º 31 247, clarificando que “(…) pertence ao Estado zelar pela moralidade pública e tomar as providências no sentido de evitar a corrupção dos costumes”. Numa lei que visava tanto mulheres como homens, às mulheres era apenas permitido mostrar as costas até 10 centímetros acima da cintura. O fato de banho masculino teria de ter um comprimento de perna mínimo de 2 centímetros, e tapar a barriga; o das mulheres tinha de ter um saiote que cobrisse em pelo menos um centímetro a parte de baixo do calção justo à perna.

Quem diria que a dias do 25 de abril viria a sair uma notícia onde o Liceu Pedro Nunes pede aos seus alunos que não utilizem “calções demasiado curtos” nem “excessivo decote”. Sim, eu sei que a escola não é a praia, mas também ainda não vi alunos de biquíni na escola (e posso falar com conhecimento de causa). Não é a roupa que determina o nosso comportamento. Se os alunos se comportam como se estivessem na praia, já é outra questão. Mas se querem mudar o comportamento, mudem antes a educação, a formação, os planos curriculares, a aposta na inovação, a aposta na formação de professores, e deixem lá os centímetros dos calções e das blusas sossegados. Se eu me vestir de piloto da força área, não faz de mim capaz de pilotar um avião, ou faz? Se eu mudar a roupa de uma pessoa, não lhe mudo o pensamento nem o comportamento. E já vi pessoas com saias até ao chão, ou calças de fato, a ter comportamentos e atitudes recrimináveis, e muito pouco dignas de quem está numa escola. Toda a vida fui estudante do ensino público e já ouvi muito disto “vocês não vão a lado nenhum, são burros, vão trabalhar para caixas de supermercado”. Foi uma Professora de Francês (no ano de 2014/2015), e nunca me esqueci. Disse isto para uma turma toda de miúdos dos seus 13, 14 anos, mesmo para aqueles que sonhavam em ser jornalistas, advogados, escritores, tradutores de francês, quem sabe… Uma mulher extremamente apresentável, impecavelmente penteada, com roupas sempre a tapar os joelhos, até os tornozelos. Sempre a achei elegante e apresentável, isso não está em causa, é pena é que a roupa não lhe tenha salvado as palavras medíocres. Medir os centímetros da roupa é uma distracção para resolver o que realmente interessa.

A liberdade para usar as palavras tornou-se também a liberdade para deixar de as pensar. Gritamos por liberdade às nossas crianças e aos nossos jovens, falamos do “homem mau” como se tudo fosse tão simples como a compilação de defeitos numa só pessoa. E cobrimos as campas do “homem mau” com “caixas de medicamentos antifascistas”, como fez Bordalo II. É tudo um bocadinho mais complexo do que isto. Salazar está longe de ter sido um Hitler, um Mussolini, um Estaline. Mas eles não foram “homens maus” que apareceram magicamente para tornar o mundo num lugar mau. Também foram homens apoiados pelo povo, em contextos muito particulares. Simplificamos as coisas para não termos de falar nas mais complexas. Tornamos o mundo num lugar do bem e do mal, dividido por datas, e esquecemo-nos de que o bem e o mal são um contínuo de um pêndulo eternamente a oscilar, e que nunca pára, nem parará, num ponto fixo.

A vontade de congelar a memória intacta do 25 de abril será maior do que a vontade de descongelar o que falhou? Uma Europa democrática escrava dos EUA (um Papão Democrático); da Rússia (um Lobo mascarado de Avozinha); da China (uma ditadura que ninguém desafia). Somos a sociedade do “made in China”, do come e cospe, do não é nada connosco. Somos democratas que alimentam ditaduras. Mas o que pode Portugal contra o mundo? Se calhar não pode nada, mas na descida da Avenida da Liberdade, quase que parece que podemos tudo, somos a reencarnação da mudança, do dinamismo, da luta, da revolta. Mas eis que acordamos na manhã seguinte, ainda adormecidos na calmaria que restou da festa, e tudo se reorganiza na mesma pasmaceira.

E se é fácil deixarmos de ser reféns do mundo? Não é. Mas “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança…”. Nos 500 anos de Camões, quase ignorámos as celebrações do poeta que, não por acaso, vislumbrou, com séculos de avanço, essa imagem tão portuguesa: “Oh, maldito o primeiro que, no mundo, nas ondas vela pôs em seco lenho!” O velho do Restelo que vive em cada um de nós não deixa morrer o conforto da revolução que já se fez, mas treme que nem varas de embarcar na próxima.

25 DE ABRIL       PAÍS

COMENTÁRIOS (de 16):

António Araujo: Na semana passada entrei num estabelecimento comercial aonde se encontrava só um cliente e a ser atendido. O sr. vestia camisola sem mangas e de alças muito estreitas mostrando quase totalmente ombros, costas, peito, axilas e totalmente os braços. Sendo pessoa de ombros largos provavelmente praticante de ginástica, a área corporal exposta era significativa. A pele escurecida pelo sol tinha uma grande concentração de mazelas antigas que lhe conferiam um aspecto pouco agradável passível de criar nojo e que só eram visíveis por estar descoberto. Também na mesma semana estava na caixa de um supermercado, uma jovem a pagar, um indivíduo na fila, mais uma senhora e eu no fim. O indivíduo da fila falava com outro que estava a 5 ou 6 metros de distância, em voz alta trocando no meio das palavras um chorrilho de palavrões. Ambos os casos em espaços públicos normais sem qualquer preocupação com a postura e comportamento. Em ambos os casos fiquei incomodado. Serei eu que sou preconceituoso e estou errado? Cada qual pode ter a postura e comportamento que lhe apetece? Até andar nu, porque não? Aonde estão os limites? Passando para o caso da escola, não há limites na postura nem nos comportamentos? Pode-se mostrar 2 cm abaixo do umbigo? Ou 5 cm acima? Já agora porque não 10 cm? Ou até 20? Mais um pouco e dispensa-se a roupa não? A escola estará errada? Quais são os limites? Deveria estar preocupada com outros temas mais importantes? A postura e comportamentos não são importantes? Os jovens de hoje serão os adultos de amanhã. Se não os educam para o bom senso e isso pode também passar por criar limites, então eu vivi a minha vida completamente errado.               Paulo Cardoso > João Floriano: Não vejo a crónica como polémica. Considero-a uma crónica profunda. A autora preocupa-se mais com o ser, que com o parecer. Se as pessoas forem devidamente educadas, não haverá necessidade de regulamentar ou sugerir a indumentária, porque a pessoa terá outro discernimento para intuir como ser ou estar. Parece-me a mim que o pensamento da autora, não andará tão distante do pensamento expressado nos comentários precedentes.                  Paulo Cardoso > João Floriano: João. Depois de ler os seus 2 comentários, reli o artigo. A primeira opinião que tive do mesmo, prevaleceu. O artigo versa sobre o que parece ser versus o que de facto é. Sobre uma sociedade que valoriza o parecer e menoriza o ser. A indumentária é um exemplo, dos vários apontados. A autora usa-o para fazer o contraponto entre a propagada falta de liberdade anterior a 74 e pretensa existência dela nos dias de hoje, fazendo um paralelismo entre dois eventos, um acontecido antes o outro depois do 25 de abril, mostrando que, no que concerne ao respeito pelo liberdade, não existe muita diferença entre ambos. Mais. Do artigo resulta que, mais importante que ditar as regras ou os limites da indumentária, é a educação de quem a usa. Se as pessoas tiverem a devida educação, saberão discernir entre o que deve ou não ser usado, nesta ou naquela ocasião, não havendo assim necessidade de regrar o que vestir. Ou seja, a verdadeira liberdade está na educação. Na educação verdadeira e factual. Não na educação rescrita e adaptada.               Paulo Cardoso: Muitos parabéns pela lucidez e maturidade do raciocínio. São linhas como estas, pensadas e escritas por cidadãos ainda ou a poucos anos de terem completado o primeiro quartel de século de existência, que me fazem olhar o futuro com esperança.                  Pobre Portugal: Sempre impecável. Mais uma fabulosa crónica.

 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Ele não se revê


Nas paisagens da minha terra moçambicana, está visto, sentindo-se, segundo afirma, ”português na minha língua” (ou seja na “sua dele”, porque a minha, sendo estruturalmente parecida com a dele, tenho a certeza de que enferma de uma modéstia de composição que nada tem a ver com a composição da sua, para além de que o parágrafo final da sua crónica do Público de 6 de Abril que tem por título “As guerras culturais são um alimento da direita radical e onde faz afirmações drásticas, revela bem os seus escrúpulos a respeito das terras outras que não sejam estas, onde ele vive, ainda que aparentem escritos e falas parecidos. É assim, pois o último parágrafo da sua crónica com a bandeira contendo a “tralha” dos castelos que, na sua expressão de desdém parece que viraram pagodes chineses, e onde estão incluídas as quinas na tal esfera armilar que os então patrioteiros da primeira República houveram por bem pintar e que o governo PS resolveu subtrair no seu logotipo – substituída a tralha por um círculo branco - mas que o actual governo AD resolveu repor, sem dar cavaco, o que me pareceu uma medida de higiene pública mental, mas que Pacheco Pereira condenou no seu artigo, por ser medida arrogantemente discricionária e para mais de imposição antidemocrática. Daí a razão do seu artigo que leio num dos Públicos que a minha irmã me traz, e passo a transcrever o tal parágrafo final que não só justifica a sua aversão à tralha histórica de símbolos cediços, como ainda demonstra as riquezas de alma no seu amor pátrio sadiamente intelectual:

“Eu considero-me um patriota, à luz dos grandes momentos do patriotismo nacional que é a fala que Camões coloca na voz forte do Velho do Restelo, e sinto-me “português” na minha língua, nos meus poemas e romances na grande tradição cultural portuguesa, nas paisagens da minha terra, e nos bons e maus momentos da minha história. Eu sei que nem tudo é bom e exemplar, mas foi o que foi no tempo que foi. De todo o que não preciso é de colar o meu patriotismo à esfera armilar, nem às quinas, nem aos castelos, nem aos pagodes e bater no peito a gritar Portugal!”

Mas foi sobretudo por via da expressão “paisagens da minha terra” que eu me senti excluída das razões do seu amor pátrio, que é mais que certo não inclui a empreitada descobridora lusa, ocupante dos terrenos além-mar, excluídos estes dos seus laços patrióticos, pois que se revê no reacionarismo do Velho do Restelo ao embarque do Gama no Restelo. Daí que me sinta definitivamente apátrida, embora nunca me tivesse passado pela cabeça chamar de “tralha” aos desenhos simbólicos da bandeira portuguesa.

Mudança de cor

 

Por conta da necessidade. É um fenómeno, pois, bastante natural, nos cucos fêmeas como nos humanos, a cada passo, segundo a experiência me ensinou, sobretudo nestes últimos cinquenta anos que vivi, a celebrar hoje, com unção.

Investigadores desvendam “mistério natural” sobre cores das fêmeas de cucos

O estudo recorreu a ferramentas genómicas para desvendar “um mistério natural com mais de 200 anos”: a presença de cores distintas entre fêmeas de diferentes espécies de cucos.

AGÊNCIA LUSA: Texto

OBSERVADOR; 24 abr. 2024

Os machos de cuco são sempre cinzentos, mas as fêmeas podem ser cinzentas ou arruivadas (hepática) David Kjaer

Investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS-CIBIO) da Universidade do Porto desvendaram “um mistério natural” sobre a presença de cores distintas entre fêmeas de diferentes espécies de cucos, foi revelado nesta quarta-feira.

O estudo, publicado nesta quarta-feira na revista científica Science Advances, recorreu a ferramentas genómicas para desvendar “um mistério natural com mais de 200 anos”: a fêmea hepática do cuco.

A variação natural intrínseca das espécies encontra-se, por vezes, restrita a um só sexo, criando um enigma para o qual os cientistas há muito procuram resposta”, destaca, em comunicado, o centro de investigação.

O cuco hepáticovariedade de cucos arruivadosfoi descrito em 1788 pelo sueco Anders Sparrman por ser “tão distinta dos habituais cucos cinzentos” e que catalogou como “uma nova espécie de ave”.

Ao longo dos séculos, tornou-se claro que os machos de cuco eram sempre cinzentos, mas que as fêmeas podiam ser cinzentas ou arruivadas (hepática).

Esta descoberta tornou-se mais intrigante quando se descobriu que outras espécies de cuco, para além do mais famoso cuco-canoro europeu, também tinha a mesma variação – cinzenta/hepática – restrita às fêmeas”, acrescenta.

A fêmea cuco dispõe de alguns segundos para pôr os seus ovos no ninho de outra espécie de ave e para o fazer, o seu dorso cinzento e o peito barrado “mimetizam a cor de aves de rapina”, afugentando o hospedeiro.

A diferença entre indivíduos de sexos diferentes é comum nos animais, mas a variação restrita a um sexo é “menos comum”, salienta, citado no comunicado, o investigador e coautor do estudo Miguel Carneiro.

Os investigadores começaram por estudar uma população de cucos da Hungria, na qual as fêmeas hepáticas coexistem com fêmeas cinzentas, tendo, posteriormente descodificado os genomas dos cucos.

“As fêmeas cinzentas e hepáticas têm um perfil genético idêntico, tão semelhante como qualquer vizinho. No entanto, quando olhamos para os cromossomas sexuais vimos que no cromossoma W, que é específico das fêmeas de aves, são tão diferentes que parecia estarmos perante duas espécies distintas”, esclarece, também citada no comunicado, Cristiana Marques, coautora do estudo.

Depois de estudarem a população de cucos húngara, os investigadores focaram-se no cuco-oriental, espécie asiática, onde por vezes as fêmeas são também da variante hepática.

Reconstruímos a árvore evolutiva destes cucos e descobrimos que, ao contrário do resto do genoma, no cromossoma W o parentesco é maior consoante a cor da fêmea, ou seja, uma fêmea de cuco-canoro hepática tem um W mais semelhante ao de uma fêmea hepática de cuco-oriental, do que o da fêmea cinzenta da mesma espécie”, refere também Pedro Andrade, acrescentando que a equipa tentou posteriormente perceber se a partilha de variação ocorria por hibridação ou se era antiga.

Os nossos dados sugerem que esta variação é, efetivamente, muito antiga. A mutação original ocorreu provavelmente há cerca de um milhão de anos, antes do aparecimento do cuco-canoro e do cuco-oriental actuais, e tem sido passada geração após geração à medida que as espécies evoluíram”, explicam os investigadores.

Os resultados do estudo demonstram como a variação de cor restrita a um sexo pode ser determinada pelos cromossomas sexuais, o que “à primeira vista parece intuitivo, mas que surpreendentemente até agora tinha sido difícil de demonstrar”, destacam os investigadores.

Manter duas formas diferentes numa população de cucos poderá ajudar a impedir os hospedeiros dos ninhos de aprenderem a distinguir as fêmeas das aves de rapina que mimetizam, salvaguardando a espécie.

Neste momento, os investigadores estão a estudar se as cores têm facilitado o estilo de vida parasítico dos cucos ao longo da sua evolução.

CIÊNCIA      AMBIENTE

 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

As sábias frases


Do nosso sentido bem sentido.

Ramalho Eanes. "Faz sentido" celebrar o 25 de Novembro, "mas data fundadora da democracia" é o 25 de Abril

Antigo Presidente da República diz que "data fundadora da democracia" é o 25 de Abril de 1974, mas que 25 de Novembro de 1975 também deve ser celebrado. “Separar as datas é um erro histórico."

JOANA MOREIRA:Texto

OBSERVADOR, 22 abr. 2024

António Ramalho Eanes saiu vitorioso das primeiras presidenciais por sufrágio directo e universal, em junho de 1976, tornando-se assim o primeiro Presidente da República eleito em democracia JOSE SENA GOULAO/LUSA

O antigo chefe de Estado português Ramalho Eanes defendeu este domingo que “faz inteiramente sentido” que o 25 de Novembro de 1975 seja celebrado, “mas [que a data fundadora da democracia” é o 25 de Abril”, sublinhou, em entrevista à SIC.

“É o 25 de Abril que assume perante o povo português o compromisso de honra de lhe devolver a soberania e a liberdade, de fazer com que os portugueses façam aquilo que entendem para viver o seu presente e desenhar o seu futuro”, assinalou. “Houve, como toda a gente sabe, sobretudo os mais velhos, aquela perturbação terrível a que chamaram PREC e houve, obviamente, ameaças significativas à intenção original do 25 de Abril, que era a intenção democrática. O 25 de Novembro reassumiu esse compromisso original”.

Rosto do 25 de Novembro, o movimento político e militar que concluiu o conturbado processo revolucionário em curso e devolveu estabilidade à jovem democracia portuguesa, Ramalho Eanes diz que “faz sentido” celebrar a data, tal como o 25 de Abril de 1974, e entende que quem quer separar as duas datas está “a cometer um erro histórico”.

“Os erros históricos nunca são convenientes, porque a história, quando é apresentada na sua totalidade, permite-nos que a ela voltemos, para nela aprender e evitar cometer erros que foram cometidos no passado”, disse o primeiro Presidente da República eleito em democracia.

Fazendo um balanço dos 50 anos da Revolução, Ramalho Eanes, que venceu as primeiras presidenciais por sufrágio directo e universal, em junho de 1976, destacou as mudanças positivas, sobretudo, nas áreas da Saúde e Educação, lembrando que em 1974 havia “uma miséria pungente” que foi atenuada, mas que ainda não desapareceu.

Em entrevista à SIC no espaço de comentário de Luís Marques Mendes, Ramalho Eanes terminou com um apelo: “É muito importante que se debrucem sobre o 25 de Abril, que façam uma reflexão sobre aquilo que se conseguiu. Mas acho que é mais importante ainda que façam uma reflexão sobre aquilo que querem que venha a ser o país. Uma reflexão que permita ver o que é necessário para que tenhamos um presente melhor, de maior inclusão e um futuro que corresponda ao desejo dos portugueses.”

25 DE ABRIL     PAÍS      ANTÓNIO RAMALHO EANES

COMENTÁRIOS (de 25)

João Floriano: Erro histórico é tentar meter o 25 de Abril e o 25 de Novembro no mesmo saco. Esta tentativa de colar as duas datas interessa apenas à esquerda e não é por acaso que durante muitos anos o 25 de Novembro passava praticamente despercebido. O 25 de Novembro representa o afastamento de um governo comunista fantoche. É por isso que a esquerda não gosta da data e muito menos que seja festejada.              Pertinaz: Qualquer dia até Ramalho Eanes é fascista…              João Floriano > Jorge Pereira: Xenófobo! Diga mal mas aprenda  a escrever. Eu gosto muito de Saloios: trabalhadores, acolhedores, muito boa gente , come-se e bebe-se divinalmente na zona saloia.               Luis Freitas: O 25 de Abril de 1974 é a data do fim da ditadura do Estado Novo o 25 de Novembro de 1975 é a data do fim da tentativa de instaurar uma ditadura comunista ou da extrema esquerda que queriam assassinar a democracia. Portanto ambas as datas são simultaneamente muito importantes o 25 de Abril não é mais importante do que o 25 de Novembro. A tentativa do assassinato do 25 de Novembro de 1975 pela esquerda do PS aliada à extrema esquerda é simplesmente criminosa, se a AD não reparar este erro histórico será mais uma prova que o PS=PSD e portanto o Chega será nas próximas eleições legislativas o maior partido político ou no mínimo o segundo partido político com mais deputados na Assembleia da República.               Tiago S: DEMOCRACIA: O 25 de abril é a data do fim da guerra colonial. Foi por causa dela, e por um levantamento de rancho castrense (contra a decisão da instituição militar  a favor dos milicianos é bom não esquecer) que os capitães cansados das comissões de áfrica derrubaram e bem o regime. Lembrar que no hiato entre os dois 25's não tivemos liberdade como a entendemos hoje, e muito menos democracia, ou mesmo o fim dos presos políticos (a 24 de Novembro eram mais do que eram a 24 de Abril). O 25 de Novembro é a data de restauração dos direitos, liberdades e garantias de acordo com a constituição que viria a ser aprovada à época e que ainda hoje no essencial se mantém. Com efeito, direitos, liberdades e garantias com um módico de civilização ocidental e de democracia europeia e não com a interpretação comunista-maoista à época do que valiam esses direitos, liberdades e garantias, e que nos atiraram o país para o cu da europa durante 20 anos e nos iam tornando numa nova Albânia.  Conclusão: o 25 de Novembro é a data da democracia.           Luis Freitas > Liberales Semper Erexitque: O verdadeiro dia da liberdade e de termos uma democracia foi no dia 25 de Novembro de 1975.              José Costa-Deitado: suponho que haverá duas formas opostas de festejar o 25 de Abril: os que festejam, celebrando o PREC e detestando o 25 de Novembro; os que festejam celebrando a Liberdade confirmada a 25 de Novembro e detestando o PREC…          Tiago SJ. Lombardo: Caro Lombardo, Agradeço o reparo que me passou no texto. O que queria dizer é o que está editado agora. O espírito mantém-se: existe um antes e depois do 25 de Novembro em termos de direitos, liberdades e garantias. É o momento fundacional da democracia.                    João Alves: Faz todo o sentido. O 25 de Abril e os tais "valores de Abril" não têm nada que ver com democracia ou liberdade, isso é o que o 25 de Novembro representa. o 25 de Abril é um feriado de celebração do comunismo e do socialismo autoritário e, claro, é isso que a esquerda política adora e como tal passaram 40 anos em propaganda permanente a esta data.