sexta-feira, 5 de abril de 2024

Um texto climático


Em sentido próprio mas figurativo também, se o quisermos tomar como tal. É o que eu faço, aproveitando-me de uma crónica de José Pacheco Pereira, saída no Público de 16 de Março, sobre as eleições por cá, e o seu sentir, provavelmente esquentado dos calores eleitorais, que arrastam também bastante poeirada em comentários ou atitudes de uns e de outros, como se verificaria aquando da apresentação do novo governo, texto que me limito a citar: “Porque é que eu não consigo deixar de ser arrogante” é o título dessa crónica de PP, e o que pensei logo foi que, em paralelo com a tempestade Olívia a manchar os ares europeus com as areias do deserto, também tal texto “arenoso”, pretende uma vez mais manchar uma AD fracamente vitoriosa, é certo, sem que se compreenda muito bem o porquê da contundência, contra um partido ao qual aparentemente pertence, a lembrar aos socialistas e demais partidos da esquerda os factores da sua negatividade em relação a esse partido medianamente (ou antes, “negativamente”) ganhador, o que parece indigná-lo, seguidor aparente ainda das suas ideologias primárias em partidos de esquerda (segundo relato mediático), pese embora o conforto do actual posicionamento de estabilidade no PPD. Sim, há muito que não compreendo a duplicidade dos seus discursos inteligentes, mas de diversão na zanga, como as tais areias que hoje toldam os ares europeus.

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Além de calor de 30ºC esta sexta, a Olívia traz uma enorme massa de poeira que pode chegar até à Suécia

A tempestade Olívia, que vai assolar os Açores esta quarta e quinta, arrasta não só uma massa de ar muito quente, como também uma enorme nuvem de poeira.

FILOMENA MARTINS: Texto

OBSERVADPOR, 03 abr. 2024, 19:11 4 

A nuvem de poeira que chega a partir desta quinta

Está confirmado: esta sexta-feira as temperaturas podem chegar quase aos 30ºC em algumas zonas do continente. Mas também está confirmado: o calor vem acompanhado de uma enorme nuvem de poeira do Saara, tão grande que pode chegar quase até à Suécia. Quer a massa de ar quente subtropical que vai fazer subir as temperaturas, quer o pó do deserto serão culpa da Olívia.

A Olivia é uma tempestade profunda que se formou no meio do Atlântico e entretanto ganhou força ao ponto de ter direito a nome: a depressão, baptizada pelo IPMA, vai mesmo fustigar os Açores com chuva e vento, tendo sido emitidos alertas laranja e amarelos para esta quarta e quinta-feira para algumas ilhas açorianas. Mas, depois, no seu percurso em direção às ilhas britânicas, “puxará” não só por uma massa de ar quente, como também pela de poeira do deserto. Muito semelhante ao que aconteceu com a Nelson.

A nuvem de poeira, contudo, será bastante mais longa em comprimento, e terá uma outra direcção. Na semana passada, associada à tempestade Nelson havia uma DANA, ou gota fria, junto às Canárias, o pó do deserto subiu pela zona da Catalunha, enrolou e desceu do norte da Península através de Portugal. Desta vez, vinda do interior do deserto, subirá junto à costa de Marrocos, depois pelo interior de Portugal e Espanha e depois pelo centro da Europa, à medida que a Olívia se desloca também para dentro do continente europeu, empurrada pelos ventos que serão, sobretudo, de sul, sudoeste. Olhando para os actuais mapas de meteorologia — o europeu, ECMWF, é o de maior referência —, pode ver-se a nuvem de poeira a chegar quase até à Suécia. O pó deve começar a chegar ao sul do país esta quinta e intensificar-se até domingo.

Quanto às temperaturas,a massa de ar extremamente quente — estamos a falar de 12 a 14ºC acima do normal para esta época do ano, o que nos coloca com tempo mais próximo de julho do que de início de abril —, começa a chegar ao continente já esta quinta-feira, mas será sexta e sábado que os termómetros registarão o vermelho mais vivo. As previsões apontam para máximas muito próximas dos 30ºC em alguns locais do interior, com 28ºC em Santarém e Aveiro, 27ºC em Évora, 26ºC em Braga, Leiria, Porto, Coimbra, Castelo Branco ou Beja e 25ºC em Lisboa ou Setúbal. Sendo que o resto do país estará acima dos 20ºC. Já as mínimas andarão entre os 7ºC e os 12ºC.

Será, contudo, um episódio de calor passageiro. A chuva voltará ainda no fim de semana. O sistema de altas pressões, anticiclónico, não é forte o suficiente para impedir a entrada de mais uma frente. Esta frente deixará aguaceiros na zona norte no sábado, alguma precipitação também no domingo já em todo o país — e como este poderá ser o dia com mais poeiras, onde chover, será chuva de lama, onde não chover, ficará com o dia alaranjado —, e também é possível que ainda possam continuar a cair umas pingas de água na segunda.

Depois, para o resto da semana não se espera nenhuma nova frente e parece mesmo vir a caminho um novo episódio de calor extremo (para esta época do ano) novamente para a sexta-feira, dia 12. Uma montanha russa meteorológica.

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COMENTÁRIOS:

Jota Mamba: Grande bronka!                 Paul C. Rosado: Dantes, o fenómeno das poeiras tinha um período de retorno para aí de 5 anos. Agora é de meses... ou semanas.               Pertinaz: Xi… é o fim do mundo…    Paulo Valente > pertinaz: Hahahahaha. Está de volta O Drama das Poeiras. Acho que os camelos andam a fazer sapateado nos desertos de África.

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