Entre
duas guerras.
Guerra
na Ucrânia
Ocidente defendeu Israel do ataque do Irão. Porque é que não protege os
céus da Ucrânia?
Ucrânia denuncia duplos critérios do
Ocidente, que protegeu céus israelitas mas não protege ucranianos. EUA dizem
que querem evitar guerra contra Rússia. E há mais factores que motivam a falta
de ação.
JOSÉ CARLOS DUARTE: Texto
OBSERVADOR, 21 abr.
2024, 20:0417
A coligação que se formou entre Estados Unidos, Reino Unido, França
e outros países aliados para defender os céus israelitas dos drones e dos
mísseis iranianos mostra que o Ocidente estava decidido a não permitir um
ataque contra Israel. A
cerca de três mil quilómetros de distância, a Ucrânia, que tem estado em guerra
com a Rússia e que tem sofrido ataques aéreos quase diários, não esconde o
incómodo com que assiste a esta unidade ocidental na defesa de Telavive. “É
extremamente estranho. Como é que a população ou a infraestrutura civil da
Ucrânia difere da população civil de Israel de um ponto de vista humanitário?”,
questionou o conselheiro da presidência ucraniana,
Mykhailo Podolyak, numa entrevista à NBC News.
A situação ainda é mais
desconcertante para Kiev porque, como sublinhou Mykhailo Podolyak, a “Rússia e
o Irão usam a mesma estratégia de ataque e os mesmos equipamentos”. Para
sustentar o seu esforço de guerra, e após ter sido alvo de inúmeras sanções do
Ocidente, o Kremlin tem adquirido drones Shahed fabricados em território
iraniano, usando-os para atacar a Ucrânia. Aliás, as autoridades russas até já
instalaram uma fábrica, a 500 quilómetros de Moscovo, que se prevê que comece
em breve a produzir veículos aéreos não tripulados com tecnologia de Teerão.
Mesmo assim, esse argumento está longe
de ser suficiente para convencer os aliados ocidentais. A Ucrânia
recebe ajuda em dinheiro e equipamento
— aliás, ainda neste sábado a Câmara de Representantes dos EUA aprovou um
decisivo pacote de apoio de 61 mil milhões de euros. Mas todos os países ocidentais são muito cautelosos
em ir para além disso. Já no início da guerra, em fevereiro de 2022, a Ucrânia
viu negada pela NATO (apenas os países Bálticos concordaram) uma no-fly zone, que
destruiria todas as aeronaves que entrassem no espaço aéreo do país. O
motivo? O receio de que o conflito escalasse e pudesse haver uma guerra
directa entra os Estados-membros da aliança transatlântica e a Rússia. Em
contrapartida, esses receios parecem não existir com o Irão.
"É extremamente estranho. Como é
que a população ou a infraestrutura civil da Ucrânia difere da população civil
de Israel de um ponto de vista humanista?"
Conselheiro da presidência
ucraniana, Mykhailo Podolyak
Impedidos de aceder à tecnologia do
Ocidente devido às sanções de que são alvo, o Irão e a Rússia estão a unir
esforços para desenvolver a sua indústria bélica. Se Moscovo está numa posição de ataque,
esperando-se que intensifique as operações ofensivas contra a Ucrânia nos
próximos tempos, Teerão está mais na defensiva, esperando eventuais novos actos
de retaliação de Israel e descartando uma guerra regional no Médio Oriente.
Neste contexto, as autoridades ucranianas (e até algumas da Europa de
Leste) insistem na necessidade de que os países ocidentais protejam os céus
ucranianos, tal como fizeram com os de Israel.
A pressão da Ucrânia, que tem
denunciado os duplos critérios ocidentais, está a crescer. Ainda esta
quarta-feira, após um ataque em Chernihiv que matou pelo menos 17 pessoas e
feriu cerca de duas dezenas, Volodymyr
Zelensky sublinhou que a tragédia “não teria acontecido” se o país “tivesse
recebido um número suficiente de sistemas de defesa aéreos e se a determinação
do mundo para responder ao terror russo tivesse sido suficiente”. “A
determinação importa. A
determinação ucraniana é suficiente. Deve haver igualmente determinação
suficiente dos nossos parceiros e, como consequência, apoio suficiente”, escreveu o
Presidente na sua conta pessoal do X (antigo Twitter).
As justificações do
Ocidente: “Diferentes conflitos, diferentes padrões de ameaça”
A
resolução em defender Israel e a aparente falta de firmeza em apoiar Kiev dos
ataques russos têm sido tópicos abordados pelos responsáveis políticos
ocidentais. Nos Estados Unidos — o mais poderoso dos aliados
ucranianos —, o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança norte-americano,
John Kirby, respondeu directamente sobre o
motivo que levava Washington a não defender os céus da Ucrânia: “Diferentes conflitos, diferentes espaços
aéreos, diferentes padrões de ameaças.”
▲ As
consequências do ataque russo contra Chernihiv GLOBAL IMAGES UKRAINE VIA GETTY
O responsável da Casa Branca salientou
que, “desde o início da guerra”, o
Presidente dos EUA, Joe Biden, “deixou claro que os Estados Unidos não planeiam
participar nas hostilidades ucranianas”. Ou seja: os
norte-americanos temem uma retaliação russa, caso defendessem os céus da
Ucrânia, que poderia levar Moscovo a atacar um Estado-membro da NATO — e
obrigar a que se accione o artigo 5.º do Tratado de Washington, potenciando o
início do que seria uma Terceira Guerra Mundial.
No mesmo sentido, o porta-voz do
Departamento de Estado, Matthew Miller, realçou que o “contexto é importante”, recordando a
história das relações dos Estados Unidos com a Ucrânia e com Israel.
“Temos décadas de parceria de segurança com os israelitas. Durante décadas,
ajudámo-los directamente. Israel é um grande aliado dos Estados
Unidos que não está na NATO”, clarificou o responsável da diplomacia dos Estados
Unidos.
Ora, Kiev ainda não tem o estatuto de Telavive aos olhos de
Washington. “Está numa
posição diferente. Não temos esse tipo de acordo com a Ucrânia”, reconheceu
Matthew Miller, frisando que os
Estados Unidos não querem entrar “num conflito directo com a Rússia”. “Não é do interesse dos norte-americanos”,
prosseguiu, recordando que tem havido um esforço para enviar sistemas de defesa
aéreos para que os ucranianos “se possam defender”.
"Temos décadas de parceria de
segurança com os israelitas. Durante décadas, ajudamo-los directamente. Israel é um grande aliado dos Estados
Unidos que não está na NATO" Porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller
No Reino Unido, o ministro dos
Negócios Estrangeiros, David Cameron, usou o mesmo argumento. Defender os
céus ucranianos implicaria “colocar as forças da NATO num conflito directo com
as forças russas, o que seria uma escalada perigosa”. Questionado
num programa de rádio
sobre por que motivo a Força Aérea britânica não pode ajudar a da Ucrânia, o
antigo primeiro-ministro reconheceu ser uma “questão interessante”, mas
garantiu que “não era necessariamente a melhor maneira de abater mísseis e
drones”: “Os sistemas de defesa aérea são mais eficazes.”
Dentro da NATO, há, não obstante,
opiniões diferentes. O chefe da diplomacia da Lituânia, Gabrielius Landsbergis,
disse
ao
Politico ter a “certeza” de que
a Ucrânia vai questionar a NATO sobre porque é “tratada de forma diferente” de
Israel. “Dada a situação terrível e urgente que a Ucrânia enfrenta agora, esse
argumento é bastante convincente”, salientou o ministro lituano.
As dificuldades em proteger a Ucrânia
em comparação com Israel
Para além da vontade de evitar uma
guerra direta entre o Ocidente e a Rússia, há outras dificuldades na proteção
dos céus ucranianos. Segundo
o think tank norte-americano Instituto para o Gabinete de Guerra
(ISW, sigla em inglês), há, desde logo, um problema: “As
vulnerabilidades da geografia ucraniana.” No caso de Israel,
os drones e os mísseis “tiveram de atravessar mais de mil quilómetros
do espaço aéreo iraquiano, sírio e jordano antes de atingir Israel, dando ao
país e aos seus aliados horas para identificar, rastrear e intercetar mísseis e
drones quando chegam”.
▲ Os ataques
iranianos contra Israel ATEF
SAFADI/EPA
Na Ucrânia, a situação é bastante
diferente. As tropas russas ocupam parcelas de territórios
ucraniano, bastante próximas dos seus alvos. “As forças russas lançam drones e
mísseis desde a Ucrânia ocupada que está próxima da Ucrânia [controlada por
Kiev], proporcionando às defesas aéreas ucranianas uma fracção do tempo que
Israel e os seus aliados aproveitaram para neutralizar com sucesso o ataque em
massa de mísseis e drones iranianos”, prossegue o think tank no relatório
publicado na passada segunda-feira.
O ISW refere que, com mais de 600 mil
quilómetros de território, a Ucrânia é um país “grande”, quando comparado com
Israel, que ocupa uma área algo superior a 20 mil quilómetros quadrados. “Torna-se difícil imitar a densidade de
cobertura de defesa aérea que Israel possui”, indica o Instituto para a Guerra,
acrescentando que a Ucrânia também faz fronteira — a norte e a leste — com dois
inimigos geopolíticos: a Rússia e a Bielorrússia.
Dara Massicot, membro do think tank Carnegie
Endowment for International Peace, sublinha precisamente que Israel é “muito menor do que a Ucrânia”.
“Isso permite a Israel consolidar os
seus sistemas e criar camadas na sua defesa aérea”, constata a
especialista ao portal Defense One.
“Em segundo lugar, Israel é capaz de usar aeronaves num espaço aéreo permissivo
para abater mísseis e drones. Os aliados de Israel têm a capacidade de lançar
mísseis balísticos defensivos desde navios do Mediterrâneo e caças capazes de
defender mísseis desde bases aéreas na região”, sendo o Chipre um aliado vital
israelita, que acolhe, por exemplo, bases aéreas do Reino Unido.
"Israel é capaz de usar aeronaves num espaço aéreo permissivo
para abater mísseis e drones. Os aliados de Israel têm a capacidade de lançar
mísseis balísticos defensivos desde navios do Mediterrâneo e caças capazes de
defender de mísseis desde bases aéreas na região" Dara Massicot, membro do think tank Carnegie Endowment for
International Peace
Geograficamente, a Ucrânia
localiza-se numa situação menos favorável. “A
costa ucraniana do Mar Negro está praticamente isolada dos Estados Unidos neste
momento, graças à Turquia”, um Estado-membro da NATO.
“Os Estados Unidos já não têm, há dois
anos, um navio com capacidade [para abater mísseis] no Mar Negro, desde que a
Turquia fechou o Estreito do Bósforo à maioria dos navios de guerra”, sinaliza
Dara Massicot.
Outra diferença que o Instituto para a
Guerra nota é que a Rússia tem lançado vários ataques contra a
Ucrânia. “As forças russas têm
experimentado lançar mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos e drones de vários
tamanhos e combinações”, recorda o Instituto para a Guerra. Assim, Moscovo
consegue, mais que não seja por tentativa e erro, ser mais eficaz do que Teerão. Isso
traz problemas a uma eventual defesa da Ucrânia por parte do Ocidente, não
sendo tão fácil evitar um ataque aéreo russo.
Adicionalmente, tal como Matthew Miller
sugeriu, houve uma colaboração defensiva durante décadas entre os
Estados Unidos e Israel. Assim, os
céus israelitas estão defendidos por uma “robusta defesa aérea”, implementada
para responder a ataques potenciais dos vizinhos; recorde-se que o
Estado israelita esteve sempre ameaçado por vizinhos e travou dezenas de
guerras, desde a sua fundação, em 1948. Em
sentido inverso, a Ucrânia esteve integrada na União Soviética até 1991. Após a
dissolução, a situação securitária nunca foi tão precária — pelo menos até 2014
— como a de Israel.
▲ A Cúpula
de Ferro de Israel que protege os céus do país AFP VIA GETTY IMAGES
Sofrendo ataques quase diários, os
sistemas de defesa aéreos ucranianos também estão, como adjectiva o Instituto
para a Guerra, “exaustos”, resultando não só “das melhorias das tácticas
russas”, como também dos “atrasos da assistência norte-americana”. “Sem a assistência regular e substancial à
Ucrânia, os ataques russos ameaçam as capacidades bélicas da Ucrânia”,
enfatiza o ISW, assinalando que, para o país ter um “sistema de
defesa aéreo remotamente eficaz como o israelita”, precisa de “sistemas de
defesa aéreos do Ocidente e caças que sejam capazes de interceptar drones e
mísseis”.
Outro factor que desincentiva o Ocidente a reagir a um possível ataque
de Moscovo é, precisamente, o poderio da Rússia — o país com mais ogivas nucleares
no mundo. O Presidente russo,
Vladimir Putin, já ameaçou por múltiplas
vezes que pode lançar uma arma nuclear contra a Ucrânia (ou mesmo um
Estado-membro da NATO), caso sinta que a soberania russa está em risco.
Tendo em conta as características geográficas da Ucrânia e a falta
de equipamentos modernos capazes de abater mísseis e drones, a intervenção do
Ocidente seria muito mais evidente do que a que aconteceu no fim de semana
passado em Israel. Dito de outro modo, a Rússia teria um pretexto claro para retaliar, um cenário com
elevado risco, à luz das ameaças de Vladimir Putin, que preocupam os dirigentes
ocidentais.
"Sem
a assistência regular e substancial à Ucrânia, os ataques russos ameaçam as
capacidades bélicas daUcrânia" Instituto para o Estudo da Guerra
Nem todos concordam com esta
abordagem. O antigo
embaixador norte-americano na Ucrânia, John Herbst, critica a “timidez” de
Washington. Citado pelo Wall Street Journal, o ex-diplomata censura Joe Biden por estar
constantemente “assustado pelas ameaças nucleares de Putin”: “Comportamo-nos
como se não fôssemos igualmente uma superpotência.”
Como
Vladimir Putin agiria actualmente se o Ocidente protegesse a Ucrânia de um
ataque aéreo é uma incógnita, se bem que envolta em ameaças. Porém, o chefe de Estado russo deixou bem claro,
em março de 2022, o que aconteceria se a NATO implementasse uma no-fly
zone: “Qualquer movimentação nessa direção seria uma ameaça. Nesse
segundo, [quem o fizesse] seria encarado como participante no conflito
militar, independentemente de quem seja.”
Não
“fechem os olhos” ao perigo dos drones e mísseis russos: os apelos da Ucrânia
ao Ocidente
A
diplomacia da Ucrânia não tem perdido nenhuma oportunidade para reiterar os
motivos pelos quais o país precisa de ser defendido dos ataques russos. No discurso à nação do passado domingo, Volodymyr Zelensky estimava que os russos tinham
usado “130 drones Shaded, 700 bombas de precisão e 80 mísseis contra a
Ucrânia” — apenas na semana de 7 a 14 de abril.
▲Zelensky
apela ao Ocidente para não ignorar perigo dos mísseis e drones russos GLOBAL
IMAGES UKRAINE VIA GETTY IMAGES
Referindo-se à protecção de
Israel pelo Ocidente, Volodymyr Zelensky concluiu que a “aviação e os sistemas
de defesa aéreos são eficazes e capazes de proteger vidas”. “Todos viram a real defesa. E viram que é
fazível. Todos viram que Israel não estava sozinho nesta defesa — a ameaça nos
céus estava a ser eliminada pelos aliados”, prosseguiu o chefe de Estado, que
pediu para que não se “fechasse os olhos” ao perigo dos mísseis e drones
russos.
“A
protecção de vidas deve ser assegurada onde quer que esteja a ameaça
terrorista. Tudo deve ser feito para prevenir o mal e para evitar que as
guerras se expandam no mundo — na Europa, no Médio Oriente, em todo o lado”, afirmou
Volodymyr Zelenksy, para logo deixar um apelo ao Ocidente, ainda que indirecto: “Todos os que consigam restringir o
potencial do terror devem fazê-lo. A Ucrânia, o Médio Oriente e todas as
partes do mundo merecem equitativamente uma paz duradoura e justa.”
Os mesmos argumentos foram esgrimidos
pelo conselheiro Mykhailo Podolyak no X: “A partir de agora, a questão relevante é:
porque é que não pode ser providenciada uma ‘defesa passiva’ aos céus da
Ucrânia? Por é que a morte diária de civis na Ucrânia por mísseis russos deve
ser entendida de forma diferente da tentativa de assassínio de civis por drones
iranianos?”
▲ Consequências
de um ataque russo contra Kharkiv a 7 de abril SERGEY KOZLOV/EPA
No entanto, cientes da resistência
ocidental em impor uma no-fly zone, a Ucrânia já deixou outra sugestão. O
ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, lançou os
termos para cima da mesa: “Tudo o que
estamos a pedir dos parceiros é que, mesmo que não consigam agir da mesma maneira
que agiram em Israel, nos dêem tudo aquilo de que precisamos e nós faremos o
resto do trabalho”. Por outras palavras, Kiev pede
sistemas de defesa aéreos modernos (como os Patriot), que sejam
eficazes para responder às ameaças russas.
O porta-voz da Força Aérea ucraniana,
Illia Yevlash, já estimou as
necessidades do país: “A Ucrânia precisa de 25 sistemas de defesa aérea
Patriot que possam proteger as nossas cidades de ataques inimigos.” Ainda
que isso não seja suficiente para estancar a voragem ofensiva de Moscovo, será
uma grande ajuda: “É claro que ainda nos faltam muitos meios para
proteger o espaço aéreo. Também precisamos de sistemas portáveis.”
O pacote aprovado em Washington que
poderá ajudar os céus ucranianos
O ataque iraniano do passado sábado
contra Israel serviu para a Ucrânia expor que os ataques russos não cessaram e
para sublinhar quão necessários são os sistemas de defesa aérea para o país. Mas
teve outro efeito ainda: depois de meses de indefinição, o líder da Câmara dos
Representantes norte-americano, Mike Johnson, decidiu avançar, esta
terça-feira, com a votação dos pacotes de ajuda externa naquele órgão, cuja
aprovação poderá destinar à Ucrânia cerca de 57 mil milhões de euros em ajuda
militar e financeira. E este sábado foi mesmo aprovado.
▲ Líder da
Câmara dos Representantes, Mike Johnson, desfaz o impasse sobre votação de
pacotes de ajuda que versam sobre a política externa JIM LO SCALZO/EPA
Este impasse na aprovação de um
megapacote — que incluiria
ajuda à Ucrânia, a Israel, a Taiwan e a outros países —
terminou após os ataques iranianos. “O
meu telefone queimou durante o fim de semana com todos os membros [da Câmara
dos Representantes] a contarem-me todas as suas ideias”, admitiu o republicano Mike Johnson, o único responsável por
fechar uma data para a votação.
Numa
estratégia distinta da adoptada até agora, o líder republicano da Câmara dos
Representantes decidiu dividir aquele megapacote destinado à política externa,
que foi votado já este sábado. Ou seja, estiveram sujeitos a uma votação
individual: o pacote de ajuda à Ucrânia; o destinado a Israel; e o
que prevê apoiar Taiwan. O método foi aplaudido por Joe Biden.
No
entanto, dentro do seu partido, Mike Johnson enfrentou uma forte resistência. Várias
facções do Partido Republicano, e próximas do antigo Presidente e muito
provável candidato presidencial Donald Trump, opuseram-se ao pacote de ajuda à
Ucrânia. Este sábado, 111 republicanos votaram contra, ao
passo que 102 aprovaram o pacote de ajuda. E estas vozes mais críticas do
auxílio a Kiev podem inclusivamente apresentar uma moção para destituir o líder
republicano do cargo.
▲ Câmara
dos Representantes aprovou este sábado pacote de ajuda de 57 milhões de euros à
Ucrânia MICHAEL REYNOLDS/EPA
Em todo o caso, uma votação individual
da ajuda à Ucrânia originou que o pacote fosse aprovado. Os democratas não
levantaram quaisquer problemas, aprovando de forma unânime este auxílio a Kiev.
Juntamente com alguns republicanos mais moderados, foi o suficiente para a
Câmara dos Representantes dar luz verde à proposta.
Esta aprovação de cerca de 57 mil
milhões foi bem-sucedida, apesar do longo impasse. Kiev tem agora mais meios
fortalecer as suas defesas aéreas contra a ameaça russa, ainda que continue sem
contar com um apoio idêntico ao de Israel. Num momento que as tropas ucranianas
enfrentam inúmeras dificuldades no terreno e se espera que Moscovo lance uma
ofensiva, este pacote de ajuda dos EUA poderá revelar-se essencial para
defender a linha da frente e os céus da Ucrânia.
GUERRA NA UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO ISRAEL MÉDIO ORIENTE
NATO RÚSSIA
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