De Tiago
Dores. Também me alegrou a medida do novo Governo, de destruição
do logotipo imposto no Governo anterior, por uma esquerda amiga de chafurdar em
pensamentos e acções de desrespeito parvo, para hilaridade de tantos mais
bacocos.
Logo que foi escolhido o governo, logo foi à vida
Diz que a decisão de trocar o logotipo
do ovo estrelado pelo antigo é bacoca. Mas em 2015 não se decidiu que reversões
é óptimo? Afinal, a esquerda não gosta. Não sabem o que querem, é o que é, pá.
Tiago Dores Colunista do Observador OBSERVADOR, 03 abr. 2024, 00:1619
Que dizem de avançarmos para uma
conversa ligeira sobre as minudências político-sociais do nosso querido
Portugal, fazendo por crer que o ribombar que escutamos provém dos ensaios para
as comemorações do 25 de Abril e não já dos tambores de guerra que se escutam
pela Europa à medida que o conflito na Ucrânia se agrava? Vamos a isto? Alinham
comigo nesta irresponsabilidade? Óptimo. Vamos lá, então.
Mais ou menos a propósito, está de volta
o debate sobre o Serviço Militar Obrigatório, tendo a Iniciativa Liberal
declarado que “em 2024, numa democracia consolidada como a portuguesa, é eticamente inaceitável que por meio da
coerção estatal se obrigue a que jovens abdiquem da sua autonomia e liberdade
individual para servir o Estado nas condições e valores que esse mesmo Estado
entenda como as adequadas”, e que “a
entrada nas Forças Armadas ou é voluntária ou é inaceitável.” Eh, lá!
Calma, pessoal. Guardem um bocadinho
da justa indignação com intromissões do Estado na autonomia e liberdade dos
jovens para a questão da identidade de género nas escolas.
Não
gastem essas ganas todas com o Serviço Militar Obrigatório. Assim, não
só o Bloco de Esquerda fica sem nada para dizer sobre o assunto, como depois é
complicado venderem-nos a ideia de que ficaríamos
a perder com éticas de Estado e respeito pela autonomia e liberdade ao estilo
de uma Suíça, de uma Noruega, ou de uma Finlândia. Tudo sítios onde a malta vai à tropa e é forte e feio. Mas
onde não sei, confesso, se na segunda classe se aprende que há 273 géneros.
Vai-se a ver e é essa a causa do
subdesenvolvimento deste pessoal.
A propósito de guerra, não é tarde nem é
cedo para comentar (quer dizer, já é um bocado tarde, mas não tive oportunidade
de o fazer antes) o conflito aberto que foi a eleição do novo Presidente da
Assembleia da República. Mas que
rico granel que para ali se montou, com o Chega no olho do furacão. Como se
esperava, aliás, uma vez que André Ventura tem sempre em vista tempestades
políticas. Por isso, para o Chega, esta eleição foi chegar, ver e vencer a
esperança de tantos eleitores de direita de que, em circunstância alguma, o
partido de Ventura daria a mão ao PS.
Já o novo Presidente da Assembleia da
República, José Pedro Aguiar-Branco, venceu o prémio para o nome mais
apropriado do evento, uma vez que foi a conduzir pálido (Atenção, trocadilho. Repararam? Aguiar-Branco, a conduzir pálido. Achei melhor avisar, não
fosse passar em claro. E tumba! Novo
trocadilho. Claro, Branco, pálido.
Enfim), dizia eu, Aguiar-Branco foi a conduzir pálido para casa ao fim do
primeiro – e supostamente último – dia de votações, sem acreditar que não tinha
ainda sido eleito para o cargo.
Entretanto, Luís Montenegro formou
governo e confesso que as escolhas do novo primeiro-ministro me causaram imensa
estranheza. Chegam mesmo a ser bizarras, as opções. É que após a última década
de governos socialistas, foi muito esquisito os nomes apresentados não
sugerirem observações do género: “Então mas o ministro A é nomeado sendo
arguido no processo B?”; ou “Não admira a escolha da ministra C, uma vez que é
filha do ex-ministro D”; ou ainda “Como é possível o indivíduo E voltar a ser
ministro se, enquanto membro do governo, não reparou em nenhuma das
ilegalidades cometidas pelo ex-Primeiro-Ministro S?” Nada. Montenegro nomeou
as pessoas e nada. Silêncio. Tranquilidade. Muito esquisito.
Ainda antes de tomar posse, já o novo
executivo de Luís Montenegro tinha decidido mudar o logotipo do governo que
eliminou o escudo e a esferarmilar e os trocou por aqueles desenhos de peças
Lego Duplo a duas dimensões. Sabem do que
falo? Daquela bandeira portuguesa em que estrelam um rectângulo verde e um
quadrado vermelho, ladeando um ovo estrelado. Foi tudo para trás. Regressa o
símbolo antigo. E regressam
as manifestações públicas de desagrado com o governo, que tão tímidas tinham
andado nos últimos anos. Que a decisão de Montenegro é bacoca, e tal, dizem por
aí. Espera lá. Mas não ficou estabelecido, em 2015, que reversões é óptimo?
Ficou. Então, cá está uma reversão. E agora esta malta de esquerda, afinal, não
gosta. Que mimados, pá. Não sabem o que querem, é o que é.
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