De descrever a expansão de mais um conflito no Médio Oriente, com o Irão a fingir, talvez, apoiar o povo palestiniano. Na realidade, a atacar uma Israel corajosa e valente.
Luzes a cruzar o céu de Israel? Desta vez não é Natal
Apesar de medieval nos costumes, o
Irão é modernaço na questão trans. Como abomina a homossexualidade, incentiva
os gays à transição: assim, deixam de dormir com pessoas do mesmo sexo.
JOSÉ DIOGO
QUINTELA Colunista do Observador
OBSERVADOR, 16
abr. 2024, 00:1834
Para quem acompanha a situação no
Médio Oriente, a noite de Sábado foi dramática. O pior do ataque do Irão a
Israel foi a espera. O tempo que os mísseis e drones iranianos demoraram a
percorrer a distância entre os dois países foi um tempo de incerteza. As minhas
orações estavam com as pobres pessoas que, nessas longas horas, agonizavam: “E agora? O
que é que vou escrever no Twitter? Depois de ter passado os últimos anos a
redigir comentários bem acintosos sobre a maldade dos aiatolas que matam
mulheres que não usam hijab, como é que dou a cambalhota e passo a vitoriar os
mesmos aiatolas por atacarem os nazis sionistas?” Não deve ter sido uma noite
fácil. Felizmente, a angústia da
dissonância cognitiva foi mitigada por dois factores. O primeiro é que, apesar
de medieval nos costumes, o Irão é modernaço na questão trans. Como abomina a
homossexualidade, incentiva os gays à transição: assim, deixam de dormir com
pessoas do mesmo sexo. O segundo, mais prático, tem a ver com a facilidade com
que, actualmente, se vai ao Ikea ou a Staples e se adquire uma óptima cadeira
de gamer, para acondicionar a coluna mole do activista online que passa o dia
no computador.
Na realidade, não será assim tão
complicado acomodar as novas opiniões sobre o Irão. É mais fácil do que bater palmas aos houthis, os valentes que lutam
pela liberdade dos palestinianos ao mesmo tempo que reintroduzem a escravatura
no Iémen.
Este
fim-de-semana, enquanto ouvia notícias sobre o conflito entre Israel e o Irão,
tive um ataque de nostalgia dos anos 80. É a década da minha infância, a origem
das minhas lembranças mais vívidas e das referências culturais mais fortes. São
os anos do México 86, do Roque Santeiro, do 1,2,3 e da Bota Botilde, dos clubes
de vídeo, do Carlos Lopes em Los Angeles e da Rosa Mota em Seul, do Dartacão,
da CEE. E da guerra Irão-Iraque.
Ui, o que eu gostava da guerra Irão-Iraque! Uma espécie de Sporting-Benfica
islâmico, todos os dias no Telejornal. Eu
estava pelo Irão. Como no clube,
torcia por quem tinha o equipamento mais bonito. É que os iraquianos limitavam-se a ser militares fardados,
enquanto os aiatolas, com os turbantes e os longos robes, pareciam
super-heróis. Ou uma banda new wave. Daí ainda hoje compreender quem simpatiza
com o Irão por razões infantis.
Não se pode pedir uma posição
coerente aos apoiantes do Irão, quando nem o Irão tem uma posição coerente
nestes temas. Agora quer destruir Israel e obliterar os judeus,
mas em 538 a.C., Ciro II da Pérsia,
depois de conquistar a Babilónia, deixou os judeus, ali exilados por
Nabucodonosor, a voltarem a Jerusalém. Partiram, levando com eles a
autorização para construírem o novo templo; e um salmo sobre choro em rios da
Babilónia enquanto recordam Sião, que
está na origem da vontade férrea dos judeus de não mais serem desalojados e
também de uma estupenda versão disco dos Boney M.
A diferença é que os iranianos
demoraram mais de dois milénios a mudar de opinião sobre a presença de judeus
naquela zona, enquanto os seus novos fãs só precisaram de dois minutos para se
convencerem a mudar de opinião sobre o Irão. Deve ser o progresso.
COMENTÁRIOS (de 16)
Fatima Mendes: Ter-se-á apercebido de que os tais de 31.000
mortos palestinianos só são reportados por organismos palestinianos com ligação
ao Hamas? Ter-se-á apercebido de que o número de mulheres e
crianças é absolutamente desproporcionado e que qualquer análise estatística o
contraria? E que a análise dos números diários anunciados denota uma
regularidade que indicia falsidade? E ter-se-á apercebido que um número muito significativo
de mortes terá correspondido a militantes combatentes do Hamas que muito
raramente foram referenciados? E que analisando os números disponibilizados
fica a ideia de não existirem muitos homens em Gaza ou de terem estes uma imensa
e quase miraculosa capacidade de evitar ser mortos ...? E nem valerá a pena relembrar que até as mortes de
palestinianos, causadas pelo próprio Hamas e seus aliados, não deixaram de ser
acrescentadas ao rol ... Concordo no entanto quando afirma termos de ser
"intelectualmente capazes". E convém também que o pratiquemos ... Fatima Mendes: Desta vez não gostei do seu artigo . E acho que percebe
e conhece muito pouco sobre o médio oriente. Obviamente que achei uma
resposta desproporcionada do irão a um ataque israelita ao seu país - uma
embaixada é um pedaço de território do país que a encima. Dizem que só lá
estavam guardas revolucionários perigosos terroristas. Para mim é o princípio
que não deve ser violado. Mas se vamos a respostas desproporcionadas não o vejo
a escrever sobre os 31.000 mortos palestinianos. Temos que ser
intelectualmente capazes
A.l. Sameiro > Fatima Mendes: Se por lá andasse nem podia abrir o bico!!!! José B
Dias > Fatima Mendes: A destruição material em zonas em que as IDF
informaram sobre as acções a ser desenvolvidas e após a saída das populações -
é essa a razão para a aglomeração no Sul junto ao Sinai - não é prova de baixas
civis ... Creio que se tem "exacta noção" do que fala, saberá por
certo que o que afirmo em relação ao número, distribuição por género e idade e
responsabilidade é factual. Não estou a questionar o horror do conflito -aqui
como noutras paragens - questiono sim a desinformação, a manipulação vergonhosa
da informação potenciada pelos midia que se demitiram de verificar antes de
publicar. E não esqueço o que levou Israel de volta a Gaza! joao
lemos > Fatima Mendes: os 31.000 ou 34.000 mortos de que fala têm por
fonte????....nem mais nem menos , o Hamas!
José B Dias > joao lemos: É que nem por perto ... é isso que afirmo. José B
Dias > Luis Silva: O matemático "pariu" a análise com base nos
"dados concretos" paridos pelas gentes do Hamas. Devia ter começado por se preocupar em saber do que
fala ... se não o discurso resulta sistematicamente em algo sem nexo. José B Dias > Luis Silva: Já o mal de muitos que não têm tino na cabeça é serem
também totalmente desprovidos de sentido de humor ... o que, atendendo ser o
humor uma manifestação de inteligência, não é coisa assim tão surpreendente 🤔
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