sexta-feira, 31 de março de 2023

Portrait parfait


Para reler e reter, não só o de Rui Ramos como as adendas dos comentadores. Mas a clássica mudança vai trazendo novas excrescências, provavelmente melhores, provavelmente piores, aguardemos enquanto ensinamos… Pode ser que passe a moda. E o "modus". Rezemos o Pai Nosso.

Donde vem a força do wokismo?

O wokismo tem a força que lhe dão as elites do poder. A comparação entre o actual “wokismo” e a “contra-cultura” dos anos 1960 é, a esse respeito, reveladora.

RUI RAMOS Colunista do Observador

OBSERVADOR, 31 mar. 2023, 01:222

Da última vez que vi as notícias, era Agatha Christie. Antes, tinha sido Enid Blyton. Não sei qual será o próximo autor a ter os seus livros reescritos, de modo a evitar ofensas e melindres. Quando é que decidimos passar a ser estas florinhas frágeis, a quem a menor brisa de outros tempos e outras mentalidades causa calafrios e desfalecimentos? Ainda me lembro do tempo em que nos ríamos dos pudores e puritanismos do passado. Não foi há muitos anos. Sorríamos então com as parras de vinha que os antigos cautelosamente usavam para atenuar a nudez em estátuas, ou com as edições expurgadas para “uso do Delfim”. Somos agora todos delfins, e mais do que isso: somos também inquisidores vigilantes, e caçadores de bruxas implacáveis, a impor “cancelamentos” por simples desacordo, e a exigir condenações por mera denúncia. A cultura woke mostrou-nos como em 2023 podemos ser tão obscurantistas como em qualquer das idades de maiores trevas do passado. Se fosse preciso desmontar o mito do progresso, não precisaríamos de mais.

Donde vem a força do carnaval de “fluidez de género”, “racismo estrutural”, e “pós-colonialismo”, a que chamamos wokismo? É verdade que recupera muitos ângulos do esquerdismo dos anos 1960, e que tem as suas vanguardas no activismo anti-capitalista. Mas o wokismo retira força de outras fontes. Por exemplo: supomos já não ser cristãos, mas a ideia de redenção, através de uma purificação extrema, continua a ser muito forte na nossa cultura. Podemos já não acreditar em Deus, mas acreditamos na humanidade para, sem limites, se fazer e refazer a si própria e ao mundo que a rodeia. Também sabemos que o predomínio que a Europa e os EUA tiveram no planeta nos séculos XIX e XX foi apenas um breve momento da história. Mas continuamos a querer acreditar que a salvação do mundo depende de nós. Estamos assim susceptíveis a uma espécie de imperialismo virado do avesso, que agora atribui ao Ocidente todas as culpas, como outrora lhe atribuía todas as virtudes. Convencemo-nos assim que ainda cabe ao Ocidente, expiando as suas culpas, conduzir o mundo até à luz. O wokismo explora tudo isto, e por isso funciona, mesmo na sua insensatez.

Mas acima de tudo, o wokismo tem a força que lhe dão as elites do poder. A comparação entre o actual “wokismo” e a “contra-cultura” dos anos 1960 é reveladora. Ambos pretendiam refazer comportamentos e linguagens. Mas a “contra-cultura” contestava, a partir de baixo, os poderes estabelecidos; o wokismo vem de cima, dos professores, das grandes empresas, dos governos. As elites instaladas foram, nos últimos anos, inquietadas pelo descontentamento de uma população que se sentiu vítima da globalização, e que foi de facto prejudicada pela falta de reformas. Como seria de esperar, não faltaram demagogos para a mobilizar. Chamou-se a isso “populismo”. O wokismo serviu às elites instaladas para estigmatizar moralmente, como “racistas” e portadores de várias fobias, quem assim as desafiou, e também para prevenir a discussão de assuntos incómodos. Mais especificamente, serviu ainda às esquerdas sociais democratas no governo para limitar as direitas conservadoras e liberais. Foi o interesse das elites do poder, e não o simples afã dos activistas da extrema-esquerda, que deu ao wokismo as dimensões que tem hoje. A deriva, porém, era inevitável, e o wokismo redundou na caricatura e na contradição que, por sua vez, alimentou uma indústria de cansaço e indignação com a intolerância e a polarização wokista. Dizem-nos agora, como lembrou aqui João Pedro Marques, que afinal a cultura woke nunca existiu. Entendamo-nos: está a deixar de servir aos poderes instalados.

POLITICAMENTE CORRECTO     SOCIEDADE    HISTÓRIA      CULTURA    POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Fernando CE: Estamos nas mãos de uma esquerda caviar, de uma ditadura das redes sociais e um falso vanguardismo social e político. Acho “graça” a países super modernos que acham que andar de bicicleta em Lisboa em horas de grande tráfico, perigosamente com um filho de 3-4 anos à boleia atrás é um avanço civilizacional e ecológico.                 Pobre Portugal: Mas a História ensina-nos que esses “poderes instalados” (comunicação social, etc.), que tanto o incentivaram ainda vão ser vítimas do wokismo. Vai ser lindo de se ver.             Rosa Lourenço: O que é natural é considerado incorrecto. Tudo o que é anti-natura como o casamento entre uma pessoa e um boneco ou a mudança de sexo antes da adolescência que, tantas vezes, mais tarde provoca revolta e, em caso extremo, origina o suicídio. O homem está num processo acelerado de auto-extinção. O ser mais arrogante da Natureza que desrespeita desde sempre. Infelizmente a excessiva tolerância ao que é diferente chegou ao cúmulo de fundamentalismos inexplicáveis!!!                    Maria Paula Silva: Quote "está a deixar de servir aos poderes instalados." Deus o oiça! Porque já cansa tanta estupidez, ignorância e mediocridade.

Um texto de História

 

Nossa. Desarrumado. A condizer com a História dos fins.


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Perceber a História — África: a solução militar do problema ultramarino

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RUI RAMOS, OBSERVADOR <NEWSLETTERS@OBSERVADOR.PT> ANULAR SUBSCRIÇÃO

18:46 (há 41 minutos)

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Para mim

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Os meses do fim

Ao contrário do que estava previsto, o golpe de Estado de 25 de Abril não trouxe uma solução política para o problema do ultramar. Uma solução política pressupunha o envolvimento das populações num processo de participação e decisão. Não foi isso que aconteceu. O golpe de Estado determinou, ao contrário, uma solução militar, isto é, a resolução do problema ultramarino através de um simples entendimento entre as chefias militares portuguesas e as chefias dos partidos armados – nas quais, significativamente, também pesavam cada vez mais os líderes operacionais, em prejuízo dos políticos. A razão para tal desfecho esteve no modo como o golpe de Estado provocou a desagregação do dispositivo militar português no ultramar.

Ao contrário do que diz a lenda, a perspectiva de um “colapso militar” no ultramar não foi a causa do 25 de Abril, mas a sua consequência. Há muitas explicações para isso. Spínola ainda tomou a sério a “solução política”. Costa Gomes, em Maio, em Angola, explicou que a guerra continuaria, caso os partidos independentistas não desarmassem. O MFA não deve ter gostado. Os capitães não podiam permitir que se regressasse à guerra, porque isso poderia restabelecer a hierarquia militar e pôr em causa a ascendência do MFA nas forças armadas. Tentaram assim confrontar Spínola com factos consumados no ultramar.

Na Guiné, logo a 26 de Abril, houve um golpe de quartel, com a prisão do comandante-chefe. Poucas semanas depois, a única força de combate disciplinada que havia na Guiné era o PAIGC. Nada mais se pôde fazer senão a sua vontade. No terreno, tanto como as manobras dos capitães, pesou a falta de objectivos de uma força que tinha sido mobilizada para uma missão, a de defender a integridade da pátria, a qual viu subitamente terminada, sem que lhe tivesse sido atribuída outra missão.

A partir de Julho de 1974 era claro que o caminho seria a independência, de uma maneira ou outra. Quem é que, a partir de então, quis ser o último soldado a morrer no ultramar? Na metrópole, entretanto, a agitação contra a guerra crescera. Para continuar as operações, teria sido necessário restabelecer um constrangimento da actividade política que já ninguém, por essas razões, estaria disposto a aceitar. E depois, como seria possível continuar a guerra com os líderes dos partidos da esquerda no governo? A guerra tinha de acabar.

No Verão de 1974, quando se aperceberam de que já não havia vontade de combater no exército português, alguns dos partidos armados resolveram jogar duro. Unidades militares mais ou menos subvertidas e desmotivadas eram uma presa fácil. Em Moçambique, o exército português teve, nos quatro meses que se seguiram ao 25 de Abril, o dobro dos mortos registados nos primeiros quatro meses de 1974. Em Angola, entre Maio e Agosto de 1974, morreram mais soldados portugueses do que durante todo o ano de 1973. Foi só então que verdadeiramente se levantou a perspectiva de uma espécie de “colapso militar”. A partir daí, a preocupação dos comandos militares portugueses foi retirar rapidamente, para evitar uma “desonra”. Era preciso parar a guerra – e só se poderia parar a guerra através de um entendimento com aqueles que a faziam. Por pouco que os partidos armados representassem, representavam as armas que os militares portugueses precisavam de sossegar. Para quê falar com mais alguém?

O grande terror dos comandos militares, em 1974, era alguma independência “rodesiana”, que criasse uma situação de confronto em que, até por mero instinto de solidariedade étnica, as tropas metropolitanas se vissem obrigadas a pôr-se ao lado da população branca contra os partidos armados. Com dureza, impediram os colonos brancos de se manifestarem. O ressentimento entre as forças armadas e as populações europeias do ultramar era antigo.

Ao contrário do que acontecera na Argélia, os civis portugueses do ultramar, depois do assalto da UPA em 1961, mantiveram-se longe da guerra. Viram-na como uma tarefa das forças armadas, e quando foram atingidos outra vez – como esporadicamente aconteceu em Moçambique, em Janeiro de 1974 – culparam os militares. A verdade é que no exército português poucos tentaram imitar os militares franceses que se revoltaram ao lado dos colonos na Argélia. O sentimento dominante parecia ser a pressa em partir, que logo contagiou os colonos. Aqui jogou também o facto de os colonos portugueses serem, na sua maioria, de primeira geração. Quase todos os colonos tinham um país para onde regressar, ao contrário do que acontecia aos Boéres na África do Sul.

Pelo seu lado, os militares desinteressaram-se de processos de transição que só poderiam ser garantidos pela força, como as eleições multipartidárias, e apostaram tudo num simples trespasse do poder para os partidos armados. Suspeitou-se depois que o tivessem feito por opção ideológica. Provavelmente, a ideologia veio depois, para justificar o expediente. Tal como o esforço de guerra precisara da cobertura do integracionismo, a retirada precisou da justificação do internacionalismo revolucionário.

Os capitães do MFA não eram simplesmente “cobardes” ou “traidores” ao serviço da União Soviética, como depois insistiram os últimos ultramarinistas. Entre eles, havia vários heróis da guerra. Ora, o acto da entrega negou tudo aquilo que os tinha motivado em doze anos de esforço militar. Mais ainda: desmentiu a promessa do 25 de Abril de que o golpe desse dia representava uma libertação para todos os que viviam debaixo da administração portuguesa, não só na Europa, como em África. Pior: como se viu depois, entregou os soldados africanos do exército português às mais horrorosas perseguições.

Para tudo isto, os homens do MFA precisaram de razões, de razões que não apenas explicassem, mas justificassem e legitimassem. O major Melo Antunes, o homem do MFA mais comprometido nas negociações da “descolonização” em 1974, quando teve de se defender, invocou a necessidade: uma vez que não se podia continuar a guerra, não havia alternativa. Mas desde quando é que a simples consciência da fatalidade gerou, naqueles que foram agentes dessa fatalidade, uma boa consciência? Só a mitologia da esquerda podia dar uma boa consciência aos homens do MFA. Só à esquerda seria possível imaginar as ditaduras sanguinárias e corruptas do PAIGC, do MPLA ou da FRELIMO como uma “libertação”, ou chamar “descolonização” à ocupação de Angola por um exército expedicionário cubano.

Para serem capazes de ver liberdade no despotismo, os capitães e os majores fizeram-se de esquerda: e nessa conversão, deram à esquerda em Portugal, durante dois anos, uma força e uma influência a que a esquerda nunca se atrevera a aspirar.

Só ultimamente se começou a perceber o verdadeiro sentido da retirada portuguesa. Havia mais africanos a combater do lado português do que do lado dos partidos armados: 42% dos efectivos do exército português em 1973, ou cerca de 61 mil militares, eram de recrutamento local. Este número não incluía as unidades de segunda linha, como as milícias locais.

Na Guiné, metade dos confrontos com o PAIGC eram da responsabilidade dessas milícias. Spínola prometera-lhes a construção de uma sociedade civil africana, pluralista e livre, contra o Estado revolucionário de tipo soviético previsto pelo PAIGC. É provável que uma ditadura como a portuguesa não fosse o sistema mais credível para patrocinar tal projecto. Também é provável que tudo tenha começado tarde demais. De qualquer modo, em 1974, a guerra em África já não era simplesmente uma guerra colonial, entre portugueses e independentistas, mas uma guerra civil entre africanos, com participação portuguesa – o que o eurocentrismo (e, em certos casos, os preconceitos raciais) dos “anticolonialistas” impediu de perceber. Só os portugueses podiam escolher entre ficar e partir. Escolheram partir. Os outros tiveram de ficar. A guerra, para eles, continuou.

Rui Ramos é historiador, professor universitário, co-autor do podcast E o Resto é História [ver o perfil completo].


Apenas cumprindo o fado


Com referentes mais inestéticos, na sua especificação em cifras, de ataque ideológico, os do texto de ALEXANDRE HOMEM CRISTO e alguns seus comentadores - quando temos a visão bem recuada - torpemente lamechas de Guerra Junqueiro, apreendida na Bíblia do nosso suporte cultural proeminente – descrição sensível, aliás, em António Nobre, de repulsa viril em Cesário Verde, a definir-nos a mossa do nosso jeito esmoler pouco viril, angariador previdente da recompensa futura no agasalho divino, pelo menos dantes. Não, não devemos acusar ninguém, o jeito dador é antigo, usado sempre com ardil, é certo, e os do governo de hoje têm a faca e o queijo na mão, que colheram com a desfaçatez também própria nossa e sobretudo do proveito deles.

Vejamos Guerra Junqueiro:

Os Pobrezinhos

Pobres de pobres são pobrezinhos
Almas sem lares, aves sem ninhos.

Passam em bandos, em alcateias,
Pelas herdades, pelas aldeias.


É em Novembro, rugem porcelas.
Deus nos acuda, nos livre delas!

Vêm por desertos, por estivais,
Mantas aos ombros, grandes bornais,

Como farrapos, coisas sombrias,
Trapos levados nas ventanias.

Filhos de Cristo, filhos d' Adão
Buscam no mundo côdeas de pão!

Há-os ceguinhos, em treva densa,
D' olhos fechados desde nascença.

Há-os com f''ridas esburacadas,
Roxas de lírios, já gangrenadas.

Uns de voz rouca, grandes bordões
Quem sabe lá se serão ladrões!

Outros humildes, riso magoado,
Lembram Jesus que ande disfarçado.

Enjeitadinhos, rotos, sem pão,
Tremem maleitas d' olhos no chão

Campos e vinhas! hortas com flores!
Ai, que ditosos os lavradores!

Olha, fumegam tectos e lares
Fumo tão lindo! branco, nos ares!

Batem ás portas, erguem-se as mães,
Choram meninos, ladram os cães.

Rezam e cantam, levam a esmola,
Vinho no bucho, pão na sacola.

Fruta da horta, caldo ou toucinho
Dão sempre os pobres a um pobrezinho.

Um que tem chagas, velho, coitado,
Quer ligaduras ou mel rosado.

Outro, promessa feita a Maria,
Deitam-lhe azeite na almotolia.

Pelos alpendres, pelos currais,
Dormem deitados como animais.

Em caravanas, em alcateias,
Vão por herdades, vão por aldeias.

Sabem cantigas, oraçõezinhas,
Contos d' estrelas, reis e rainhas.

Choram cantando, penam rezando,
Ai, só a morte sabe até quando!

Mas no outro mundo Deus lhes prepara
Leito o mais alvo, ceia a mais rara.

Os pés doridos lhos lavarão
Santos e santas com devoção!

Para lavá-los, perfumaria
Em gomil d'ouro a bacia.

E embalsamados, transfigurados,
Túnicas brancas, como em noivados,

Viverão sempre na eterna luz,
Pobres benditos, amém, Jesus!

 

Multiplicador de pobres

Há hoje mais população dependente do Estado para não cair na pobreza do que há cerca de 20 anos. Esta é uma consequência lógica das escolhas políticas do país nesse período.

ALEXANDRE HOMEM CRISTO, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 30 mar. 2023, 01:2122

Antes de qualquer transferência social, a população em risco de pobreza atinge os 43,3% (2021). Note-se bem a escala: antes do pagamento de pensões ou de apoios do Estado, perto de metade da população portuguesa está em risco de pobreza, com rendimentos mensais inferiores a 551 euros. Após as transferências relativas a pensões, a percentagem desce para 21,5%. E se contabilizarmos todas as transferências sociais, a percentagem fica nos 16,4%, que é o valor oficial do indicador “risco de pobreza”. Ou seja, mesmo após os apoios do Estado, há um em cada seis cidadãos nessa situação.

Em Janeiro deste ano, na divulgação deste indicador oficial, o governo qualificou os números de “históricos”, pois caracterizam“a maior redução de sempre, no espaço de um ano, da taxa de risco de pobreza em Portugal. A preferência pela propaganda fere os olhos. Sim, esta percentagem de 16,4% (referente a 2021) é inferior à de 2020, annus horribilis da pandemia, que estava 2 pontos percentuais acima (18,4%). Só que a ministra Ana Mendes Godinho não disse que, em 2020, a taxa de risco de pobreza havia tido o maior aumento de sempre, no espaço de um ano: era 16,2% (2019), subiu para 18,4% (2020) e desceu para 16,4% (2021). Assim, o que o governo celebrou em loas de auto-elogio foi uma taxa de risco de pobreza em 2021 que, afinal de contas, regressou a índices pré-pandemia e mesmo assim ficou acima da de 2019.

Enfim, esqueçamos a estratégia de comunicação viciada do governo e olhemos para o diagnóstico (não-referido e inquietante) que aparece nesta série de dados: a população portuguesa está cada vez mais dependente do Estado para escapar à pobreza.

Em 2003, antes de qualquer transferência do Estado, a percentagem da população em risco de pobreza (41,3%) era inferior à de 2021 (43,3%) em 2 pontos percentuais — com todas as transferências, a taxa de risco de pobreza oficial de 2003 foi 20,4% (superior à de 2021 em 4 pontos percentuais). Ou seja, entre 2003 e 2021, aumentou a população inicialmente em risco de pobreza. Não foi só em 2003, primeiro ano com dados comparáveis, pois a tendência confirma-se nos anos seguintes e prolonga-se até ao período do ajustamento financeiro. Por exemplo, em 2010, antes das transferências do Estado, havia 42,5% da população em risco de pobreza, valor inferior ao de 2021 (43,3%) — mas, após as transferências sociais, os indicadores oficiais foram 18% em 2010 e 16,4% em 2021.

Para quem se baralha com os números, aqui vai a tradução na forma de duas constatações e uma conclusão. Primeira constatação: ao longo dos últimos 20 anos, aumentou o número de portugueses que, pelos seus próprios meios, ficaram em risco de pobreza. Segunda constatação: foi o reforço da intervenção do Estado, através de mais pensões e apoios, que fez baixar as taxas de risco de pobreza. Conclusão: por via desses dois movimentos (mais pessoas em risco e reforço dos apoios), há hoje mais portugueses directamente dependentes dos apoios do Estado para fugir à pobreza.

O bom-senso recomendaria que algo está errado na estratégia de combate à pobreza quando se verifica que há hoje mais população dependente do Estado para não cair na pobreza do que há cerca de 20 anos — afinal, o objectivo das políticas públicas é que a percentagem da população necessitada de apoios seja menor, em vez de maior. Infelizmente, a má notícia não surge como uma surpresa. Portugal está a empobrecer comparativamente aos restantes países europeus, tem uma economia estagnada e uma cultura dominante que é avessa às empresas e ao lucro. Por isso, não vale a pena ter ilusões: haver mais gente em risco de pobreza é uma consequência lógica das escolhas políticas do país nos últimos 20 anos.

Portugal enfiou-se num círculo vicioso onde as opções políticas geram empobrecimento e, por sua vez, o combate à pobreza gera maior dependência da população nos apoios do Estado. As últimas semanas mostraram como esse círculo vicioso permanece imparável: por um lado, o governo perseguiu empresas e denunciou os seus lucros; por outro lado, as medidas do governo na Habitação ou na Alimentação (IVA Zero) apenas reforçam a dependência da população mais frágil nos apoios do Estado. Tem tudo para correr mal, sobretudo agora: num contexto em que os preços sobem, as necessidades crescem, os bancos implodem e o Estado não consegue dar resposta a todos, Portugal será cada vez mais um multiplicador de pobres.

POBREZA    SOCIEDADE    APOIO SOCIAL    GOVERNO    POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Madalena Sa: O PS só serve para destruir Portugal! Grande texto! Ana Torres: Sem dúvida que o PS empobrece o país, é um multiplicador de pobres e mais grave é que destrói a classe média. E com esta política de subsídios dependentes e apesar de haver quase 7% desempregados (inscritos) as empresas deparam-se com falta de mão de obra e na maior parte das vezes só aparecem candidatos brasileiros.                   Filipe Brandao: E no entanto as empresas lutam contra a falta de mão de obra.                       Ana Maia: Não é Portugal que empobrece, é o PS que empobrece Portugal.             Censurado sem razão: É o socialismo estúpido. Porque acham que o PS e a esquerda continuam a ser maioritários em Portugal? Na campanha eleitoral, uma vendedora do bulhão disse tudo e é a razão porque nós tornamos nesta estrumeira miserável. Disse ela: - o PS dá é o psd tira. É preciso um desenho?                    Lúcia Henriques: Resultado mais que medíocre depois de 120 mil milhões de euros de fundos              Luis Oliveira > Miguel Ramos: Bem visto 😁 Por8175 É o que resulta do SOCIALISMO, que não é só propriedade do PS: o PSD tem também um programa de socialismo, e o resultado não é diferente. É o SOCIALISMO que temos tido nos últimos quase 50 anos, e enquanto não nos convencermos disto, os resultados serão sempre piores do que até aqui. O SOCIALISMO não existe sem pobres, pelo que resolver o problema da pobreza vai contra os seus interesses.                          Martins Jorge: excelente texto                   Rui Lima: Paul Laforgue, genro de Marx escreveu o “direito à pre-guiça”  esses valores estão a ser recuperados para des­cons­truir a pró­pria ideia de tra­ba­lho lutar pelo direito à pre­guiça. Porque direito ao tra­ba­lho em vez de exi­gir a sua abo­li­ção, dirão muitos, já vi cartazes com esta tese será o próximo combate Woke . O anticapita­lismo radi­cal hoje é mais uma crí­tica vio­lenta não às con­di­ções de tra­ba­lho., mas ao trabalho .                     TIM DO Á: Com as esquerdas no poder  isto está a tornar-se uma autêntica Venezuela.                         Américo Silva: Um muçulmano matou à facada duas muçulmanas que traziam mais muçulmanos para Portugal. Será xenófobo?                       Carlos Chaves: Obrigado Alexandre, por quantificar a desgraça a que os socialistas nos condenam! Ao terem a comunicação social e o Presidente da República solidários com a “estratégia de comunicação viciada do <governo”, faz com que ainda mantenham o pódio nas intenções de voto dos Portugueses que vão às urnas, e assim o ciclo de pobreza e do desgraçado socialismo não se quebre. Sem dúvida que se este ciclo não for interrompido, “Portugal será cada vez mais um multiplicador de pobres.”                           F. Mendes: Muito embora concorde que o número de dependentes do Estado é excessivo, que o país está a empobrecer (pelo menos, em termos relativos), e que existe uma enorme propaganda governamental nestas matérias, tenho que deixar aqui uma clarificação: os 43,3% de pessoas ditas em risco de pobreza, antes das chamadas transferências sociais, incluem também beneficiários de pensões. Ora, essas pensões são maioritariamente pagas pela Segurança Social a pensionistas oriundos do sector privado. Logo, tal como as pensões da CGA, não estamos a falar aqui de subsídios familiares ou de desemprego, RSI, pensões de sobrevivência, complementos solidários, etc. Muitos pagamentos são contrapartidas por descontos efectuados ao longo de uma vida de trabalho. A situação é má, mas não tanto como se concluiria de uma leitura apressada deste artigo.                      Luis Oliveira > F. Mendes: Não percebi o seu comentário. Em momento algum o autor da crónica se refere aos pensionistas, mas sim aqueles que, não obstante trabalharem, se tornaram novos pobres.  O artigo refere-se a população ativa.   Os pensionistas, recebem o que tem direito, de acordo com as actuais regras de atribuição de pensões. Mas a verdade é que, numa sociedade empobrecida, cada vez mais a aumenta a carência entre os pensionistas. As atualizações de pensões não chegam para cobrir o progressivo aumento do custo de vida, o que faz com que estes entrem na fila dos novos pobres.  O empobrecimento de uma sociedade leva a que todos fiquem mais pobres. A situação não é má, é péssima.  Se a legislatura chegar ao fim, pode crer que teremos mais de 60% da população na miséria. O governo, para além de não se preocupar em criar riqueza, está a destruir a pouca que ainda existe.                  diogo camoes > Luis Oliveira: O artigo refere toda a população incluindo pensionistas, isso está logo escrito no primeiro parágrafo. E sim, há um grande problema no sistema de pensões que são os pensionistas que nunca declararam o ordenado por inteiro e que recebem apoios do estado que na realidade não deveriam receber (isto numa lógica de reciprocidade). Posto isto claro que devemos ter um patamar mínimo subvenção, idealmente o valor do ordenado mínimo. Para lá chegarmos temos de ter outra estratégia de crescimento                Luis Oliveira > diogo camoes:O autor, quando falou de pensionistas, desenvolveu melhor a sua ideia a meio do texto: “Segunda constatação: foi o reforço da intervenção do Estado, através de mais pensões e apoios, que fez baixar as taxas de risco de pobreza”, ou seja, se não houvessem mais complementos de reforma e apoios do género “mínimos de existência”, as parcas reformas não chegariam para sair do patamar considerado pobreza antes de prestações sociais.  Foi isso que o cronista quis dizer.                          F. Mendes > Luis Oliveira Agradeço a sua resposta. O meu comentário tem toda a razão de ser. Veja, por favor, a informação contida nos links indicados no início do artigo. Os pensionistas (ou um largo número, para ser exacto) estão contemplados nestes 44,3%, e não apenas parte da população activa. A leitura destes números não é evidente. Daí a tentativa, para já parcialmente falhada, de clarificação.           Maria Clotilde Osório: Confesso que tenho muita dificuldade em aceitar estes indicadores sem ser apresentada a percentagem estimada de economia "informal" vulgo "sem recibo". Não tenho dúvida nenhuma que o número de dependentes do Estado está a aumentar em linha com a dependência do nosso Estado em relação à Europa.

 

quinta-feira, 30 de março de 2023

Esplendor


Russo, a dilatar-se. Em imposições.

NATO: Suécia convoca embaixador russo após ameaças de retaliação militar

"O Ministério dos Negócios Estrangeiros convocará o embaixador russo para denunciar esta tentativa clara de influência. Só a Suécia decide sobre a sua política de segurança", avisa Tobias Billstrom.

AGÊNCIA LUSA: TEXTO

OBSERVADOR, 29 mar. 2023, 13:51

A Suécia anunciou esta quarta-feira que vai convocar o embaixador da Rússia em Estocolmo por ter ameaçado o país de que passará a ser um alvo legítimo da retaliação russa, incluindo militar, assim que aderir à NATO.

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros convocará o embaixador russo para denunciar esta tentativa clara de influência”, disse o chefe da diplomacia sueca, Tobias Billstrom, à agência francesa AFP.

“Só a Suécia decide sobre a sua política de segurança nacional, mais ninguém”, acrescentou.

O embaixador Viktor Tatarintsev advertiu a Suécia e a Finlândia de que a entrada na NATO tornará os dois países “alvos legítimos” da retaliação de Moscovo.

“Após a adesão da Finlândia e da Suécia, a extensão total das fronteiras entre a Rússia e a NATO vai quase duplicar”, disse Tatarintsev num texto publicado no “site” da missão russa, na terça-feira.

“Se ainda parece a alguém que isso vai de alguma forma melhorar a segurança da Europa, fiquem tranquilos que os novos membros do bloco hostil tornar-se-ão um alvo legítimo para as medidas retaliatórias russas, inclusive de natureza militar”, advertiu.

Tatarintsev referiu também o risco de o comando da NATO “decidir entrar totalmente no conflito” entre a Rússia e a Ucrânia, e arrastar os suecos para a morte.

A Suécia está a “dar um passo para o abismo”, disse o diplomata russo no texto crítico daentrada dos dois países na NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte).

A Suécia e a Finlândia pediram a adesão em 18 de maio de 2022, menos de três meses depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, pondo termo à sua posição histórica de neutralidade.

A Rússia partilha uma fronteira terrestre com a Finlândia com mais de 1.300 quilómetros e uma fronteira marítima com a Suécia.

Um dos objectivos russos para justificar a invasão da Ucrânia foi impedir o país vizinho de aderir à NATO e, consequentemente, a expansão da Aliança Atlântica.

Antes da invasão, Moscovo exigiu que a NATO garantisse, em forma de tratado, que a Ucrânia e a Geórgia nunca se tornariam membros da aliança.

Exigiu também o recuo da NATO para as posições anteriores a 1997, antes do alargamento da organização ao Leste da Europa. A NATO recusou ambas as exigências.

Face à alegação de Moscovo de que a expansão visa cercar a Rússia, a NATO afirma que apenas seis por cento das fronteiras terrestres russas tocam membros da Aliança.

A Rússia tem fronteiras terrestres com 14 países e apenas cinco deles são membros da NATO, ainda segundo a organização de defesa militar.

Dos 30 membros da NATO, apenas Turquia e Hungria não concluíram ainda o processo de ratificação dos pedidos dos dois países nórdicos, embora tenham avançado no caso finlandês.

Relativamente à Suécia, a Turquia exige que deixe de apoiar grupos curdos considerados terroristas por Ancara.

A Hungria admitiu recentemente estar a atrasar o processo devido a posições anteriores dos governantes suecos sobre a suspensão de fundos europeus a Budapeste. Portugal ratificou a adesão dos dois países em setembro de 2022.

GUERRA NA UCRÂNIA    UCRÂNIA    EUROPA    MUNDO    SUÉCIA    NATO    RÚSSIA

Ele não vai a Cabo Verde


Falo de Putin. Por isso Cabo Verde pode manter o seu estatuto de isenção virtuosa na questão da condenação cabo-verdiana contra o Putin dos crimes – e não de guerra, que dessa lava as mãos - embora não precise, que parecem imaculadas e os ucranianos é que estavam mesmo a pedi-las - adeptos do nazismo e portanto da cruz suástica - mas contra as crianças ucranianas que Putin retirou às suas famílias, antes que seguissem a via dos progenitores assim acusados por Putin. Também acho que Putin não quer vir cá à nossa praia, apanhar sol algarvio, mas se viesse não se daria a muitos de nós isentá-lo de condenações, prestáveis que somos sempre, e com tribunais dispostos a isentar, bem à medida, e mesmo com sentimento.

 

GUERRA NA UCRÂNIA

Em directo/ Ucrânia diz à Rússia que "guerra pode acabar diplomaticamente". Basta que tropas russas “se retirem das terras ocupadas”

Kremlin diz que guerra — não apenas contra a Ucrânia, mas de certa forma contra o Ocidente — “vai durar muito tempo”. Kiev respondeu que para acabar com conflito só é preciso Moscovo querer.

TÂNIA PEREIRINHA: TEXTO

ANADOLU AGENCY VIA GETTY IMAGES

Momentos-chave

Há 26mReino Unido e Alemanha juntos no apoio a Kiev

Há 1hAlemanha vai aumentar apoio militar à Ucrânia em 12 mil milhões de euros

Há 2hUcrânia responde à Rússia: "A guerra pode acabar diplomaticamente"

Há 2hZelensky pede mais apoio internacional para vencer guerra e defender democracia

Há 3hEUA: seis mil combatentes do grupo Wagner combatem em Bakhmut

Há 4hRussos com "sucesso parcial" em Bakhmut, mas Ucrânia ainda resiste

Há 5hExplosão ouvida perto de base russa na Crimeia

Há 5hKiev prepara contraofensiva em vários pontos da Ucrânia

Há 5hForças russas estarão a construir novas trincheiras na Crimeia

Há 6hBiden pede que democracias se unam perante Rússia e China

Há 6hRússia emite ordem de busca e prisão de fundadora do grupo feminista Pussy Riot

Há 6hPutin reconhece "impacto negativo" das sanções na economia russa

Há 6hPonto de situação. O que aconteceu durante as últimas horas?

Há 8hRússia terminou partilha de informação nuclear com os EUA

Há 8hChefe da Wagner admite que batalha de Bakhmut está a provocar baixas elevadas tanto em russos como ucranianos

Há 8hCabo Verde vê TPI como “imprescindível” mas não terá necessidade de deter Putin

Há 8hONU está a preparar nova forma de proteger central de Zaporíjia

Há 8hMísseis com capacidade nuclear testados por Moscovo na Sibéria

Há 9hEspanha envia para a Ucrânia seis Leopard a seguir à Páscoa e vê difícil paz negociada

Há 10hRússia mantém compromisso de evitar um conflito nuclear

Há 11hEUA estimam mais de 200 mil soldados russos mortos ou feridos desde início da invasão

Há 11hPorta-voz do Kremlin: "Guerra vai durar muito tempo"

Há 11hNATO: Suécia convoca embaixador russo após ameaças de retaliação militar

Há 12hOIM: "Ucrânia conseguiu ultrapassar pior do inverno"

Há 13hPresidente do Conselho de Segurança russo acusa EUA de conduzirem "actividades biológicas de larga escala" na Ucrânia

Há 13hQuase 20 mil crianças ucranianas deportadas ilegalmente pela Rússia

Há 14hSuécia e Finlândia tornam-se "alvos legítimos" após adesão à NATO

Há 14hBakhmut. Ucrânia diz ter abatido bombardeiro russo

Há 15hZelensky convida Xi Jinping (com quem diz que não fala há um ano) para ir a Kiev

Há 15hDirector da agência nuclear da ONU em Zaporíjia

Há 15hAtaque ucraniano em Melitopol, cidade controlada pelos russos

Há 16hZelensky teme que vitória russa em Bakhmut dê força à Rússia no plano internacional: "Se ele cheirar sangue, vai forçar, forçar, forçar"

Há 22hPonto de situação. O que aconteceu durante as últimas horas?

Há 22hPovo ucraniano é "mais forte do que qualquer medo", diz Zelensky após visita à região de Sumy

Há 23hBiden preocupado com planos russos para colocar armas nucleares na Bielorrússia

Há 23hFrança reconhece Holodomor como genocídio

Há 24hKiev exige que Rússia retire de "cada metro quadrado" do país e avisa: "Paz a qualquer preço é uma ilusão"

Há 1dEstados Unidos apoiam criação de tribunal especial para julgar Rússia

Há 1dSituação em Bakhmut "sob controlo", garante comandante ucraniano

Há 1dRússia afirma ter abatido míssil de longo alcance fornecido pelos EUA a Kiev

Há 1dRússia quer aumentar produção de armas entre sete a oito vezes

Há 1dPM britânico apela China a pressionar Rússia para retirar e negociar

Há 1dCOI defende que atletas da Rússia e Bielorrússia participem em Paris2024 com bandeira neutra

Há 1dEUA recusam fornecer a Moscovo dados sobre força nuclear após suspensão russa do New Start

Há 1dCidade de Avdiivka "está a ser apagada da face da terra"

Há 1dPonto de situação. O que aconteceu durante as últimas horas?

Há 1dVolodymyr Zelensky visita cidades no norte da Ucrânia

Há 1dMNE da Ucrânia: "A Rússia tem de retirar de cada metro quadrado do território ucraniano"

Há 1dDmytro Kuleba marca presença em cimeira dos EUA: "Estamos a defender todo o mundo democrático"

Há 1dMoscovo pronto para discutir situação da Central Nuclear de Zaporíjia

Há 1dMinistério da Defesa alemão confirma chegada dos 18 Leopard 2 de Berlim à Ucrânia

Há 1dReino Unido e Polónia vão construir duas aldeias temporárias para refugiados na Ucrânia

Há 1dVice primeira-ministra da Ucrânia acusa Moscovo de manter 4 400 órfãos ucranianos sem "cuidados parentais"

Há 1dMNE bielorrusso diz que país foi "forçado" a acolher mísseis nucleares graças a "acções agressivas" da NATO

Há 1dComissão Europeia dá luz verde ao prolongamento do mecanismo ibérico até ao final do ano

Há 1dComeça hoje 2.ª Cimeira das Democracias do Mundo com intervenção de Zelensky

Há 1dRússia anuncia teste bem sucedido no Mar do Japão com dois mísseis supersónicos

Actualizações em directo Há 26m22:11

Reino Unido e Alemanha juntos no apoio a Kiev

O rei Carlos III disse hoje em Berlim que o Reino Unido e a Alemanha estão “lado a lado” no apoio a Kiev para defender a liberdade face à agressão russa contra a Ucrânia.

“Estamos lado a lado para proteger e promover os nossos valores democráticos compartilhados”, afirmou o monarca britânico num discurso no primeiro dia de uma visita de Estado à Alemanha, a sua primeira deslocação como soberano ao estrangeiro.

Discursando num jantar em sua homenagem na residência do Presidente alemão, em Berlim, Carlos III disse que pretende estreitar os laços entre o Reino Unido e a Alemanha. “Durante o meu reinado como rei, farei o possível para fortalecer as nossas ligações “, declarou.

Há 1h21:44 Adriana Alves 

Alemanha vai aumentar apoio militar à Ucrânia em 12 mil milhões de euros

O governo alemão decidiu aumentar a assistência a Kiev e enviar 12 mil milhões de euros adicionais em apoio militar à Ucrânia, noticiou a Reuters.

O financiamento adicional inclui 3,2 mil milhões de euros que serão desembolsados em 2023 e linhas de crédito para o período entre 2024 e 2032 no valor de 8,8 mil milhões de euros.

Há 2h20:45 Adriana Alves

Ucrânia responde à Rússia: "A guerra pode acabar diplomaticamente"

Mykhailo Podolyak, um dos principais conselheiros do Presidente da Ucrânia, disse esta quarta-feira que a guerra pode acabar “diplomaticamente”. Basta para isso que as tropas russas “se retirem das terras ocupadas”, defendeu numa publicação na conta oficial de Twitter.

O conselheiro de Zelensky respondia às recentes declarações sobre o rumo da guerra do ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Ainda esta quarta-feira Peskov admitiu que a guerra — não apenas contra a Ucrânia, mas de certa forma contra o Ocidente — “vai durar muito tempo”.

Há 2h20:36 Agência Lusa 

Zelensky pede mais apoio internacional para vencer guerra e defender democracia

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu hoje mais apoio internacional para o que designou como uma “guerra contra a democracia” no seu país

Numa intervenção em formato virtual na 2.ª Cimeira das Democracias do mundo, evento patrocinado pelos Estados Unidos, Zelensky assinalou que “a defesa pela democracia” no seu país deve contar com “todas as armas” para garantir a vitória sobre a Rússia.

“Quanto mais restrições forem impostas à defesa, mais baixas e destruição se produzirão”, assegurou.

Zelensky também advertiu os países participantes na cimeira que a Rússia também está em guerra com esses Estados e “desde há muito tempo”.

Há 3h19:33

Putin admite impacto negativo das sanções

Foi num encontro com membros do governo: o presidente russo admite que as sanções do Ocidente vão prejudicar a economia de Moscovo no futuro. Ainda os avisos do porta-voz do Kremlin.

Ouça aqui este episódio de Guerra Traduzida

Zelensky deixa alertas sobre Bakhmut

Neste episódio, falamos da entrevista do presidente ucraniano à AP, na qual Bakhmut e os EUA estiveram em destaque. Ainda o convite a Xi Jinping e novo apoio financeiro do Canadá a Kiev.

Ouça aqui este episódio de Guerra Traduzida

Há 3h19:16 Adriana Alves 

EUA: seis mil combatentes do grupo Wagner combatem em Bakhmut

Washington estima que cerca de seis mil combatentes da companhia privada Wagner estão a combater na cidade de Bakhmut, revelou o chefe do Estado-maior das Forças Armadas dos EUA.

Segundo o general Mark Milley, o grupo Wagner está a sofrer pesadas baixas na área de Bakhmut. “Os ucranianos estão a infligir uma grande quantidade de mortes e destruição”, afirmou, citado pela CNN.

Esta quarta-feira o chefe dos Wagner, Yevgeny Prigozhin, admitiu que batalha de Bakhmut está a provocar baixas elevadas tanto em russos como ucranianos.

Há 4h18:35

Adriana Alves

Russos com "sucesso parcial" em Bakhmut, mas Ucrânia ainda resiste

O Estado-maior das Forças Armadas da Ucrânia admitiu que as forças russas conseguiram alguns “sucessos parciais” na direção de Bakhmut. Os militares ucranianos terão repelido durante o dia vários ataques russos na cidade, palco de combates há vários meses.

Esta semana o Ministério da Defesa do Reino Unido apontou no seu relatório diário que a investida russa sobre a cidade de Bakhmut “basicamente está estagnada”. No mesmo sentido, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) indicou que a ofensiva em Bakhmut “aparenta estar a abrandar”, numa altura em que alegadamente as forças russas estão “a tentar lançar ofensivas para outras direcções”.

Há 5h18:00 Adriana

Explosão ouvida perto de base russa na Crimeia

Foi ouvida na península da Crimeia — território anexado pela Rússia em 2014 — uma explosão perto de uma base militar em Hvardiiske.

O líder regional pró-russo, Sergey Aksyonov, avançou através do Telegram que terá sido abatido um veículo aéreo não tripulado.

A Euromaidan Press partilhou na conta oficial de Twitter algumas imagens que estão a circular na sequências da explosão.

Há 5h17:56 Adriana

Kiev prepara contraofensiva em vários pontos da Ucrânia

O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse esta quarta-feira que as Forças Armadas da Ucrânia estão a planear uma contraofensiva durante a primavera em vários pontos do país.

“Estou certo de que vamos continuar a libertar os territórios temporariamente ocupados, como fizemos nas regiões de Kiev, Chernihiv, Sumy, Kharkiv e Kherson. Tudo isto vai continuar”, afirmou em declarações ao canal ERR.

Reznikov acrescentou que para levar em frente a contraofensiva as forças ucranianas precisam de mais munições. “É assim que salvamos vidas. É por isso que o apoio é tão importante. É uma guerra de recursos”, sublinhou.

Há 5h17:30 Adriana

Forças russas estarão a construir novas trincheiras na Crimeia

As tropas russas na Crimeia parecem estar a formar novas trincheiras junto às rotas que dão acesso à península ucraniana, anexada por Moscovo em 2014. A notícia foi divulgada pela Sky News, que cita o analista Brady Africk, do American Enterprise Institute.

Há 6h16:57Rádio Observador 

"É inteligente posicionar a China como mediador"

As visitas de Sanchez e Macron à China “valem a pena para explorar margens de manobra que afastem a China da Rússia”. E também é “muito hábil da parte de Zelensky tentar essa aproximação diplomática”.

Ouça aqui o novo episódio do “Gabinete de Guerra” da Rádio Observador.

Há 6h16:46 Agência Lusa 

Biden pede que democracias se unam perante Rússia e China

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu hoje que as democracias se unam contra a Rússia e a China, e para mostrar que “são fortes e determinadas”.

O Presidente norte-americano abriu a segunda edição da Cimeira da Democracia, para a qual convidou líderes de 121 países, incluindo Índia e Israel, cujos dirigentes se defendem de críticas que os acusam de retroceder os direitos nos seus estados.

A cimeira deve trabalhar para “responsabilizar a Rússia” pela guerra na Ucrânia e “mostrar que as democracias são fortes e determinadas”, declarou o Presidente democrata durante um breve comentário introdutório na manhã de hoje, em Washington.

Há 6h16:45 Agência Lusa 

Rússia emite ordem de busca e prisão de fundadora do grupo feminista Pussy Riot

As autoridades russas emitiram hoje um mandado de busca e detenção de Nadezhda Tolokonnikova, uma das fundadoras do grupo feminista punk Pussy Riot, que actualmente reside num país da União Europeia.

O seu nome está na base de dados das pessoas procuradas pelo ministério do interior.

No início de março, a Rússia iniciou uma investigação criminal contra Tolokonnikova por “ofender os sentimentos dos crentes” em mensagens publicadas nas redes sociais.

Há 6h16:41 Adriana Alves

Objecto encontrado no Nord Stream 2 não é ameaça

A agência de Energia da Dinamarca revelou que o objecto detectado perto do gasoduto Nord Stream 2 é na verdade uma boia marítima e não representa um risco para a segurança.

O objecto, que foi recuperado na terça-feira pela marinha dinamarquesa, foi detectado durante uma inspecção ao gasoduto, que foi alvo de um ataque de sabotagem em setembro do ano passado.

“As investigações indicam que o objecto é uma boia de fumo marítima, que é usado para marcação visual. Não representa uma ameaça à segurança”, refere a agência da Dinamarca, citada pela Reuters.

Há 6h16:33 Adriana Alves 

Putin reconhece "impacto negativo" das sanções na economia russa

O Presidente Vladimir Putin admitiu que as sanções impostas pelo Ocidente podem trazer consequências “negativas” para a Rússia. Insistiu, no entanto, que o país está a conseguir adaptar-se.

“As sanções impostas contra a economia da Rússia podem ter a médio prazo um impacto negativo”, reconheceu, segundo o jornal The Guardian.

Há 6h16:16 Adriana Alves 

Ponto de situação. O que aconteceu durante as últimas horas?

A Rússia acusou esta quarta-feira os Estados Unidos de estarem directamente a levar a cabo “atividades biológicas” em larga escala na Ucrânia. No mesmo dia o embaixador russo em Estocolmo afirmou que a Finlândia e a Suécia vão tornar-se “alvos legítimos” para “retaliação” assim que se tornem membros da NATO. Em resposta à ameaça a Suécia já convocou o responsável russo para justificar as declarações.

Estes são os principais destaques das últimas horas:

O líder da companhia de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, admitiu que a batalha pela cidade de Bakhmut está a dizimar os exércitos dos dois lados.

O primeiro-ministro cabo-verdiano destacou o Tribunal Penal Internacional como “regulador imprescindível”. Em resposta ao mandado de captura contra o chefe de Estado russo, garantiu que o país não terá de cumprir a ordem. “Esse problema não se vai colocar porque o Presidente Putin não vem a Cabo Verde”, afirmou.

A Agência Internacional de Energia Atómica, das Nações Unidas, está a trabalhar num novo esquema para proteger a central nuclear de Zaporíjia. A informação foi divulgada pelo responsável máximo da agência, Rafael Grossi, que está esta quarta-feira a visitar as instalações da central.

O governo russo anunciou a realização de manobras militares na Sibéria que onde está incluída a utilização de mísseis intercontinentais Yars, de capacidade nuclear. Nos exercícios estão envolvidos mais de três mil militares e cerca de 300 peças de equipamento.

Espanha vai enviar para a Ucrânia seis carros de combate Leopard a seguir à Páscoa, anunciou a ministra da Defesa espanhola. Margarita Robles afirmou que as possibilidades de uma paz negociada nesta guerra são neste momento “muito reduzidas”.

O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, afirmou numa conferência de imprensa que os Estados Unidos estimam neste momento que mais de 220 mil soldados russos terão sido mortos ou feridos desde o início da invasão de grande escala à Ucrânia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu que a guerra — não apenas contra a Ucrânia, mas de certa forma contra o Ocidente — está para durar. No encontro habitual com jornalistas, Peskov disse que a “confrontação entre Estados hostis” que existe actualmente “vai durar muito tempo”.

O Ministério da Reintegração da Ucrânia informou que um total de 19.514 crianças ucranianas foram deportadas ilegalmente pela Rússia, enquanto 4.390 se encontram nos territórios ocupados.

O Ministério da Defesa ucraniano anunciou que o seu exército abateu um bombardeiro russo Su-24M, perto da cidade de Bakhmut. A operação terá ocorrido na terça-feira.

As forças armadas ucranianas atacaram a cidade de Melitopol — território actualmente controlado pela Rússia no sul da Ucrânia, na região de Zaporíjia. De acordo com a agência de notícias russa TASS, os ataques ucranianos terão deixado a cidade sem electricidade e atingido um armazém ferroviário.

O Presidente ucraniano deu uma entrevista à Associated Press, na qual sublinhou que uma vitória russa em Bakhmut pode levar os russos a conseguirem apoios no campo internacional e que Kiev está dependente do apoio total dos Estados Unidos. Volodymir Zelensky disse ainda que convidou o homólogo da China, com quem não fala há um ano, a visitar a Ucrânia.

Há 8h14:45 Cátia Bruno 

Rússia terminou partilha de informação nuclear com os EUA

A Rússia deixou de informar os Estados Unidos sobre as suas actividades nucleares, na sequência da suspensão do tratado de controlo de armamento START.

A informação foi dada pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov. “Não haverá qualquer notificação. Todas as notificações, todas as actividades previstas no tratado, serão suspensas e não serão efectuadas, independentemente da posição que os Estados Unidos tomarem”, garantiu, citado pela agência de notícias Interfax.

Na mesma entrevista, Ryabkov afirmou ainda que a colocação de armamento nuclear táctico em território bielorrusso tem como objectivo levar a NATO a reconhecer a “gravidade da situação”.

Há 8h14:41 Cátia Bruno

Chefe da Wagner admite que batalha de Bakhmut está a provocar baixas elevadas tanto em russos como ucranianos

O líder da empresa russa de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, admitiu que a batalha pela cidade de Bakhmut está a dizimar os exércitos dos dois lados.

Numa mensagem de voz partilhada no Telegram, Prigozhin continua a prometer a vitória russa na região, mas reconheceu o seu elevado nível de destruição. “A batalha de Bakhmut hoje já destruiu praticamente o Exército ucraniano e, infelizmente, também prejudicou gravemente as forças militares privadas da Wagner”, afirmou.

Há 8h14:38

Cabo Verde vê TPI como “imprescindível” mas não terá necessidade de deter Putin

O primeiro-ministro cabo-verdiano destacou hoje o Tribunal Penal Internacional (TPI) como “regulador imprescindível”, mas garantiu que o país não terá de cumprir a ordem de detenção do Presidente russo por acreditar que Vladimir Putin não visitará Cabo Verde.

“Esse problema não se vai colocar porque o Presidente Putin não vem a Cabo Verde. Não trabalhamos com ‘ses’. Ele não vem”, afirmou o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

O governante respondia à Lusa à margem da sua participação, por videoconferência a partir da Praia, na Cimeira da Democracia, coorganizada pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rute, e o Presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves.

“Cabo Verde é membro do TPI. O direito internacional para julgar crimes de genocídios, crimes de guerra e crimes contra a humanidade é um regulador imprescindível, preventivo e coercivo, para um mundo de paz que todos almejamos”, disse o chefe do Governo cabo-verdiano, no painel sobre “Democracia e Justiça”.

“A impunidade, por outro lado, estimula mais crimes”, sublinhou ainda Correia e Silva, sobre a importância do TPI.