terça-feira, 7 de março de 2023

Uma lição que merecemos


O que não nos aquenta nem arrefenta, criadores que somos, não de gado - o que seria proveitoso - mas de artifícios linguísticos para levar avante a nossa fraseologia pedante de siglas benemeritamente redutoras, num mundo de convulsão e aparato.

Obrigada, DR. SALLES, pela magnífica lição de pérolas a porcinos que nem sequer a entendem, mau grado os esforços enriquecedores da professora de português – de um autor desconhecido, com que o Dr. SALLES pretende levar o seu belicismo antagónico – ou simplesmente agónico – numa empreitada maliciosa, é certo, condenada ao insucesso. Todavia, haverá sempre o recurso a um universal pronome anglófilo neutro – it - eliminatório dessas coisas do sexo em vias de extinção. De resto, o resto será sempre o silêncio, seja do género que for o seu usufrutuário.


LÍNGUA PORTUGUESA

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

 A BEM DA NAÇÃO,05.03.23

Uma professora de português deu uma aula especial:

"Não sou homofóbica, transfóbica, gordofóbica. Eu sou professora de português. Estava eu a explicar um conceito de português e chamaram-me desrespeitosa. Explicava por que razão não faz diferença nenhuma mudar a vogal temática de substantivos e adjetivos para ser "neutre". Em português, a vogal temática na maioria das vezes não define o género. O género é definido pelo artigo que acompanha a palavra. Vou exemplificar: O motorista. Termina em A e não é feminino. O poeta. Termina em A e não é feminino. A acção, depressão, impressão, ficção. Muitas palavras que terminam em "ação" são femininas, embora terminem com O. Boa parte dos adjectivos da língua portuguesa podem ser tanto masculinos quanto femininos, independentemente da letra final: feliz, triste, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável, etc. Terminar uma palavra com E não faz com que ela seja neutra. A alface. Termina em E e é feminino. O elefante. Termina em E e é masculino. Como o género em português é determinado muito mais pelos artigos do que pelas vogais temáticas, se vocês querem uma língua neutra, precisam criar um artigo neutro, não encher um texto de X, @ e E. Mesmo que fosse o caso, o português não tem género neutro. Vocês teriam que mudar um idioma inteiro para combater o "preconceito". O meu conselho é: em vez de insistir tanto na questão do género, entendam de uma vez por todas que género não existe, é uma coisa socialmente construída. O que existe é sexo. Entendam, em segundo lugar, que género linguístico, género literário, género musical, são coisas totalmente diferentes de "género". Não faz absolutamente diferença nenhuma mudar géneros de palavras. Isso não torna o mundo mais acolhedor. E entendam, em terceiro lugar, que vocês podiam tirar os dedos do ecrã, pararem de dizer tolices e dedicarem-se a alguma coisa que realmente fizesse a diferença para melhorar o mundo, em vez de ficarem a arranjar discussões sem sentido. Tenham atitude (palavra que termina em E e que é feminina) e parem de militar no sofá (palavra que termina em A e que é masculina)!"

 (Autor não identificado)

 COMENTÁRIOS (1)

Antonio Fonseca 06.03.2023 14:58: Autor não identificado, portanto não é possível saber se sobreviveu no magistério depois desta aula especial. Duvido! A propósito, em conversa recente com a minha neta, soube que na sua escola primária, em Ottawa, Canada, já não se usa "he/she" quando se refere a um/uma colega; usa-se o pronome no plural "they" para não ofender a pessoa visada, caso ele/ela seja de orientação sexual diferente daquela que a sua aparência indica.
Imaginem, visto que, "grosso modo", a população dos L/G/B/T/etc roda à volta de 5% do total de um agregado, estamos em presença de uma tirania de minoria de natureza sem paralelo
. Aqueles que os deuses querem destruir, primeiro enlouquecem. Obrigado, Doutor Henrique Salles da Fonseca, pelo blogue.

 

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