O que não nos
aquenta nem arrefenta, criadores que somos, não de gado - o que seria
proveitoso - mas de artifícios linguísticos para levar avante a nossa
fraseologia pedante de siglas benemeritamente redutoras, num mundo de convulsão
e aparato.
Obrigada, DR.
SALLES, pela magnífica lição de pérolas a porcinos que nem sequer a
entendem, mau grado os esforços enriquecedores da professora de português – de
um autor desconhecido, com que o Dr. SALLES pretende levar o seu belicismo
antagónico – ou simplesmente agónico – numa empreitada maliciosa, é certo,
condenada ao insucesso. Todavia, haverá sempre o recurso a um universal pronome
anglófilo neutro – it - eliminatório dessas coisas do sexo em vias de
extinção. De resto, o resto será sempre o silêncio, seja do género que for o seu usufrutuário.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A
BEM DA NAÇÃO,05.03.23
Uma professora de português deu uma aula especial:
"Não sou homofóbica,
transfóbica, gordofóbica. Eu sou professora de português. Estava eu a explicar um conceito de português e chamaram-me
desrespeitosa. Explicava por que razão não faz diferença nenhuma mudar a
vogal temática de substantivos e adjetivos para ser "neutre".
Em português, a vogal temática na maioria das vezes
não define o género. O género
é definido pelo artigo que acompanha a palavra. Vou exemplificar: O
motorista. Termina
em A e não é feminino. O poeta. Termina em A e não é feminino. A acção, depressão, impressão, ficção. Muitas
palavras que terminam em "ação" são femininas, embora terminem com O.
Boa parte dos adjectivos da língua
portuguesa podem ser tanto masculinos quanto femininos, independentemente da
letra final: feliz,
triste, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável, etc. Terminar uma palavra com E não faz
com que ela seja neutra. A alface. Termina
em E e é feminino. O elefante. Termina em E e é masculino. Como o género em português é determinado muito
mais pelos artigos do que pelas vogais temáticas, se vocês querem
uma língua neutra, precisam criar um artigo neutro, não encher um texto de X, @
e E. Mesmo que fosse o caso, o português não tem género neutro. Vocês
teriam que mudar um idioma inteiro para combater o "preconceito". O meu
conselho é: em vez de insistir tanto na questão do género, entendam de uma vez
por todas que género não existe, é uma coisa socialmente construída. O que
existe é sexo. Entendam,
em segundo lugar, que género linguístico, género literário, género musical,
são coisas totalmente diferentes de "género". Não faz absolutamente diferença nenhuma mudar géneros
de palavras. Isso não torna o mundo mais acolhedor. E entendam, em terceiro
lugar, que vocês podiam tirar os dedos do ecrã, pararem de dizer tolices e
dedicarem-se a alguma coisa que realmente fizesse a diferença para melhorar o
mundo, em vez de ficarem a arranjar discussões sem sentido. Tenham atitude (palavra que termina em E e que é
feminina) e parem de militar no sofá (palavra que termina em A e que é
masculina)!"
(Autor não
identificado)
Antonio Fonseca 06.03.2023 14:58:
Autor não
identificado, portanto não é possível saber se sobreviveu no magistério depois
desta aula especial. Duvido! A propósito, em conversa recente com a minha
neta, soube que na sua escola primária, em Ottawa, Canada, já não se usa "he/she"
quando se refere a um/uma colega; usa-se o pronome no plural "they"
para não ofender a pessoa visada, caso ele/ela seja de orientação sexual
diferente daquela que a sua aparência indica.
Imaginem, visto que, "grosso modo", a
população dos L/G/B/T/etc roda à volta de 5% do total de um agregado, estamos
em presença de uma tirania de minoria de natureza sem paralelo. Aqueles que
os deuses querem destruir, primeiro enlouquecem. Obrigado,
Doutor Henrique Salles da Fonseca, pelo blogue.
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