quarta-feira, 29 de março de 2023

Irmandade

 

De uma risível aparência de virtude, de abjecta frieza e cinismo, demonstrando – embora inutilmente - que já a ninguém enganam, pese embora o comodismo inerte de todos nós, que nos sujeitamos, por conta do tapume da gratificação, de resto pouco convincente, como o comprovam as greves do far niente massificado. Raquel Abecasis soube bem captar o ridículo dessas figuras públicas, bem assentes na nossa praça acomodada.

Os camisas brancas

Marcelo viu. Marcelo sabe. Marcelo avisa. Marcelo ameaça. O que falta saber é se no final do dia leva a sua tarefa até ao fim ou se prefere perder-se em intrigas palacianas e jogos florais.

RAQUEL ABECASIS Jornalista e ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas

OBSERVADOR,28 mar. 2023, 01:2046

Afinal foi tudo engano e má-língua. O que o Presidente da República quis dizer quando classificou o Governo de “requentado” e “esgotado” não era nada do que todos percebemos. Foi só a constatação de que o Primeiro-ministro, coitado, tem tido uma vida muito difícil e cansativa nos últimos anos. Quem julgou que Marcelo tinha dito que o pacote de medidas «Habitação Mais» era péssimo e que, se era para isto, era melhor que o Governo tivesse ficado quieto, também percebeu tudo mal.

E se alguém ficou convencido de que o Primeiro-ministro estava chateado com as críticas de Marcelo, e que era para o Presidente o recado de que há os que fazem e os que só falam, falam e não os vê a fazer nada, desengane-se. A crítica era para outros críticos. Nunca para o senhor Presidente da República.

Com o que a república pode contar é com dois bons amigos e cúmplices, lado a lado com umas camisinhas de pijama branquinhas e imaculadas na República Dominicana, a trocarem larachas e de sorriso cínico, a garantirem que nunca um Presidente e um chefe de governo tiveram tanto amor um pelo outro.

Ufa… parecia mesmo que estávamos à beira de uma crise institucional em que o Presidente, consciente do desagrado do povo com a incompetência do Governo para resolver os problemas mais básicos do país, começava a dar sinais de que António Costa talvez não chegasse e 2026 e se ficasse por 2024. Afinal não. Pelo menos quando estão juntos e vestidinhos de branco, reina a paz e a harmonia entre os dois.

É pena que gastem energias a quererem comer-nos por parvos. Toda a gente sabe ou pressente que as coisas não estão bem entre Belém e São Bento. E ainda bem que não estão, porque assim como está o país não dá para continuar. António Costa não tem mais nada para oferecer. Anda a reboque das crises com soluções pífias e irrealizáveis, como é o caso da habitação. Finge que faz, mas não faz. E quando se vê aflito com o resultado das sondagens, atira com um pacote de esmolas para os do costume, para assim tentar manter cativo o seu voto. Soluções e perspectivas de futuro não há.

Marcelo já viu o filme todo. Não concorda com o caminho que o Governo está a seguir. Não só porque não resulta, mas porque não é possível que ideologicamente se identifique com um país cada vez mais dependente do Estado, em que a iniciativa privada e o lucro são vistos como uma ameaça e onde uma ideologia marxista e de esquerda começa a mostrar os seus resultados: na saúde, na educação, na justiça, nas forças armadas e na economia.

Marcelo viu. Marcelo sabe. Marcelo avisa. Marcelo ameaça. O que falta saber é se no final do dia leva a sua tarefa até ao fim ou se prefere perder-se em intrigas palacianas e jogos florais, deixando passar a oportunidade de ser o Presidente de que os portugueses precisam, com medo de ser mal compreendido. Há um ditado que diz que “quem vai à guerra dá e leva”. Chegou a hora de Marcelo dar e arriscar levar. É da vida, e é para isso que serve um Presidente da República.

MARCELO REBELO DE SOUSA    PRESIDENTE DA REPÚBLICA    POLÍTICA    ANTÓNIO COSTA

COMENTÁRIOS:

Alberico Lopes: Raquel: o maior elogio que eu posso fazer a este seu excepcional artigo é que o vou digitalizar para o divulgar por mais de 50 amigos com quem me correspondo diariamente! Realmente este presidente das selfies é o maior bluff que nos podia ter saído em sorte! O que também me admira é que tanto ele como o outro, não tenham sequer a capacidade para entender que os portugueses quando querem ver bobos vão ao circo! Esse espectáculo ridículo de, de camisas brancas se apresentarem nos écrans e em nossas casas, sem terem sido convidados, foi mesmo a cereja no cimo do bolo! Pobre país que tem como máximos dirigentes figurinhas destas!

O Serrano: Costa, o melhor político da sua geração, como dizia há uns três anos um comentador de esquerda, logo bem intencionado, honesto, patriota, inteligente, escrupuloso e Marcelo, o inteligentíssimo, o homem sem sono, o homem que está em todo o lado e afinal não está em lado nenhum, o homem das piruetas, das voltas e contra-voltas, um verdadeiro estradista - está sempre na estrada a circular, pois são estes dois personagens que representam, actuam, no grande teatro de variedades, na grande comédia em que Portugal se transformou, só que esta comédia não é para rir, mas para chorar.                 carlos Heitor: Marcelo estará mesmo consciente da palhaçada que está a fazer? Toma-nos por parvos, ele e o seu colega da camisa branca. Até quando teremos de aturar este teatro barato e requentado ,representado por dois artistas de terceira que nos arrastam para o precipício.                Filipe F: Passados tantos anos ainda há gente que não entende o Marcelo: nunca fez, nunca faz e nunca fará nada que altere o que quer que seja.                    Cipião Numantino: Provavelmente pouca gente ouviu falar do imperador Norton I. E se acrescentar que se tratou do único imperador dos EUA então, ainda mais gente ficará confusa, não é mesmo? A história é um pouco rocambolesca e trata-se de Joshua Abraham Norton, cujos pais emigraram de Inglaterra para a África do Sul e por lá fizeram fortuna. Joshua Norton era irrequieto e agarrou na sua parte da fortuna e emigrou para o Brasil. Por lá as coisas não lhe correram lá muito bem e emigrou de novo para os EUA. Meteu-se em negócios ruinosos e perdeu tudo. Deu-lhe para se proclamar o 1º. imperador dos Estados Unidos. Em 1859 o S. Francisco Bulletin, o jornal mais importante da cidade, resolveu dar-lhe destaque e publica um decreto de Norton I onde era dada ordem do fechamento do Congresso americano e a extinção dos partidos Democrata e Republicano que, segundo ele, eram a raiz de todos os problemas da nação. De permeio, além de outros decretos publicados, ordena de imediato a anexação do México ao seu já vasto império. Norton I passa a ser um grande símbolo de protesto perante a insatisfação da população com os seus governantes e passou a ser sustentado como um verdadeiro imperador por essa mesma população. Instituiu alguns impostos para a sua preservação e desenvolvia várias actividades entre elas visitando as igrejas para evitar brigas religiosas, o que normalmente conseguia. O caso começa a extrapolar para Inglaterra, chegando até na época a propor casamento à rainha Vitória, com a finalidade de unir os dois impérios. Entre vários casos caricatos um polícia novato de S. Francisco prendeu Norton I por vagabundagem, situação que levou a uma grande revolta da população que obrigou o chefe da polícia a libertá-lo imediatamente não sem antes haver pedido desculpas públicas que Norton I não aceitou até o conselho público de S. Francisco o vir fazer pessoalmente e com grande alarde. Numa outra vez, ao ser-lhe negada uma refeição gratuita na maior companhia de comboios do oeste dos EUA (Central Pacific), revoltado, Norton I, emite um decreto extinguindo a companhia, que motivou que essa mesma companhia viesse pedir desculpas públicas e a emitir para ele um passe vitalício e gratuito. Despoletada em 1861 a guerra civil americana, Norton I, ficou naturalmente muito preocupado resolvendo intervir convocando os dois presidentes inimigos, Lincoln e Davis, tentando mediar o conflito. Como não compareceram emitiu de imediato um decreto, decretando o fim das hostilidades. O povo de S. Francisco adorava o seu imperador. A 8 de Janeiro de 1880, Norton I, morre. Foi uma comoção geral e o seu corpo esteve em exposição durante dois dias por onde passaram muitos milhares de pessoas e o seu cortejo fúnebre envolveu mais de 30.000 pessoas. O seu corpo encontra-se sepultado no cemitério de Woodlawn em S. Francisco, constando na sua lápide não o seu nome próprio, mas sim Norton I - Imperador dos EUA e Protector do México. Na sua nota de falecimento escreveu-se "o Imperador Norton não matou, não roubou, nem expulsou ninguém do seu país. Poderíamos dizer isso da maioria dos indivíduos que exerceram o seu cargo?". Ora digam lá que não existem grandes similitudes com o nosso imperador atual cá do burgo? Pelo menos, posso assegurar, que Norton I nunca foi tão ridículo! Concordam?...                JOHN MARTINS: Na realidade, estamos perante um novo ciclo das relações do PR com os outros órgãos de soberania. Do parlamento vem o recado a dizer que a oposição é lá que se faz. O líder parlamentar do PS diz que os seus deputados não se deixam influenciar. Outros dizem que é para ir até 2026. Por sua vez o Presidente lembra-lhes que foi eleito por voto directo uninominal. Ninguém pode esconder o mau estar crescente. Quem é o mau da fita? São todos. Marcelo incluído e não tem culpa que não seja ESTADISTA. Não nasceu para isso. Os outros protagonistas fazem política rasca.               Luis Oliveira: A autora não consegue ler as pessoas, por isso, este artigo, não faz sentido. Marcelo é alguém que foi colocado (por quem?!) num pedestal pelas suas enormes capacidades intelectuais. Mas veja-se: desde que está na política, em que situação é que ele foi brilhante? Resposta: Nunca. O homem nunca passou para lá de mediano - e olhe lá!, mas como fala muito, esboça sorrisos e tira selfies, caiu no goto dos portugueses e da comunicação social. Mas quem tiver dois dedos de testa, percebe que Marcelo é um cabeça oca e um banana. Se Costa não tem um desígnio para o país, Marcelo não tem desígnio para o governo. Marcelo manda umas bocas para o ar de vez em quando (depois de muita pressão de outros), apenas por motivos de popularidade.  E é, acima de tudo, uma pessoa sem convicções (tirando talvez, o credo católico): ele nunca é a favor ou contra alguma ideia; é, e nunca será mais do que: “é preciso abrir o melão para ver se é bom”. Quem for observador sabe que dali não sai mais nada, tal o medo de alguém não gostar dele ou se tornar impopular - o que em bom português se chama de um “banana”! O país está um caos, mas alguma vez passaria a Marcelo “o Banana”, demitir o governo e convocar novas eleições? Claro que não! Mesmo que houvesse 60% de portugueses a querer a mudança, haveriam sempre 40% a preferir manter tudo como está.  Imaginem ter 40% da população a não gostar de Marcelo; e é isso que lhe ocorre todos os dias na cabeça: “e se os outros meninos deixam de gostar de mim?” Por isso, a autora que nunca mais perca tempo com Marcelo, porque não é apenas tempo perdido, é tempo mal perdido.                     F. Mendes > Luis Oliveira: Completamente de acordo. O meu comentário vai no mesmo sentido. Alguns articulistas nunca mais aprendem. Ou fingem que não perceberam.                 João Ramos > Luis Oliveira: Vale sempre a pena denunciar a porcaria que nos (des)governa, sem isso nunca conseguiremos abrir os olhos aos acéfalos que votam nestas vergonhas…                    F. Mendes: Este artigo, com o devido respeito, é ridículo. E no mau sentido. Por isto: 1.Marcelo diverte-se. Ponto. 2. Marcelo começar a comportar-se como um PR capaz? Bem, devia ter começado há 7 anos; foi para isso que uns milhões de eleitores o elegeram e reelegeram. Esperar que Marcelo se comporte como um estadista, ou simplesmente como um adulto normal, é como esperar que duas lesmas sejam capazes de dançar o tango! 3. A Raquel A. parece não ter percebido que esta "tensão" com o Costa é absolutamente artificial. Marcelo goza com o que se escreve sobre isto. E, de caminho, vai preparando a saída do Costa, quando der mais jeito ao "poucochinho". Para que venha, a seguir, essa malandragem da direita, pôr alguma ordem no que restar, arcar com as culpas, e reabrir a via do governo ao PS, por mais 10 anos. É tão simples quanto isto.               Alberico Lopes > F. Mendes: Desta vez não concordo quando escreve que o artigo da Raquel é ridículo, porque é a mais completa descrição do anedotismo que impera pela PR e pelo poucochinho! Quanto à eventualidade de sua excelência o afillhado de Caetano estar a rir-se de todos nós, como quando se divertia a tocar às campainhas dos vizinhos, aí já nada me admiraria! E é isto o PR no qua votei na 1ª. vez! Caspite!                S Belo: Obrigada, Raquel. MRS finge que dá e finge que arrisca. Temos uma dupla óptima para um remake de Tom & Jerry.

Nenhum comentário: