Que faz entristecer, naturalmente,
tantas são as perversões e astúcias de uns e de outros, de governantes e de
governados, as cobardias emparelhando com as falcatruas, as ambições com as
velhacarias, a fraternidade de uma pequenez genérica definitivamente à vista,
com a fuga dos que se não importam com uma hipotética reconstrução, por utópica que fosse …
O PS vai encher as cadeias de preços políticos
Ao contrário do que se pensa, o que dá mais margem de
lucro não é a droga. É a cebola. De que é que estamos à espera para pôr termo
aos lucros criminosos obtidos no sub-mundo da cebola?
TIAGO DORES Colunista do Observador
OBSERVADOR, 15 mar. 2023, 00:1714
Diz-se que há problemas na Marinha Portuguesa e no mundo do salto em
comprimento luso. Comecemos
então pelo mais premente dos temas, referindo a polémica que envolve os dois
indivíduos que, em Portugal, melhor dão umas corridas que redundam numa espécie
de dois passos de gigante do Mamã, Dá Licença?, que por sua vez culminam num salto para aquilo que, à
falta de conhecimentos técnicos para oferecer uma descrição mais rigorosa,
podia bem ser o WC de 59 gatos.
Mas
saltando (hã?) para a polémica em si, a questão prende-se com o facto de Nelson
Évora ter dito que, no caso do seu rival, Pedro Pichardo, a nacionalidade
portuguesa foi comprada. O que,
convenhamos, soa a pouco provável. Com a quantidade de gente e emigrar e a
fugir do nosso país, há de certeza um excesso de oferta da nacionalidade
portuguesa. Duvido muito que alguém cometa o erro de pagar para ser
português. Com um bocadinho de paciência e o mínimo de jeito para negociar, um
estrangeiro é mas é pago para ser nosso concidadão.
Digamos
que o negócio da aquisição de nacionalidade portuguesa, neste momento, não deve
ser muito diferente do comércio de automóveis para abate. Eu diria que comprar a nacionalidade portuguesa é
mais ou menos como adquirir um Morris Marina de 1975. Estás a
comprar algo com alguma história, é um facto, algo até com um toquezinho
exótico, sem dúvida, mas a verdade é que não vais a lado absolutamente nenhum
com aquilo.
A
propósito. O que também não vai a lado nenhum é o Navio da
República Portuguesa, Mondego. Mais de dez militares optaram por não
embarcar no navio, alegando razões de segurança. Vai daí e a operação de vigilância a um navio russo, não se
realizou. E como está bom de ver,
surgiram logo uns trogloditas a atribuir esta falha ao facto de agora termos
uma mulher à frente do Ministério da Defesa. Com coisas do género:
“Ministra: Meninos, vão lá
espreitar o que os russos andam a fazer.
Marujo: Oh, Sra. Ministra, mas
isso tem algum jeito, andar sempre a vigiar os homens?
Ministra: Sr. Marujo, quem é que
falou em vigiar? Ninguém vai vigiar ninguém. A vossa missão em alto mar é
bisbilhotar. Bisbilhotar bem os russos, para depois me virem contar todas as
fofocas.”
Meu
Deus, como é possível, nos dias de hoje, ainda sermos agredidos com tão
grotescas demonstrações de preconceito de género? Enfim, eu peço desculpa aos
meus leitores, apesar de ser apenas o mensageiro de tamanha infâmia, atenção.
Por
falar de coisas que há muito deviam ter caído em desuso mas que teimam em
infernizar-nos a vida, notícias do socialismo. E a
novidade mais fresca é a de que o governo pondera fixar as margens de lucros
dos distribuidores em alguns produtos alimentares. Ou seja, a novidade fresca é
que, avançando esta medida, muito em breve noticiaremos a inexistência de
produtos frescos nas prateleiras dos supermercados.
E
parece que, ao contrário do que comumente se pensa, o produto
que dá mais margem de lucro não é, nem o armamento, nem a droga. É a cebola.
Sim, sim, a cebola. Diz que há diferenças de mais de 50% no preço da cebola
entre supermercados, imaginem. Numa
cadeia de supermercados uma cebola pode custar 30 cêntimos e noutra alguns 45
cêntimos. Portanto, cuidado com isso. Toca a legislar. De que é que estamos à
espera para pôr termo aos lucros criminosos obtidos no sub-mundo da cebola?
Em
breve estaremos à espera, sim, mas é em fila à porta do supermercado para
comprar cebolas. Isso é certinho. Mas pelo menos, nessa altura, talvez o
aguardar 17 horas para adquirir o lacrimoso bolbo amenize a espera de 17 anos
por uma consulta de oftalmologia. É preciso ver as coisas pelo lado positivo.
Ver, é como quem diz, que ao fim de 17 anos à espera de consulta de
oftalmologia, enfim.
COMÉRCIO ECONOMIA MARINHA
PORTUGUESA FORÇAS
ARMADAS DEFESA
COMENTÁRIOS (de 14):
Américo Silva: Tal barco,
tal comunicação social. Fala-se em 13 militares que não quiseram arriscar a
vida ou fazer o ridículo, mas não mandaram um oficial comandar o navio?, mesmo
daqueles que fogem mal ouvem um tiro?. Então a Marinha não avança com processos
disciplinares a quem deu ordem de embarcar na sucata podre?, e a quem deixou o
barco chegar a tal estado?.
Nenhum comentário:
Postar um comentário