Já 3 anos! A guerra na Ucrânia fez esquecer, mas A.G. é de ideias fixas. E a guerra vai durar mais que a
vacina. E após esta, ainda se falará em máscaras?
Três anos depois
Três anos depois, económica ou
clinicamente, todos, “negacionistas” e iluminados, estão a pagar a factura. Os
responsáveis, que não sofreram as restrições a que forçaram a ralé, não pagam
nada.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador
OBSERVADOR, 04
mar. 2023, 00:2210
E aqueles sujeitos que atribuíam a
origem da epidemia a uma “fuga” do SARS-CoV-2 a partir do tal laboratório em
Wuhan, China? Que grandes chalupas! Três
anos depois, o Departamento de Energia dos EUA e o FBI consideram, com razoável
convicção, que a epidemia começou com uma “fuga” a partir do tal laboratório em
Wuhan, China.
E aqueles sujeitos que duvidavam da
utilidade das máscaras na prevenção do contágio, quer dos próprios quer dos
outros? Que negacionistas ridículos! Três
anos depois, os estudos mais recentes, rigorosos e escrutinados (pela Cochrane,
a incensada plataforma de “reviews” – e parceira da OMS, vejam lá) sugerem que
as máscaras não tiveram nem têm qualquer utilidade na prevenção do contágio,
quer dos próprios quer dos outros.
E aqueles sujeitos que protestavam os
confinamentos, sob o argumento de que os mesmos implicavam prejuízos evidentes
e benefícios discutíveis? Que
terraplanistas sem vergonha! Três anos
depois, são abundantes as análises que, com meras diferenças de grau, constatam
que os confinamentos implicam prejuízos evidentes e benefícios discutíveis.
E aqueles
sujeitos que desvalorizavam o efeito das vacinas para a Covid na propagação da
doença e questionavam a imposição dos respectivos certificados? Que bando de
trogloditas! Três anos depois, é
praticamente consensual que as vacinas não impedem o contágio e que, portanto,
a imposição dos respectivos certificados nunca foi menos que um insulto à
inteligência e à liberdade.
E aqueles sujeitos que lembravam o papel
da imunidade natural na protecção contra infecção e doença grave? Cambada de
selvagens! Três anos depois, é
genericamente aceite que a imunidade natural desempenha um papel na protecção
contra infecção e doença grave, um papel que, por acaso e segundo artigo
publicado em Novembro passado na The Lancet, é mais determinante que o das
vacinas.
E já nem falo nos sujeitos, sempre os
mesmos, que se riam ou se irritavam ou se afligiam perante os “quinze dias para
achatar a curva”, o encerramento de praias e jardins públicos, a vedação de
prateleiras com livros ou brinquedos, a eficácia das aulas on-line, a proibição
de atravessar concelhos ou de vender álcool após as oito da noite, a derrocada
da economia, a impressão de dinheiro barato para financiar o ragabofe, a
suspensão ou a supressão de consultas, diagnósticos, tratamentos e cirurgias a
propósito de maleitas fora de moda. Raio de conspiracionistas! Três anos depois, sabe-se que as
proezas acima descritas oscilaram entre o paródico e o homicida, sem esquecer o
apenas sórdido.
É extraordinário que seres primitivos tenham acertado à primeira e
multidões de esclarecidos que “seguiam a ciência” tenham falhado sempre – e
alguns persistam em falhar até hoje. Talvez tenha sido porque não seguiam
“ciência” nenhuma, e sim as entidades oficiais e oficiosas que afinavam com os
políticos as medidas a aplicar de acordo com o que fosse mais vantajoso para
elas, entidades, e para eles, políticos. No caldo cabiam ainda “especialistas”
sortidos, na verdade indivíduos pouco escrupulosos encarregues de pregar o
evangelho em vigor. O evangelho, conforme lhe compete, difunde dogmas e exige
fé, que não costumam ser os ingredientes do avanço científico.
Não é exactamente uma surpresa, mas a
recente revelação, a cargo do Telegraph londrino, de milhares de mensagens
trocadas entre governantes, peritos e “peritos” exibe com brutal franqueza o
desnorte e a prepotência envolvidos. Pelos vistos ao contrário da engenharia
social, raramente a ciência se manifesta através do WhatsApp. Dito de maneira
diferente, as multidões de esclarecidos caíram num logro.
Muitos gostaram de cair. O
estado de sítio e a subversão dos valores bateram certinho com a aptidão humana
para, mediante a denúncia do semelhante, ascender à virtude própria.
Incontáveis criaturas, dotadas da erudição da lampreia média, sentiam-se de
repente inundadas de sapiência só por chamarem ignorante a um transeunte com
rosto descoberto. A História ensina: nenhum gozo supera o da humilhação do
próximo, sobretudo se o exercício se amparar no poder do número e no poder,
ponto.
Mas muitos ficaram de facto
apavorados com a súbita ideia da mortalidade, que aparentemente jamais lhes
ocorrera antes de Março de 2020. E muitos foram propensos à noção de obediência
cega e opressão paternal. E muitos limitaram-se a apreciar a perspectiva de
ficar em casa a receber o salário por troca com o consumo de séries em
“streaming”. E muitos calaram-se para não arranjar chatices.
Três anos depois, económica ou clinicamente, todos, “negacionistas”
e iluminados, estão a pagar a factura. Ou quase todos. Os principais
responsáveis, que não sofreram as restrições e os vexames a que forçaram a
ralé, não pagam nada. Em
Portugal e lá fora, essa casta de intrujões avessos à democracia e à vergonha
continua em lugares de mando e de influência. E, por definição, continua à
solta. Dessa repulsiva gente não veio e não virá um pedido de desculpas, uma
confissão de erro, a garantia de que a loucura destes três anos não se repetirá
sob qualquer pretexto. Pior: agora, essa gente aprendeu que a loucura é fácil
de instalar e que será facílima de repetir.
Pode-se olhar o “vírus chinês” no sentido estrito ou lato, como uma
ameaça ou como um teste. Três anos depois, a ameaça passou. No teste reprovámos.
CORONAVÍRUS SAÚDE PÚBLICA SAÚDE PANDEMIAleitor@observador.pt
COMENTÁRIOS
Fernando Cascais: A
pandemia serviu para ensaiar políticas anti-democráticas em democracia.
A reacção da população ao teste foi surpreendentemente positiva. Milhões de
seres humanos inteligentes aceitaram de bom grado a proibição de jogar raquetes
na praia e de usar máscara no percurso até à toalha. Outros milhões mais
prosaicos perceberam sem contestar a medida de colocar a máscara quando
passavam a porta do café para logo de seguida a retirar quando se sentavam numa
mesa ou se encostavam ao balcão. Em Cascais, os cascaenses ou cascalenses
(prefiro dizer os cascaenses apesar do correcto ser chamar cascalenses) foram
impedidos de fazerem jogging no Guincho (andar, correr e treinar bicicleta)
pelo presidente Carlos Carreiras que colocou barreiras com policiamento junto à
Guia para impedir qualquer passagem. Os portugueses em geral aplaudiram as
habilidades de Graça Freitas, a Directora Geral de Saúde, em abrir em directo
uma garrafa de água com um lenço para não tocar na garrafa. Por último as
crianças, sim as pobres crianças, sempre vítimas dos mais escabrosos abusos,
quer pela sociedade civil (Casa Pia), quer pela Igreja, quer pelos governantes
que as impediram de ir à escola. Eu não me esqueci, e fico assustado com a
possibilidade de Ricardo Batista Leite vir a ser um dia ministro da saúde. A IL
foi, sem nenhuma dúvida, a força política com mais discernimento e coragem para
enfrentar tanto maluco adepto da pandemia. Nota:
não esquecer que a Suécia fez diferente e todos os resultados pandémicos são
melhores que os nossos, na economia já estavam a anos luz, mas agora, depois da
pandemia estão noutra galáxia e na educação das crianças, nós em Portugal,
comparativamente com os suecos ficámos na pré-história com crianças cada vez
mais analfabetas que, mais ano menos ano, chegam à antiga 4ª Classe sem saber
ler nem escrever. Alexandre Barreira: Pois. Caro
AG. Analisando
"profundamente". O
seu "relambório". Cheguei
à real conclusão. Que
andou a levar. As
vacinas erradas....!
Maria Paula Silva: Prefiro
nem me alongar porque isto é um assunto que ainda me irrita e muito. Pagámos e estamos ainda a pagar a factura, literal e
metaforicamente. Os psicólogos e psiquiatras estão cheios. Ainda
bem que tudo isto veio ao de cima pois o que se passou foi um teste e dentro de
2 ou 3 anos uma coisa idêntica seria (ou será) repetida. Não é por acaso
que a iluminada Marta Temido está a modificar a Constituição para que a
"prisão domiciliária" = vulgo confinamento seja legal. Os únicos que não se chatearam ou foram negativamente afectados
foram os que ganharam dinheiro com o assunto. O que é engraçado é que o "assunto" parou, por obra e
graça do Espírito Santo, no dia em que começou a guerra da Ucrânia. A
década entre 2020 e 2022 foi a experiência mais louca e inacreditável da minha
já considerável e rica vida.
Nunca pensei em assistir à maior encenação mundial jamais vista. Não sei se foi
privilégio ou tortura. Sei que ainda não esqueci e que ainda padeço de algumas
alterações à minha rotina diária que não foram recuperadas. E por onde andam aquelas almas iluminadas e sapientes que tanto
alertavam para o disparate total? nomeadamente o Gustavo Carona (hilariante o
nome, hem?) e pior do que esse, o iluminado Joâo Julio Cerqueira que se
intitula detentor da verdade universal? Disse
várias vezes e repito que depois do covid, e da guerra, e das alterações
climáticas (primeiro íamos morrer todos de sede com a seca e calor mas acabámos
por morrer todos afogados com as cheias...) só há uma solução: suicídio
colectivo e resolvem-se todos os problemas do mundo. Irra... (e digo só irra para não dizer o resto) Nunca um vírus foi tão politizado e mediatizado, nem o HIV que é
mortal (os coronas não são) e a gestão da pandemia foi criminosa. F.
Mendes: Contrariamente ao habitual,
hoje discordo de boa parte do que aqui escreve o AG. Resumidamente:
1. Máscaras: a ser verdade que não impediram contágios (algo objectivamente
impossível de provar), mandou a prudência que se recomendasse o seu uso. Um
contágio evitado, só um, justificaria a máscara. E não duvido que a máscara
protegeu, directa e indirectamente, milhões. Claro que, 3 anos depois, é fácil
criticar. Tal como acertar na lotaria depois do sorteio. 2. Vacinas: é falso que se
tenha argumentado, dando certezas, e/ou generalizadamente, que os contágios
fossem, por este meio, evitados. Qualquer virologista sabe que a vacinação
mitiga ou anula os efeitos do contágio, o que é uma coisa diferente. De resto,
isto é sabido desde Koch e Pasteur, não é de agora. No caso concreto da COVID,
há provas abundantes da redução da mortalidade, nomeada e visivelmente a partir
dos 70 anos. 3. Sobre
a imunidade natural: isso é muito bonito para pessoas abaixo dos 40 anos. Para
os mais velhos, ou doentes, seria um risco enormíssimo. Mesmo com a vacina, o
número de mortes conta-se, oficialmente, por muitas dezenas de milhões em todo
o mundo. O número real só Deus sabe. E, para mim, uma morte evitável é uma
morte a mais. 4. Como
em artigos anteriores, o AG confunde a gravidade objectiva da pandemia e do
vírus, com a gestão, frequentemente mentecapta, da dita. Aqui estou de acordo.
Houve muitas medidas inúteis sob um ponto de vista sanitário; para a
economia, houve muitos danos evitáveis. Mas, não se pode confundir a forma
de uso dos meios com a validade dos objectivos. E pôr em causa lições
aprendidas com esta e outras pandemias. Esclareço que não sou médico. Mas fartei-me de
ler sobre o assunto e de me informar com amigos que são craques em medicina.
Daí me ter arriscado a escrever este comentário. F. MendesF. Mendes: Acrescento que, a pandemia serviu, também, de pretexto para impor
restrições à liberdade, essas perfeitamente abusivas. Isto que fique claríssimo. Alexandre Barreira
> F. Mendes: Pois. Caro F. Mendes, Concordo. Porque "chover-no-molhado". É complicado....!
Glorioso SLB: Da
minha memória, só a IL se manteve smp duvidosa sobre confinamentos e afins. Maria Paula Silva > Glorioso SLB: hum........ nem tanto, nem tanto..... abstiveram-se em muitas alturas
críticas. Lembro-me, por exemplo, em
abril 2020, (acho que o PAN, mas pouco importa) apresentou uma proposta para os
produtos (luvas, máscaras, álcool, álcool gel e etc) serem tabelados e foi
totalmente recusada por todos com a abstenção do Chega e da IL. Por isso.... se acha que manter-se duvidosa é abster-se...
vou ali e já volto. E isto é apenas uma ervilha, tenho uma pasta recheada de
pérolas para além de uma memória de elefante. Elia P.Glorioso SLB > Glorioso SLB: Hehe pois, a minha memória é mais curta. Alfredo Vieira: Reprovámos, e como não aprendemos nada, voltaremos a reprovar no
próximo... Ark
Nabul: Próximo teste, suicídio
colectivo para salvar o planeta.
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