domingo, 31 de janeiro de 2021

Casa arrombada


Mas é necessário não pôr ainda trancas na porta. Por isso António Barreto se apruma a explicar o que foi mal, e o que devia ter sido feito de positivo. É certo que de avisos e boas intenções está o inferno cheio. O que não significa que o não leiam, mas sim que se aproveitem dos seus conselhos e sugestões provenientes do seu muito saber. Em tempo de guerra não se limpam armas, ou seja, neste caso, devemos todos colaborar, nem que seja apenas com as palavras dos aconselhamentos. Ou das ironias, afinal, que podem servir como rebate das consciências e estímulo a uma acção mais concertada… Mas, como disse Camilo em certa polémica, o que há por aí são “vaidades irritadas e irritantes”, a solidariedade é pura farsa, muitas vezes. Sobretudo quando não se pertence ao partido...

 

OPINIÃO CORONAVÍRUS

Corrigir erros, conhecer diferenças

Foi obviamente um erro não criar hospitais exclusivamente destinados à covid. Como foi um erro não reservar hospitais para todas as doenças menos a covid. A separação poderia ter evitado muitos dos problemas de engarrafamento e eficácia.

ANTÓNIO BARRETO

PÚBLICO, 30 de Janeiro de 2021

Foi um erro, fruto da demagogia, não ter considerado o chefe de Estado, o presidente do Parlamento e o primeiro-ministro como entidades ou personalidades a serem prioritariamente vacinadas. Foi também erro, algures entre a estupidez e o disparate, corrigir aquele com outro erro, alargando a muitas centenas o número de “políticos” a vacinar com prioridade. Como é um erro deixar na impunidade uns autarcas e uns funcionários malandros que se vacinaram ilicitamente.

No que toca à eficácia da vacinação, a União Europeia começou bem o processo de cooperação e acabou por falhar quando chegou à prática. A União está pior do que a Grã-Bretanha, os Estados Unidos, Israel e outros. Será que chegaremos um dia a perceber porquê? Como se não bastasse, Portugal é um dos países em pior posição na União Europeia. Depois do “milagre português”, chegou evidentemente o desespero. Saberemos um dia porquê?

Foi obviamente um erro não criar hospitais exclusivamente destinados à covid. Como foi um erro não reservar hospitais para todas as doenças menos a covid. A separação poderia ter evitado muitos dos problemas de engarrafamento e eficácia. E de humanidade, com certeza. Saberemos um dia por que foram cometidos estes erros? E por que não foram corrigidos a tempo?

Foi um erro separar os profissionais de saúde públicos e os privados. Por que demorou tempo a corrigir? Por que não se corrigiu ainda tudo? Por que se mantém esta separação entre profissionais dos sistemas públicos e privados? Por que não se pensa que os doentes são os mesmos, seres humanos que não merecem ser separados entre públicos e privados? Alguém fará um dia autocrítica? Alguém tentará explicar como foi possível?

Foi um erro separar instituições educativas privadas e públicas. Foi um erro proibir os docentes de contactar os alunos, de conversar com eles e de levar a cabo iniciativas pelas redes sociais. Foi um erro clamoroso interromper o ensino à distância. Por que demorou tanto tempo a corrigir? Será que saberemos um dia porquê?

É um erro incompreensível as autoridades sanitárias deixarem correr os boatos e os “palpites” relativamente às máscaras. Há muito que lhes compete serem assertivas quanto às qualidades de cada marca. Por que razão é este o seu comportamento? Ignorância? Cumplicidade? Saberemos um dia as razões para tal comportamento impróprio?

Foi um erro grave não ter planeado, há muitos meses, uma organização capaz de dar conta das chegadas de ambulâncias aos hospitais. É cada vez mais evidente que a indignidade das filas de espera, durante dezenas de horas, em frente dos hospitais (sobretudo do Santa Maria, em Lisboa), resulta de mau planeamento e de incapacidade de organização.

Tão bom quanto corrigir erros é estudar e perceber o que se passa. É natural que se ouçam histórias, corram boatos e se tenham certezas sobre o que há a fazer. Em períodos de crise como este, a rondar o drama nacional e social, surpreendente seria o contrário, que se falasse sempre com propriedade e racionalidade.

Uma das questões mais abordadas é a da desigualdade social como causa e efeito da doença. Como toda a gente quer ter ou quer que se saiba que tem compaixão, é fácil condenar a desigualdade. Assim, as maiores vítimas da pandemia seriam os velhos, os deficientes, os internados em lares, os pobres, os sem-abrigo, os toxicodependentes, os imigrantes ilegais, os habitantes dos bairros degradados, os inquilinos dos bairros sociais e os residentes em bairros étnicos comunitários. Além destes, grupos mais largos estariam igualmente incluídos no número de pessoas mais expostas à infecção, com mais dificuldades de tratamento e menor acesso às instituições: operários fabris, empregados de comércio, encarregados de limpeza, funcionários de transportes públicos e outras profissões.

É também geralmente aceite que os mais ricos e os que usufruem de profissões e cargos com mais poder sofrem menos os efeitos da doença e têm acesso a melhores instituições. Estariam nessa situação, com menores possibilidades de serem contaminados, os que têm casas maiores, quem possui um carro para cada membro da família, quem não usa meios de transporte colectivos, quem pode faltar dias ou semanas ao trabalho e quem tem meios para tratar da roupa e das compras sem se misturar com as pessoas em geral…

Ninguém duvida ainda de que é favoravelmente tratado e atendido quem conhece bons médicos, quem pode recorrer a hospitais mais bem equipados, quem é utente de instituições sem lotação esgotada e quem frequenta hospitais sob menor pressão.

O alojamento é igualmente causa de desigualdade social perante a pandemia. Está favorecido quem vive em bairros saudáveis, com espaços públicos arejados, com esplanadas abertas e recreios espaçosos; quem não frequenta supermercados, muito menos filas de espera. Sofre evidentemente quem vive em bairros sociais sobrelotados, em comunidades promíscuas e em bairros degradados. Diz-se que há mais doença em meios segregados, em comunidades ciganas, negras ou asiáticas, em bairros operários ou de pescadores...

Consta que os ricos perdem facilmente a cabeça com festas. Parece que as celebridades comemoram aniversários e juntam-se nas quintas e condomínios. Mas é mais plausível que os que mais sofrem são os que têm de trabalhar nas fábricas, quem usa os transportes públicos, quem frequenta centros comerciais, quem tem casas pequenas, quem não tem ajuda para tratar dos velhos, quem tem de ir aos lares tratar dos parentes e quem tem pouca informação.

Em poucas palavras. A pandemia bate mais nos mais pobres. A doença mata mais os mais fracos. A covid infecta mais quem menos tem: fortuna, poder, conhecimentos, nome, estudos, metros quadrados…

Como se sabe isso? Por dedução. Certo. Mas seria bom estudar. Quem realmente corre mais riscos? Quem é mais infectado? Quem tem acesso menos pronto e rápido? Quem morre mais? Ricos? Pobres? Remediados? Classe média? Citadinos? Rurais? Residentes nas periferias e nos bairros étnicos? Famílias grandes ou pequenas? Gente com ou sem estudos? É o que importa saber com o rigor possível, sem fantasias. É trabalho para a Administração Pública, a Academia e o jornalismo.

É muito difícil estudar estas realidades. Em muitos casos, terá de se estudar por vias indirectas e aproximações. Mas tem de se fazer. É necessário tratar de todos, sem olhar a quem. É preciso salvar vidas, sem conhecer o nome. Mas também é bom saber o que se passa, para poder agir e prevenir.

Sociólogo

TÓPICOS

OPINIÃO  COVID-19  CORONAVÍRUS  VACINAS  PORTUGAL  PANDEMIA  SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

COMENTÁRIOS:
Fowler Fowler
INICIANTE:
Ecoar e sublinhar com demagogia as pequenas histórias da gestão da crise sanitária já denunciados por outros até à náusea quer dizer que, apesar do autor ser um privilegiado (tem comida, roupa lavada, sem ter de mexer um dedo, e conhece bons médicos a quem recorrer em hospitais privados) vem exibir a sua compaixão por aqueles que o servem, os desfavorecidos. De resto, faz coro com aqueles que, após a eleição do PR, preparam o golpe. Não é preciso esperar para saber os porquês!            DCM EXPERIENTE: E há erros irreparáveis como aqueles praticados por trabalhadores nas fábricas de explosivos. Há serviços onde muito pior do que não fazer nada é fazer um trabalho mal feito. Os governos fazem parte desta desgoverno, do que serão sempre acusados pela oposição da mesma forma que o invectivarão se por milagre em tudo acertarem. Antes bem ou mal governados do que termos a fábrica feita em fanicos.            AARR INICIANTE: As perguntas são legítimas e muita coisa há a apontar e, esperemos, a corrigir. Em termos de capacidade de organização e planeamento talvez sejamos os lanternas vermelhas na Europa. Mas ... como se dizia antes ... na 2ªF todos acertam no totobola.                  Por bom caminho e segue EXPERIENTE: Muito bem, António Barreto. Mas, como todos sabemos, ninguém assumirá os erros, nem o governo nem a oposição. O erro aqui é só um: pensar que em Portugal alguém corrige os erros. O país navega à bolina, Portugal já foi. O que temos de há alguns anos para cá são os conservadores do regime, a brigada do reumático alegadamente democrática e os oportunistas que herdam os vícios e a incompetência da família e dos amigos. É por isso que se dizia há tempos termos bancos seguros e afinal eles faliram. É por isso que tivemos o milagre Covid e agora somos os infectados do mundo. É por isso que num dia nos libertámos e agora estamos acorrentados a uma nova onda de obscurantismo, a incompetência licenciada deste pobre e triste país. Um país em que um tipo com um diploma universitário de quatro anos é um doutor...          Jonas Jerónimo INICIANTE: Bem sei que nas próximas semanas será difícil, mas a emigração é sempre um bom caminho.          Mario Coimbra EXPERIENTE: Caro AB, como sempre, no ponto. Ainda espero uma crónica sua com a qual possa discordar. Todas as suas perguntas merecem resposta. Algumas intuitivamente já as sabemos, falta de planeamento, falta de estrutura, falta de massa crítica, de recursos humanos capazes, falta de senso comum, excesso de orgulho e princípios na pior altura (SNS vs Privados), enfim, espero que a Fundação à qual presidiu possa dar algumas respostas assim como o Público e mais importante a Administração Pública que serve os Portugueses e a Constituição e não os políticos que nos governam. A massa crítica começa aí. Neste choque entre a experiência do dia a dia e a visão que qualquer governo quer realizar.             Ahfan Neca EXPERIENTE: "Um povo de cordeiros sempre terá um governo de lobos. Um povo que elege corruptos, impostores, ladrões e traidores, não é vítima. É cúmplice."            JOAO PAULO SILVA.244287 INICIANTE Percebo o que diz, prezo o que escreve normalmente sem papas na língua, prezo igualmente o conhecimento e a experiência que tem. Não obstante vivemos momentos dramáticos, de onde temos que sair, e muitos não o conseguirão ou ficarão com sequelas, de saúde e de pobreza dificilmente sanáveis. É óbvio que haverá que saber como é que cá chegámos e porque cá chegámos, mas no momento presente apontar erros é de facto o mais fácil ... Esta pandemia, a forma como se dispersa o vírus, repetindo-se o padrão de atacar a Norte quase até ao extremo e depois instala-se no centro e em Lisboa e Vale do Tejo é uma incógnita. Por muitos erros que lhes possa apontar, não queria estar de facto no papel dos políticos que têm de decidir... acho que nenhum de nós lhes inveja esse papel...             Manuel Pessoa EXPERIENTE: Um artigo que me traz à memória o cómico que barafustava: falam, falam mas não fazem nada... Ao menos uma propostazinha de como fazer daqui para o futuro em três ou quatro situações denunciadas. Vá lá, duas. No mínimo, no mínimo numa. De preferência nalguma desgraça previsível mas que ainda não esteja patente.           Mario Coimbra EXPERIENTE: Já cá faltava. Dito ao homem que na fundação Manuel dos Santos fez um dos melhores trabalhos de demografia social em Portugal. Realmente quem não quer ver e quem tem a trincheira no seu núcleo nunca vai conseguir sequer aproximar-se da ponte. Lamentável           Manuel Pessoa EXPERIENTE > Mario Coimbra: O que quero dizer é que, neste momento, apontar erros passados não concorre para resolver desafios. E há desafios que estão para chegar e cuja urgência de solução é evidente. Identificar quais são e que soluções podemos apontar já seria colaboração útil. Todos sabem que o/s problema/s que a situação suscita é/são gigantesco/s e multifacetado/s. É errado querer propostas de solução? Ou basta apontar erros que sabemos que muitas vezes foram ditados pela escassez de meios e de conhecimento sobre o que se segue. Já agora: 1. o meu comentário incide sobre o texto e não sobre o autor; 2 não tenho trincheira nem núcleo (o que quer que isso signifique)            .  cidadania 123 EXPERIENTE: Concordo. O cidadão tem de saber onde nascem os surtos, os sectores ou locais mais perigosos, quem deve ser mais cuidadoso, mais vigiado, mais reprimido. Medidas rigorosas e generalistas levam ao descrédito, à fadiga, ao desleixo. Haverá certamente sectores que têm de parar ou pelo menos redobrar cuidados. Já sabemos dos surtos em lares, porque aí morrem pessoas. Mas, não há surtos nas cozinhas dos Mcdonald? Dos hipermercados? Nos entregadores ? Nas pequenas empresas? Nas empresas de limpezas? Há muitos que se sabem infectados mas omitem para não perder o emprego ou deixar de ganhar dinheiro, e com isso contaminam dezenas ou centenas. Tem de se criar um sistema de testes obrigatórios para quem trabalha em certos locais ou atende ao público, por exemplo. 30.01.2021

 

Parabéns, Ângela

 

A Ângela é uma mocinha doce, embora brava, ou seja, obstinada e independente. Teve um tio que morreu fez anteontem, dia 29, nove anos, de quem era muito amiga e pôs, no seu facebook, um poema que pescou noutro facebook - ou coisa parecida - e que dedicou ao seu tio, em sentida lembrança, o que prova a sua sensibilidade para com a sua família –pais, irmã, avó e tio, irmão da mãe… O poema chegou-me às mãos por email e gostei dele. Lembrei-me de o traduzir, porque exprime sentidamente o amor e a saudade por um ser bem-amado, que se não torna a ver, mas o laço entre as almas permanece, num elo inquebrável. A Ângela faz hoje anos, e com os meus parabéns, dedico-lhe a minha tradução desse sentido poema. É minha nora, a Ângela, uma moça corajosa e sensível, que merece ter sorte e assim lha desejo, com muito carinho.

A Wish come true

If I could have a wish come true

A dream that’d come to pass

I’d ask to spend a day with you

And pray that it would last.

 

I’d run to you and hold you close

We’d lawgh and smile again

I’d listen so intently

As you told me how you’ve been.

 

When time was up I’d hold you close

Not wanting to let go

You’d smile and tell me “see you soon”

And somehow I would Know.

 

That While it’s very hard to wait

One day the time will come,

I’ll join you there forevermore

When I too am called Home

 

My wish may go ungranted

But it allways will be true…

I’d trade many of my tomorows

For one yesterday with you.

 

Uma tradução:

 

Um desejo a ser verdade

 

Se um desejo meu pudesse realizar-se

Um sonho que, possível, me surgisse,

Eu pediria para contigo passar um dia

E rezaria para que esse dia se eternizasse.

 

Eu correria para ti e enlaçar-te-ia

E outra vez iríamos rir e sorrir

Ouvir-te-ia tão intensamente

Como me dirias que me ouviste a mim.

 

Quando chegar o tempo de te deixar

Não desejando eu partir,

Tu sorrirás e “até breve” me dirás

E desse modo eu não vou sofrer.

 

Conquanto seja duro esperar

Esse momento vai surgir,

De para sempre a ti eu me juntar

Quando a minha hora vier.

 

O meu desejo pode não se realizar

Mas em mim vai permanecer:

Eu trocaria muitos dos meus amanhãs

Por um ontem contigo no meu viver.

sábado, 30 de janeiro de 2021

Vem detrás, portanto


Tudo isso que nos menoriza, nos diminui, nos envergonha, nos destrói como povo, que deveria ser de exigência e escrúpulo, em educação e princípios não dúbios mas de integridade e seriedade. O certo é que somos isto, que desde sempre se aponta, de menoridade mental, de relaxamento, e vem de longe, mau grado os muitos a quem não se aplica o libelo, é certo, mas os tais aí estão, em toda a parte, encolhidos na sua pequenez e cobardia, e estes exemplos, a acrescentar a um confinamento brutal em tantos aspectos, não são de molde a dar-nos qualquer esperança de mudança, para outra exigência de comportamento, onde a justiça funcionasse deveras, sem acumular serviço e arrastar processos. Sim, leiamos a última estrofe dos LUSÍADAS, para nos erguermos um pouco, ao menos literariamente. Mas a própria exaltação patriótica da epopeia camoniana é de molde a apelar a uma tola vaidade lusa, que não valeu de muito ao maltratado Camões, pois que a pátria lhe não retribuiu o esforço épico, mau grado a lisonja contida nessas “armas e barões assinalados”, já que, no dizer de Almada Negreiros, «a pátria onde Camões morreu de fome / e onde todos enchem a barriga de Camões!» comprovou grotescamente tal pequenez nacional. E Henrique Salles da Fonseca de acentuá-la, com a história de mais uma vítima dessas perfídias - o Conde de Farrobo - que foi respigar às suas leituras.

Por mim, como livro de cabeceira, tenho alguns dos Petits Poèmes en Prose, de Charles Baudelaire, nada manso na maneira acutilante de descrever a realidade social. Mas é o homem em abstracto que mais ou menos reproduz, como já o faziam Montaigne e todos esses sensíveis clássicos moralistas. A nossa sátira é feroz e no fundo individualiza impertinentemente, já desde os tempos de Gil Vicente, com os seus tipos sociais.

Mas leiamos Camões, a conselho do Dr. Salles, no final do Canto X, de exortação à empreitada que levou D. Sebastião ao “Nevoeiro” em que se tornou a pátria portuguesa, que todos amamos tão do coração, afinal:

LUS., 155

Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a pressaga mente vaticina
Olhando a vossa inclinação divina,

156
Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter
inveja.

 

LIDO COM INTERESSE - 101

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO30.01.21

Título – PERFÍDIA – Conde do Farrobo

Autor – António Alves Caetano

Editora – Edição do Autor

Edição – Dezembro de 2020

São 532 páginas de texto e 16 de imagens a que se juntam mais 40 de informação bibliográfica, índice onomástico e índice do plano da obra.

Da profundidade da investigação dá testemunho a bibliografia que identifica as fontes directas como de outros tipos. Investigação ao nível do que de melhor se pode esperar de um membro da Academia Portuguesa de História.

O Autor, licenciado em Economia pelo ISCEF onde desempenhou a sua carreira académica até ao topo, dedicou-se ao estudo da História e, mais especificamente, ao desenvolvimento económico português. Daqui surgiu o estudo do trabalho de desenvolvimento protagonizado por Joaquim Pedro Saldanha, 2º Barão de Quintela e 1º Conde do Farrobo. Claramente, um dos mais notáveis desenvolvimentistas do séc. XIX português cuja acção se repercutiu até à actualidade, nomeadamente na actividade seguradora. Mas, vítima da inveja e das suas irmãs, a mesquinhez e a cobiça, morreu na miséria depois de ter sido um dos homens mais ridos de Portugal se não mesmo o mais rico da sua época.

Boa apresentação, a da contracapa…

Não por acaso, a última palavra de Os Lusíadas é INVEJA. No caso vertente, com o envolvimento de «gente da melhor sociedade», acho ter atingido as culminâncias de PERFÍDIA. Farrobo foi objecto da inveja dos poderosos: os próceres dos diferentes quadrantes do arco governativo comportaram-se como um só quando se aperceberam de que do fabuloso contrato recebido como recompensa régia de D. Pedro e D. Maria II se poderia cavar a sua ruína.

No processo judicial em que Farrobo foi réu inventado pela ganância dos subcontratadores do tabaco, sentenças e acórdãos dos Tribunais da Relação favoráveis ao Conde foram anulados pelo Supremo por minudências processuais, não pela inovação de mais lídima doutrina jurídica.

O Conde do Farrobo assumiu a direcção da Companhia de Seguros Bonança em 1839, para do seu bolso pagar as volumosas dívidas da empresa, salvando-a da falência iminente. Assim, a Bonança pôde chegar ao século XXI e ser incorporada na Companhia de Seguros Fidelidade.

Em 1843, o Conde do Farrobo fundou um banco – Companhia União Comercial – dotado de tal pujança três anos após, que o Governo, depois de criar o Banco de Portugal, em 1846, pretendeu que se lhe associasse para fortalecer o recém-criado.

* * *

Esta, sim, uma obra de leitura obrigatória para quem queira combater a inveja, a mesquinhez e a cobiça; uma obra destinada a envergonhar esses tantos conluios ocultos que hoje se diz que enxameiam e diminuem Portugal.

Janeiro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

COMENTÁRIOS:

Henrique Salles da Fonseca 31.01.2021: Caríssimo Henrique, Vi agora o texto e gravura que fez o favor de publicar no seu A BEM DA NAÇÃO e quero agradecer-lhe mais esta manifestação de grande amizade e generosidade. Todos os contributos são bem-vindos para a divulgação do livro que permita ser lido pelo maior número de pessoas. Dá-me grande satisfação contribuir para resgatar a memória de figura tão excelsa quanto maltratada. Que prossiga com o sucesso que merece a missão que se impôs de nos ajudar a pensar melhor, são os votos deste seu admirador. Grande abraço do amigo grato António Alves Caetano

Henrique Salles da Fonseca 31.01.2021: A "Democracia Avançada" haveria de vir a redimir Farrobo:
No seu teatro do Palácio das Laranjeiras, fez desaparecer Boa parte do espólio do Ultramar Português.
Para lá foram baldeadas toneladas de documentos. A chuva, por falta de telhado do Teatro, concluiu a diligência do Ministério da Coordenação Interterritorial, também, á época, nas mãos de socialistas
!
Elias Quadros

Henrique Salles da Fonseca 31.01.2021: A "democracia avançada", nas suas quatro mentiras básicas - política, económica, social e cultural - redimiria Farrobo usurpando todos os bens aos que lhos tinham roubado, nada lhe devolvendo. É sabido que na "democracia avançada", o pilar político assenta na ditadura do proletariado, o que é um absurdo democrático; a economia é totalmente possuída pelo demónio público; a sociedade comunista nivela por baixo despojando o indivíduo de tudo o que seja privado; culturalmente, a iniciativa artística está condicionada aos ditames do «politicamente correcto» segundo o conceito do Comité Central do Partido. A "democracias avançada" ruiu com o muro de Berlim.

 

Progressão na carreira


Ou nova “receita para fazer um herói”, no nosso espaço e no nosso tempo de simplicidade arguta. Fenomenal, a crónica de ALBERTO GONÇALVES, brincando aos jogos da nossa infância.

Mas os heróis de hoje servem-se vivos. Felizmente, de resto. Releiamos, pois, Reinaldo Ferreira, para desanuviar:

RECEITA PARA FAZER UM HERÓI

Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.

Serve-se morto.

O Jogo da Glória do “cartilheiro” socialista /premium

Nas mãos de loucos, para cúmulo loucos mentirosos, para cúmulo mentirosos incompetentes, Portugal lançou-se à maluca para um desastre sanitário, uma pobreza sem fim e uma repressão sem regresso.

ALBERTO GONÇALVES, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 30 jan 2021, 00:071

3. O dr. Costa e o prof. Marcelo culpam os abusos natalícios pelo aumento de casos de Covid. Você desabafa no Twitter que os portugueses não têm emenda e que isto só se resolve através de restrições mais duras e da concessão de mais poder aos únicos portugueses esclarecidos: os que por sorte estão no Governo. Você avança duas casas e ganha seiscentos novos seguidores.

12. Por óbvia ordem do dr. Costa, o ministro da Educação cancela as aulas e proíbe o ensino à distância nas escolas públicas e privadas. Você comove-se com o zelo igualitário do governante e lamenta, “muito sinceramente”, a crueldade dos que desprezam os desfavorecidos. Avança três casas e é sondado para uma coluna regular no popular DN.

17. O governo anuncia mais restrições, calamidades, emergências e falências. Você apoia todas, apela ao pânico geral para combater a Covid e aplaude o trabalho dos “media” na difusão da histeria. Avança quatro casas e é chamado a emitir opiniões ocasionais nos noticiários da TVI.

24. O vídeo em que um eurodeputado espanhol arrasa as trapaças do Governo português no caso do procurador europeu é visto por milhões. Você garante que nunca viu e não sabe do que se trata, embora partilhe o vídeo em que uma eurodeputada do PS, incapaz de dizer coisa com coisa, responde ao espanhol com orgulho patriótico. Avança uma casa, mas pequenina, T0 ou assim.

35. O número de casos e mortos mantém-se em queda livre – se virarmos o gráfico de cabeça para baixo. Além de elogiar os esforços da ministra Marta, que propõe para duas ou três comendas e um busto, você assina no “Público” um texto no qual prevê a necessidade de oito a dez meses de confinamento e demonstra especial preocupação com a “estirpe inglesa” do vírus. Avança cinco casas e direito a aparecer no programa da Cristina, na qualidade de “especialista”.

39. A vacinação contra a Covid, que até aí não lhe chamara a atenção por obedecer a um plano espectacular e uma aplicação que demorará anos, desperta-lhe o interesse no momento em que os políticos passam à frente de toda a gente na prioridade de acesso à vacina. Você corre para o Facebook, a defender os fura-filas e condenar a “demagogia” e o “populismo” dos respectivos críticos. Avança três casas, amealha 300 “likes” e conquista um espaço no novo painel de analistas imparciais da SIC.

46. O prof. Marcelo vence as eleições presidenciais, porque os portugueses prezam a estabilidade e precisam da singular lucidez do homem para continuar a derrotar a pandemia. Já na SIC, você confirma estas evidências e acrescenta alguma preocupação com a inédita ascensão do fascismo, que no seu entender não ascendia por cá desde a última vez em que ascendeu. Avança duas casas e aceita um convite para intervir num debate (via Zoom) organizado pelo BE, subordinado ao tema “Estás-te a passar? Racismo em Tempos de Pandemia”.

50. Com os casos e mortes “com” ou “de” Covid a baterem máximos internacionais, o dr. Costa vai à “Quadratura do Não Sei Quê” gargalhar um bocado e desfilar mentiras cabeludas (incluindo nas orelhas). Desmentindo o ministro e o próprio Conselho de Ministros, o dr. Costa nega que alguma vez tenha sido proibido o ensino à distância. Você corrobora freneticamente a patranha e escarnece dos que, para efeitos de chicana política, fingiram entender o contrário. De brinde, elogia a liderança do Primeiro-Ministro e a exuberância capilar do Primeiro-Ministro. Avança seis casas e é contratado para uma coluna semanal no “Expresso”.

56. Ladrões avulsos roubam vacinas a velhinhos para consumo próprio. Dado que alguns ladrões são naturalmente filiados no PS, você estreia-se no “Expresso” a acusar a oposição (?) de querer “desviar o foco dos assuntos que verdadeiramente importam aos Portugueses”, tendo o cuidado, em quatro mil caracteres, de não referir que assuntos são esses. Avança duas casas e candidata-se a um “podcast” no “online” do prestigiado semanário.

64. O “Público” publica uma notícia acerca da “descoordenação” na campanha de vacinação – no Brasil. Você adere a uma manifestação por Skype a reclamar a impugnação do “assassino” Bolsonaro. Avança uma casa e recebe um convite do Fórum TSF seguinte, onde participa a título de “perito em relações internacionais.

68. Ao lado daquela ministra que está sempre a rir ou a dormir, o ministro da Educação acha um “ultraje” a acusação de que ele, que fala português tão bem quanto o chefe, proibiu o ensino à distância. Na SIC, ou na TVI, ou num FaceTime com um primo, que você já nem sabe a quantas anda, você sugere que os anti-patriotas sejam reparados em campos de reeducação, de preferência presencial. Avança duas casas e é o recente titular de uma página ensaística no “Record”.

75. As televisões continuam a mostrar o caos hospitalar, fruto de um SNS invencível e longos meses de preparação a cargo da tutela. Receando que as imagens do pandemónio perturbem a popularidade do dr. Costa, em vez de lhe reforçar o poder como até aqui, você faz dois artigos e um TikTok a achar escandalosa a insistência nessas matérias. Avança três casas e abre, com sucesso imediato, conta no Instagram.

78. O prof. Marcelo informa o país que: a) a nova “vaga” começou a Ocidente, o que é uma anedota gira; b) o fundamental “é não perder a linha de rumo”, já perdida há muito; c) a vacinação tem de continuar, embora mal tenha começado; d) a culpa é da irresponsabilidade dos cidadãos, que quando não são os melhores do mundo são umas bestas; e) há que confinar até Abril, de facto decretando o óbito social e económico da nação e f) só podemos sair de casa para o imprescindível, ainda que ele saia unicamente para dizer coisas destas. Você elogia tudo e em toda a parte: rádio, televisão, jornal e Instagram. Avança três casas e atende um telefonema da Casa Civil, a convidá-lo para uma conversa em Belém, “após a pandemia ou depois de amanhã”.

83. A preparação do ensino à distância, adequadamente assegurada em Abril, consolidou-se há uma semana, com a compra de uma data de computadores no refugo. Você desvaloriza o ligeiro atraso (como outros desvalorizam o seu ligeiro atraso) e concede uma entrevista ao JN em que compara a acção intrépida do Governo ao desembarque na Normandia (caso este tivesse ocorrido em 1957). Avança três casas e almoça, no restaurante da AR, com um alto dirigente socialista, que lhe faz avanços, presumivelmente de ordem partidária.

90. Nas mãos de loucos, para cúmulo loucos mentirosos, para cúmulo mentirosos incompetentes, Portugal lançou-se à maluca para um desastre sanitário, uma pobreza sem fim e uma repressão sem regresso. A economia sumiu, as fronteiras fecharam, o ensino aboliu-se, os hospitais desabaram. No estrangeiro, olham estupefactos para nós. E, homenageadas pela aprovação parlamentar da eutanásia, demasiadas pessoas morrem, com Covid e com o que calha. Das que sobram, muitas sentem-se exaustas e sabem-se condenadas, à morte ou à miséria. Você não. Você avança até à casa final, inventa um currículo à pressa e torna-se num nome a considerar em próxima remodelação governamental ou na administração de uma empresa pública. Na sua ridícula cabeça, é a glória. Parabéns!

POLÍTICA  GOVERNO  MARCELO REBELO DE SOUSA  PRESIDENTE DA REPÚBLICA  ANTÓNIO COSTA

COMENTÁRIOS:

Daniel Pinto: EXCELENTE! Só não vê quem não quer... Bom fim de semana, com Saúde!          Coronavirus corona: O que se viu após cada debate de André Ventura foi esse desfile de cartilheiros a fazer o seu triste número. A resposta de Portugal foi muito forte. A arrogância de muitos jornalistas e muitos comentadores levou um forte safanão. Ainda não perceberam que o sucesso de André Ventura se deve, precisamente, ao facto de não seguir a cartilha e falar da realidade.        JB Dias: Imagem real dos que começam por estas, ou outras, caixas de comentários - todos os conhecemos já - e que ouvimos e vemos depois nas rádios e nas televisões a debitar as mesmas loas e a insistir numa narrativa em substituição da realidade quando incómoda. Triste sociedade esta que os gera e sustenta!          pereira b: só com testes chineses, isto com testes chineses vai lá, ahah zebedeus Abel Alves: Não viram com Sócrates o que pensa Portugal do Socialismo?

Cipião Numantino: Bateu forte o nosso estimado AG! Um país, um sistema e uma agremiação política entregue a cartilheiros e a tarefeiros. Quer dizer, a cartilha é a mesma, só que uns utilizam o paradigma como pessoal negócio e, os outros, são mais tipo verbos de encher que poderiam perfeitamente ser pides ou bufos dos tempos da outra Senhora. Mas as disfunções cognitivas são precisamente as mesmas e a atávica mania de querer a fruição dos bens alheios uma espécie de alfa e ómega que sempre norteou e continuará a nortear as suas desprezíveis vidas. Alguém escreveu um dia que “socialismo é coisa para fracassados”. Por mim não chegaria tão longe já que imediatamente intuo que muitos deles se instalaram, e bem, na vida. Olhem-me para o 44, reparem no Varinha (não sei se de porcos se de robalos), fisguem o Paulo Camposão (reconheço que mais para a direita também existe gente de tal quilate)! Tudo triunfadores e em grande estilo, o que só por si vem sabiamente comprovar que o Triunfo dos Porcos não se tratou de uma singular boutade de Orwell, mas sim a genial presunção deste que na gamela estatal uns xuxualistas comem mais levedura do que outros. E, mais significativo ainda, que a excelência da rapina de uns condenam todos os demais a uma espécie de miséria envergonhada. Ainda, assim mesmo, ficam todos contentinhos. Os primeiros como cartilheiros ditando as regras da seita e, os segundos, que designaria por tarefeiros, limpando as latrinas das borrascosas trampas que os primeiros urdem. Reparem por aqui em certos comentadores e respondam-me se tal papel não lhes assenta como uma luva, hein? Trilhamos um caminho sem retorno. Estamos sob a pata de organizações de tipo mafioso. Como aliás todos os governos têm pretensões de o ser. O estado, em si, é em certo sentido uma organização mafiosa. Dita as leis em causa própria e fá-las cumprir coercitivamente. Primeiro ameaça-te, se necessário manda a polícia dar-te porrada, a seguir rouba-te o que tens e, finalmente, encarcera-te até tu aprenderes a ganhar juizinho e a manteres o bico calado. De permeio obriga-te a trabalhar mais de meio ano para ele (é isso justamente o que sucede em Portugal) e se reclamares sufoca-te com coimas até ficares caladinho que nem um rato, sob pena de a alternativa à prisão seja colocar-te permanentemente na miséria. Ora se a um estado, digamos normal, se juntar uma trupe xuxualista a tomar conta do leme então, já sabes, tens toda a tua vida phod ida (desculpem o meu francês). Já vai longo o meu comentário, mas ainda assim lembrei-me de um episódio pitoresco. Tenham lá paciência que eu vou resumir e quem quiser que vá depois à NET para melhor se esclarecer. Bastará procurar a designação que a seguir vou incluir que logo saltará à vista. Como todos sabem, o México, é um estado falhado. Governado desde há muito por socialistas, como é de bom tom, e não é por acaso que por aqui se fala que estamos a mexicanizar o nosso regime. Os indícios, convenhamos, são perfeitamente aterradores! Mas vamos ao assunto. Todos relacionamos o México com cartéis de droga mas, desde há uns anos a esta parte, a bandidagem de lá começou a diversificar os seus “investimentos”. Vai daí, uns quantos dedicaram-se a rapinar madeira valiosa e assentaram arraiais numa pequena cidade chamada Cherán, no estado de Miochacán onde aliás a maioria dos seus habitantes são índios da tribo Purepecha. Pois bem, os bandidos foram desmatando, desmatando esses terrenos comunais e quem se atrevia a reclamar era logo silenciado à porrada ou mesmo morto. Até que chegaram às nascentes de água que forneciam a cidade e aí a coisa precipitou-se. Com os homens acobardados, foram as mulheres que se armaram com o que tinham à mão e confrontaram os bandidos. E tal como sucedeu por aqui na célebre revolta da Maria da Fonte a coisa começou com as mulheres e acabou com os homens envolvidos. Criaram uma milícia armada, prenderam muitos dos malandros e ainda tiveram que assentar o porrete a sério em muitos deles. Isto já foi em 2011 e essa milícia tem resistido à tropa e polícia mandada pelo governador do estado ou a decisões dos tribunais locais. Por sua vez, o governo do México, resolveu seguir a política do “se não os consegues vencer, junta-te a eles”. Plantaram já milhões de árvores para reflorestamento dos espaços esbulhados e o crime avassalador que antes os dominou desapareceu totalmente. E mais não escrevo. Cada um que tire as suas próprias conclusões!...            Dr. Feelgood > Cipião Numantino: .... e não há meio dos lençóis se confinarem, irra que é preciso uma paciência de santo para tanto pano...! Mas olha, devias era ter mencionado o teu grande ídolo Catarina Eufémia em vez duma verdadeira heroína como essa da Fonte. Estimo as melhoras.

 

Rescaldo


Das eleições. Como sempre, impecável a análise de Jaime Nogueira Pinto, que mereceu 85 comentários  - embora nem todos contem, é certo, como tal ……

Três vencedores /premium

Como é que um “populista” vindo do PSD, comentador desportivo, supostamente acolitado por uns sinistros gurus nazi-fascistas, teve em 15 meses capacidade para passar de 68.000 votos para meio milhão?

JAIME NOGUEIRA PINTO , Colunista do Observador          OBSERVADOR, 29 jan 2021

É um velho ritual, às vezes recreativo, outras vezes só maçador, ouvir em noite de eleições os protagonistas sobre os resultados. Quando digo protagonistas, digo os candidatos e os partidos que os apoiaram. Com mais ou menos voltas quase todos conseguem, mesmo contra toda a evidência, demonstrar que ganharam ou que não perderam assim tanto. Na noite de 24 de Janeiro o ritual repetiu-se. Agora com a frequente colaboração activa de muitos comentadores, jornalistas e pivots. Os candidatos e os líderes dos partidos que os patrocinaram têm a desculpa de ser da vida deles que se trata e de saber que quem os ouve lhes dará já o devido desconto; mas da maioria dos jornalistas e analistas esperar-se-ia mais cuidado, mais pudor, mais reserva, mais independência, mais objectividade. Ou talvez não seja já isso o que deles se espera. Até porque agora os tempos são de defender o “pluralismo democrático” ou as “amplas liberdades democráticas”, a que todos assistimos em loop, contra a “ameaça para a Democracia”. Enfim, há que barrar o Fascismo, que “não passará” – ainda que a grande maioria não saiba o que foi o Fascismo, o que foi o Comunismo ou sequer o que é o Socialismo que nos governa. Não sabem, não tentam saber, não querem saber. Não vêem, não ouvem, não lêem e, por isso, ignoram. António Barreto fez recentemente um retrato cru e certeiro do estado geral do nosso jornalismo televisivo, com a sua ausência de critério e de edição, com a sua ignara, preguiçosa e acrítica colagem ao poder  e às “audiências”, com a sua indiferenciação e repetição até à náusea, com os seus rasteiros “directos” e entrevistas de rua e de estúdio.

O primeiro vencedor

Nas eleições de 24 de Janeiro houve claramente três vencedores: o primeiro, foi o Presidente. Marcelo Rebelo de Sousa ganhou com 60% dos votos, isto é, com maioria absoluta, o que significa que teve muito mais votos que todos os outros candidatos somados. Num tempo de Pandemia, que afectou talvez mais o seu eventual eleitorado que o de outros candidatos mais “ideológicos” e com eleitorados mais motivados, é um grande resultado. Isto sem falar da Abstenção, que não terá sido só por doença ou confinamento mas também por insatisfação e desistência dos que não gostaram  da sua tolerante “co-habitação” com o governo.

E a vitória é essencialmente do próprio candidato; embora os partidos da esquerda e da direita do arco constitucional tivessem vindo cobrar o seu papel decisivo na vitória, o candidato-presidente ganhou porque conta com um capital de confiança e de simpatia pessoal entre a grande maioria dos eleitores. É um caso de popularidade genuína e de habilidade e inteligência política que passa por cima das indigitações e apoios partidários e que, neste momento de crise e medo, foi reforçado pela vontade de estabilidade, desviando alguns votos políticos mais arriscados.

O primeiro dos segundos

António Costa é um dos outros três vencedores de 24 de Janeiro.

Com o convite informal a Marcelo Rebelo de Sousa para que se recandidatasse e a opção de não apresentar um candidato partidário, dando aos eleitores socialistas “liberdade de voto”, Costa saiu a ganhar. Sabia que, assim, ficaria no carro do vencedor, com os louros de ter contribuído com uma discrição calculada para a vitória do “candidato da moderação”,  ou seja, do candidato que lhe permite  ter um pé numa espécie de bloco central virtual e que lhe garante a estabilidade governativa, contendo ou diluindo alguma direita. De passagem, varreu para as margens a esquerda do seu próprio partido, a que a candidatura de Ana Gomes deu voz, e relegou para mínimos históricos os parceiros da Geringonça (entre eles o BE, que manifestamente não era da sua estima), deixando-os reféns da estabilidade parlamentar até ao fim do mandato – logo, seus reféns e do PS.

Finalmente – e para um temperamento florentino como o de António Costa esta é talvez a maior vitória –, saiu beneficiado pelo crescimento exponencial de André Ventura, que vem criar um dilema agudo aos responsáveis do PSD e do que resta do CDS: ou fazem acordos com o Chega (como o Dr. Rui Rio fez ou deixou fazer nos Açores) e enfrentam os clamores de horror de toda classe política, pivots e opinionmakers, ou arriscam-se a ficar muito tempo fora do poder. A não ser que refaçam o “bloco central” para “salvar a democracia”, numa reedição formal do velho “Centrão” – o que é caminho de recurso sempre possível, mas que inevitavelmente fariam a partir de uma posição de inferioridade em relação aos socialistas, perpetuando-os no poder.

O sucesso do Chega, ao preencher um espaço político-social abandonado por uma direita sistémica incapaz de proclamar princípios e valores nacionais, identitários, conservadores, solidários – uma direita que foi deixando de defender causas e de falar em Política para só discutir “políticas” dentro dos valores políticos impostos pela Esquerda aproveitou e aproveita, colateralmente, ao PS e a António Costa. E quando o PSD se afirmou de “centro”, indiferenciou-se mais ainda do PS – António Costa não é propriamente um revolucionário, embora fosse pagando o apoio dos bloquistas com a colaboração e cedência em “desimportâncias folclóricas” – como são a memória e a História, a livre expressão do pensamento, o nosso destino humano, comunitário e civilizacional, a vida e a morte, e outras minudências.

Assim, no meio de uma Pandemia que nos colocou no topo da mortalidade mundial e da mais gritante falta de recursos e de gestão de recursos e meios humanos e materiais para salvar vidas, deparamo-nos com o oportuno e edificante espectáculo de estar o Parlamento a votar uma lei e a canalizar recursos para que o Estado, os médicos e os hospitais possam “ajudar a morrer” velhos, doentes e quem “já não está cá a fazer nada” (sim, num gesto de suprema humanidade, oportunidade e progresso, os parlamentares estão neste preciso momento a trabalhar para nos presentearem com um prático incentivo/direito à “morte assistida”).

O outro vencedor

O aparecimento do Chega não foi assim tão surpreendente. O que foi extraordinário foi o seu crescimento no tempo e nas circunstâncias adversas que enfrentou.

Não foi surpreendente porque o que aconteceu em Portugal já acontecera em toda a Europa. Com o fim da URSS e dos partidos comunistas, a extrema-esquerda passou para a primeira fila, entrou no delírio das causas disruptivas e dedicou-se ao “empoderamento” (ou à manipulação) de minorias de todas as espécies e sub-espécies, géneros e sub-géneros – esquecendo e abandonando a classe trabalhadora. Esta, também abandonada pelos partidos da direita e da esquerda liberais, sacrificada pela internacionalização desregulada e pela desindustrialização, ficou órfã de voz e de representação pública e política. O Front National, agora Rassemblement National, é hoje o partido com maior número de trabalhadores em França. Em Espanha, o sucesso do Vox e do nacionalismo popular ficou a dever-se à onda do separatismo catalão e ao assalto à cultura e à sociedade da frente de esquerda PSOE-PODEMOS, a par da pouco enérgica resposta do Partido Popular a esta vaga. Na Polónia e na Hungria como no Leste em geralfoi a reacção às memórias ainda frescas da longa opressão comunista, canalizada por partidos nacional-conservadores. Em França, na Alemanha, em Itália foi a imigração culturalmente diferente, não integrada e renitente à integração.

A todos estes problemas, os partidos do sistema, também com medo de enfrentar a comunidade académico-mediática, responderam com evasivas, eufemismos, cândidas declarações correctas, políticas de protecção às “minorias”, interdições linguísticas ou insultos a quem ousava levantar objecções, provocando o aparecimento de novos movimentos ou partidos alternativos, geralmente radicais na contestação do sistema e da cultura dominante.

São movimentos socialmente transversais, com lideranças personalizadas e programas que variam de Estado para Estado, mas que têm denominadores comuns: defesa da identidade nacional, lei e ordem, proteccionismo dentro de uma economia de mercado, solidarismo social.

Os partidos portugueses viveram sempre com a preocupação do “antifascismo”. A esquerda passou a dominar neste regime. Não usou (tirando no PREC) os instrumentos repressivos institucionais do regime anterior – Censura Prévia, Segurança de Estado – mas criou um controlo de opinião, um maniqueísmo do admissível e do inadmissível, que dominou a cultura, a academia e o jornalismo. Houve alguns momentos em que o Estado ficou livre dessa tutela: na primeira AD, no primeiro Cavaquismo, no governo de Passos Coelho. Mas os chamados partidos de direita nunca se libertaram do guião que lhes foi imposto. Isso foi tentado no CDS de Monteiro e Portas e por algumas figuras do PSD – como Alberto João Jardim, na Madeira – mas depois tudo recolheu às “boxes” da respeitabilidade “democrática”.

Os oráculos explicativos têm sempre aqui uma dificuldade: a democracia é boa, o povo é bom, “os portugueses” são serenos… Então como é que um “populista” de Loures, vindo do PSD, um comentador desportivo, supostamente acolitado por uns sinistros gurus nazi-fascistas tem, em 15 meses, capacidade para passar de 68.000 votos para meio milhão?

Os diagnósticos dividem-se. A tese dos “deploráveis” à portuguesa começa a ser abandonada, já que meio milhão de deploráveis espalhados por todo o país serão talvez deploráveis a mais; e depois, o insulto parece não ter corrido bem nos Estados Unidos, como quando da ex-futura “Administração Hillary”. Fica por isso a perplexidade perante a falta de “soluções” para “esta gente”, que talvez não se componha só de deploráveis, que pode, inclusivamente, chegar a incluir gente relativamente “normal”, mas que está zangada e irritada e que se sente abandonada. Tão abandonada que até considera enveredar por um caminho “iliberal”, um caminho que pode levar ao “fascismo” (ao racismo, ao machismo, à homofobia, à transfobia, a todas as fobias); tão inexplicavelmente abandonada que exerce o seu direito cívico votando num candidato tão pouco cívico e tão carente de “soluções”. Ora o que os partidos portugueses discutem há muito tempo são políticas e “soluções” – soluções sectoriais, partindo do princípio que a Política é sempre a mesma e a classe política também e que certas ideias e princípios não cabem nas baias da nossa impoluta democracia nem são sequer admissíveis a debate.

Do protesto ao projecto

A novidade do Chega foi trazer, ainda que pela negativa, a Política para o debate político. E a denúncia do alheamento e do afastamento da classe política e mediática dos valores e das preocupações de um “país real” que se sente atropelado e não representado. E isso bastou para ter sucesso. Os excessos verbais do líder e dos que o combateram directa e persistentemente (todos os outros candidatos, todos os canais de televisão, toda a opinião escrita e falada) não o impediram de crescer. E cresceu, talvez não tanto quando poderia ter crescido (também com a remota possibilidade de uma segunda volta entre Marcelo e Ana Gomes a alarmar alguns eleitores conservadores), mas cresceu. E cresceu muito. É claro que o voto em André Venturaou num partido que é, como todos os partidos portugueses, transversal socialmente e não ligado a uma classe ou grupo social específico –  é um voto reactivo. Só que, fazendo uma extrapolação de voto para as legislativas, extrapolação que nunca será líquida, mas que é, pelo menos, indicativa, o Chega teria um grupo parlamentar entre 15 e 20 deputados. E há uma série de círculos do país onde qualquer pretensão de eleger fora da esquerda terá de levar em conta os seus eleitores. Como bem observou Ricardo Costa, nas próximas eleições autárquicas os votantes do Chega serão incontornáveis para quem queira coligações vencedoras nos concelhos dos onze distritos onde André Ventura ficou em segundo lugar.

Mas depois do êxito da novidade e – em termos hegelianos – da antítese, o novo partido terá de avançar com um programa, remodelando a Agenda reactiva e punitiva e trazendo propostas e uma estratégia de resposta à tutela político-cultural das esquerdas. Esse programa também lhe poderá trazer a adesão de quadros médios capazes de fazer uma oposição nacional-conservadora e popular à hegemonia da Esquerda. Não só no campo da Economia, mas da Política, dos valores políticos, das causas, das ideias, dos princípios, que são o que guia e comanda o resto.

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COMENTÁRIOS:

Morais Silva: O populista como diz é o homem que teve coragem (em bom português, têm os no sitio), de dizer as verdades que têm sido deturpadas com as palavrinhas mansas do politicamente correto. Mas os senhores do politicamente correto, a brincar a brincar, têm vindo ao c* aos Portugueses ano após ano !. E como os de sempre ficam com a vaselina só para eles (desde que engordem com o sistema), o povo mama a bucha vai mesmo sem vaselina. Portanto este senhor populista com a ajuda do meio milhão de portugueses que votaram nele, vai se colocar em posição, pronto para vos servir, mas desta vez sem vaselina. Portanto os esquerdistas que parem de se lastimar e façam o favor de fazer fila atrás da MM.         Gil Lourenço: Que excelente análise! Claro que os esquerdistas vieram logo aqui espumar. Não conseguem atingir mais...        observador atento: Precisamos de pessoas como JNP na Assembleia da República para aumentar a qualidade da nossa democracia.        Paulo Guerra_ Realmente ainda aquando das eleições nos States, o JNP foi o analista que eu vi na televisão com mais cuidado, mais pudor, mais reserva, mais independência e mais objectividade. E também é no mínimo curiosa a grande vitória do 3º classificado porque o seu partido subiu de menos de 2% para quase 12%. Nomeadamente em relação a vitória da 2ª classificada que nem tinha qualquer partido a apoiá-la. Vá lá ao menos não acha que foi só a Direita que elegeu Marcelo como o RR.       Lítio Hidrogénio > Paulo Guerra: Por acaso tinha o apoio do PAN, do IL e do PS "Bom". Mentir não vale.        Luis Dominguez: EXCELENTE          Tiago Queirós: Se por «populismo» (ou «demagogia», sendo simplesmente termos sinónimos com raízes linguísticas distintas) entendermos o apelo aos mais baixos instintos das massas, então não há como negá-lo: o Socialismo é o maior fenómeno de populismo a grassar no seio das civilizações ocidentais, disseminando mentiras e argumentos bacocos em nome de uma pretensa, mas falsa, noção de Igualdade. Tudo o resto, ao fim e ao cabo, são cortinas de fumo convenientemente erigidas para ludibriar os eleitores incautos.           Graciete Madeira: Mais um excelente texto.            Maria Alva: Excelente clarividência, alicerçada em sublime Conhecimento. Parabéns. José Sequeira: Brilhante. Já justifiquei a assinatura.          Paulo Alexandre : Ateu: Causas e factores que contribuíram para o crescimento de Venturitler: 1 - O facto de os dois Partidos tradicionais de Direita e do Centro-Direita se encontrarem desnorteados, sem lideranças fortes, sem carisma, sem fulgor, sem capacidade para marcarem a agenda política, sem critério, sem orientação, sem foco, sem brilho, sem um leitmotiv; durante décadas, os dois Partidos tradicionais de Direita e de Centro-Direita federaram os mais diversos discursos, posicionamentos e visões dessa área; no entanto, as fracas lideranças actuais geraram um fenómeno de desagregação desses diferentes eleitorados, oportunidade que foi bem explorada por um demagogo e um populista que sabia que tinha, à sua disposição, um mercado eleitoral passível de ser explorado. No entanto, as sondagens dizem que, até agora, o Chega não consegue mais do que dividir o eleitorado à Direita do PS. 2 - O facto de estarmos a viver uma inusitada situação pandémica, que está a deixar muita gente em estado de desespero, em termos familiares, sociais e económicos; o eleitor desesperado não é um eleitor "racional", isto é, não é um eleitor que adere firmemente a uma causa; trata-se de um voto de protesto que tende a desaparecer com o regresso à normalização da situação. 3 - O facto de se tratar de uma eleição em que o vencedor já era conhecido por toda a gente; o facto de a vitória de MRS ser mais do que indiscutível, fez com que uma parte do eleitorado de Direita, optasse por um voto de protesto contra o governo; este eleitorado é volátil (tanto pode regressar ao CDS e ao PSD, como pode aderir ao Chega) mas não acrescenta votos à Direita; pelo contrário, divide os votos e fragiliza as forças políticas que a integram. 4 - O facto de não existir uma verdadeira polarização Esquerda-Direita nestas eleições; se estas eleições se destinassem a eleger um novo Presidente (em vez de se tratar de uma reeleição), a lista de candidatos seria muito distinta; o PS, por exemplo, jamais se teria demitido de apresentar um candidato seu, pelo que estaríamos na presença de outros candidatos e o eleitorado do PS dificilmente teria votado num candidato de Direita; ou seja, Venturitler beneficiou de condições muito especiais, resultantes do facto de não existir uma polarização clara entre os eleitorados de Esquerda e os de Direita; se o eleitorado estivesse mais polarizado, nomeadamente entre dois candidatos, Venturitler teria uma menor expressão de voto porque os eleitores do PS tenderiam a votar no candidato do PS e muitos eleitores de Direita tenderiam a votar no candidato do PSD ou do CDS; ou seja, Venturitler beneficiou de eleitores por conveniência e beneficiou de eleitores contextuais. E este tipo de eleitores muda quando o contexto e as conveniências mudam; não se trata de um eleitorado fixo ou cristalizado numa posição firme. 5 - O facto de Venturitler ter explorado os mais básicos sentimentos de ódio e os mais básicos instintos preconceituosos: este é o eleitorado que Venturitler pode captar e agarrar mas que não passa de um eleitorado que ocupa nichos de mercado muito particulares: uns quantos homofóbicos, outros tantos racistas, mais uns quantos xenófobos e alguns tradicionalistas; este eleitorado, tipicamente frustrado e sempre a carecer de bodes expiatórios para dar sentido ao funcionamento do mundo, é seduzido por discursos básicos, odiosos e primários mas é composto essencialmente por gente com escassa formação, com escassa informação e com reduzido pensamento crítico; é gente rural, pouco instruída, tradicionalista e, normalmente, confessionalmente comprometida; mas não passa de um eleitorado de nichos de mercado, que se limita a responder a discursos particulares, sem substância, consistência, estrutura ou coerência; este é um eleitorado marginal que só convence gente simplória e destituída de pensamento crítico. Estes são os principais factores, causas e razões que explicam o resultado de Venturitler. Nas próximas autárquicas, o Chega irá esvaziar-se, já que não tem quadros políticos com um mínimo de qualidade para enfrentar essa batalha! E, nas próximas legislativas, alguém está a ver o eleitorado à esquerda do PSD a deixar-se seduzir por algum partido de Direita? Os eleitores residuais que façam esse trajecto serão, porventura, menos do que aqueles que, ao Centro-Direita, sintam repugnância por essa criatura ao ponto de preferirem votar PS.            mário Unas > Paulo Alexandre : Ateu: Exacto. Sendo que a distância entre os ideais da Marisa Matias e as alegorias do Tino de Rans ser de 42 mil votos também não deixa de ser assinalável. Estou contigo: a culpa é do bicho, para a próxima ganha o Tino.         Paulo Alexandre : Ateu > mário Unas_ As distâncias entre os diferentes candidatos decorrem dos pontos assinalados no meu comentário inicial. E todos esses aspectos são mais ou menos contextuais e não são transitáveis para as legislativas. Um dos problemas das mentes falaciosas passa pela confusão entre o eleitorado de uma força partidária e os eleitores de um candidato dessa força partidária ou apoiado pela mesma. Não são a mesma coisa!

José Leao > Paulo Alexandre : Ateu: A semelhança do que, em pequena escala ocorreu nas legislativas, a análise a geografia do voto em Andre Ventura nao permite corroborar a sua conclusão, Com efeito, o mesmo obtém votações expressivas na area metropolitana de Lisboa (Lisboa e Setúbal) e em especial nos concelhos da periferia assim como em Santarém, no Alentejo e Algarve tendo a sua votação mais fraca de longe no Porto sendo que a votação em distritos como Aveiro e Braga também não é famosa ficando atrás de Ana Gomes. Em conclusão fica claro que não é nos distritos onde a direita e mais forte que Ventura tem as suas melhores votações mais sim em distritos onde a esquerda é mais forte pelo que a conclusão que tira que os votos no candidato são oriundos da denominada direita me parece claramente errada. ……………………………