terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Não, não é de agora


Pessoa o disse. E Antero, com tristeza, o escrevera, e os da sua geração… uns com tristeza, outros fazendo disso motivo de sátira. A geração de hoje, consciente, sofre, como JOÃO CARLOS ESPADA, antevendo um futuro não diferente, é mais que certo. Mas há comentários de ponderação correctos, que nos poderiam estimular a uma mudança... O estudo é imprescindível para uma boa formação… Um governo capaz, também.

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,

Define com perfil e ser

Este fulgor baço da terra

Que é Portugal a entristecer —

Brilho sem luz e sem arder

Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.

Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem.

(Que ânsia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.

Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

Valete fratres

“MENSAGEM”

Escorregando para o terceiro mundo /premium

O tribalismo cresce no Ocidente porque as vozes do centro não denunciam os extremos tribais das suas próprias famílias políticas. Isso costumava distinguir as repúblicas das bananas do terceiro mundo.

JOÃO CARLOS ESPADA

OBSERVADOR, 11 jan 2021

1 O assalto ao Capitólio por um bando de arruaceiros, (trajando, aliás, como vulgares arruaceiros), reclamando a causa do sr. Trump, na passada quarta-feira, não pode nem deve ser menosprezado pelos defensores da democracia liberal. Trata-se de uma ofensa maior à democracia americana — e ao ideal democrático em geral.

O assalto ao Capitólio só pode e deve ser veemente e incondicionalmente condenado. E denunciado deve ser o promotor de tremenda ofensa à democracia: o sr. Trump, a quem tive há algumas semanas o prazer de chamar aqui de general tapioca. Como finalmente, e muito tardiamente, descobriram vários responsáveis republicanos, o comportamento do sr Trump e de um bando dos seus seguidores é simplesmente característico de uma república das bananas do terceiro mundo.

2 Também distintiva de uma república das bananas do terceiro mundo foram as manifestações violentas contra as estátuas (designadamente de Churchill, em Londres) e contra a liberdade de expressão em muitas universidades americanas e inglesas. Tenho aqui denunciado enfaticamente essas manifestações do tribalismo da extrema-esquerda woke e politicamente correcta. Por isso, estou particularmente à vontade para repetir: um tribalismo da esquerda não justifica um tribalismo da direita.

3 Chegamos aqui à pergunta crucial: por que motivo crescem nas democracias ocidentais os tribalismos de esquerda e de direita? O tema certamente merece um inquérito aprofundado. A proposta conjectural que tenho repetidamente defendido é todavia relativamente simples: os extremos tribais crescem porque as vozes do centro (centro-esquerda e centro-direita) não denunciam os extremos tribais das suas próprias famílias políticas. Preferem denunciar os extremos tribais das famílias políticas rivais. Esta denúncia recíproca acaba por alimentar o tribalismo: cada tribalismo justifica-se a si mesmo por estar em guerra contra o tribalismo rival.

É daqui que emergem os discursos terceiro-mundistas contra o “regime”, ou as “oligarquias”, ou as “elites”, e outros primitivismos similares. Venho criticando estes discursos há vários anos, neste jornal e não só. Não deixa de ser curioso que mais recentemente estas críticas tranquilas estejam a gerar chuvas de insultos das patrulhas ideologicamente correctas na secção de comentários. É seguramente um sinal dos tempos tribais em que vivemos.

4 A questão é simples, mas o assalto ao Capitólio justifica que seja recordada. A democracia é obra comum de partidos rivais, sob a autoridade comum de regras gerais e iguais para todos, a que chamamos império (ou regência, ou governo) da lei (rule of law).

Se a normal e desejável rivalidade entre os partidos passa a ser apresentada como oposição às regras gerais — a que, no terceiro mundo, chamam “regime” — então a porta fica aberta para o uso da violência quando um partido perde as eleições. Tornar-se-á possível dizer — como disse o sr. Trump, no estilo do general tapioca — que a derrota foi “produzida pelo regime”, não pelos eleitores.

5 Alexis de Tocqueville elogiou no século XIX a democracia na América precisamente pela ausência desses discursos tribais contra o “regime”. E observou que o sectarismo tribal — da esquerda e da direita — gerava, nas culturas políticas iliberais (na época, sobretudo na sua França natal e no continente europeu) a perpétua oscilação entre o Antigo Regime e a Revolução, entre a servidão e o abuso.

Trump e os arruaceiros que assaltaram o Capitólio obviamente nunca leram nem ouviram falar de Tocqueville. Nem obviamente leram os Federalist Papers, de que apesar de tudo poderão ter vagamente ouvido falar (talvez na escola primária). Mas seguramente ignoram que um dos principais propósitos da Constituição americana de 1787/8 foi impedir o despotismo de uma qualquer facção — sobretudo, na era moderna da paixão pela igualdade em detrimento da liberdade, em nome do “povo”.

6 Em Portugal, estaremos protegidos contra a maré do tribalismo terceiro-mundista? Como costuma ser dito, vamos ver.

A dúvida reforça a importância crucial da isenção e moderação reveladas pelo Presidente da República e candidato Marcelo Rebelo de Sousa. Tem com firmeza denunciado as manifestações tribais, de um lado e do outro do espectro político. E assume com clareza a principal missão que a Constituição atribui ao Presidente da República: a de árbitro e garante do regular funcionamento das instituições democráticas.

Esta garantia seria sempre importante. Nos tempos que correm, é simplesmente crucial.

Post Scriptum 1: A Rainha (com 94 anos) e o Duque de Edimburgo (com 99) receberam a vacina contra a covid — noticia na primeira página de domingo o Telegraph de Londres (que voltou a chegar em papel ao Estoril, numa edição que me dizem ser agora impressa em Portugal, o mais antigo aliado). A notícia é relativamente rara, mas não única: em 1957, a Rainha deixou saber que príncipe Carlos e princesa Ana tinham recebido a vacina contra a polio. Na mesma notícia do Telegraph, ficamos a saber que o príncipe Carlos, com 72 anos, que já teve covid, está atrás dos outros grupos etários definidos pela lei como prioritários. O Duque de Cambridge, que também já teve covid, também não é ilegível para vacinação prioritária, uma vez que tem menos de 50 anos. This is the rule of law. O sr. Trump e os seus acólitos obviamente não fazem ideia do que isto possa ser.

Post Scriptum 2: Vozes amigas dizem-me que, num recente debate televisivo, um tal sr. Vígaro, ou talvez Vieira, ou talvez Ventura, terá dito que “a única ditadura que eu quero é a ditadura em que os portugueses de bem são reconhecidos como tal.” Há aqui certamente uma lacuna terceiro-mundista na educação do autor dessas palavras: as pessoas de bem não querem qualquer tipo de ditadura. Elas distinguem-se precisamente por defenderem, contra todas as ditaduras, o império da lei, ou the rule of law. Aqui residiu sempre a distinção entre as democracias liberais civilizadas e as repúblicas das bananas do terceiro mundo.

DEMOCRACIA    SOCIEDADE  ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA  AMÉRICA  MUNDO  ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS  ELEIÇÕES  POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Maria L Gingeira: É tão grave a invasão da sala onde se reúnem políticos por manifestantes anónimos como o encerramento das contas nas redes sociais de um presidente por ordem sabe-se lá de quem sem interferência judicial que o determine. Disso ninguém fala que é quanto a mim a situação mais atentatória da liberdade em todo este processo eleitoral num país livre na era tecnológica. A esquerda americana agora tão elogiada é bem mais perversa do que imaginamos e com forte poder de controle da comunicação social e não só. É desse tipo de pessoas tratadas como os bonzinhos que vão mudar o Mundo que devemos ter receio pois a História fala por eles. Caminhamos cegamente para regimes totalitários que usam estratégias de sedução. O século da selecção está no seu esplendor. A pandemia infelizmente será usada para acelerar o processo da divisão entre quem pode e quem não pode. Ninguém está interessado na promoção ou protecção das pessoas. Tudo se move por outros interesses. Por muito interessantes que sejam as análises académicas, estamos demasiado presos a nomenclaturas. As circunstâncias são outras. E o que conta são precisamente os contextos. Não há lugar para a ilusão ou para causas ideológicas quando se morre por falta do mínimo. Quando não conseguimos sequer fazer uma vacinação em massa. Os únicos que talvez a estejam a tentar são os israelitas. Irónico não? E chamamos a tudo isto civilização.         Andrade QB: Era bom que não houvesse extremismos, mas é muito pior quando só existe extremismo de um lado. Percebe-se a boa intenção da afirmação recorrente de que um radicalismo não se combate com outro, mas de boas intenções está o inferno cheio. A realidade é que o corpo puxa para a preguiça e os democratas aburguesados dão-se bem com tudo de mau que aconteça longe da sua porta. Nenhum combate a qualquer extremismo, de esquerda ou de direita, virá desse lado amorfo, pelo que o combate a um extremismo só acontece a partir de outro. O que é que explica que Passos Coelho só deixasse de ser fascista depois de aparecer Ventura? Há 44 anos também quem ajudou os democratas a fazer frente ao comunismo o começarem a aparecer sedes do PCP incendiadas. Os instalados precisam sempre de alguém que faça o trabalho "sujo" por eles e não há como haver balbúrdia provocada pelos dois lados para eles levarem a água ao seu moinho sem grandes trabalhos. Na invasão do capitólio só faltou a filmagem da morte de um manifestante pela polícia para que lhes tivesse saído o pleno.         Nuno Chambel Lima: Pedro Passos Coelho, e tudo o que ele representa de seriedade e idoneidade na vida política, pode bem ser o melhor antídoto contra o crescimento de demagogos de direita. Aliás, se o espírito reformista do projecto da Paf tivesse sido mantido no PSD, muito dificilmente teriam emergido partidos como o Chega, ou mesmo a Iniciativa liberal.          miguel cardoso: Exmo. Senhor Professor João Carlos Espada: Sou, como o senhor, um admirador incondicional da Democracia Inglesa que se estrutura num individualismo de cada um e na aceitação de que ganhe, sem mais contas esquisitas, o que tem mais votos. Paradoxalmente estas duas premissas garantem-lhes uma estabilidade política invejável, com governos fortes e aceites. Não deixando nunca de a opinião ser livre e expressa com humor, não se "armando" ninguém acima da sua importância. Esta maneira de estar é dificilmente exportável assente que ela está numa prática de séculos. O que está a acontecer por esse mundo fora é que, na ausência do "fair-play" na cultura política em outros Países, abre-se uma Caixa de Pandora, de que se desconhece a voragem que gera. Trump sentado em cima de setenta milhões de votos tentou o seu assalto ao "Palácio de Inverno". É dos manuais de insurreição que, uma vez esgotados os artifícios legais para a tomada ou manutenção do poder, se passe à acção directa. Saiu-lhe o tiro pela culatra e não queria agora estar-lhe na pele porque, ou o novo poder o deixa estar sem lhe tocar apenas lhe cerceando os movimentos com mais ou menos habilidade, procurando assim a a pacificação dos EUA, ou então se dá um caso de Vae Victis, chegando eventualmente a uma condenação judicial pesada de Trump, com isso criando uma vítima e dividindo irremediavelmente o País. Agora o que é importante tirar de tudo isto é de que, com a ascensão das massas incultas e incontroladas por valores, a democracia tal como a conhecemos deixou de funcionar.         Julius Evola: Repetição enfadonha de lugares comuns. Tribalismo Europeu faz muita falta! Sem ele caminhamos para o suicídio civilizacional. Suicídio este que decorre principalmente por causa do "centro". Tribalismo "de direita" faz falta principalmente em oposição ao "centro". O facto de ser alimentado e beneficiar dos tribalismos insanos da esquerda é apenas um bónus.        Miguel Teixeira: Diagnóstico completamente errado. Os tribalismos tanto de direita como de esquerda são, de facto inaceitáveis, mas a sua causa NÃO É, de forma nenhuma, a omissão dos partidos em denunciá-los. Pelo contrário, esses tribalismos resultam da incapacidade do sistema político em reformar-se e tornar-se realmente transparente e justo, nomeadamente através do combate à oligarquia financeira (que financia os partidos). Numa época em que as redes sociais tornam a informação de demasiado fácil acesso, impõe-se uma transparência e accountability dos agentes políticos como nunca se viu na história. Exige-se também um combate destemido ao poder financeiro (incluindo, obviamente, a corrupção, mas não limitado a esta), e em favor dos cidadãos privados, uma vez que nunca na história a política (que, nos seus primórdios subordinava todos os agentes da sociedade ao seu poder militar) esteve tão escravizada ao poder financeiro como actualmente. Uma vez resolvidos estes dois problemas, parece-me que os populismos esmorecerão. Mas a classe política portuguesa é particularmente incapaz de ver isto, sobretudo no que diz respeito à transparência e accountability, com a qual nunca soube viver desde que foi implantada a democracia (antes, não necessitava, claro).          Antes pelo contrário > Miguel Teixeira: Infelizmente perante a cada vez maior tribalização da esquerda radical - a única solução é uma maior tribalização da direita, ou seremos aniquilados e destruídos. Informem-se - por favor - do que tem estado a acontecer nos EUA e não só no primeiro plano da política "institucional"!!! Desde os apelos à censura e bloqueio de conteúdos - muito mais longe do que Trump pretendia fazer ao responsabilizar as redes sociais pelo que publicam, abolindo a secção 230. Agora, os "democratas" querem aboli-la para poder praticar a censura à vontade: "Facebook and Twitter largely 'culpable for all the harm, all the hate, all the death' in Capitol attack: former Obama adviser" E o que pede o ex-conselheiro do Obama?... Nada menos do que a censura total: “What I’m really concerned about ... is what’s going to happen next, what’s going to happen tonight. What’s going to happen in the next two weeks before the Inauguration, and what is the information role in what happens tonight and in the next two weeks?” said Aral, author of “The Hype Machine: How social media disrupts our elections, our economy, and our health — and how we must adapt.” “What’s Facebook’s role? ... What’s Twitter’s role?” he added. “How can we subvert the information, motivation, and mobilization of this kind of violence?” Em suma: querem pura e simplesmente cortar a voz à direita, e deixar passar a da esquerda. Como nas ditaduras estalinistas  - ou a bem dizer em todas as ditaduras! E como já acontece aqui no Observador. Anarquista Coroado: Não, é o terceiro-mundo a escorregar para cá.     josé maria: O Manifesto dos 57 contra o Chega mostra que ainda há muita gente de direita que é decente.         Antes pelo contrário > José maria: Em democracia, um manifesto contra um partido é completamente indecente. Nos regimes totalitários é que se perseguem pessoas pelas suas opiniões políticas!!! Esse é o manifesto de 57 fascistas, que precisamente como fez o Mussolini, procuram criar grupos de pressão - os fáscios - com pessoas como tu - para afastar os adversários da cena política pela pressão, a propaganda e a mentira. O único manifesto democrático é a vontade dos eleitores expressa nas urnas. Tudo quanto pretenda impedir as pessoas de votar em quem quiserem, ou negar a vontade expressa nas urnas, é contrário à democracia!!!         josé maria > Antes pelo contrário: Em democracia, um manifesto contra um partido xenófobo e racista é um acto da mais elementar decência democrática...            Jay Arr > Antes pelo contrário: Um manifesto exprime a posição de quem o subscreve. É na democracia que os manifestos existem. Não em regimes totalitários. Indecente seria que esse manifesto ofendesse ou incitasse actuações fora da Lei contra o seu partido. O vosso líder pode ser hipócrita, defender e atacar bandidos selectivamente, ofender outros actores políticos, insultar a inteligência de quem não vota nele, passear-se com líderes da extrema direita e dizer que não é um deles, criticar a censura mas impor a lei da rolha, submeter uma lista de assinaturas ilegal, entre outras coisas, mas o indecente é quem põe o dedo na ferida? É a democracia! Assim como eu tolero as vossas preferências e críticas, aceitem as dos outros. As nossas posições políticas são opções que não têm de ser as certas ou erradas. São as que escolhemos. Tentar rotular os outros de errados, inimigos, ou outro tipo de sectarismo, é que são tiques de fascista.      Adelino Lopes > josé maria: Se soubesses o que é a decência, não andavas a fazer os comentários que fazes.           josé maria > Adelino Lopes: Claro que você é que não sabe o que é decência democrática...          Maria Augusta > Antes pelo contrário: Caracterizou bem a criatura. De facto é um fáscio.          Maria Augusta > Adelino Lopes: Nem mais. Caro Adelino.        Antes pelo contrário > Jay Arr: "Tentar rotular os outros de errados, inimigos, ou outro tipo de sectarismo, é que são tiques de fascista. " E sem qualquer dúvida, "Um manifesto exprime a posição de quem o subscreve." Compre um espelho!!! Além de eu ser líder de mim próprio, sem qualquer dúvida.           Maria Nunes: Excelente.   L. Perry: Os políticos do centro têm denunciado os extremos (principalmente à direita) contudo insistem em ignorar os problemas que levam as pessoas a irem para os extremos. Alguma vez viram um político do centro a explicar o problema de Portugal estar no euro e da acumulação de dívida? Enquanto estiverem mais interessados nos seus egoísmos oligárquicos e não servirem o público as pessoas terão de votar em quem lhes proponha resolver os problemas.            José Pedro Correia: Muito bom texto a salientar o óbvio que parece escapar a muitos.        Adelino Lopes: Sou de direita, defendo a democracia e a liberdade. E portanto não poderia estar mais de acordo com aquilo que significa “the rule of the law”. Agora compatibilizar isto com o PR MRS é que não é possível. Só um exemplo. Todos sabemos (nomeadamente a partir dos testemunhos das então crianças) o que se passou no processo da casa pia. Todos estamos a ver o que se está a passar com o controlo das instituições da justiça. E o MRS pávido e sereno? Não me tentem fazer a cabeça. Eu também tenho olhos para ver e cabeça para analisar. “elites”? Os “outros” é que lutam contra a democracia, contra a igualdade e contra a lei? Merece que lhe chamem uns nomes.          Antes pelo contrário: A vossa censura é repugnante.        Joaquim Zacarias > Antes pelo contrário: E ideológica.          Nuno Chambel Lima: Clarividente! Muito obrigado pelo seu artigo!               bento guerra: Estas são repúblicas "dos" bananas, mas com muitos ganhos de corrupção         Paulo Neves: Bravo!

 

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