O certo é que quanto mais se mexe na
porcaria, mais mal ela cheira. Ou seja, o repisar em coisa tão ignóbil não
trará ideias de a cometer de novo, mesmo em outros casos, contra outros destinatários?
O incitamento aos ódios nos dias de hoje, ditados pelos extremismos de uma
esquerda especialmente sensível ao oprimido ou pelos nacionalismos indignados de
uma direita exasperada por ser o alvo tantas vezes inocente dos ataques
impertinentes daquela, parecem prova disso. O terror, o terrorismo, são ditados
por sentimentos de ódio, de vingança, ou de maldade pura, que a prepotência possibilita,
mesmo que numa aparência de justa causa. A História está cheia de exemplos
desses, e o Antigo Testamento o demonstra bem, com as sevícias praticadas pelo
próprio Jeová, que bem podia…
I –OPINIÃO: A
memória de um passado que nunca deveremos apagar
Mais do que nunca, é fundamental
darmos voz ao passado e termos em atenção as lições que tem para nos ensinar.
Porque algo é certo: o que aconteceu não mais pode repetir-se.
ITAY MOR PÚBLICO,
27 de Janeiro de 2021
De
há uns anos para cá, vagas de extremismo têm conquistado maior dimensão,
um pouco por todo o mundo. A democracia e a liberdade estão em ameaça e o
medo volta a ganhar força. É por isso, que, numa altura como estas, faz
ainda mais sentido lembrar a História e os erros inultrapassáveis cometidos no
passado.
Vai
ser inaugurado, em breve, na cidade do Porto, o primeiro Museu do Holocausto na Península Ibérica. O novo espaço museológico terá uma reprodução dos
dormitórios de Auschwitz, memorial da chama, fotografias e filmes reais que
narram o horror da II Guerra Mundial. Enalteço este projecto da
Comunidade Judaica do Porto, que destaca
os documentos e memórias que fazem parte da história judaica, mas também
da história de todos.
Paralelamente,
está também a ser planeada a construção do Museu Judaico na cidade de Lisboa, uma ideia já antiga para salvaguardar e promover a
divulgação da herança cultural judaica, numa cidade em que a comunidade judaica
assumiu uma especial importância.
Em
ambos os casos, percebemos a importância de não deixar apagar a memória. Ao
longo do tempo, as comunidades judaicas espalhadas pelo mundo deixaram a sua
marca, a vários níveis, contribuindo para a evolução das sociedades, a
diversidade cultural, o crescimento financeiro.
Mais do que nunca, é fundamental darmos voz ao passado e termos em atenção as
lições que tem para nos ensinar. Porque algo é certo: o que
aconteceu não mais pode repetir-se e depende de todos nós lutarmos
contra os extremismos e contra o medo.
Presidente da
Associação Judaica Over The Rainbow Portugal
TÓPICOS
OPINIÃO
HOLOCAUSTO JUDEUS HISTÓRIA PORTO LISBOA MUSEUS
II- Cultura-Ípsilon
OPINIÃO: Dia
Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto
Como escrevia Anne Frank, “o que aconteceu não pode
ser desfeito, mas podemos impedir que volte a acontecer.”
MARTA SANTOS PAIS PÚBLICO, 27 de Janeiro de 2021
Comemora-se hoje, dia 27 de Janeiro, o Dia Internacional em Memória
das Vítimas do Holocausto. Instituído
pela Assembleia Geral das Nações Unidas, este dia assinala o aniversário da libertação do campo de Auschwitz- Birkenau,
em 1945. Como
sublinha a assembleia geral, esta comemoração destina-se ainda a promover o
ensino sobre o Holocausto, para não se esquecer as atrocidades do passado e
para prevenir o risco de futuros genocídios.
Idênticas
preocupações
tinham levado à criação das Nações Unidas. Assim, a organização
marcou o início da sua acção com a adopção da Convenção de Prevenção
do Genocídio e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, determinada a lutar contra a impunidade e a combater “o desconhecimento e o desprezo dos
direitos humanos que haviam conduzido a actos de barbárie que revoltam a
consciência da humanidade”.
Também
em Portugal se homenageia o Dia de Memória do Holocausto. Inúmeras iniciativas têm sido levadas a cabo por
escolas, centros de estudo, organizações cívicas e entidades locais.
Com a adopção de uma resolução em 2010, a Assembleia da República tem estado associada a esta comemoração anual,
manifestando o compromisso de promover a memória e educação sobre o Holocausto,
em escolas e universidades, comunidades e instituições, para que as gerações
futuras possam compreender as suas causas e reflectir sobre as suas
consequências.
O Programa Nacional Nunca Esquecer — Em Torno da Memória do Holocausto foi
lançado em Junho último com semelhante propósito. Assinalando o 75.º
aniversário das Nações Unidas e do início dos julgamentos de Nuremberga, e
recordando o salvamento por Aristides de Sousa Mendes
de milhares de pessoas, muitos deles judeus, o programa promove
o ensino e a formação, a investigação e a sensibilização para manter viva a
memória do Holocausto e evitar a sua repetição.
Como
escrevia Anne Frank, “o que
aconteceu não pode ser desfeito, mas podemos impedir que volte a
acontecer”. Conhecer
e preservar a memória do Holocausto é fundamental para evitar os perigos do
ódio, da intolerância e do racismo. E para construir um mundo justo, inclusivo
e solidário onde os direitos humanos não sejam o luxo de alguns, e onde a
indiferença e a banalização de violações de direitos fundamentais não possam
ter lugar.
Estes
valores têm sido promovidos ao longo dos anos. Mas os
perigos espreitam em cada momento.
Bastará recordar a situação trágica dos cerca de 80 milhões de
refugiados e deslocados, 40% dos quais crianças, que no passado
recente se viram forçados a abandonar as suas comunidades para escapar à
guerra, à perseguição ideológica, étnica ou religiosa, e ao abuso dos seus
direitos.
E não podemos ignorar como os riscos
crescentes de intolerância, incitamento ao ódio e à violência têm vindo a
ganhar espaço, reforçando o caudal de vítimas de discriminação, xenofobia e
actos antissemitas.
Os
dados sobre antissemitismo
em países da União Europeia, recentemente publicados pela Agência dos Direitos
Fundamentais da União Europeia, revelam indícios altamente preocupantes.
Com
efeito, uma larga maioria das pessoas inquiridas considera o antissemitismo
e o racismo
como os problemas mais prementes do nosso tempo, e observa com particular
preocupação o crescimento deste fenómeno, sobretudo através da
Internet e das redes sociais. Muitos temem pela sua segurança; mais de
um terço foi vítima de actos antissemitas, incluindo ataques físicos e a
destruição de bens. Cerca de
40% dos auscultados ponderaram emigrar, enquanto 13% se sentiram forçado a
mudar de residência. Apesar disso, 80% das vítimas preferiram não
denunciar estes incidentes às autoridades, embora conhecessem a legislação
destinada à sua protecção e as organizações que poderiam intervir em sua
defesa.
A insegurança das vítimas e a falta
de denúncia e investigação destes incidentes tem contribuído para reforçar o
medo e o sentimento de impunidade. E assim vai crescendo a indiferença e a
banalização deste fenómeno.
Este é o nosso desafio. Quando a
indiferença aumenta, ganha força a intolerância e cresce o risco da violência e
do incitamento ao ódio.
Por
isso importa agir. Para nunca esquecer
as atrocidades do passado, o assassínio de seis milhões de judeus e a
perseguição,
tortura e morte de milhares de outras vítimas consideradas indesejáveis pelo
regime nazi — porque eram de etnia cigana, portadores de
deficiência, homossexuais, opositores políticos... Para nunca esquecer os milhares de refugiados, notáveis e
desconhecidos, em trânsito ou com residência fixa, que procuraram abrigo no
nosso país, e reconhecer os cidadãos e organizações que lhes prestaram apoio. Para nunca esquecer a coragem de salvadores
portugueses que durante a guerra se notabilizaram pela sua acção em defesa da
dignidade humana e protecção de pessoas em perigo — diplomatas, como Aristides
de Sousa Mendes, Sampaio Garrido e Teixeira Branquinho, homens
da Igreja, como monsenhor Joaquim Carreira, ou ainda José Brito Mendes,
emigrante em França e reconhecido como “Justo entre as Nações”.
E
importa sobretudo jamais esquecer a oportunidade e responsabilidade que todos
temos de impedir que a apatia vingue e possa encontrar forma de permitir a
barbárie uma vez mais. Porque, como sublinhava Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto e prémio Nobel da Paz,
“não podemos esquecer que mesmo os que estavam perto se recusaram a ouvir. E
mesmo os que escutaram se recusaram a acreditar. E mesmo os que acreditaram não
conseguiram compreender”.
Comissária do Programa Nacional Nunca Esquecer – Em Torno da Memória do
Holocausto
TÓPICOS CULTURA-ÍPSILON
COMENTÁRIOS
DemocrataXXI EXPERIENTE: Se a Anne Frank pudesse ver, a coisa a repetir se
ivojacome.1043113 INICIANTE: Lembrar para que não aconteça jamais.
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