quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

E todavia…

 

O certo é que quanto mais se mexe na porcaria, mais mal ela cheira. Ou seja, o repisar em coisa tão ignóbil não trará ideias de a cometer de novo, mesmo em outros casos, contra outros destinatários? O incitamento aos ódios nos dias de hoje, ditados pelos extremismos de uma esquerda especialmente sensível ao oprimido ou pelos nacionalismos indignados de uma direita exasperada por ser o alvo tantas vezes inocente dos ataques impertinentes daquela, parecem prova disso. O terror, o terrorismo, são ditados por sentimentos de ódio, de vingança, ou de maldade pura, que a prepotência possibilita, mesmo que numa aparência de justa causa. A História está cheia de exemplos desses, e o Antigo Testamento o demonstra bem, com as sevícias praticadas pelo próprio Jeová, que bem podia…

I –OPINIÃO:    A memória de um passado que nunca deveremos apagar

Mais do que nunca, é fundamental darmos voz ao passado e termos em atenção as lições que tem para nos ensinar. Porque algo é certo: o que aconteceu não mais pode repetir-se.

ITAY MOR      PÚBLICO, 27 de Janeiro de 2021

De há uns anos para cá, vagas de extremismo têm conquistado maior dimensão, um pouco por todo o mundo. A democracia e a liberdade estão em ameaça e o medo volta a ganhar força. É por isso, que, numa altura como estas, faz ainda mais sentido lembrar a História e os erros inultrapassáveis cometidos no passado.

Vai ser inaugurado, em breve, na cidade do Porto, o primeiro Museu do Holocausto na Península Ibérica. O novo espaço museológico terá uma reprodução dos dormitórios de Auschwitz, memorial da chama, fotografias e filmes reais que narram o horror da II Guerra Mundial. Enalteço este projecto da Comunidade Judaica do Porto, que destaca os documentos e memórias que fazem parte da história judaica, mas também da história de todos.

Paralelamente, está também a ser planeada a construção do Museu Judaico na cidade de Lisboa, uma ideia já antiga para salvaguardar e promover a divulgação da herança cultural judaica, numa cidade em que a comunidade judaica assumiu uma especial importância.

Em ambos os casos, percebemos a importância de não deixar apagar a memória. Ao longo do tempo, as comunidades judaicas espalhadas pelo mundo deixaram a sua marca, a vários níveis, contribuindo para a evolução das sociedades, a diversidade cultural, o crescimento financeiro. Mais do que nunca, é fundamental darmos voz ao passado e termos em atenção as lições que tem para nos ensinar. Porque algo é certo: o que aconteceu não mais pode repetir-se e depende de todos nós lutarmos contra os extremismos e contra o medo.

Presidente da Associação Judaica Over The Rainbow Portugal

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II- Cultura-Ípsilon

OPINIÃO:  Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Como escrevia Anne Frank, “o que aconteceu não pode ser desfeito, mas podemos impedir que volte a acontecer.”

MARTA SANTOS PAIS          PÚBLICO, 27 de Janeiro de 2021

Comemora-se hoje, dia 27 de Janeiro, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, este dia assinala o aniversário da libertação do campo de Auschwitz- Birkenau, em 1945. Como sublinha a assembleia geral, esta comemoração destina-se ainda a promover o ensino sobre o Holocausto, para não se esquecer as atrocidades do passado e para prevenir o risco de futuros genocídios.

Idênticas preocupações tinham levado à criação das Nações Unidas. Assim, a organização marcou o início da sua acção com a adopção da Convenção de Prevenção do Genocídio e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, determinada a lutar contra a impunidade e a combater “o desconhecimento e o desprezo dos direitos humanos que haviam conduzido a actos de barbárie que revoltam a consciência da humanidade”.

Também em Portugal se homenageia o Dia de Memória do Holocausto. Inúmeras iniciativas têm sido levadas a cabo por escolas, centros de estudo, organizações cívicas e entidades locais. Com a adopção de uma resolução em 2010, a Assembleia da República tem estado associada a esta comemoração anual, manifestando o compromisso de promover a memória e educação sobre o Holocausto, em escolas e universidades, comunidades e instituições, para que as gerações futuras possam compreender as suas causas e reflectir sobre as suas consequências.

O Programa Nacional Nunca Esquecer — Em Torno da Memória do Holocausto foi lançado em Junho último com semelhante propósito. Assinalando o 75.º aniversário das Nações Unidas e do início dos julgamentos de Nuremberga, e recordando o salvamento por Aristides de Sousa Mendes de milhares de pessoas, muitos deles judeus, o programa promove o ensino e a formação, a investigação e a sensibilização para manter viva a memória do Holocausto e evitar a sua repetição.

Como escrevia Anne Frank, “o que aconteceu não pode ser desfeito, mas podemos impedir que volte a acontecer”. Conhecer e preservar a memória do Holocausto é fundamental para evitar os perigos do ódio, da intolerância e do racismo. E para construir um mundo justo, inclusivo e solidário onde os direitos humanos não sejam o luxo de alguns, e onde a indiferença e a banalização de violações de direitos fundamentais não possam ter lugar.

Estes valores têm sido promovidos ao longo dos anos. Mas os perigos espreitam em cada momento. Bastará recordar a situação trágica dos cerca de 80 milhões de refugiados e deslocados, 40% dos quais crianças, que no passado recente se viram forçados a abandonar as suas comunidades para escapar à guerra, à perseguição ideológica, étnica ou religiosa, e ao abuso dos seus direitos.

E não podemos ignorar como os riscos crescentes de intolerância, incitamento ao ódio e à violência têm vindo a ganhar espaço, reforçando o caudal de vítimas de discriminação, xenofobia e actos antissemitas.

Os dados sobre antissemitismo em países da União Europeia, recentemente publicados pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia, revelam indícios altamente preocupantes.

Com efeito, uma larga maioria das pessoas inquiridas considera o antissemitismo e o racismo como os problemas mais prementes do nosso tempo, e observa com particular preocupação o crescimento deste fenómeno, sobretudo através da Internet e das redes sociais. Muitos temem pela sua segurança; mais de um terço foi vítima de actos antissemitas, incluindo ataques físicos e a destruição de bens. Cerca de 40% dos auscultados ponderaram emigrar, enquanto 13% se sentiram forçado a mudar de residência. Apesar disso, 80% das vítimas preferiram não denunciar estes incidentes às autoridades, embora conhecessem a legislação destinada à sua protecção e as organizações que poderiam intervir em sua defesa.

A insegurança das vítimas e a falta de denúncia e investigação destes incidentes tem contribuído para reforçar o medo e o sentimento de impunidade. E assim vai crescendo a indiferença e a banalização deste fenómeno.

Este é o nosso desafio. Quando a indiferença aumenta, ganha força a intolerância e cresce o risco da violência e do incitamento ao ódio.

Por isso importa agir. Para nunca esquecer as atrocidades do passado, o assassínio de seis milhões de judeus e a perseguição, tortura e morte de milhares de outras vítimas consideradas indesejáveis pelo regime nazi — porque eram de etnia cigana, portadores de deficiência, homossexuais, opositores políticos... Para nunca esquecer os milhares de refugiados, notáveis e desconhecidos, em trânsito ou com residência fixa, que procuraram abrigo no nosso país, e reconhecer os cidadãos e organizações que lhes prestaram apoio. Para nunca esquecer a coragem de salvadores portugueses que durante a guerra se notabilizaram pela sua acção em defesa da dignidade humana e protecção de pessoas em perigo — diplomatas, como Aristides de Sousa Mendes, Sampaio Garrido e Teixeira Branquinho, homens da Igreja, como monsenhor Joaquim Carreira, ou ainda José Brito Mendes, emigrante em França e reconhecido como “Justo entre as Nações”.

E importa sobretudo jamais esquecer a oportunidade e responsabilidade que todos temos de impedir que a apatia vingue e possa encontrar forma de permitir a barbárie uma vez mais. Porque, como sublinhava Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto e prémio Nobel da Paz,não podemos esquecer que mesmo os que estavam perto se recusaram a ouvir. E mesmo os que escutaram se recusaram a acreditar. E mesmo os que acreditaram não conseguiram compreender”.

Comissária do Programa Nacional Nunca Esquecer – Em Torno da Memória do Holocausto

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DemocrataXXI EXPERIENTE: Se a Anne Frank pudesse ver, a coisa a repetir se

ivojacome.1043113 INICIANTE: Lembrar para que não aconteça jamais.

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