sábado, 23 de janeiro de 2021

O grito


De Alberto Gonçalves, que não desarma, e com isso atraiu soma de comentários enraivecidos, uns a favor outros contra, alguns impróprios para consumo. Tudo o que afirma está certo, mas contra um tal vírus tão maligno – no plural, agora –que sabemos nós de como agir? Como agiria Alberto Gonçalves caso fosse ele PM?

Os “negacionistas”, ou  vaificartudomuitomal /premium

Não são os “negacionistas” que sobre a contenção da Covid já disseram tudo e o seu contrário, num desnorte que nos últimos dias chamou a atenção de várias juntas psiquiátricas.

ALBERTO GONÇALVES

OBSERVADOR, 23 jan 2021

Nos últimos tempos, a pretexto da Covid, convencionou-se chamar “negacionistas” a todos os que ousam colocar em causa a palavra dos senhores que mandam nisto. Dado que a palavra destes muda a cada dia, ou às vezes em poucas horas, não se percebe qual o grau de amnésia, ou simples estupidez, necessário para se levar semelhante palavra a sério. Porém, esse não é o ponto. O ponto é que, conforme acontece nas nações menos afeiçoadas a preceitos democráticos, a prepotência e a inaptidão precisam de bodes expiatórios para não parecerem tão prepotentes e inaptos. E os “negacionistas” vêm a calhar. Mas não calha bem.

Começo por notar que os “negacionistas” não prejudicam ninguém: não são eles que propagam a Covid aos cidadãos cumpridores que, justamente por não serem “negacionistas”, não violam as 7.329 (em actualização) regras do “confinamento”, não se expõem a riscos desnecessários e nunca se cruzariam com um negacionista. Se pensarmos um bocadinho, é impossível por definição os cidadãos cumpridores apanharem o vírus, pelo que os hospitais, a estarem repletos, estão repletos de “negacionistas” a sofrer o justo castigo. Fora isto, há mais uns pormenores.

Não são os “negacionistas” que aplaudiram as restrições à liberdade até estas se revelarem tão catastróficas na saúde quanto na economia, momento aproveitado para exigir mais restrições e ilibar o governo no processo: antes do recorde de casos e mortes, o dr. Costa era um líder forte e redentor, agora é um santinho brando e com uma ponta de azar.

Não são os “negacionistas que difundem notícias falsas ou selectivas acerca da “eficácia” dos “confinamentos”, e da sua aplicação “idêntica” em “todos” os países.

Não são os “negacionistas” que forçam “confinamentos” propensos a criar mutações agressivas no vírus e nas cabecinhas.

Não são os “negacionistas” que proíbem os espaços e as actividades ao ar livre, onde o vírus mal se propaga ou não se propaga de todo, para enfiar as pessoas em casa, após convívio caloroso nos transportes públicos, nos supermercados e, até ontem, nas escolas.

Não são os “negacionistas” que identificam a especial perigosidade do vírus em postigos, bancos de jardim, livros, cuecas, na água em “take away” e, depois das 20.00, na pinga.

Não são os “negacionistas” que culpam Trump, Johnson e Bolsonaro pelos efeitos da Covid nos respectivos países e isentam os nossos amados líderes da mesmíssima coisa.

Não são os “negacionistas” que atropelam o (escasso) consenso científico e o mero bom senso para se limitarem a abolir, obrigar e punir, de acordo com os índices de popularidade e falta de vergonha.

Não são os “negacionistas” que tratam os portugueses como criancinhas particularmente retardadas, com direito a prendinhas pelo Natal e a tautau pelos abusos subsequentes.

Não são os “negacionistas” que sobre a contenção da Covid já disseram tudo e o seu contrário, num desnorte que nos últimos dias chamou a atenção de várias juntas psiquiátricas.

Não são os “negacionistas” que andam há quase um ano a ignorar os lares de velhos, os quais contribuem com cerca de um terço das mortes “de” ou “com” Covid.

Não são os “negacionistas” que passaram anos a louvar o “melhor serviço nacional de saúde do mundo” ao mesmo tempo que lhe retiravam verbas e o deixavam no estado desgraçado que já se constatava antes da Covid.

Não são os “negacionistas” que por fanatismo ideológico recusam a colaboração dos hospitais privados, excepto através de ameaças tresloucadas de “requisição civil”, uma brincadeira que levaria os proprietários a fechar o tasco e os respectivos médicos a fugir em debandada da Venezuela.

Não são os “negacionistas” que, para disfarçar a debilidade dos hospitais públicos, condenam à morte milhares de pacientes com doenças pelos vistos arcaicas como cancros, enfartes e aborrecimentos afins.

Não são os “negacionistas” que se passeiam escusadamente por lares, hospitais e escolas, acompanhados por repórteres aos magotes e um genérico cheirinho a Terceiro Mundo.

Não são os “negacionistas que elaboraram um plano de vacinação ridículo no papel e inexistente na prática: além do orgulho pelo maior número mundial de infectados e mortos, justifica-se cantar o hino pela menor percentagem de vacinados em todo o Ocidente, conquista que nos demorou apenas três semanas a alcançar.

Não são os “negacionistas” que arruínam pela falência centenas de milhares de famílias para fingir que se tomam “medidas” e “decisões”, a cargo de criaturas que nunca trabalharam na vida.

Não são os “negacionistas” que ouvem e reproduzem o palavreado canalha dos governantes sem uma dissidência, uma questão, uma duvidazinha sequer.

Não são os “negacionistas” que celebram “Abris” e “Primeiros de Maio” e “Avantes!” com especiais proximidade e carinho, no fundo para celebrar o privilégio de alguns face à ralé.

Não são os “negacionistas” que exigem a prisão domiciliária da população em peso, desde que o salário dos privilegiados não seja partilhado com os sacrificados para efeitos de “solidariedade” e “união”, penduricalhos tão bonitos na conversa fiada.

Não são os “negacionistas” que alimentam o medo destinado a transformar indivíduos adultos em bonecos servis, e uma sociedade num laboratório de experiências doidas.

Não são os “negacionistas que escarnecem da pobreza que provocam a “salvar vidas” (desculpem) enquanto estrafegam o saque em “investimentos” na TAP e na banca.

Não são os “negacionistas” que espalham o caos e a irracionalidade para simplificar a conquista do Estado e atafulhá-lo com detritos em forma de gente.

Não são os “negacionistas” que usam a Covid para uma ofensiva furiosa contra tudo o que tenta respirar fora da órbita estatal, de hospitais a escolas, passando pela internet e pela liberdade em suma.

Não são os “negacionistas” que defendem a concessão de mais poder a quem usou o poder que já tinha para espalhar mentiras, desfilar arbitrariedade e exibir uma brutal incompetência.

Não são os “negacionistas”, nem a “estirpe inglesa”, nem o frio, nem o sector privado, nem o Natal que fazem com que Portugal caia nesta criminosa miséria: são vocês.

CORONAVÍRUS  SAÚDE PÚBLICA  SAÚDE  PANDEMIA

COMENTÁRIOS:

Ia ficar tudo bem !!!: Mas há mais:

todas as semanas há, pelo menos, 2 dias dedicados ao incitamento ao ódio contra os "negacionistas". O Marcelo corre logo para a frente da coluna com os archotes em riste. No Alabama, no primeiro terço do século XX, sei bem quem o Marcelo seria. Não falta na TV e nas rádios os Physical Jerks (mentores do exercício em casa) Todos os jornais são uni-versões do The Timesditado pelo The Ministry of truth (minitrue) Bellyfeel: uma aceitação cega e entusiástica de ideias inculcadas sem qualquer validade racional. Doublethinking Unperson: (ex. a parrachita) Temos um Ministry of Plenty (liderado pelo Siza Vieira) Temos, há muito já, uma Novilíngua (negacionista, especialista, achatar a curva, RT, confinamento, distanciamento social, turismo virtual, afecto virtual, stayawaycovid, nova vaga) Todo o governo é um Ministério da Guerra. Temos o "crime-pensar" e a Thought police. Temos Junior Anti Sex League (conhecem e fazem namoradas pelo telescreen , terminam o namoro sem nunca se encontrarem porque têm medo do contágio. pessoalmente conheço 3). Decorre do ponto anterior que a prazo instituirão o Artsem. Temos um Black Market de isenções às restrições. Ainda não temos, mas havemos de lá chegar, o ministério do amor onde os dissidentes serão torturados, reeducados ou Vaporized. Os alemães já começaram a propor campos de internamento para dissidentes. Hoje a ver notícias (irei flagelar-me em penitência) desabafei de mim para mim sibilando: "estamos em 1984". Diz a minha mulher: "não. estamos em 2021". Quero ir para a ilha!!!! para terminar: O termo "negacionista" é o equivalente do incredulous: " não disposto ou renitente a acreditar; não crer, em qualquer caso, é usar uma expressão imprópria facial (aparentar incredulidade quando uma vitória é anunciada, por exemplo) e é por si só uma ofensa punível "

David Pereira: O salvador do mundo e da humanidade que tomou posse na 4a em Washington e que ouve a ciência afirmou em público que não há nada a fazer para alterar a trajectória do vírus nos próximos meses, apenas imprimir dinheiro. Pelos vistos é tão ou mais negacionista que o antecessor. Estamos a passar um momento difícil e não basta encolher os ombros mas se o mundo parasse de acreditar na fantasia que o dinheiro cresce nas árvores e que pode ter uma sociedade inteira trancada em casa até.... talvez se tomassem medidas mais acertadas, ponderadas e focadas.

Paulo Guerra: Por mais que custe imaginar o que irá pela cabeça de um negacionista, quando se leva com isto de chofre até custa a acreditar que isto existe mesmo. E só li dois parágrafos.

Cipião Numantino: São vocês!!! Fantástico grito de revolta a do nosso estimado AG. A elencagem de tantos e tantos itens que AG magistralmente escreveu, pôs-me as orelhas a arder. E por certo vos garanto que não foi devido a qualquer assunção de culpa que, de resto, não faria qualquer sentido. Uma miséria! Uma miséria moral que eu, um razoável moderado, já não consigo tolerar. Quem por aqui lê os meus comentários sabe bem que promovo diálogos com toda a gente. Seja de esquerda, de direita ou dos lados, pacto sempre as minhas intervenções por um rigor que mesmo aqueles que com estas não concordam, deduzo que compreenderão que não ando por aqui para achincalhar ou amesquinhar ninguém. De resto, eventuais picardias avulsas, não são nada mais do que isso, meras picardias. Não sou de direita, nem do centro nem das margens. Nunca fui, por exemplo, um indefectível de Passos atribuindo-lhe erros de percurso que só os mais distraídos tentam ignorar. Mal ou bem penso sempre pela minha cabeça, e é tudo. Vem isto a propósito do que a seguir vou escrever. Ainda ninguém se atrevia a demonizar o Socras e, já eu e a então apreciada Maria RR, no entretanto “falecido” DN, escarrapachávamos em forma de letra aquilo com que a grande maioria das pessoas ainda nem sonhava. Há, de resto, comentadores habituais aqui no OBS que podem testemunhar isso mesmo. Foi um autêntico escândalo que merecia pronto rebate de alguns comentadores que à época eu apreciava e o ataque soez da matilha esquerdosa que acolitava o dito cujo. Aqui chegado, custa-me bastante constatar que começo a ter saudades dele. Estranho? Nem por isso! Socras, no meio da incontinência venal em que aparentemente se envolveu, ainda me parecia ter uma ideia para o país. Uma espécie do político brasileiro que afirmou “roubo, mas faço”! Sabemos, agora, que Socras foi vítima das suas próprias contradições e, com isto, arrastou o país para o opróbrio e a desgraça, desde sempre acolitado pela maioria daqueles que agora seguem regendo os destinos do país. Nos dias de hoje estamos onde nos encontramos. Outra vez numa encruzilhada onde impera a habitual desgraceira xuxareca e só não sabemos, por agora, se campeará igualmente a sua contumaz venalidade. Esta trupe que nos governa perdeu decididamente a tramonta. E, de resto, se Socras ainda pelo menos sabia falar, agorinha, temos uma espécie de palrador sem graça que tropeça e se embrulha no seu mais que desagradável e confuso palavreado. Mau demais, para ser simplesmente suportado. E pela primeira vez, na minha vida como cidadão português, me sinto profundamente envergonhado. Dois políticos (não me interessa porra nenhuma se são de direita ou de esquerda) apontam com aparentes razões objectivas uma vigarice que parece evidente mesmo aos mais distraídos. A resposta da trupe “que quem se mete com eles, leva”, não se fez esperar. E só faltou mesmo um tribunal plenário que julgasse em surdina, a traição à pátria que desde logo lhes foi imputada. Quer dizer, a marosca salafrária, para eles, justifica-se. Não se justificará, isso sim, a sua apropriada divulgação. Decididamente, é obra! Ergue-te do túmulo Afonso Albuquerque; empunha a espada outra vez Afonso Henriques; vem ver o que se passa João II; desce à terra e empenha outra vez as barbas João de Castro; coloca outra vez a corda ao pescoço justo e honrado Egas Moniz! Esta gente está a desonrar-me como orgulhoso português que sou! Insuportável! Absolutamente insuportável e acabrunhante! Não há honradez que resista! Já me basta que estejam, outra vez, a levar o país para a desgraça! É demais. É mherdhosamente demais!...

Margarida Oliveira > Cipião Numantino: Não parece mesmo haver nada a fazer com este pavão-parasita dos lençóis pré-fabricados – mais que falta de pudor, parece caso elementar de psicopatia. Deixe o cronista e o seu talento em paz e procure ajuda sem demora! Até para pavões-parasitas, que se recusam a aceitar o óbvio, e morrer do respectivo ridículo, há solução médica, acredite.

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