Ou nova “receita
para fazer um herói”, no nosso espaço e no nosso tempo de simplicidade arguta. Fenomenal, a
crónica de ALBERTO GONÇALVES, brincando aos jogos da nossa infância.
Mas os heróis de hoje servem-se vivos. Felizmente,
de resto. Releiamos, pois, Reinaldo
Ferreira, para desanuviar:
RECEITA PARA FAZER UM HERÓI
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
O Jogo da Glória do “cartilheiro”
socialista /premium
Nas
mãos de loucos, para cúmulo loucos mentirosos, para cúmulo mentirosos
incompetentes, Portugal lançou-se à maluca para um desastre sanitário, uma
pobreza sem fim e uma repressão sem regresso.
ALBERTO GONÇALVES, Colunista do
Observador
OBSERVADOR, 30 jan
2021, 00:071
3. O
dr. Costa e o prof. Marcelo culpam os abusos natalícios pelo aumento de
casos de Covid. Você desabafa no
Twitter que os portugueses não têm emenda e que isto só se resolve através de
restrições mais duras e da concessão de mais poder aos únicos portugueses
esclarecidos: os que por sorte estão no Governo. Você avança duas casas e ganha
seiscentos novos seguidores.
12. Por
óbvia ordem do dr. Costa, o ministro da Educação cancela as aulas e proíbe o
ensino à distância nas escolas públicas e privadas. Você comove-se com o zelo igualitário do governante
e lamenta, “muito sinceramente”, a crueldade dos que desprezam os
desfavorecidos. Avança três casas e é sondado para uma coluna regular no
popular DN.
17. O
governo anuncia mais restrições, calamidades, emergências e falências. Você apoia
todas, apela ao pânico geral para combater a Covid e aplaude o trabalho
dos “media” na difusão da histeria. Avança quatro casas e é
chamado a emitir opiniões ocasionais nos noticiários da TVI.
24. O
vídeo em que um eurodeputado espanhol arrasa as trapaças do Governo
português no caso do procurador europeu é visto por milhões. Você garante que nunca viu e não sabe do que se trata,
embora partilhe o vídeo em que uma eurodeputada do PS, incapaz de dizer coisa
com coisa, responde ao espanhol com orgulho patriótico. Avança uma casa, mas pequenina,
T0 ou assim.
35. O
número de casos e mortos mantém-se em queda livre – se virarmos o
gráfico de cabeça para baixo. Além de elogiar os esforços da ministra Marta,
que propõe para duas ou três comendas e um busto, você assina no “Público” um texto no qual prevê a
necessidade de oito a dez meses de confinamento e demonstra especial preocupação com a “estirpe
inglesa” do vírus. Avança cinco casas e direito a aparecer no programa da
Cristina, na qualidade de “especialista”.
39.
A vacinação contra a Covid, que até aí
não lhe chamara a atenção por obedecer a um plano espectacular e uma
aplicação que demorará anos, desperta-lhe o interesse no momento em que os
políticos passam à frente de toda a gente na prioridade de acesso à vacina. Você
corre para o Facebook, a defender os fura-filas e condenar a “demagogia” e o
“populismo” dos respectivos críticos. Avança três casas, amealha 300 “likes” e conquista
um espaço no novo painel de analistas imparciais da SIC.
46. O
prof. Marcelo vence as eleições presidenciais, porque os portugueses prezam a
estabilidade e precisam da singular lucidez do homem para continuar a
derrotar a pandemia. Já na SIC, você confirma
estas evidências e acrescenta alguma preocupação com a inédita ascensão do
fascismo, que no seu entender não ascendia por cá desde a última vez em que
ascendeu. Avança duas casas e aceita um convite para intervir num
debate (via Zoom) organizado pelo BE, subordinado ao tema “Estás-te a passar?
Racismo em Tempos de Pandemia”.
50. Com
os casos e mortes “com” ou “de” Covid a baterem máximos internacionais, o dr.
Costa vai à “Quadratura do Não Sei Quê” gargalhar um bocado e desfilar mentiras
cabeludas (incluindo nas orelhas). Desmentindo o ministro e o próprio Conselho
de Ministros, o dr. Costa nega que alguma vez tenha sido proibido o ensino à
distância. Você corrobora freneticamente a patranha e escarnece dos que,
para efeitos de chicana política, fingiram entender o contrário. De brinde,
elogia a liderança do Primeiro-Ministro e a exuberância capilar do
Primeiro-Ministro. Avança seis casas e é contratado para uma coluna semanal no
“Expresso”.
56. Ladrões
avulsos roubam vacinas a velhinhos para consumo próprio. Dado que alguns
ladrões são naturalmente filiados no PS, você estreia-se no “Expresso” a acusar
a oposição (?) de querer “desviar o foco dos assuntos que verdadeiramente
importam aos Portugueses”, tendo o cuidado, em quatro mil caracteres, de não
referir que assuntos são esses. Avança duas casas e candidata-se
a um “podcast” no “online” do prestigiado semanário.
64. O
“Público” publica uma notícia acerca da “descoordenação” na campanha de
vacinação – no Brasil. Você adere a uma manifestação por Skype a reclamar
a impugnação do “assassino” Bolsonaro. Avança uma casa e recebe
um convite do Fórum TSF seguinte, onde participa a título de “perito em
relações internacionais”.
68. Ao
lado daquela ministra que está sempre a rir ou a dormir, o ministro da Educação
acha um “ultraje” a acusação de que ele, que fala português tão bem quanto o
chefe, proibiu o ensino à distância. Na SIC, ou na TVI, ou num FaceTime com um primo, que você já
nem sabe a quantas anda, você sugere que os anti-patriotas sejam reparados em
campos de reeducação, de preferência presencial. Avança duas casas e é o recente
titular de uma página ensaística no “Record”.
75. As
televisões continuam a mostrar o caos hospitalar, fruto de um SNS invencível
e longos meses de preparação a cargo da tutela. Receando que as imagens do
pandemónio perturbem a popularidade do dr. Costa, em vez de lhe reforçar o
poder como até aqui, você faz dois artigos e um TikTok a achar escandalosa a
insistência nessas matérias. Avança três casas e abre, com
sucesso imediato, conta no Instagram.
78. O prof. Marcelo informa o país que: a) a nova “vaga” começou a Ocidente, o que
é uma anedota gira; b) o fundamental “é não perder a linha de rumo”, já
perdida há muito; c) a vacinação tem de continuar, embora mal tenha
começado; d) a culpa é da irresponsabilidade dos cidadãos, que
quando não são os melhores do mundo são umas bestas; e) há que
confinar até Abril, de facto decretando o óbito social e económico da nação e f) só podemos
sair de casa para o imprescindível, ainda que ele saia unicamente para dizer
coisas destas. Você elogia tudo e em toda
a parte: rádio, televisão, jornal e Instagram. Avança três casas e
atende um telefonema da Casa Civil, a convidá-lo para uma conversa em Belém,
“após a pandemia ou depois de amanhã”.
83. A
preparação do ensino à distância,
adequadamente assegurada em Abril, consolidou-se há uma semana, com a compra
de uma data de computadores no refugo. Você desvaloriza o ligeiro atraso
(como outros desvalorizam o seu ligeiro atraso) e concede uma entrevista ao JN
em que compara a acção intrépida do Governo ao desembarque na Normandia (caso
este tivesse ocorrido em 1957). Avança três casas e almoça,
no restaurante da AR, com um alto dirigente socialista, que lhe faz avanços,
presumivelmente de ordem partidária.
90. Nas mãos de loucos, para cúmulo
loucos mentirosos, para cúmulo
mentirosos incompetentes, Portugal lançou-se à maluca para
um desastre sanitário, uma pobreza sem fim e uma repressão sem regresso. A economia sumiu, as fronteiras fecharam,
o ensino aboliu-se, os hospitais desabaram. No estrangeiro, olham estupefactos
para nós. E, homenageadas pela aprovação
parlamentar da eutanásia, demasiadas pessoas morrem, com Covid e com
o que calha. Das que sobram, muitas sentem-se
exaustas e sabem-se condenadas, à morte ou à miséria. Você não.
Você avança até à casa final, inventa um currículo à pressa e torna-se num nome
a considerar em próxima remodelação governamental ou na administração de uma
empresa pública. Na sua ridícula cabeça, é a glória. Parabéns!
POLÍTICA GOVERNO MARCELO
REBELO DE SOUSA PRESIDENTE
DA REPÚBLICA ANTÓNIO COSTA
COMENTÁRIOS:
Daniel Pinto: EXCELENTE! Só
não vê quem não quer... Bom fim de
semana, com Saúde! Coronavirus
corona: O que se viu após cada debate de André
Ventura foi esse desfile de cartilheiros a fazer o seu triste número. A
resposta de Portugal foi muito forte. A arrogância de muitos jornalistas e
muitos comentadores levou um forte safanão. Ainda não perceberam que o sucesso de André Ventura se
deve, precisamente, ao facto de não seguir a cartilha e falar da realidade. JB Dias: Imagem real dos que começam por estas, ou outras,
caixas de comentários - todos os conhecemos já - e que ouvimos e vemos depois
nas rádios e nas televisões a debitar as mesmas loas e a insistir numa
narrativa em substituição da realidade quando incómoda. Triste sociedade esta
que os gera e sustenta!
pereira b: só com testes chineses, isto com testes chineses vai
lá, ahah zebedeus Abel Alves: Não
viram com Sócrates o que pensa Portugal do Socialismo?
Cipião Numantino: Bateu forte o
nosso estimado AG! Um país, um
sistema e uma agremiação política entregue a cartilheiros e a tarefeiros. Quer
dizer, a cartilha é a mesma, só que uns utilizam o paradigma como pessoal
negócio e, os outros, são mais tipo verbos de encher que poderiam perfeitamente
ser pides ou bufos dos tempos da outra Senhora. Mas as disfunções cognitivas
são precisamente as mesmas e a atávica mania de querer a fruição dos bens
alheios uma espécie de alfa e ómega que sempre norteou e continuará a nortear
as suas desprezíveis vidas. Alguém
escreveu um dia que “socialismo é coisa para fracassados”. Por mim não chegaria tão longe já que imediatamente
intuo que muitos deles se instalaram, e bem, na vida. Olhem-me para o 44,
reparem no Varinha (não sei se de porcos se de robalos), fisguem o Paulo
Camposão (reconheço que mais para a direita também existe gente de tal
quilate)! Tudo triunfadores e em grande estilo, o que só por si vem sabiamente
comprovar que o Triunfo dos Porcos não se tratou de uma singular boutade de
Orwell, mas sim a genial presunção deste que na gamela estatal uns xuxualistas
comem mais levedura do que outros. E, mais significativo ainda, que a
excelência da rapina de uns condenam todos os demais a uma espécie de miséria
envergonhada. Ainda, assim mesmo, ficam todos contentinhos. Os primeiros como
cartilheiros ditando as regras da seita e, os segundos, que designaria por
tarefeiros, limpando as latrinas das borrascosas trampas que os primeiros
urdem. Reparem por aqui em certos comentadores e respondam-me se tal papel não
lhes assenta como uma luva, hein? Trilhamos um caminho sem retorno. Estamos sob
a pata de organizações de tipo mafioso. Como aliás todos os governos têm
pretensões de o ser. O estado, em si, é em certo sentido uma organização mafiosa.
Dita as leis em causa própria e fá-las cumprir coercitivamente. Primeiro
ameaça-te, se necessário manda a polícia dar-te porrada, a seguir rouba-te o
que tens e, finalmente, encarcera-te até tu aprenderes a ganhar juizinho e a
manteres o bico calado. De permeio obriga-te a trabalhar mais de meio ano para
ele (é isso justamente o que sucede em Portugal) e se reclamares sufoca-te com
coimas até ficares caladinho que nem um rato, sob pena de a alternativa à
prisão seja colocar-te permanentemente na miséria. Ora se a um estado, digamos
normal, se juntar uma trupe xuxualista a tomar conta do leme então, já sabes,
tens toda a tua vida phod ida (desculpem o meu francês). Já vai longo o meu comentário, mas ainda assim
lembrei-me de um episódio pitoresco. Tenham lá paciência que eu vou resumir e
quem quiser que vá depois à NET para melhor se esclarecer. Bastará procurar a
designação que a seguir vou incluir que logo saltará à vista. Como todos sabem, o México, é um estado falhado.
Governado desde há muito por socialistas, como é de bom tom, e não é por acaso
que por aqui se fala que estamos a mexicanizar o nosso regime. Os indícios,
convenhamos, são perfeitamente aterradores! Mas
vamos ao assunto. Todos relacionamos o México com cartéis de droga mas, desde há
uns anos a esta parte, a bandidagem de lá começou a diversificar os seus
“investimentos”. Vai daí, uns quantos dedicaram-se a rapinar madeira valiosa e
assentaram arraiais numa pequena cidade chamada Cherán, no estado de Miochacán
onde aliás a maioria dos seus habitantes são índios da tribo Purepecha. Pois
bem, os bandidos foram desmatando, desmatando esses terrenos comunais e quem se
atrevia a reclamar era logo silenciado à porrada ou mesmo morto. Até que
chegaram às nascentes de água que forneciam a cidade e aí a coisa
precipitou-se. Com os homens
acobardados, foram as mulheres que se armaram com o que tinham à mão e confrontaram
os bandidos. E tal como sucedeu por aqui na célebre revolta da Maria da Fonte a
coisa começou com as mulheres e acabou com os homens envolvidos. Criaram uma milícia armada, prenderam muitos dos
malandros e ainda tiveram que assentar o porrete a sério em muitos deles.
Isto já foi em 2011 e essa milícia tem resistido à
tropa e polícia mandada pelo governador do estado ou a decisões dos tribunais
locais. Por sua vez, o governo do México, resolveu seguir a política do “se não
os consegues vencer, junta-te a eles”. Plantaram
já milhões de árvores para reflorestamento dos espaços esbulhados e o crime
avassalador que antes os dominou desapareceu totalmente. E mais não escrevo. Cada um que tire as suas próprias conclusões!... Dr. Feelgood > Cipião Numantino: .... e não há meio dos lençóis se confinarem, irra que
é preciso uma paciência de santo para tanto pano...! Mas olha, devias era ter mencionado o teu grande ídolo
Catarina Eufémia em vez duma verdadeira heroína como essa da Fonte.
Estimo as melhoras.
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