Pesquisa e organização de JOSÉ CARLOS
FERNANDES, acompanhado de fotos de quadros e mapas, cujas legendas – apenas - coloco
nesta II Parte. Um trabalho de muito interesse que se lê como um romance
do mundo, aclarando as pistas dos fenómenos descritos, de um mundo, afinal,
sempre em convulsão, e ainda hoje, tantos são os casos de miséria e dor, mesmo
excluída a pandemia…
Da queda do Império Romano à Covid-19: quais foram os
piores anos da História? /premium
JOSÉ CARLOS FERNANDES OBSERVADOR, 01 jan 2021
1315: A Grande Fome
Entre meados do século X e o final do
século XIII, a Europa gozou de um clima relativamente ameno, que os
paleoclimatologistas designam como “Óptimo Climático Medieval” e que induziu um forte crescimento populacional e até
permitiu que os vikings estabelecessem colónias na Gronelândia e na Terra
Nova. Isto não significou, claro, que a vida
das massas se tivesse tornado mais aprazível e desafogada, até porque o
maior número de bocas fez subir o preço dos alimentos e fomes localizadas foram
deixando o seu rasto de morte e miséria um pouco por todo o continente. Mas a fome
que teve início em 1315 foi diferente das anteriores, pois afectou quase toda a
Europa, com especial incidência nas regiões setentrionais.
Cerca
de sete semanas depois da Páscoa, abateram-se sobre o norte do continente
fortes chuvas, que se prolongaram pelo Verão dentro, destruindo a maior parte
das colheitas (que ou não atingiram a maturação ou apodreceram no solo) e
privando o gado de forragem. Com o sol permanentemente envolto em nuvens ou
neblinas, caiu também a produção de sal, que era essencial para a conservação
da carne. A fome começou a grassar, pois nem sequer havia o recurso, empregue
em fomes localizadas anteriores, de importar cereais de regiões que não
tivessem sofrido com o mau tempo, pois desta vez a perda de colheitas era
generalizada. A única esperança estava em que 1316 fosse
um bom ano agrícola, mas a Primavera e Verão de 1316 não foram diferentes
dos de 1315 e quando o Outono chegou apurou-se que a colheita de cereais de
1316 fora ainda pior do que a de 1315 – na verdade, foi uma das piores de toda
a Idade Média. O tempo invulgarmente chuvoso prolongou-se por 1317 e 1318 e
foi agravado por um Inverno glacial em 1317-18, que dizimou as populações
debilitadas pela fome. Muitas
terras foram sendo abandonadas,
pois os agricultores, em desespero, tinham comido a parte da colheita destinada
à sementeira seguinte, bem como os animais usados na lavoura – de qualquer
modo, alguns campos estavam tão empapados de água que, mesmo que restassem
sementes, bois e gente com energia para conduzir um arado, os trabalhos
agrícolas seriam extremamente custosos. O único benefício que adveio deste
dilúvio foi que a rotina de guerras, incursões e escaramuças usual na Idade
Média ficou suspensa – quando, em Agosto de 1315, Luís X
de França tentou pôr
na ordem os seus insubmissos súbditos flamengos, o seu exército acabou atascado
na lama – no pino do Verão – e teve de retirar-se, deixando para trás quase
todo o equipamento e bagagem.
O
tempo e as colheitas melhoraram em 1319, mas só regressaram aos padrões usuais
em 1322 – para trás
ficaram cerca de 7.5 milhões de mortos, com as perdas a representarem 10-15%
da população no Sul de Inglaterra e 10% em França. Os anos de privações
resultaram também num aumento acentuado da criminalidade e do fanatismo
religioso e na erosão do sistema de valores da sociedade e na confiança na
Igreja e nos governantes, que se tinham revelado impotentes para acudir ao
sofrimento do povo, e prepararam o terreno para a crueldade sem quartel da Guerra
dos Cem Anos.
E o que terá causado estes anos de
chuvas intensas e fenómenos climáticos extremos? Há duas hipóteses principais:
1) A
quantidade colossal de cinzas projectadas na atmosfera pela erupção, c.1315, do
Monte Tarawera, na Nova Zelândia (também conhecida como “erupção Kaharoa”);
2) A
alteração no padrão de circulação atmosférica no Atlântico Norte, que é função
de um equilíbrio complexo na diferença de pressão atmosférica ao nível do mar,
a que é dado o nome de “Oscilação do Atlântico Norte” (NAO, na sigla inglesa) e que condiciona a
trajectória das tempestades que se deslocam para leste. Quando a
diferença de pressão entre o anticiclone dos Açores e a depressão da Islândia é
grande (NAO positivo), a via fica aberta para as tempestades atingirem a Europa
Setentrional, quando é baixa (NAO negativo), as tempestades incidem mais sobre
a Bacia Mediterrânica. A Grande Fome poderá ter resultado de anos consecutivos
de NAO elevado.
1347: Peste Negra
Um
relatório elaborado pela faculdade médica da Universidade de Paris, a pedido
de Filipe VI de França, atribuiu a pandemia de Peste Negra a uma “grande
pestilência no ar”, causada pela conjunção de três planetas em 1345. Em vez
de ficarem absortos na contemplação do céu, os eminentes professores
parisienses teriam feito melhor em olhar para o chão e para os seus
habitantes mais rasteiros, pois tudo indica que o bacilo Yersinia pestis tenha
chegado à Europa à boleia das pulgas dos ratos que desembarcaram dos navios
vindos da colónia genovesa de Kaffa (também conhecida por Feodosia), na
Crimeia, que estava sob cerco de forças mongóis. Os sucessores de Genghis Khan – neste caso a Horda Dourada, de Jani Beng – tinham
herdado do fundador do Império Mongol práticas de combate pouco escrupulosas e
terão catapultado para dentro das muralhas de Kaffa corpos de vítimas da peste (a guerra
biológica não começou com a manipulação genética). Tenha sido através destes projécteis ou, de forma
mais discreta e comezinha, através dos ratos que circulavam livremente entre
sitiantes e sitiados, o certo é que a peste tomou conta de Kaffa, levando a
que muitos mercadores
genoveses abandonassem a cidade no Verão
de 1347. Os navios
genoveses foram espalhando a doença pelos sítios onde aportaram –
Constantinopla, Messina (na Sicília), Génova e Veneza – e no final de 1351 já
alastrara a toda a Europa.
Estudos
genéticos indicam que, tal como acontecera com a “peste justiniana”
de 541-42, esta
variante do bacilo Yersinia pestis teve origem na região de Tian Shan, de onde
terá irradiado para oeste, com as caravanas da Rota da Seda
e os exércitos mongóis, e para leste.
Embora o pico da peste tenha ocorrido em 1347-51, voltaram a ocorrer
surtos localizados ao longo de século e meio (um dos quais foi o que assolou
Londres em 1665-66 e que foi referido acima). É usual referir que a peste
matou 30-60% da população europeia,
mas não deve esquecer-se que os seus efeitos na China não foram menos devastadores,
fazendo a população cair de 120 para 60 milhões de habitantes. É difícil
fazer estimativas a quase sete séculos de distância, mas presume-se que
terão morrido 75-200 milhões de pessoas numa população mundial rondando os 475
milhões.
Há
investigadores que sugerem que a Peste Negra, ao diminuir drasticamente a
população da Europa, Próximo Oriente e China e ao causar um abandono dos campos
em larga escala, poderá estar na origem – ou ter intensificado – o fenómeno
climático conhecido como “Pequena Idade do Gelo”, que se estendeu até ao início do século XIX (ver capítulo “Pestilência e clima” em A pandemia poderá salvar-nos do
apocalipse climático?).
1492: Chegada dos europeus ao Novo
Mundo
Em 1492 tiveram
lugar três eventos-charneira, todos associados aos Reis Católicos, Fernando II
de Aragão e Isabel I de Castela: a capitulação do reino de Granada,
último reduto islâmico na Europa Ocidental; a
expulsão dos judeus de Espanha; a chegada dos primeiros europeus ao Novo Mundo. Os dois primeiros tiveram consequências imediatas, ao
forçar dezenas de milhares de muçulmanos e judeus a deixar as suas terras,
casas e negócios e a recomeçar a sua vida noutras paragens, os primeiros no
Norte de África, os segundos em Portugal (temporariamente) e um pouco por toda
a bacia mediterrânica e marcaram o princípio do fim de uma Espanha multiétnica
e multiconfessional e a ascensão de Espanha ao grupo das nações europeias de
primeiro plano (ver Regresso
a Sefarade: A atribulada história dos judeus ibéricos).
O terceiro evento não produziu efeitos concretos significativos em
1492, mas teve um enorme significado simbólico e gerou maiores repercussões de
longo prazo do que os outros dois. A bem do rigor, convém esclarecer que o capitão
genovês, ao serviço dos Reis Católicos, que
desembarcou, a 12 de Outubro, na ilha que baptizou como San
Salvador (Guanahani, para os seus habitantes),
no arquipélago das Bahamas, não só não fazia ideia de onde estava (julgava ter
chegado ao extremo oriental da Ásia, não a um continente desconhecido dos
europeus), como não
era o primeiro europeu a chegar ao Novo Mundo, pois tinha sido precedido, no
século X, bem mais a norte, na Terra Nova, pelos vikings. Porém, enquanto este contacto não teve
continuidade nem consequências, o desembarque de 1492 mudaria a história do
mundo.
As transferências
culturais e biológicas entre o Novo e o Velho Mundo que se seguiram e que são
hoje designadas por “intercâmbio colombiano” (termo cunhado em 1972 pelo
historiador americano Alfred W. Crosby) envolveram, por exemplo, a introdução
na Europa do milho, da batata e do tomate e a introdução na América de gado
equino e bovino. Porém, os
organismos de origem europeia que tiveram consequências mais imediatas e
ponderosas para os habitantes do Novo Mundo eram de dimensões bem mais modestas
do que os cavalos e as vacas: foram bactérias e vírus responsáveis por doenças
como a varíola, o sarampo, a papeira, a gripe, o tifo, ou a tosse
convulsa . Nos europeus, a maior parte destas
doenças produziam uma mortalidade moderada ou apenas sintomas ligeiros, mas nos
povos americanos, que não possuíam qualquer imunidade contra elas, tinham
efeitos devastadores – a varíola, em particular, terá causado no Novo Mundo, mais mortos
do que a peste bubónica na Europa. Estima-se que nos 100-150 anos após 1492, as
doenças importadas da Europa tenham causado a morte de 80-95% dos indígenas
americanos (ver o capítulo “Encher
um continente vazio” em Ainda há americanos na América?),
facilitando a conquista pelos espanhóis dos impérios Azteca e Inca e a
submissão dos povos americanos em geral
(ver México
vs. Espanha: Quanto séculos são precisos para
apagar esta mágoa?). Os planos das
potências europeias para converter as suas possessões americanas em colónias
florescentes, assentes na exploração da mão-de-obra local nas plantações e
minas, defrontaram-se com o despovoamento da América devido às doenças, aos
massacres e ao tratamento desumano infligido aos nativos, bem como à relutância
destes em sujeitar-se aos regimes de trabalho impostos pelos europeus, o que
levou estes a perpetrar outra ignomínia: a importação em massa de escravos africanos para as colónias
americanas.
O “intercâmbio colombiano” iniciado em 1492 deu um
formidável impulso à prosperidade e poderio da Europa, mas foi calamitoso para
os habitantes originais da América.
Esta contradição tem vindo a tornar-se mais evidente em anos mais recentes,
sobretudo nos países americanos, que resultaram da fusão dos grupos étnicos e
das culturas dos nativos e dos invasores/emigrantes europeus. Muitos destes países celebram o 12 de Outubro, dia do
primeiro desembarque dos espanhóis na Bahamas, como Dia de Colombo, o que causa
compreensíveis pruridos entre os descendentes dos povos indígenas, que vêem o
dia como o início de um dos maiores genocídios da história. Em muitos países da América Latina, o 12 de Outubro
recebeu a designação de Día de la Raza, o
que é ofensivo para quem não pertence à “raça” que nele é exaltada e que é,
claro, a hispânica; os protestos levaram a que alguns países alterassem o
nome do feriado para Dia do Respeito pela Diversidade Cultural (Argentina), Dia
dos Povos Indígenas e do Diálogo Intercultural (Peru), Dia da Resistência
Indígena (Venezuela), ou Dia do Encontro de Culturas (Costa Rica). Talvez não seja possível apurar objectivamente se 1492
foi um annus horribilis ou um annus
mirabilis, mas, a fim de poupar discussões
intermináveis e o reacender de velhos rancores, talvez fosse sensato deixar de
celebrar o 12 de Outubro – a História não deveria ser pretexto para
proclamações de orgulho nem para recriminações e pedidos de reparações, mas
deveria antes providenciar lições para que não repitamos os erros do passado.
1601: Ano sem Verão
As
riquezas extraídas do Novo Mundo pouco fizeram por melhorar a vida das massas
europeias e as fomes continuaram a assolar o Velho Mundo com uma frequência
assustadora. Se bem que algumas se confinassem a um só país ou região, há
registo de fomes generalizadas em 1569-74, 1585-87 e 1590-98. Estas seriam ofuscadas pela fome de 1601-03, que
resultou de um desastroso ano agrícola de 1601, consequência de um acentuado
enfraquecimento da radiação solar e de tempo invulgarmente frio e chuvoso, com
as temperaturas a atingir mínimos de seis séculos. Os relatos de tempo inclemente vão da Alemanha, onde o amadurecimento tardio das uvas comprometeu
a produção de vinho, até ao Japão, onde
o Lago Suwa congelou numa data invulgarmente precoce, mas o país que mais
sofreu com a fome foi a Rússia,
onde terão perecido dois milhões de pessoas – isto é, 1/3 da população do país – o que veio agravar a instabilidade da sociedade
russa, que entrara em crise com a morte, em 1598, do czar Fyodor I (o segundo filho de Ivan o Terrível),
que abriu lugar a uma confusa disputa pela sua sucessão. A Comunidade Polaco-Lituana aproveitou o vazio de poder e o colapso do Estado
russo para invadir o território, dando origem a uma série de conflitos (a que
depois se juntaria a Suécia) que só teve termo em 1613. O período da história russa entre 1598 e 1613, que
ficou conhecido como Tempo das Dificuldades (Smutnoe Vremya) ter-se-á saldado,
de acordo com o já citado Michael White, em 5 milhões de mortos.
Na
origem deste ano sem Verão está
possivelmente a erupção, em 1600, do vulcão Huaynaputina, no Peru, que é considerada como a maior a ter tido lugar na
América do Sul em tempos históricos. A
cidade de Arequipa, a 80 Km de distância, ficou coberta de cinzas e
“durante 30 dias não se viu nem sol, nem lua, nem estrelas”; da Europa à China,
uma névoa avermelhada esbateu o brilho do sol e o gelo do Antárctico atesta a
deposição de cinzas e ácido sulfúrico – estima-se que a erupção terá libertado
50-100 milhões de toneladas de dióxido de enxofre.
1618: Guerra dos Trinta Anos
Aqueles
que não vêem mérito na União Europeia são lestos a apontar a pulsão de cada um
dos seus membros para obter vantagens à custa dos outros, e dão
como exemplo as longas
disputas em torno das quotas de pesca do tamboril e do biqueirão e as “guerras
de fiscalidade” em que países como a Holanda
aliciam as grandes empresas que operam noutros países europeus a estabelecer
domicílio fiscal no seu território, onde beneficiam de regimes fiscais mais
favoráveis, e países como Portugal oferecem aos reformados do
resto da Europa que se registem no país como “residentes não habituais” isenção de IRS durante 10 anos.
Tudo isto é verdade e é muito pouco solidário, mas os
conflitos em torno de regimes fiscais e quotas de pesca são incrivelmente
cordatos e benignos quando comparados com a sucessão de conflitos armados que assolou
a Europa desde a Idade Média até 1945. Para
lá da incessante rotina de guerras de curta duração, a Europa já assistira,
entre 1337 e 1453, à Guerra dos Cem Anos, opondo Inglaterra e França, mas a Guerra dos Trinta Anos (1618-48), embora menos
longa, envolveu mais beligerantes,
disputou-se num teatro mais amplo, foi combatida com mais intensidade e
empregando tecnologia bélica mais destrutiva e afectou mais as populações
civis, do que resultou ter causado 7-8 milhões de mortos, enquanto a Guerra dos
Cem Anos “se ficou” pelos 3.5 milhões. Na origem da Guerra
dos Trinta Anos estão as
tensões político-religiosas que tinham vindo a acumular-se na Europa – e, em
particular, no Sacro Império Germânico – desde a assinatura, em 1555, da Paz de
Augsburg, que pusera termo a um período de conflitos ao instituir o princípio
“cuius regio, eius religio” (“a cada reino a sua religião”), que conferia a
cada um dos príncipes do dito império a escolher a fé do território que
governavam. Esta disposição nada tinha de ecuménico ou
democrático: a escolha estava limitada ao catolicismo e ao luteranismo e aos
súbditos que não perfilhassem a escolha do seu príncipe restava-lhes emigrar
para uma paragem conforme ao seu credo.
A centelha que incendiou este barril de
pólvora foi um episódio ocorrido em
Praga a 23 de Maio de 1618 e que ficou conhecido como “Segunda Defenestração de Praga”. Ao subir ao trono da Boémia, em 1611, Matthias confirmou
aos boémios, que eram maioritariamente protestantes, o direito a exercer a sua
religião (que lhes fora concedido em 1609 pelo imperador Rudolfo II), embora ele
mesmo fosse católico e viesse a subir ao trono do Sacro Império Germânico em
1612. Em 1617, vendo o fim da vida aproximar-se e não tendo
herdeiros, Matthias deliberou entregar o
trono da Boémia ao seu primo Ferdinand
da Estíria, um
católico fervoroso e obstinado, que, embora tivesse, formalmente, reafirmado a
liberdade religiosa dos boémios quando da aceitação da nomeação, começou a
cercear a liberdade religiosa dos seus novos súbditos pouco depois de se ter
instalado no poder. Em Maio de 1618, Ferdinand enviou quatro
representantes a Praga para assumir o controlo da governação do reino, mas os
boémios não estiveram pelos ajustes e atiraram-nos pela janela do 3.º piso do
palácio.
Os
enviados sobreviveram à queda – devido à intervenção da Virgem Maria, segundo
fontes católicas, devido à aterragem num monte de estrume, segundo fontes
protestantes – mas a afronta não foi engolida por Ferdinand (que se
tornaria, pela morte de Matthias, em 1619, no novo líder do Sacro Império
Germânico). Por outro lado, a defenestração serviu de exemplo a outros
territórios protestantes insatisfeitos com os seus governantes católicos para
também se rebelarem, pelo que o conflito foi alastrando, até se tornar num
imenso vórtice em que intervieram, em diferentes fases, pelo lado católico,
a Espanha (em apoio aos primos Habsburg que detinham a coroa do Sacro Império
Germânico) e, pelo lado protestante, a Holanda (que lutava para se libertar do
jugo espanhol, num conflito paralelo conhecido como Guerra dos Oitenta Anos), a
Dinamarca, a Suécia e a França (que era católica mas temia que o triunfo do
Sacro Império Germânico o pudesse tornar demasiado poderoso). Durante breves períodos, também
Inglaterra, Rússia e Polónia intervieram no conflito. A guerra alastrou ao Norte de Itália e também
se travou nas colónias ultramarinas e nos mares disputadas por holandeses,
espanhóis e portugueses (que, até 1640, faziam parte da Monarquia Dual
ibérica), mas o seu palco principal foram os territórios do Sacro Império
Germânico.
Parte da guerra foi travada por
exércitos mercenários, que, basicamente, viviam do que conseguiam extorquir aos
habitantes dos territórios onde estavam aquartelados ou por onde passavam e da
pilhagem das cidades conquistadas. Como a guerra se prolongou muito para lá
do previsto, os cofres das potências beligerantes foram esvaziando-se e o
pagamento dos exércitos regulares começou a atrasar-se, o que levou a que a
soldadesca passasse, como os mercenários, a “viver do que a terra dava”, isto
é, da espoliação dos civis. E esta espoliação tanto se fazia confiscando
dinheiro, alimentos, animais e outros bens aos camponeses, como desmantelando
as suas habitações para obter lenha. Esta obnóxia economia bélica foi
sintetizada numa frase por um dos contendores, o rei sueco Gustavo Adolfo:
“A guerra pagará a guerra”. Gustavo
Adolfo tinha, todavia, compaixão pelos infelizes que viviam nos territórios
rapinados pelas tropas e procurou assegurar que os seus soldados eram pagos
atempadamente – até que pereceu na Batalha de Lützen, em 1632.
Aos constantes confiscos, saques,
incêndios, violações e chacinas perpetrados pelos vários exércitos em combate e
à fome, somou-se outro infortúnio: a confluência no Sacro Império Germânico de
soldados vindos de todos os cantos da Europa, e as movimentações de refugiados,
debilitados pela fome e sem
condições para manter uma higiene apropriada, levaram a uma proliferação
descontrolada de doenças. Estima-se que a violência directa tenha representado
apenas 3% das mortes de civis durante a guerra, cabendo as maiores fatias à
peste bubónica, entretanto regressada à ribalta (64%), à fome (12%), à
disenteria (5%) e ao tifo (4%).
1618 surge nesta lista por ser o ano da eclosão do conflito,
mas esteve longe de ser o pior dos 30 anos da guerra. Foi na década de 1630 que
as condições mais se degradaram, não só devido à desarticulação da sociedade e
das infra-estruturas produtivas por anos de combates, saques e desmandos, como
por os exércitos terem começado a adoptar uma política de terra queimada,
esperando assim privar os exércitos adversários de meios para subsistirem. Por
outro lado, à medida que a destruição foi alastrando, muitos camponeses que
tinham visto as suas quintas e colheitas saqueadas ou reduzidas a cinzas
acabavam por ver no banditismo a única forma de subsistir. Com a guerra e o
banditismo a tornar inviável a circulação de bens e pessoas, o comércio
estiolou e, mesmo que numa região sobrassem cereais, ninguém se arriscava a
tentar vendê-los nas regiões onde escasseassem. Os poucos porcos que conseguiram
escapar-se ao confisco e ao abate regressaram ao estado selvagem,
multiplicaram-se e depredavam os campos agrícolas, enquanto nas cidades, em
contrapartida, desapareceram os cães e os gatos; nalguns locais, nem os
cemitérios ficaram a salvo das hordas de esfomeados.
A Guerra dos Trinta Anos é
usualmente vista como a última grande guerra religiosa na Europa, mas a verdade
é que se o seu início teve motivações religiosas, depressa se transformou num
conflito dinástico e geopolítico, como atesta o facto de a católica França ter
apoiado os protestantes. Mas a maior parte do sofrimento e morte gerados pela
guerra acabaram por nada ter a ver com a luta por posições estratégicas ou com
as ambições das potências europeias: os 600.000 soldados que pereceram no conflito
empalidecem face aos cerca de 7 milhões de “vítimas colaterais” civis.
1783: Erupção do Laki
Em Junho de 1783, a fissura
vulcânica de Laki, na Islândia, iniciou uma
erupção que se arrastaria por oito meses e libertaria 14 Km3 de lava e
nuvens tóxicas de ácido fluorídrico e dióxido de enxofre (120 milhões de
toneladas deste último). A agricultura e a pecuária islandesas foram
arrasadas e a fome subsequente matou ¼ da
população da ilha em apenas um ano; os ventos sopraram as nuvens de gases
tóxicos para a Europa, onde causaram chuvas ácidas e uma acréscimo de
mortalidade ligado a doenças respiratórias estimado em 5%. Ao Verão
invulgarmente quente de 1783 sucedeu um dos Invernos mais frios e tempestuosos
do século; o tempo imprevisível e os fenómenos climáticos extremos (induzidos,
possivelmente, pela erupção do Laki) prosseguiram até 1788, levando a colheitas
fracas e ao alastramento da fome, sobretudo em França, o que alguns
historiadores apontam como tendo contribuído para o clima de descontentamento
popular que desembocou na Revolução Francesa. A erupção
do Laki perturbou o clima em todo o Hemisfério Norte, com efeitos a
estenderem-se até ao Japão, onde uma situação de fome na região de Tōhoku (a
Grande Fome de Tenmei), que começara em 1781, terá sido agravada pelo mau tempo
persistente e consequentes fracassos das colheitas, e até ao Egipto, onde as
cheias do Nilo ficaram abaixo dos níveis habituais e 1/6 da população morreu de
fome em 1784.
Entretanto, a Índia era
afectada por secas persistentes desde 1780, que acabaram por conduzir a dois
surtos de fome, no sul (em 1782-83) e
no norte (em 1783-84) do
subcontinente, que causaram um total de cerca de 11 milhões de mortos. A erupção do Laki foi alheia a este fenómeno
climático, que, supõe-se, terá sido consequência do El Niño (uma oscilação
nas temperaturas da água do mar e no padrão da pressão atmosférica na zona
oriental do Oceano Pacífico que tem implicações no clima global).
1816: Mais um ano sem Verão
Enquanto outros eventos de alteração
climática ficam no campo das hipóteses, a causa do tempo invulgarmente frio em 1816
está
identificada: foi a
erupção, em Abril de 1815, do Monte
Tambora, na ilha de
Sumbawa, na Indonésia, uma das mais violentas registada em tempos históricos. A explosão fez desaparecer o topo do vulcão,
projectando pelos ares 100 km3 de materiais, e o estrondo foi ouvido a 2600 Km
de distância.
Além das 10.000 mortes em Sumbawa que
resultaram directamente da explosão e das cerca de 88.000 mortes que tiveram
lugar nos meses seguintes nas ilhas vizinhas em resultado da fome decorrente da
destruição das colheitas pelas cinzas, os efeitos da erupção estenderam-se a
todo o Hemisfério Norte e duraram muitos meses: as cinzas velaram a luz solar,
originando poentes amarelados e avermelhados e obrigando a que, nalguns dias,
dentro de casa, fosse preciso acender candeias a meio do dia. A queda de 0.5 ºC na temperatura global e o excesso de chuva e neve fizeram com
que muitas colheitas se perdessem ou fossem prejudicadas, levando à ocorrência
de situações de fome um pouco por todo o mundo: na Índia, a alteração no regime de monções causou colheitas
abaixo da média em três anos consecutivos, na China as colheitas falharam e
ocorreram cheias catastróficas no vale do Yangtze e estima-se que a fome na
Europa tenha causado 65.000 mortos.
1850:
Rebelião Taiping
Algumas
calamidades têm origem em fenómenos naturais de esmagadora magnitude, como mega-erupções vulcânicas ou alterações no padrão de circulação
atmosférica. Um dos
conflitos mais destruidores da história da China teve origem num evento
aparentemente insignificante e inconsequente: em 1836, um rapaz de 22 anos, de
origens modestas, chamado Hong Xiuquan, assistiu, na cidade de Guangzhou
(Cantão), a uma pregação de um missionário protestante americano, que lhe
entregou alguns panfletos de propaganda religiosa.
Apesar
de provir de uma família de camponeses, Hong aspirava a ingressar no
funcionalismo público e viajou por mais de uma vez até Guangzhou para se
submeter, sem êxito, aos exigentes exames de acesso – foi na segunda tentativa
que se cruzou com o dito missionário. Nem a pregação nem os panfletos parecem
ter tido efeito sobre Hong, mas quando, no ano seguinte, se apresentou a exame
pela terceira vez e voltou a ser rejeitado, sofreu um esgotamento nervoso e
teve algumas visões enigmáticas de um mundo celestial. Durante algum tempo,
Hong pôs de parte as suas aspirações a funcionário imperial, mas em 1843,
voltou a fazer os exames e falhou mais uma vez; só então se deu ao trabalho de
ler os panfletos que recebera em 1826 e, subitamente, as visões que tivera em
1827 fizeram todo o sentido: compreendeu que era o irmão mais novo de Jesus
Cristo e que estava investido de uma missão divina.
O imperador Xianfeng, o oitavo da
dinastia Qing, reinou entre 1850 e 1861
Hong
aderiu a uma versão muito sui generis do cristianismo, destruiu estátuas e
textos confucionistas e budistas, empenhou-se em longos périplos de pregação e
redigiu uma versão muito pessoal da Bíblia, que designou como a “Versão Taiping
Autorizada da Bíblia” e fez saber que o “cristianismo Taiping” era, afinal,
a religião original da China, antes de ter sido suplantada pelo confucionismo e
pelo budismo. A adesão das massas a crenças nada tem a ver com a plausibilidade
e a coerência destas e em 1850, a Sociedade dos Adoradores de Deus – assim se
designava formalmente a seita liderada por Hong – já tinha 20.000 seguidores e
as autoridades Qing entenderam que tinha chegado a altura de reprimi-los. O
resultado não foi o esperado: a milícia da Sociedade dos Adoradores de Deus
derrotou as tropas Qing, o movimento ganhou ímpeto e, em Janeiro de 1851, Hong
autoproclamou-se como “Rei Celeste do Reino Celeste Taiping”.
Os
taiping tinham vários argumentos susceptíveis de seduzir as massas chinesas:
pretendiam derribar a dinastia Qing, que, por ser de origem manchu, era vista
como usurpadora e opressora por muitos chineses; e defendiam uma sociedade
igualitária e comunitária e a reforma agrária, o que era apetecível para quem
pouco ou nada possuía. Isto permitiu-lhes angariar novos adeptos e constituir o
Sempre-Vitorioso Exército, que enfrentou os exércitos Qing numa sucessão de
batalhas, com resultados variáveis em termos militares, mas saldando-se sempre
em numerosos mortos para ambos os lados e na destruição de colheitas, aldeias e
cidades.
Os taiping sitiados na cidade de
Fucheng rompem o cerco montado pelo exército manchu, Maio de 1854
Para
o relativo sucesso dos taiping contribuiu o facto de os Qing terem, ao mesmo
tempo de se haver com outros movimentos revoltosos, nomeadamente a Rebelião
Nian, iniciada em 1853, e a Rebelião Panthay, iniciada em 1855 e protagonizado
pelos povos muçulmanos (Hui) de Yunnan, no sudoeste da China.
A
Grã-Bretanha e a França, que há
muito olhavam com cobiça para o declinante Império do Meio e tinham vindo a
exigir aos chineses concessões territoriais e acordos comerciais favoráveis,
tinham-se envolvido, em 1856, num conflito com os Qing, que ficou conhecido
como Segunda Guerra do Ópio; as potências europeias começaram por olhar os taiping
como potenciais aliados no derrube dos sobranceiros manchus e até como
fantoches úteis que permitiria aos europeus governar de facto a China, até
porque tinham a ideia (equivocada) de que os taiping eram cristãos
respeitáveis. Porém, quando se aperceberam da heterodoxia das suas crenças e
dos delírios messiânicos do Rei Celeste, arrepiaram caminho: em 1860, fizeram
paz com os Qing e passaram a apoiar a luta destes contra os taiping.
As tropas manchus reconquistam a cidade
de Anqing aos taiping, em 1861
Com
armas e equipamento mais modernos, fornecidos pelas potências ocidentais, com o
auxílio de unidades de mercenários estrangeiros e de unidades chinesas
treinadas e comandadas por oficiais ocidentais e o apoio de forças navais
britânicas e francesas, os Qing infligiram uma série de derrotas ao
Sempre-Vitorioso Exército e em 1864 conseguiram cercar a capital taiping, Nanquim. Não tardou que a comida escasseasse, mas o Rei
Celeste logo providenciou uma solução: os sitiados seriam alimentados com maná
e como Deus não o fez tombar do céu, o Rei Celeste explicou como poderia ser
obtido da cocção de ervas – depois de ingerir uma das mistelas por si
preconizadas, o Rei Celeste caiu doente, falecendo a 1 de Junho de 1864.
Foi sucedido pelo seu filho de 14 anos, Hong Tianguifu, que resistiu
obstinadamente ao cerco durante mais dois meses – a 30 de Julho, os Qing
tomaram a cidade de assalto e massacraram sem piedade os 100.000 taiping
remanescentes, o que foi facilitado por muitos taiping terem preferido
suicidar-se em massa a ser capturados. As operações de limpeza dos
taiping – que ainda tinham mais de 250.000 combatentes noutras regiões da
China, prosseguiram até ao início de 1866. Quando
terminaram, a China tinha estado a ferro e fogo durante quase 16 anos, período
em que terão morrido 20-30 milhões de pessoas, umas em combates e massacres,
outras vítimas da fome e de doenças.
GALERIA:
1º: Pio IX, por
George Peter Alexander Healy, 1871 2º: O Grande
Incêndio de Londres de 1666, segundo artista anónimo, 1675 3º: A Grande Peste de Londres de 1665-66 4º: “Destruição” (1836), o 4.º quadro da
série “A maldição do Império”, em que o pintor americano Thomas Cole
representou a ascensão e queda de uma cidade imaginária que representa o
Império Romano 5º: “O saque de Roma em 410”, por
Joseph-Noël Sylvestre, 1890 6º Um anjo mostra a Justiniano o modelo
que deverá seguir para reconstruir Hagia Sophia. Ilustração por Herbert Cole,
1912 7º: Durante a Peste de Justiniano, São
Sebastião, de joelhos, em cima, à direita, suplica a Jesus para que interceda
em favor de um coveiro infectado pela peste (deitado, em baixo, à esquerda).
Quadro de Josse Lieferinxe, c.1497-99 8º: An Lushan, por autor anónimo 9º: O imperador Xuanzong e a concubina Yang
Guifei (no 2.º painel a contar da direita), por Kanō Eitoku (1543-1590) 10º: Batalha de
Yehuling, a primeira entre mongóis e chineses Jin, em 1211, segundo o Compêndio
de crónicas (Jami’ al-tawarikh, c.1307-16), do historiador judeu persa Rashid
al-Din Hamadani 11º: Cerco
mongol a Zhongdu, Compêndio de crónicas, de Rashid al-Din Hamadan 12º: Mongóis perseguindo inimigos, Compêndio
de crónicas, de Rashid al-Din Hamadani
13º: O mês de Agosto no Queen Mary’s Psaltery, c.1310 14º: Monte Tarawera: Pode uma erupção
vulcânica na Nova Zelândia causar chuvas torrenciais na Bretanha durante dois
anos seguidos? 15º Mapa
16º: O povo de Tournai enterra vítimas da
peste, iluminura por Pierart dou Tielt, c.1353 17º: Chegada dos europeus ao Novo Mundo 18º: Mapa de Juan de la Cosa, o primeiro
mapa a figurar o Novo Mundo, elaborado em 1500 em Puerto de Santa María, perto
de Cádiz, por um marinheiro e cartógrafo que acompanhara Colombo nas suas duas
primeiras viagens à América 19º: Soldados espanhóis decepam as mãos de índios
Arawak que foram incapazes de cumprir as quotas de mineração de ouro: gravura
de Theodor de Roy inspirada pela Brevísima relación de la destrucción de las
Indias (1552), por frei Bartolomé de las Casas. 20º: A visão benévola
da descoberta das Américas: A Virgem Maria abençoa os descobridores ao serviço
da Coroa de Espanha, em “A Virgem dos Navegantes”, por Alejo Fernández,
c.1531-36 21º: “O apelo de
Minin”, por Konstantin Makovsky, 1896: O mercador Kuzma Minin incita o povo de
Nizhny Novgorod a pegar em armas contra os invasores polaco-lituanos e suecos 22º: Ilustração
documentando a queda de cinzas em Arequipa em 1600. 23º: “Os enforcados”, estampa n.º 11 da
série “As misérias da guerra” (1632-33), por Jacques Callot. 24º: A Segunda
Defenestração de Praga, numa gravura de Matthäus Merian (1593-1650). O
“Segunda” justifica-se por o gesto dos boémios revoltados ter tido um
precedente em 1419, quando hussitas checos irados atiraram sete conselheiros
municipais pelas janelas da câmara de Praga.
25º: Soldados saqueando quinta, durante a Guerra dos
Trinta Anos, por Sebastiaen Vrancx, 1620
26º: Morte de Gustavo Adolfo da Suécia na Batalha de
Lützen, por Carl Wahlbom, 1855. 27º: Morte de
Gustavo Adolfo da Suécia na Batalha de Lützen, por Carl Wahlbom, 1855. 28º: Mapa: Perdas populacionais no
Sacro Império Germânico entre o início e o final da Guerra dos Trinta Anos. 29º: Soldados pilhando refugiados em
viagem, durante a Guerra dos Trinta Anos, por Sebastiaen Vrancx, 1647 30º: A fissura
de Laki, Islândia 31º: a
persistência de cinzas na atmosfera resultantes da erupção no Monte Tambora
poderá ter influenciado os crepúsculos sombrios pintados pelos artistas
contemporâneos, como é o caso deste “Dois homens junto ao mar” (1817), por
Caspar David Friedrich. 32º: O imperador
Xianfeng, o oitavo da dinastia Qing, reinou entre 1850 e 1861. 33º: Os taiping sitiados na cidade de
Fucheng rompem o cerco montado pelo exército manchu, Maio de 1854. 34º As tropas manchus reconquistam a cidade
de Anqing aos taiping, em 1861. 35º: Manifestação
a favor da guerra, Bologna, 1914. 36º Vista aérea
da aldeia de Passchendaele, antes (em cima) e depois da batalha de 1917 (em
baixo) 37º: Cadáveres de soldados alemães, Batalha
do Somme, 1916. 38º “THE WASHINGTON TIMES”: Em Setembro de
1918, a Cruz Vermelha recomendava o uso de máscaras para combater o
alastramento da gripe pneumónica; em 2020, a OMS e algumas autoridades
nacionais de saúde levaram alguns meses até emitir recomendação similar. 39º: Vítimas da
fome, Samara, URSS, 1921. 40º: O gabinete
do chanceler Adolf Hitler, no dia da tomada de posse, a 30 de Janeiro de 1930. Sentados,
da esquerda para a direita: Hermann Göring (ministro sem pasta e Ministro do
Interior da Prússia), Hitler (chanceler) e Franz von Papen (vice-chanceler); de
pé, Schwerin von Krosigk (Ministro das Finanças), Wilhelm Frick (Ministro do
Interior), Werner von Blomberg (Ministro da Guerra) e Alfred Hugenberg
(Ministro da Economia e Agricultura).
41º: Alemanha, 1933: Um polícia (à esquerda) acompanhado
por um elemento das SA. 42º: A 23 de
Março, no Reichstag (temporariamente a funcionar na Krol Opera), Hitler faz um
discurso em prol da Lei de Concessão de Plenos Poderes, que seria aprovada no
dia seguinte. 43º: Franz von
Papen em frente a uma assembleia de voto, em Berlim, no referendo de 19 de
Agosto de 1934 44º Vítimas da
fome numa rua de Kharkov, na Ucrânia, 1933.
45º Hitler passa revista às tropas alemãs no Castelo de
Praga, a 15 de Março de 1939, após o desmembramento e ocupação da
Checoslováquia. Hitler tinha a esperança de que, como acontecera com a
Checoslováquia, a Grã-Bretanha e a França não interviessem se a Alemanha
invadisse a Polónia. 46º: Operação
Tannenberg: Fuzilamento de civis polacos por um Einsatzgruppe, em Kómik,
Polónia, 20 de Outubro de 1939 47º: Um
poster chinês: “A
comuna é como um gigantesco dragão e a sua produção é espantosa”: cartaz de
propaganda ao Grande Salto em Frente, 1959.
48º Trabalhos agrícolas nocturnos, numa comuna em Xinyang,
província de Henan, 1959: Mao esperava tornar a China numa potência económica,
à força de decretos e da galvanização das massas. 49º: O tsunami chega a Phuket, na Tailândia,
26 de Dezembro de 2004. 50º Donald Trump, rodeado de elementos da
White House Coronavirus Task Force, durante uma conferência de imprensa sobre a
covid-19, 15 de Março de 2020: Por esta altura, Trump garantia que o SARS-CoV-2
era inofensivo e desapareceria, como que por magia, antes da Páscoa. 51º Combate à
pandemia da gripe pneumónica, 1918: Elementos da Cruz Vermelha fabricam
máscaras 52º: Combate à pandemia da gripe pneumónica,
Camp Dix, New Jersey, Setembro de 1918: Soldados gargarejam com água salgada. 53º: Combate à
pandemia da gripe pneumónica, Londres, c.1920: Procedimentos de desinfecção
numa central telefónica.
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