Pesquisa e organização de JOSÉ CARLOS FERNANDES. Um trabalho de muito interesse, que guardo no meu blog.
Da queda do Império Romano à Covid-19:
quais foram os piores anos da História? /premium
OBSERVADOR,
01 jan 2021
Tragédia humana, social e económica. 2020 não irá deixar boas
recordações, mas enfrenta forte concorrência no ranking dos anos infaustos que
moldaram o percurso da humanidade tal como a conhecemos.
18:367
476: Queda do
Império Romano do Ocidente
536:
Conjugação de calamidades do reinado de Justiniano
1492: Chegada
dos europeus ao Novo Mundo
2004:
Terramoto de Sumatra-Andaman
No início de Março passado, houve quem
julgasse que a pior coisa que iria acontecer-lhe em 2020 seria o cancelamento
das férias de Páscoa numa estância de ski italiana. No final de Março, ainda
havia quem acreditasse que, após mais uns dias em confinamento, o SARS-CoV-2
seria debelado e a vida regressaria de imediato ao padrão usual, mas à medida
que o ano foi progredindo, o optimismo ingénuo foi dando lugar ao pessimismo
auto-comiserativo e 2020 foi prontamente catalogado como annus
horribilis, ou até, “o pior ano das nossas vidas”.
Annus horribilis vs. annus mirabilis
O
que faz um ano ser “horrível” depende de numerosos factores cuja consideração e
ponderação não podem deixar de ser moldadas pelo escopo de interesses e pela
subjectividade de quem faz o julgamento, o que é ironicamente comprovado pela
origem da expressão annus horribilis e
da sua antónima, annus mirabilis.
A primeira aparição do termo annus
horribilis parece ter ocorrido em 1891 numa publicação anglicana e foi
aplicada ao ano de 1870. O que
terão os anglicanos visto de tão calamitoso em 1870? Bem, nasceu um certo Vladimir
Ilyich Ulyanov, que seria causa de incontáveis e intermináveis
tumultos (que ainda não cessaram), mas disso não podia saber-se em 1891; teve início a Guerra Franco-Prussiana, que seria desastrosa para os franceses e um
triunfo retumbante para os prussianos; mais perto da esfera de interesses
de uma publicação anglicana, em Tianjin, na China, uma turba
massacrou 17 europeus – quase
todos padres e freiras – e algumas dezenas de chineses convertidos ao
cristianismo. Todavia, o
que tornou o ano indelevelmente infausto aos olhos anglicanos foi o facto de o
papa Pio IX ter estabelecido como dogma da Igreja Católica a infalibilidade
papal em termos de fé e moral (mas não no de previsão de resultados de
competições desportivas ou no do melhor método para preparar um expresso).
O
termo annus horribilis
parece ter sido cunhado em oposição a annus mirabilis, termo que foi empregue pela primeira vez em 1667 por John
Dryden. Surge no
título do poema épico Annus mirabilis:
The year of wonders of 1666, celebrando 1) as vitórias militares dos ingleses sobre os holandeses,
em 1665-66, e 2) o facto de o Grande Incêndio de
Londres, de Setembro de 1666, não ter
sido pior. Dryden atribuiu a intervenção divina o facto de o
incêndio, que lavrou durante cinco dias, ter causado apenas seis vítimas
(segundo os dados oficiais), mas é difícil perceber como pode um fogo que
destruiu as casas de 70.000 dos 80.000 habitantes da City ser inscrito na
coluna das “coisas boas” de 1666.
Não
menos paradoxal é que Dryden tenha omitido do balanço do ano o facto de
Londres ter sido assolada em 1665-66 por uma epidemia de peste bubónica
que matou 100.000 dos seus 350.000 habitantes e forçara Dryden a buscar refúgio
no pacato povoado de Charlton, no Wiltshire, onde escreveu o seu poema.
O
termo annus horribilis começou por
não suscitar adesão e (salvo uma referência isolada no The Guardian, em 1985)
só voltou a ser usado um século depois, em 1992, quando a rainha Isabel II o introduziu no discurso
comemorativo do 40.º aniversário da sua coroação, em que admitiu que 1992 não
seria um ano que recordaria com prazer. Os eventos que fizeram de 1992
um annus horribilis, na perspectiva da monarca, foram, por ordem cronológica:
a separação dos Duques de York; o divórcio da princesa
Ana; o suicídio do príncipe Albrecht (sobrinho de Isabel); a publicação do
livro de mexericos Diana: Her true story; a publicação de fotos da Duquesa
de York a apanhar banhos de sol em topless; a divulgação de gravações de
conversações telefónicas em que Diana fazia confidências a um íntimo; o
alvejamento da rainha com ovos por manifestantes durante uma visita a Dresden;
e um incêndio no Castelo de Windsor. 1992
pode ter sido terrível para Isabel II, mas, uma vez que a família real inglesa é apenas um
ornamento dispendioso e não tem relevância fora da “bolha” dos jornais
tablóides e das “revistas de coração”, na perspectiva de um londrino que não
seja assinante da Hello! ou da Royal Life o annus mirabilis de 1666 foi incomparavelmente
pior do que o annus horribilis de 1992.
476: Queda do Império Romano do Ocidente
A queda do Império Romano do Ocidente
não só marcou o início de um longo período de guerras, tumultos, pilhagens,
fome, epidemias e regressão tecnológica, como se tornou numa metáfora para
todos os colapsos civilizacionais.
Não
há dúvida de que as condições de vida na Europa decaíram notoriamente a partir
do século V, o que é tão perceptível na esfera do espírito – como
seja a produção literária e
dramatúrgica – como no
domínio material – nas casas, as telhas deram lugar a coberturas de colmo e os
utensílios de cerâmica perderam sofisticação, na pecuária assistiu-se à diminuição apreciável do tamanho médio
das reses. A formidável rede de estradas criada pelo Império
deixou de ser mantida e a proliferação de salteadores tornou as viagens por
terra inseguras, mas a viagem por mar não era alternativa, já que, na ausência
da marinha imperial, a pirataria tomara conta dos mares. Resultou daqui que o intenso comércio entre diferentes
regiões, dentro e fora do Império, foi severamente reduzido, o que
teria feito rejubilar os inimigos da globalização e os profetas da produção e
consumo local, acaso nesse tempo já existisse tal fauna. Com a
queda do Império, a vida do europeu médio tornou-se mais pobre, penosa,
desconfortável, monótona, tacanha e curta.
O argumento para declarar o ano de 476 como horribilis é o de ter sido
nessa data que foi formalmente extinto o Império Romano do Ocidente. A 4 de Setembro, em Ravena, que substituíra Roma e Mediolanum
(Milão) como capital do Império, Odoacro
(Flavius Odoacer), um
oficial de origem germânica que assumira o comando dos foederati (unidades
formadas por “bárbaros” que integravam o exército romano) em Itália, pôs termo ao reinado de dez meses do imperador Rómulo Augusto,
um rapaz de 16 anos que, na verdade, não tinha mais legitimidade para ocupar o
trono imperial do que Odoacro, uma vez que tinha sido proclamado imperador pelo
seu pai, Orestes, um general que derrubara o anterior imperador Júlio
Nepos (ele mesmo um golpista que apenas
reinara 14 meses).
Mas,
em 476, o Império era uma pálida sombra do
que fora, pelo que Odoacro não se deu ao trabalho de, como tinham feito tantos
usurpadores antes dele, assumir o título de imperador ou de colocar um fantoche
no seu lugar: contentou-se em fazer-se proclamar rei de Itália (o Império
estava, na prática, confinado à Península Itálica, embora formalmente detivesse
autoridade sobre algumas regiões da Gália e da Dalmácia) e remeteu
os símbolos do poder imperial para Constantinopla, sede do Império Romano do Oriente. Também ao contrário do que era uso, Odoacro poupou
a vida do infeliz e inofensivo Rómulo Augusto (que passou a ser conhecido,
depreciativamente, como “Augustulus”, diminutivo de “Augustus) e enviou-o para
o exílio na Campânia.
476
não foi mais horribilis do que 475 ou 477: o
Império entrara em declínio no início do século IV e a queda nos indicadores de
prosperidade e sofisticação civilizacional tornara-se evidente a partir do
início do século V, coincidindo com as invasões visigóticas de Itália,
comandadas por Alarico, que se tinham iniciado em 401 e culminaram em três
cercos a Roma, em 408, 409 e
410, tendo o
último resultado no saque da cidade pelos visigodos.
Não fora o primeiro saque da antiga capital imperial – tinha sido pilhada pelos
gauleses de Brennus em 390 – nem seria o último – em 455 foi a vez dos vândalos
de Genserico. É provável que, para os romanos, os anos de 390,
410 e 455 tenham
sido bem mais horribilis do que 476,
cujo significado foi meramente simbólico.
Enquanto
os séculos V e VI foram um período sombrio para os habitantes da Península
Itálica e da Europa Ocidental – no cômputo de cálculos macabros que é O grande
livro das coisas horríveis, Matthew White estima em 7 milhões o número de mortos nos conflitos
entre o Império e os bárbaros só entre 395 e 455 –, os territórios do Império
Romano do Oriente prosperaram ao longo do século V e do primeiro terço do
século VI, o que nos lembra, mais uma vez, que o
julgamento do que é um bom ou mau ano depende da posição de quem o faz.
536: Conjugação de calamidades do reinado de Justiniano
A
prosperidade e sofisticação do Império Romano do Oriente conheceram o apogeu no
reinado de Justiniano I, que ascendeu ao trono de Bizâncio em 527 e empreendeu
um ambicioso programa de restauração do Império (renovatio imperii),
conquistando, a oeste, antigos territórios do Império Romano do Ocidente no
Norte de África e em Itália, contendo, a leste, as ambições expansionistas do
Império Sassânida, ordenando a construção e reconstrução de basílicas
(a Hagia Sophia de Constantinopla ganhou então
a monumentalidade que hoje lhe conhecemos), erigindo monumentos e promovendo
as artes e as letras. Este
ímpeto sofreu uma grave perturbação em 536 e, ainda que Justiniano retomasse o
seu programa expansionista e de mecenato artístico até ao final do reinado, em
565, o Império Romano do Oriente não tardaria a entrar em declínio.
536 ficou marcado pela conjugação de infortúnios
inexplicáveis, um pouco por todo o mundo: os testemunhos da época falam da
diminuição da intensidade da luz solar, da aparição de espessos e persistentes
mantos de nevoeiro amarelado e da ocorrência de neve durante o Verão em lugares
onde nunca antes fora vista e de vários fenómenos climáticos extremos, de que
resultou a perda maciça de colheitas e fome generalizada. Estes relatos têm
sido atestados pelo estudo dos anéis de crescimento dos troncos das árvores e
de “cores” de gelo de glaciares, que sugerem que no final de 535 ou início de
536 terá ocorrido uma gigantesca erupção vulcânica que terá lançado na
atmosfera uma tal quantidade de cinzas e sulfatos que terá obstruído a
penetração da radiação solar no Hemisfério Norte, dando início à “Pequena
Idade do Gelo da Antiguidade Tardia”. Esta
prolongou-se até 547 – embora de forma menos intensa do que nos terríveis anos
de 536-37 – possivelmente devido a novas erupções c.540 e c.547, sendo as
hipóteses de localização destes episódios de vulcanismo objecto de variadas hipóteses, que contemplam a Islândia,
o Alaska, a Indonésia ou El Salvador.
Seja qual for a origem, o fenómeno será provavelmente o mesmo que, pela
mesma altura, causou más colheitas e fome na China, Índia, Peru e Mesoamérica.
Em
541, abateu-se sobre as populações enfraquecidas pela fome
do Próximo Oriente e da Bacia Mediterrânica mais um flagelo: uma pandemia que ficou conhecida como “Peste
de Justiniano” e que era,
provavelmente a peste bubónica, com
origem remota na região de Tian Shan, na Ásia Central, na fronteira entre o que
são hoje o Quirguistão, o Cazaquistão e a China (há uma longa
tradição de “Chinese virus”).
O
próprio Justiniano contraiu a doença mas sobreviveu; muitos dos seus súbditos não tiveram a mesma sorte e
estima-se que durante este surto, que teve o seu pico em 541-42 e só
terminou em 549, terão perecido 30 a 50 milhões de pessoas, o que representaria
cerca de um terço a metade da população da Europa e Bacia Mediterrânica. A peste,
ao dizimar os trabalhadores agrícolas e quebrar os circuitos comerciais, veio
intensificar a fome causada pelo fracasso das colheitas, mas nem esta
combinação de calamidades pôs termo às campanhas militares de Justiniano contra
os povos germânicos em Itália e contra os sassânidas na Síria. É difícil estimar as baixas resultantes destes
conflitos e os relatos contemporâneos do cronista Procópio de Cesareia, que
acompanhou o general bizantino Belisário em campanha, e apontam para 15 milhões
de mortes em Itália e 5 milhões no Norte de África, são pouco dignos de
crédito. O que é certo é que, durante
o reinado de Justiniano, a combinação de guerra, fome e peste teve efeitos
devastadores na Bacia Mediterrânica – e para coroar o rol de calamidades, em
551, a costa fenícia entre Tiro e Tripoli foi massacrada por um forte sismo
(hoje conhecido por Sismo de Beirute), seguido por tsunami.
755: Revolta An Lushan
A história do mundo vista pelos olhos
ocidentais tende a focar-se na
Europa e a esquecer o resto do planeta, mas no cômputo de annus horribilis não
pode deixar-se de fora a China, pois a sua
história foi marcada por numerosas guerras civis e o facto
de a sua população ser numerosa leva a que as calamidades aí causem grande
mortandade. Entre as mais devastadoras guerras civis que tiveram lugar na China
está a Rebelião de An Lushan, que
decorreu entre 755 e 763.
O general An Lushan (originário do Turquestão) tinha sido um dos
favoritos do imperador Xuanzong, o 7.º da dinastia Tang (reinado: 713-56),
que o cumulara de presentes – incluindo uma luxuosa mansão – e lhe confiara
o comando de três territórios no Norte da China. Porém, quando da morte, em
752, do poderoso primeiro-ministro Li Linfu (um aliado de An Lushan), a concubina imperial Yang Guifei puxou os
cordelinhos para que o cargo fosse parar às mãos do seu primo Yang Guozhong,
que, pouco a pouco, não só tomou o lugar de An Lushan na predilecção do
imperador, como fez tudo para convencer este de que An Lushan conspirava contra
ele.
An
Lushan, encurralado entre a crescente desconfiança
manifestada pelo imperador e as provocações lançadas por Yang Guozhong,
concluiu que a sua vida corria perigo e que só lhe restava o caminho da
rebelião: em 755 lançou-se à conquista da capital regional de Luoyang,
desbaratou as tropas imperiais e proclamou-se imperador de um estado a que deu
o nome de Yan. Após várias batalhas com desfecho pendendo para um lado ou
outro, em 756 as tropas de An Lushan tomaram e pilharam a capital imperial,
Chang’an, que fora abandonada por Xuanzong (e por boa parte dos seus dois
milhões de habitantes). A substituição de Xuanzong pelo filho, que
interpretou a fuga do pai como abdicação e se proclamou imperador, com o nome
de Suzong, no final de 756, e o assassinato de An Lushan pelo
seu filho An Qingxu, no início de 757, não significaram o fim do conflito entre
os Tang e a secessão Yan. Este arrastou-se até 763 e terminou com a vitória dos
Tang, graças a uma aliança com tibetanos e uigures, que teve como preço a
cedência a estes pela China dos seus territórios mais ocidentais e a concomitante
perda do controlo chinês sobre a Rota da Seda (como se
vê, a ideia, que o regime de Xi Jinping tenta hoje passar, de que a China é uma
entidade monolítica e imutável é uma falácia).
O resultado destes oito anos de conflito
foi que, entre os censos de 754 e de 764, a China passou de 53 para 17 milhões de habitantes, o que
significa que o império perdeu 2/3 (36 milhões) dos seus habitantes. Este número tem servido para apontar a Rebelião de An Lushan como uma das maiores atrocidades da história, mas
alguns investigadores põem em causa a fiabilidade dos censos e propõem um
cômputo de mortes mais modesto: “apenas” 13 milhões.
1211: Invasão mongol da China
Quatro séculos e meio – e várias
guerras civis – após a
Rebelião de An Lushan, a China viu-se a braços com um inimigo
externo. A China estava
então dividida entre as dinastias Jin,
de etnia Jurchen (afim dos manchus), que
dominava o Norte, e Song, de etnia Han, que dominava o Sul. Os Jin tinham conseguido controlar os irrequietos
nómadas das vastas estepes a nordeste semeando a discórdia entre eles, mas
um mongol chamado Temujin conseguiu,
mediante uma combinação de astúcia e brutalidade, unificar estes povos sob a
sua liderança e em 1206 proclamou-se senhor de todos os mongóis, assumindo o
nome de Genghis Khan.
Ainda antes de ser aclamado Khan, Temujin já
começara a assediar o Império Tangut,
que abrangia o território do Xia Oriental e era vassalo dos Jin, mas só se
lançou na sua conquista em 1209. O Império Tangut pediu ajuda ao imperador Jin,
Wanyan Yongji, mas este ignorou o pedido e os Tangut foram rapidamente
derrotados e os seus soldados incorporados nas hostes mongóis. Em
1211, após várias manobras de provocação, os mongóis invadiram a China dos Jin.
O imperador Wanyan Yongji subestimara
o poderio dos bárbaros da estepe, que, poucos meses depois tinham derrotado os
exércitos chineses e estavam às portas da capital Jin, Zhongdu (a moderna Pequim). Os mongóis
eram peritos na guerra de movimento mas, nesta altura, tinham ainda escassa
prática da guerra de cerco, pelo que marcaram passo face às muralhas de Zhongdu
e acabaram por levantar o cerco a troco do pagamento de um tributo e foram
assolar outras cidades Jin. Como se não
bastassem os mongóis para dar dores de cabeça a Wanyan Yongji, na província
de Jilin, no nordeste, eclodiu uma revolta que rapidamente ganhou grandes
proporções. Os mongóis voltaram a surgir às portas de Zhongdu em 1215 e como,
entretanto, já tinham apurado as tácticas de cerco, tomaram e saquearam a cidade.
Os
Jin, que tinham transferido a capital para Kaifeng, continuaram a resistir aos
mongóis e Genghis Khan
desviou o seu foco para a Ásia Central e para a Pérsia, onde multiplicou as
conquistas e as carnificinas.
Voltou à China para tentar conquistar o que restava do Império Jin, mas faleceu
em 1227 sem o conseguir, e a missão passou para um dos seus filhos, Ögedei
Khan. Os Jin pediram ajuda aos Song, mas estes preferiram auxiliar os mongóis
e, em 1234, estes acabaram por encurralar o que restava do exército Jin em
Caizhou – o último imperador Jin, Aizong, suicidou-se quando os mongóis
venceram a resistência desesperada das tropas de Jin e entraram na cidade.
É difícil avaliar a mortandade
resultante da conquista mongol da China: os mongóis costumavam ser implacáveis
com as populações das cidades que ousavam resistir-lhes e terão passado muita
gente a fio de espada, mas também tinham noção do poder da propaganda e faziam
questão de divulgar notícias exageradas dos seus massacres, a fim de criar uma
aura de terror e, assim, persuadir outros povos a não oferecer-lhes
resistência. A comparação dos censos na China Jin, antes e depois da conquista
mongol dá conta de um decréscimo de 30 a 60 milhões de habitantes, mas é
plausível que uma parte corresponda a populações que buscaram refúgio no
Império Song.
Os mongóis acabariam por invadir
também o Império Song, mas este mostrou ser duro de roer e só capitulou em
1276.
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