quinta-feira, 25 de abril de 2024

Ele não se revê


Nas paisagens da minha terra moçambicana, está visto, sentindo-se, segundo afirma, ”português na minha língua” (ou seja na “sua dele”, porque a minha, sendo estruturalmente parecida com a dele, tenho a certeza de que enferma de uma modéstia de composição que nada tem a ver com a composição da sua, para além de que o parágrafo final da sua crónica do Público de 6 de Abril que tem por título “As guerras culturais são um alimento da direita radical e onde faz afirmações drásticas, revela bem os seus escrúpulos a respeito das terras outras que não sejam estas, onde ele vive, ainda que aparentem escritos e falas parecidos. É assim, pois o último parágrafo da sua crónica com a bandeira contendo a “tralha” dos castelos que, na sua expressão de desdém parece que viraram pagodes chineses, e onde estão incluídas as quinas na tal esfera armilar que os então patrioteiros da primeira República houveram por bem pintar e que o governo PS resolveu subtrair no seu logotipo – substituída a tralha por um círculo branco - mas que o actual governo AD resolveu repor, sem dar cavaco, o que me pareceu uma medida de higiene pública mental, mas que Pacheco Pereira condenou no seu artigo, por ser medida arrogantemente discricionária e para mais de imposição antidemocrática. Daí a razão do seu artigo que leio num dos Públicos que a minha irmã me traz, e passo a transcrever o tal parágrafo final que não só justifica a sua aversão à tralha histórica de símbolos cediços, como ainda demonstra as riquezas de alma no seu amor pátrio sadiamente intelectual:

“Eu considero-me um patriota, à luz dos grandes momentos do patriotismo nacional que é a fala que Camões coloca na voz forte do Velho do Restelo, e sinto-me “português” na minha língua, nos meus poemas e romances na grande tradição cultural portuguesa, nas paisagens da minha terra, e nos bons e maus momentos da minha história. Eu sei que nem tudo é bom e exemplar, mas foi o que foi no tempo que foi. De todo o que não preciso é de colar o meu patriotismo à esfera armilar, nem às quinas, nem aos castelos, nem aos pagodes e bater no peito a gritar Portugal!”

Mas foi sobretudo por via da expressão “paisagens da minha terra” que eu me senti excluída das razões do seu amor pátrio, que é mais que certo não inclui a empreitada descobridora lusa, ocupante dos terrenos além-mar, excluídos estes dos seus laços patrióticos, pois que se revê no reacionarismo do Velho do Restelo ao embarque do Gama no Restelo. Daí que me sinta definitivamente apátrida, embora nunca me tivesse passado pela cabeça chamar de “tralha” aos desenhos simbólicos da bandeira portuguesa.

Mudança de cor

 

Por conta da necessidade. É um fenómeno, pois, bastante natural, nos cucos fêmeas como nos humanos, a cada passo, segundo a experiência me ensinou, sobretudo nestes últimos cinquenta anos que vivi, a celebrar hoje, com unção.

Investigadores desvendam “mistério natural” sobre cores das fêmeas de cucos

O estudo recorreu a ferramentas genómicas para desvendar “um mistério natural com mais de 200 anos”: a presença de cores distintas entre fêmeas de diferentes espécies de cucos.

AGÊNCIA LUSA: Texto

OBSERVADOR; 24 abr. 2024

Os machos de cuco são sempre cinzentos, mas as fêmeas podem ser cinzentas ou arruivadas (hepática) David Kjaer

Investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS-CIBIO) da Universidade do Porto desvendaram “um mistério natural” sobre a presença de cores distintas entre fêmeas de diferentes espécies de cucos, foi revelado nesta quarta-feira.

O estudo, publicado nesta quarta-feira na revista científica Science Advances, recorreu a ferramentas genómicas para desvendar “um mistério natural com mais de 200 anos”: a fêmea hepática do cuco.

A variação natural intrínseca das espécies encontra-se, por vezes, restrita a um só sexo, criando um enigma para o qual os cientistas há muito procuram resposta”, destaca, em comunicado, o centro de investigação.

O cuco hepáticovariedade de cucos arruivadosfoi descrito em 1788 pelo sueco Anders Sparrman por ser “tão distinta dos habituais cucos cinzentos” e que catalogou como “uma nova espécie de ave”.

Ao longo dos séculos, tornou-se claro que os machos de cuco eram sempre cinzentos, mas que as fêmeas podiam ser cinzentas ou arruivadas (hepática).

Esta descoberta tornou-se mais intrigante quando se descobriu que outras espécies de cuco, para além do mais famoso cuco-canoro europeu, também tinha a mesma variação – cinzenta/hepática – restrita às fêmeas”, acrescenta.

A fêmea cuco dispõe de alguns segundos para pôr os seus ovos no ninho de outra espécie de ave e para o fazer, o seu dorso cinzento e o peito barrado “mimetizam a cor de aves de rapina”, afugentando o hospedeiro.

A diferença entre indivíduos de sexos diferentes é comum nos animais, mas a variação restrita a um sexo é “menos comum”, salienta, citado no comunicado, o investigador e coautor do estudo Miguel Carneiro.

Os investigadores começaram por estudar uma população de cucos da Hungria, na qual as fêmeas hepáticas coexistem com fêmeas cinzentas, tendo, posteriormente descodificado os genomas dos cucos.

“As fêmeas cinzentas e hepáticas têm um perfil genético idêntico, tão semelhante como qualquer vizinho. No entanto, quando olhamos para os cromossomas sexuais vimos que no cromossoma W, que é específico das fêmeas de aves, são tão diferentes que parecia estarmos perante duas espécies distintas”, esclarece, também citada no comunicado, Cristiana Marques, coautora do estudo.

Depois de estudarem a população de cucos húngara, os investigadores focaram-se no cuco-oriental, espécie asiática, onde por vezes as fêmeas são também da variante hepática.

Reconstruímos a árvore evolutiva destes cucos e descobrimos que, ao contrário do resto do genoma, no cromossoma W o parentesco é maior consoante a cor da fêmea, ou seja, uma fêmea de cuco-canoro hepática tem um W mais semelhante ao de uma fêmea hepática de cuco-oriental, do que o da fêmea cinzenta da mesma espécie”, refere também Pedro Andrade, acrescentando que a equipa tentou posteriormente perceber se a partilha de variação ocorria por hibridação ou se era antiga.

Os nossos dados sugerem que esta variação é, efetivamente, muito antiga. A mutação original ocorreu provavelmente há cerca de um milhão de anos, antes do aparecimento do cuco-canoro e do cuco-oriental actuais, e tem sido passada geração após geração à medida que as espécies evoluíram”, explicam os investigadores.

Os resultados do estudo demonstram como a variação de cor restrita a um sexo pode ser determinada pelos cromossomas sexuais, o que “à primeira vista parece intuitivo, mas que surpreendentemente até agora tinha sido difícil de demonstrar”, destacam os investigadores.

Manter duas formas diferentes numa população de cucos poderá ajudar a impedir os hospedeiros dos ninhos de aprenderem a distinguir as fêmeas das aves de rapina que mimetizam, salvaguardando a espécie.

Neste momento, os investigadores estão a estudar se as cores têm facilitado o estilo de vida parasítico dos cucos ao longo da sua evolução.

CIÊNCIA      AMBIENTE

 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

As sábias frases


Do nosso sentido bem sentido.

Ramalho Eanes. "Faz sentido" celebrar o 25 de Novembro, "mas data fundadora da democracia" é o 25 de Abril

Antigo Presidente da República diz que "data fundadora da democracia" é o 25 de Abril de 1974, mas que 25 de Novembro de 1975 também deve ser celebrado. “Separar as datas é um erro histórico."

JOANA MOREIRA:Texto

OBSERVADOR, 22 abr. 2024

António Ramalho Eanes saiu vitorioso das primeiras presidenciais por sufrágio directo e universal, em junho de 1976, tornando-se assim o primeiro Presidente da República eleito em democracia JOSE SENA GOULAO/LUSA

O antigo chefe de Estado português Ramalho Eanes defendeu este domingo que “faz inteiramente sentido” que o 25 de Novembro de 1975 seja celebrado, “mas [que a data fundadora da democracia” é o 25 de Abril”, sublinhou, em entrevista à SIC.

“É o 25 de Abril que assume perante o povo português o compromisso de honra de lhe devolver a soberania e a liberdade, de fazer com que os portugueses façam aquilo que entendem para viver o seu presente e desenhar o seu futuro”, assinalou. “Houve, como toda a gente sabe, sobretudo os mais velhos, aquela perturbação terrível a que chamaram PREC e houve, obviamente, ameaças significativas à intenção original do 25 de Abril, que era a intenção democrática. O 25 de Novembro reassumiu esse compromisso original”.

Rosto do 25 de Novembro, o movimento político e militar que concluiu o conturbado processo revolucionário em curso e devolveu estabilidade à jovem democracia portuguesa, Ramalho Eanes diz que “faz sentido” celebrar a data, tal como o 25 de Abril de 1974, e entende que quem quer separar as duas datas está “a cometer um erro histórico”.

“Os erros históricos nunca são convenientes, porque a história, quando é apresentada na sua totalidade, permite-nos que a ela voltemos, para nela aprender e evitar cometer erros que foram cometidos no passado”, disse o primeiro Presidente da República eleito em democracia.

Fazendo um balanço dos 50 anos da Revolução, Ramalho Eanes, que venceu as primeiras presidenciais por sufrágio directo e universal, em junho de 1976, destacou as mudanças positivas, sobretudo, nas áreas da Saúde e Educação, lembrando que em 1974 havia “uma miséria pungente” que foi atenuada, mas que ainda não desapareceu.

Em entrevista à SIC no espaço de comentário de Luís Marques Mendes, Ramalho Eanes terminou com um apelo: “É muito importante que se debrucem sobre o 25 de Abril, que façam uma reflexão sobre aquilo que se conseguiu. Mas acho que é mais importante ainda que façam uma reflexão sobre aquilo que querem que venha a ser o país. Uma reflexão que permita ver o que é necessário para que tenhamos um presente melhor, de maior inclusão e um futuro que corresponda ao desejo dos portugueses.”

25 DE ABRIL     PAÍS      ANTÓNIO RAMALHO EANES

COMENTÁRIOS (de 25)

João Floriano: Erro histórico é tentar meter o 25 de Abril e o 25 de Novembro no mesmo saco. Esta tentativa de colar as duas datas interessa apenas à esquerda e não é por acaso que durante muitos anos o 25 de Novembro passava praticamente despercebido. O 25 de Novembro representa o afastamento de um governo comunista fantoche. É por isso que a esquerda não gosta da data e muito menos que seja festejada.              Pertinaz: Qualquer dia até Ramalho Eanes é fascista…              João Floriano > Jorge Pereira: Xenófobo! Diga mal mas aprenda  a escrever. Eu gosto muito de Saloios: trabalhadores, acolhedores, muito boa gente , come-se e bebe-se divinalmente na zona saloia.               Luis Freitas: O 25 de Abril de 1974 é a data do fim da ditadura do Estado Novo o 25 de Novembro de 1975 é a data do fim da tentativa de instaurar uma ditadura comunista ou da extrema esquerda que queriam assassinar a democracia. Portanto ambas as datas são simultaneamente muito importantes o 25 de Abril não é mais importante do que o 25 de Novembro. A tentativa do assassinato do 25 de Novembro de 1975 pela esquerda do PS aliada à extrema esquerda é simplesmente criminosa, se a AD não reparar este erro histórico será mais uma prova que o PS=PSD e portanto o Chega será nas próximas eleições legislativas o maior partido político ou no mínimo o segundo partido político com mais deputados na Assembleia da República.               Tiago S: DEMOCRACIA: O 25 de abril é a data do fim da guerra colonial. Foi por causa dela, e por um levantamento de rancho castrense (contra a decisão da instituição militar  a favor dos milicianos é bom não esquecer) que os capitães cansados das comissões de áfrica derrubaram e bem o regime. Lembrar que no hiato entre os dois 25's não tivemos liberdade como a entendemos hoje, e muito menos democracia, ou mesmo o fim dos presos políticos (a 24 de Novembro eram mais do que eram a 24 de Abril). O 25 de Novembro é a data de restauração dos direitos, liberdades e garantias de acordo com a constituição que viria a ser aprovada à época e que ainda hoje no essencial se mantém. Com efeito, direitos, liberdades e garantias com um módico de civilização ocidental e de democracia europeia e não com a interpretação comunista-maoista à época do que valiam esses direitos, liberdades e garantias, e que nos atiraram o país para o cu da europa durante 20 anos e nos iam tornando numa nova Albânia.  Conclusão: o 25 de Novembro é a data da democracia.           Luis Freitas > Liberales Semper Erexitque: O verdadeiro dia da liberdade e de termos uma democracia foi no dia 25 de Novembro de 1975.              José Costa-Deitado: suponho que haverá duas formas opostas de festejar o 25 de Abril: os que festejam, celebrando o PREC e detestando o 25 de Novembro; os que festejam celebrando a Liberdade confirmada a 25 de Novembro e detestando o PREC…          Tiago SJ. Lombardo: Caro Lombardo, Agradeço o reparo que me passou no texto. O que queria dizer é o que está editado agora. O espírito mantém-se: existe um antes e depois do 25 de Novembro em termos de direitos, liberdades e garantias. É o momento fundacional da democracia.                    João Alves: Faz todo o sentido. O 25 de Abril e os tais "valores de Abril" não têm nada que ver com democracia ou liberdade, isso é o que o 25 de Novembro representa. o 25 de Abril é um feriado de celebração do comunismo e do socialismo autoritário e, claro, é isso que a esquerda política adora e como tal passaram 40 anos em propaganda permanente a esta data.