quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Verdades

 


Sem retrocesso.

Árvore das Patacas

Por alguma razão a maioria dos países da nossa dimensão da União Europeia nos estão a deixar para trás. O sonho nacional é o da árvore das patacas, distribuir sem produzir.

HENRIQUE NETO Empresário

OBSERVADOR,29 fev. 2024, 00:1611

A revolta das forças policiais pode ser politicamente justificada, mas o que não tem qualquer justificação é a cobardia da ausência do ainda governo de António Costa em assumir quaisquer medidas de defesa da ordem pública, bem como dos dirigentes das polícias em deixar que os polícias passem de agentes da ordem democrática para agentes da desordem. O ministro da Administração Interna, que já mostrara a sua valia no caso do SEF e no desastre que deixa ao País no controlo dos imigrantes, foi, entretanto, dado como desaparecido.

Mas talvez o facto mais relevante da situação democrática em que vivemos tenha sido a acção dos comentadores de serviço nas televisões na noite do debate no Capitólio, que mostrou bem até que ponto o Partido Socialista teve a arte de ao longo dos anos ter colocado nos principais meios de comunicação pessoas com óbvias simpatias pela esquerda em geral e pelo Partido Socialista em particular. Porque críticos da acção das polícias que invadiram ilegalmente as ruas junto ao Capitólio, numa indisfarçável e ilegal acção de afronta à ordem pública, os comentadores não encontraram nada melhor para criticar do que as palavras sobre o tema de Luís Montenegro, para concluíram com base nessas palavras que ele tinha perdido o debate.

Ou seja, António Costa, sem mesmo informar o ministro das polícias, decidiu com a ministra da Justiça melhorar as remunerações da Polícia Judiciária e das secretas, criando com isso uma óbvia e estúpida injustiça relativamente às outras forças da ordem, causa do actual estado de insubordinação, mas a vítima das críticas dos comentadores foi o líder do PSD. Pessoalmente, sou há muitos anos critico da qualidade de muitos programas de comentário das televisões, muitos que sobrevivem há demasiados anos e sempre com os mesmos, sem a qualidade e sem a independência que se desejaria, mas bens agarrados aos bons rendimentos e a fama que a actividade permite. Esta questão atinge um indisfarçável nível de carreirismo e de ausência de independência e de qualidade de muitos comentadores durante a presente campanha eleitoral.

Como não me tenho cansado de escrever, Portugal não é um País democrático devido aos deputados serem escolhidos pelas hierarquias partidárias e não pelos cidadãos eleitores, mas também pelo domínio que o Partido Socialista teve a arte de introduzir na política e na sociedade portuguesas. O que na prática tem impedido a alternância democrática, razão do estado geral de crise e de desgoverno em que nos encontramos. Como hoje se sabe bem, o progresso e o desenvolvimento de qualquer sociedade depende da qualidade e da independência das instituições públicas e privadas, mas que entre nós são em grande medida controladas pelo PS.

Esta realidade tornou-se mais visível nos debates da presente campanha em que ficaram ausentes alguns dos principais temas da economia portuguesa, em estagnação há mais de vinte anos. Exemplos: (1) ausência de investimento na indústria, nomeadamente investimento estrangeiro, que foi a base do sucesso económico de dois períodos do nosso passado como o da EFTA e do PEDIP/AutoEuropa; (2) número excessivo de muito pequenas empresas, mais de 90% do total, sendo que são na sua esmagadora maioria empresas comerciais, a tentarem sobreviver no mercado interno num clima de concorrência fortemente irracional. Empresas que morrem e nascem anualmente às dezenas de milhares, apesar dos apoios do Estado, mas sem condições de contribuírem para o desenvolvimento económico; (3) protecionismo e conservadorismo económico, tragicamente visível na política ferroviária de Pedro Nuno Santos e na recusa do comércio livre e da concorrência, o que torna Portugal uma anormalidade europeia; (4) o PRR que distribui o dinheiro pelos mais variados objectivos em vez de contribuir para reforçar os factores estratégicos do nosso desenvolvimento, como a educação e a industrialização; (5) Fiscalidade que condena o investimento estrangeiro e nacional de grandes empresas exportadoras e protecção das pequenas empresas que geralmente não pagam impostos, mas que não têm condições de fazer crescer a economia.

Uma nota final para recordar que a economia portuguesa está presentemente presa pelos arames do turismo, que ninguém pretende que acabe, mas que é necessário qualificar para poder contribuir para melhores salários e melhor produtividade, sendo que o que acontece hoje é o inverso.

São estas algumas das questões que foram deixadas de fora dos debates da presente campanha eleitoral, que tem sido conduzida para ver qual o partido que dá mais alguma coisinha ao bom povo, sem cuidar que existe uma dívida enorme, que de forma mentirosa dizem estar a diminuir, além do crescimento anémico da economia. Por alguma razão a maioria dos países da nossa dimensão da União Europeia nos estão a deixar para trás. O sonho nacional é o da árvore das patacas, distribuir sem produzir.

28-02-2024

O que espanta

 

É que o tenham aceite no boletim. Mas não se duvida de que ele ganhe o recurso.

Illinois volta a retirar Trump do boletim de voto

O conselho eleitoral do estado tinha decidido manter o ex-Presidente nos boletins de voto, uma decisão agora revertida por uma juíza. Trump pode, contudo, recorrer da decisão.

TIAGO CAEIRO: Texto

OBSERVADOR, 29/2/24

  SHAWN THEW/EPA

O estado do Illinois voltou a retirar Donald Trump do boletim de voto das eleições primárias republicanas, que, naquele estado, vão decorrer a 19 de março, avança a CNN. A juíza Tracie Porter aceitou o pedido dos eleitores de Illinois que argumentaram que o ex-Presidente deve ser impedido de concorrer por ter promovido uma insurreição.

Segundo a Constituição norte-americana, todos aqueles que “se envolveram em insurreição” não podem concorrer ao cargo de Presidente.

O Illinois tinha começado por retirar Trump dos boletins de voto mas essa decisão foi revertida no final de janeiro pelo conselho eleitoral daquele estado.

O ex-Presidente pode, contudo, recorrer da decisão.

ELEIÇÕES EUA    ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA    AMÉRICA     MUNDO    DONALD TRUMP

 

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Mais um alerta


Para as velhas questões em que há muito mergulhamos, tratadas por Helena Garrido, com as sua habitual seriedade e clareza de pensamento, acrescidas dos temores da guerra, exigentes de novas políticas de militarização, num mundo a ruir.

Uma campanha alegre sem ver o Mundo

Nesta campanha eleitoral há temas urgentes, como a habitação ou a saúde. Mas há perigos no horizonte que têm sido esquecidos. Como os efeitos nas nossas vidas de um Mundo em mudança.

HELENA GARRIDO Colunista

OBSERVADOR, 27 fev. 2024, 00:2021

Esta é uma campanha eleitoral em que, os protagonistas políticos com a possibilidade de assumirem responsabilidades governativas, deveriam ter um especial cuidado com os compromissos que assumem. O tema mais esquecido até agora é aquele que poderá condicionar mais o nosso futuro e especialmente o modelo de sociedade europeu, o generoso Estado Social. E, com isso, deitar por terra algumas das promessas de aumento do rendimento por via de redução de impostos ou aumento dos apoios sociais. Os países da União Europeia e, com eles, Portugal, terão inevitavelmente de gastar mais dinheiro na Defesa.

A dramática escolha entre “canhões ou manteiga”, que conhecemos dos manuais de economia – e que serviu de título a esta newsletter de Teresa de Sousa – é um sério risco, com a manteiga a ser o nosso modelo de sociedade. E quando um contrato social se quebra, as consequências podem ser terríveis. Se não formos apanhados pela guerra podemos ser desestabilizados por via da revolta dos cidadãos, por não se ter explicado que se está a tentar garantir a paz com mais dinheiro para a Defesa e menos para as funções sociais. O que será seguramente aproveitado pelos movimentos populistas em crescimento na Europa.

Quem ouviu ou leu o que disse Donald Trump, que poderá ser o próximo presidente dos Estados Unidos, sabe bem que é inevitável investir mais na Defesa. Quem está atento às informações que chegam de Moscovo também sabe bem que a Europa terá de investir mais em Defesa. Onde se vai buscar o dinheiro? Não há milagres nesta matéria, ou há mais impostos, ou cortes em despesas ou mais dívida, e lá se vai o excedente o orçamental ou as regras orçamentais europeias. (Vale a pena ler ‘Europe is caught between Putin and Trump’ da The Economist).

Prometer aos eleitores descidas de impostos, aumentos salariais, de pensões e de apoios sem os alertar para os desafios que estamos a enfrentar é a receita para uma ainda maior descredibilização da classe política caso se venham a verificar os piores cenários que existem para a Europa – e que nem sequer são os mais improváveis. É preciso alertar as pessoas para o risco elevado de termos encerrado um ciclo de paz e prosperidade, que se pode dizer que iniciou no pós II Guerra Mundial, na segunda metade dos anos 40 do século XX. Ignorar este problema é um enorme risco.

O Estado Social europeu pode estar seriamente ameaçado não apenas por causa da guerra, mas também pelo envelhecimento da população que é um problema para o sistema de pensões, mas igualmente para a prestação de cuidados de Saúde. É preciso ter a coragem de dizer aos portugueses que o Estado Social tem de ser revisitado com seriedade, não para reduzir apoios a quem mais precisa, mas para que essa rede seja mais dirigida e especialmente mais eficaz. No combate à pobreza é preciso estar mais focado em políticas que garantam o elevador social. E nas pensões tem de se alertar para o risco de deixarem de ser tão generosas. Andamos felizes com as contribuições dos imigrantes, mas nada nos garante que tenham vindo para ficar.

A solução para todos estes problemas, incluindo o combate pela Paz na Europa, passa obviamente pelo crescimento. Mas aqui temos de deixar de olhar para a quantidade do crescimento – em si pequeno – e dar prioridade à qualidade, a um crescimento menos apoiado no turismo, sector de salários baixos, e mais alimentado em sectores de maior valor acrescentado.

A mudança que está a ocorrer no mundo abre a oportunidade de ter em Portugal negócios de maior valor acrescentado, associados quer ao reajustamento da globalização quer a objectivos de segurança de abastecimento, relacionados com a ameaça de um conflito. Temos de conseguir aproveitar essa oportunidade. E, para isso, as políticas públicas têm forçosamente de ser mais amigas do investimento.

Finalmente e não menos importante, toda esta mudança é acompanhada pela necessidade de transitarmos para uma economia de carbono zero e pela inevitabilidade de fazer a transição digital agora com a Inteligência Artificial. Os dois vectores exigem um esforço de investimento, mas, e mais difícil, uma enorme aposta na requalificação das pessoas. Ou corremos o sério risco de não conseguir atingir nenhum daqueles objectivos e de criar um país ainda mais empobrecido, reforçando o grupo dos deserdados do crescimento que, mesmo com trabalho, são pobres.

Os desafios que temos pela frente são enormes e, infelizmente, perdemos quase uma década sem as políticas públicas de que precisávamos, desperdiçando uma conjunctura que poderemos não voltar a ter. É certo que os políticos em campanha querem apenas dizer-nos que os “amanhãs cantam”. Mas esta campanha eleitoral tem de servir também para nos alertar para os perigos, que se veem no horizonte, e para os efeitos que pode ter nas nossas vidas um Mundo que está em mudançaUma campanha alegre e sem ver o Mundo pode acabar em tristeza.

LEGISLATIVAS 2024      ELEIÇÕES LEGISLATIVAS     POLÍTICA     MUNDO

COMENTÁRIOS (de 21)

José Carvalho: "E nas pensões tem de se alertar para o risco de deixarem de ser tão generosas". Generosas? Vivo da generosidade do Estado? Mais de meio século esteve o Estado a apoderar-se de 34,75% do meu salário e o que recebo agora é por "generosidade"?                     Carlos Chaves: Obrigado Helena por chamar à atenção do óbvio, o necessário aumento do orçamento da defesa, não só para modernização de equipamentos e actualização de recursos humanos, mas também para reposição do que não foi feito nomeadamente nos últimos oito anos, ao contrário do que nos conta a propaganda socialista! Aliás como a sustentabilidade da segurança social que o PS insiste em não estar em causa, sabendo todos nós ser mais uma enorme mentira! E não, não vamos ter canhões eléctricos movidos a baterias                   Maria Melo: Falta referir a Emigração dos nossos Jovens, com formação universitária.  Este facto é de uma gravidade extrema.  Fala-se na questão da Natalidade, mas o verdadeiro problema é o acima citado. Recebemos (i)migrantes, sem formação, na sua maior parte, muitos ficam dependentes da Assistência Social, e os portugueses vão prestar serviços e criar valor em outros países, depois de terem usufruído do sistema educativo português. São só perdas! Quando é que alguém aborda esta questão com seriedade e vontade de a resolver?

 

Velhas questões não sanadas?


Ou apenas provocação do francês contra o alemão? Mas também pode ser consciência e sentido de justiça…? Ou providência cautelosa? Acabrunhamento, em face do ruir previsível da civilização ocidental?

Tropas da NATO na Ucrânia. O que levou Macron a sugerir uma ideia que depois todos negaram?

Chefe de Estado francês levantou hipótese de países europeus enviarem soldados para a Ucrânia, mas nenhum líder o acompanhou. Afirmação tem mais foco em Berlim do que em Moscovo.

CÁTIA BRUNO Texto

OBSERVADOR, 27 fev. 2024, 20:106

A reunião foi arranjada em tempo recorde. Uma semana depois do Fórum Internacional de Segurança, em Munique, o Presidente francês Emmanuel Macron recebeu esta segunda-feira 20 chefes de Estado e de governo no Palácio do Eliseu para falar sobre o apoio à Ucrânia. Seis horas depois, surgiu no palanque para a conferência de imprensa sozinho, no final, e fez uma declaração polémica: Não há um consenso actualmente para enviar oficialmente tropas [para a Ucrânia]”, disse. “Mas nada está excluído.”

 O encontro de segunda-feira no Eliseu reuniu 21 líderes de governo e de Estado POOL/AFP VIA GETTY IMAGES

Índice

Ideia rejeitada do norte ao sul e do leste ao oeste da Europa. “Um convite à III Guerra Mundial”?

França e Alemanha em disputa sobre quem apoia mais Kiev

Com esta quatro palavras, o Presidente francês quebrava um tabu até aqui inviolável desde o início da invasão russa de larga escala à Ucrânia. Colocava em cima da mesa a possibilidade de países da NATO enviarem soldados para combater directamente contra a Rússia no terreno — algo até aqui excluído pela maioria, por receio de iniciar um conflito aberto entre Moscovo e a Aliança Atlântica.

Macron não confirmou se França quer mesmo avançar para este cenário, nem quantos países naquela mesa no Eliseu concordaram com a ideia. “Não vou desfazer a ambiguidade dos debates desta noite mencionando nomes. Estou só a dizer que esta foi uma das opções mencionadas”, disse.

Uma “ambiguidade estratégica”, elaborou, que Paris parece estar interessada em manter para fazer frente a Moscovo e reforçar publicamente o apoio ao Kiev. E uma ideia que não é nova — ainda em junho, o antigo secretário-geral da NATO, Anders Rasmussen, levantou a possibilidade de se criar uma “coligação dos disponíveis”, com destaque para países como a Polónia e os Bálticos, que enviassem tropas para a Ucrânia.

 “Temos de os preparar. Esta é uma decisão muito importante, que deve ser colectiva. É preciso tempo para organizar este tipo de intervenção no terreno de forma progressiva.”

Fonte diplomática europeia ao Le Monde sobre possibilidade de enviar tropas

(Índice…)

Na sequência do encontro no Eliseu, uma fonte diplomática europeia dizia ao Le Monde que Paris estará a tentar levantar esta possibilidade, que levaria tempo a arrancar, para plantar a ideia entre os países europeus:Temos de os preparar. Esta é uma decisão muito importante, que deve ser colectiva. É preciso tempo para organizar este tipo de intervenção no terreno de forma progressiva.”

Ideia rejeitada do norte ao sul e do leste ao oeste da Europa. “Um convite à III Guerra Mundial”?

O cenário traçado pelo Presidente francês, não teve, porém, qualquer eco por parte de outros governos europeus. Nem sequer da Polónia, por exemplo, país apontado em tempos por Rasmussen como disponível para fazer parte da “coligação dos disponíveis”: “A Polónia não planeia enviar as suas tropas para o território da Ucrânia”, afirmou taxativamente o primeiro-ministro Donald Tusk.

A resistência à ideia foi transversal. No sul, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, disse claramente que “não há nenhum cenário onde essa questão se tenha colocado”; o líder Kyriakos Mitsotakis disse ser uma questão “que para a Grécia não existe”; e a porta-voz do governo espanhol disse ser uma posição com que Madrid “não concorda”.

A norte, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, também desvalorizou a ideia (“a tradição francesa não é a tradição sueca”) e o homólogo britânico, Rishi Sunak, disse não haver “quaisquer planos para uma mobilização de larga escala”.

 Apesar do apoio à Ucrânia, maioria dos países europeus rejeitou ideia de enviar tropas GETTY IMAGES

Índice…

Outros países do grupo de Visegrado, alguns deles mais próximos de Moscovo, foram ainda mais taxativos na rejeição: “Há países que dizem ‘nunca’ a isto e a Eslováquia é um deles”, resumiu o primeiro-ministro Robert Fico. Foi apoiado depois pelo chefe de governo húngaro, Viktor Orbán: “Querem arrastar-nos para esta guerra, mas peço-vos que não cedam a provocações”.

A posição de Moscovo, como seria de esperar, foi de irritação: “Nesse caso estaríamos a falar não de uma probabilidade, mas da inevitabilidade” de um conflito entre a Rússia e a NATO, avisou o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov. E, poucas horas depois, o próprio secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, colocava água na fervura, dizendo que “não há planos para tropas de combate da NATO no terreno na Ucrânia”.

Dentro de portas, os vários líderes partidários franceses também criticaram fortemente Emmanuel Macron, como resumiu um analista do Eurasia Group, Mujtava Rahman: “As palavras do Presidente foram atacadas hoje e definidas como ‘loucas’ e como um convite à III Guerra Mundial pelos líderes da oposição francesa”, escreveu no X. “É mais um exemplo de uma declaração dura que não pode ser aplicada na prática?”

França e Alemanha em disputa sobre quem apoia mais Kiev

Perante uma reação tão negativa às declarações de Macron — que ecoam certamente as reservas levantadas em privado na reunião do Eliseu — por que razão terá o Presidente francês decidido abordar o assunto em público?

A resposta pode estar no resto da própria conferência de imprensa feita pelo chefe de governo francês no Eliseu, onde, mais do que atacar Vladimir Putin, pareceu estar investido em lançar farpas ao governo alemão. “Muitos dos que dizem hoje ‘nunca, nunca’ são os mesmos que que há dois anos disseram ‘nunca, nunca’ aos tanques, aos aviões, aos mísseis de longo-alcance”, afirmou Macron. “Lembro-vos que, há dois anos, muitos dos que estão a esta mesa disseram ‘Vamos oferecer sacos-cama e capacetes’ [à Ucrânia]”. Se com a primeira frase poderia haver dúvidas sobre a quem se referia o Presidente francês, a segunda foi bastante clara: o alvo era, claramente, Berlim.

 “Fico contente por França estar a pensar em como aumentar o seu apoio à Ucrânia, mas, se puder dar um conselho, [sugiro] fornecer mais armamento.” Robert Habeck, vice-chanceler alemão

(Índice…)

O governo alemão apressou-se a reagir. Menos de 24 horas depois, o chanceler Olaf Scholz disse claramente aos jornalistas:Aquilo que foi acertado entre todos nós e que se aplica ao futuro é que não haverá soldados em solo ucraniano enviados por Estados europeus ou da NATO”. Ao mesmo tempo, outros líderes políticos alemães retaliavam contra Paris: “Houve uma proposta de reflexão do Presidente Macron que, aparentemente, ninguém seguiu”, afirmou o ministro da Defesa Oscar Pistorius. O vice-chanceler, Robert Habeck, foi ainda mais ácido, segundo o Financial Times: “Fico contente por França estar a pensar em como aumentar o seu apoio à Ucrânia, mas, se puder dar um conselho, [sugiro] fornecer mais armamento.”

A mensagem de Berlim toca num nervo para os franceses, alvo de críticas no início da ofensiva por hesitações no apoio a Kiev, que ainda hoje se mantêm. Ainda esta terça-feira, o analista Mark Galeotti, na Spectator, lembrou que “a ajuda [de França] à Ucrânia corresponde a 0,07% do seu PIB, uma das mais baixas da Europa (comparada com 0,55% no Reino Unido e 0,69% na Polónia)”.

 Emmanuel Macron e Olaf Scholz trocaram farpas sobre o apoio à Ucrânia BLOOMBERG VIA GETTY IMAGES

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Ou há moralidade


Ou comem todos

Do Facebook de LUÍS SOARES DE OLIVEIRA

Mas se as forças da ordem, que costumam vigiar as greves dos outros protestantes, resolvem também fazer greve, quem os vai vigiar a eles? Quanto a mim, estamos numa época de pura desordem.

Luis Soares de Oliveira

Má herança

Disse o comentarista Marques Mendes e disse bem

“O Governo errou e muito ao tomar uma decisão em relação à PJ e não ter uma decisão equivalente para a PSP e GNR. Guardas e praças têm todo o direito a protestar, desde que os protestos sejam dentro da lei. Quando começam a exagerar, ainda que sejam poucos, contaminam e perdem a razão”,

COMENTÁRIOS:

Alex Spot: Fundamental a visão e análise universal, compreensiva e integrada… em momento prévio… ou ao menos em algum momento…

 

Mas …


Talvez tenham deixado de ser o “sal da terra” como os tais pregadores de Vieira. Restam-lhes os títulos, que são o bastante para a projecção actual de uma lusofonia que nos dá gosto ainda. Embora outros gostos haja que fazem mais préstimo a alguns de nós.

«PRIMUM INTER PLURES PARES»

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO  27.02.24 

Nos tempos do Padroado e do Império Português do Oriente, ao Arcebispo de Goa foram atribuídos os títulos de Primaz da Índia e de Patriarca do Oriente. Tratava-se de títulos que correspondia a uma efectiva tutela sobre os assuntos da Igreja naquelas vastíssimas regiões da Terra, mas com o fim do Padroado e do Império, os títulos passaram a meramente honoríficos. E assim tem sido…

Contudo, (creio que foi em 2019), o actual titular da Arquidiocese de Goa e Damão foi eleito Presidente da Conferência Episcopal da India e já nesta segunda quinzena de Fevereiro de 2024 em que nos encontramos, foi eleito Presidente da Federação das Conferencias Episcopais da Ásia congregando mais de trezentos Bispos.

Os títulos de Primaz e de Patriarca continuam a ser apenas honoríficos, mas o «primum inter plures partes» (o primeiro entre muitos iguais) fala português e a lusofonia sorri.

 26 de Fevereiro de 2024

Henrique Salles da Fonseca

 

A bruma

 

Tudo isso que bem descreve Patrícia Fernandes, em resultado das diferentes ideologias que o “pseudo comunismo”- em que é de bom-tom filiar-nos, por via da demonstração da nossa intelectualidade, (pese embora o facto de esse saber ser colhido preferentemente nas fofocas da comunicação social, mais do que nas leituras dos doutrinários convictos. E vá de nós, os inertes, silenciarmos as nossas réplicas, em comodismo educado, ou porque seguimos preceitos pedagógicos de brandura, que impedem discussões, ou porque a democracia, que é pau para toda a colher, nos manda aceitar todo o tipo de visões e mesmo de imposições das mastigações alheias, ou porque nos falta ânimo ou competência ou coragem para pegarmos o touro pelos cornos, sensíveis que somos… Mas Patrícia Fernandes explica bem os factos, leiamo-la, e aos seus comentadores, que também explicam bem.  De resto, já o dissera Pessoa: “Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não!

Abandonemos, pois, a sala, que a vida são dois dias…

Abandonar a sala

Generaliza-se a ideia de que podemos “abandonar a conversa”. E a verdade é que é mais fácil não nos esforçarmos, mais rápido diabolizarmos o outro, muito menos cansativo não entrar no jogo democrático

PATRÍCIA FERNANDES Professora na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho

OBSERVADOR, 26 fev. 2024, 00:1830

Devo também a André Abrantes Amaral a leitura de Elizabeth Strout, cuja tetralogia se lê de um só fôlego. No último dos quatro livros, Lucy à beira-mar, a narrativa decorre em contexto de pandemia e remete para eventos recentes como a invasão do Capitólio, o norte-americano, no dia 6 de janeiro de 2021. Strout procura o difícil exercício dos nossos tempos, que é colocar-se na pele do outro, tentar a compreensão do outro lado. É por vezes demasiado óbvia nessa tentativa, o que elimina parte da tarefa cognitiva que deveria resultar da autonomia do leitor – ainda assim, há pelo menos uma passagem a que vale a pena regressar.

Lucy, a narradora, recorda como, pouco tempo antes da pandemia, foi convidada para ir à Universidade de Chicago falar sobre o seu livro de memórias, que relata uma infância de pobreza e de como a pobreza significa, acima de tudo, exclusão social no sentido profundo de solidão. Quando chega à universidade, encontra uma turma de jovens ensimesmados e provenientes de famílias abastadas, a quem o livro dela nada diz. Estes estudantes universitários, que indicam como livros favoritos títulos de bestsellers, nunca passaram por provações e isso impede-os de se relacionarem com a obra de Lucy Barton: é apenas uma mulher branca de meia-idade a escrever sobre pobreza.

Como muitas vezes acontece a Lucy ao longo da vida, esta experiência constitui um momento de profunda humilhação e é isso que lhe permite dizer:

“Durante uma hora, naquele dia nos arredores de Chicago, senti novamente a minha humilhação de infância de maneira tão profunda. Interroguei-me: e se eu continuasse a sentir-me assim a vida toda, e se todos os empregos que tive na vida não fossem suficientes para realmente constituírem uma carreira, e se eu me sentisse o tempo todo desprezada pelas pessoas ricas deste país, que faziam troça da minha religião e das minhas armas? Eu não tinha religião e não tinha armas, mas, de repente, senti que via o que essas pessoas sentiam; eram como a minha irmã, a Vicky, e compreendi-as. Tinham-nas feito sentir-se mal consigo próprias, olhavam-nas com desprezo, e elas já não aguentavam mais. (…) E, então, pensei: Não, aquelas pessoas no Capitólio eram nazis e racistas. E, assim sendo, a minha compreensão – o meu entendimento do partir das janelas – acabou ali.”

Strout é particularmente hábil ao destacar o poder da linguagem, nomeadamente o efeito gerado por designarmos o outro como nazi ou racista: a compreensão deixa de ser possível. Trata-se de uma velha estratégia política, a diabolização do outro. E é particularmente eficaz em tempos extremados e polarizados, e especialmente útil para aqueles que, confiantes de deterem a verdade final e absoluta, querem excluir certas vozes do espaço público.

Mas se este é um mau princípio na vida privada, no espaço político é particularmente perverso: quando deixamos de ouvir os que não pensam como nós, quando os diabolizamos ao ponto de considerarmos que a sua opinião não interessa – mesmo ou sobretudo quando esse adversário político tem um apoio crescente da população –, estamos a colocar-nos na posição de não querer compreender as preocupações de uma parte significativa da população. A diabolização impede a compreensão e a falta de compreensão gera tempos sombrios.

É verdade que os tempos sombrios são uma constante da história, e tendem a desaparecer com a mesma regularidade com que surgem. Mas há qualquer coisa de mais assustador nos nossos tempos: é que parecemos estar cada vez mais condicionados pelas ferramentas digitais de que somos cada vez mais dependentes.

Em Os superficiais: o que a Internet está a fazer aos nossos cérebros, Nicholas Carr chama a atenção para o facto de o maravilhoso mundo digital nos estar a tornar mais estúpidos ou, pelo menos, mais superficiais. Temos mais dificuldade em estar concentrados, lutamos mais com a tarefa de ler um livro do princípio ao fim, a nossa capacidade de memorização vai-se deteriorando, sentimos que é muito mais árduo pensar em profundidade. Parece ser sobretudo difícil pensar de forma lenta – que é, na verdade, a única forma de pensamento possível. Ou, como diziam os antigos (que sabiam sempre tudo, quando mais não seja tendo à mão dois ditados contraditórios): depressa e bem, não há quem.

Contudo, o problema tem-se agravado: a lógica das redes sociais digitais está a colonizar o modo como nos relacionamos politicamente na vida real. Vivemos cada vez mais entre aqueles que pensam de modo semelhante ao nosso, replicando as bolhas sociais criadas pela lógica algorítmica das redes sociais. Desabituamo-nos, nessa medida, de sermos desafiados por posições diferentes das nossas e somos tentados a “bloquear pessoas”, excluindo do nosso mundo aqueles que dizem coisas estranhas. E se não nos conseguirmos proteger absolutamente do que esses dizem, somos treinados a, rapidamente, “denunciar alguém” para que as instituições competentes possam impor a nossa visão do mundo. E com isto, vamo-nos habituando a uma hipersensibilidade, que nos faz confundir ideias diferentes com violência física e psicológica.

Ainda mais preocupante é que isto aconteça em contexto eminentemente político, aquele em que o esforço de compreensão é mais importante. Mesmo aí está a generalizar-se a ideia de que podemos “abandonar a conversa”. E a verdade é que é mais fácil não nos esforçarmos, é mais rápido diabolizarmos o outro e é muito menos cansativo não empreender o jogo democrático, que consiste em trocar argumentos com aqueles que defendem ideias diferentes e, eventualmente, mostrar que as nossas são melhores. Vivemos tempos sombrios em que o mais fácil se tornou abandonar a sala.

DEMOCRACIA    SOCIEDADE    LIVROS    LITERATURA    CULTURA

COMENTÁRIOS (de 30)

Paulo Silva: Cara Patrícia, quem por norma abandona a sala da democracia é quem não está para discutir ideias, apenas impô-las, e em política essa é uma característica comum a revolucionários e anti-democratas, (pleonasmo). Quando não conseguem impor as suas visões do mundo por via da força das armas, vestem a pele de cordeiro para recorrerem ao logro, à mentira, à ilusão e à dissimulação, e andarem no meio das ovelhas a apascentar o rebanho com demagogia. Mas sempre que alguém os descobre ou se sobressalta recorrem a uma derradeira arma: o insulto para desmoralizar o denunciante. Esta é a história da política no Ocidente nas últimas décadas, desde que a esquerda aí falhou a revolução e resolveu mudar de estratégia. Para isso forjou um novo catecismo moral onde a natureza de certas expressões foi completamente adulterada para a patrulha ideológica aos adversários e todos quantos se atravessem no caminho. O fascismo já não é mais uma ideologia, passou a ser uma arma de arremesso e sinónimo de opróbrio. Hoje é proibido criticar as políticas de imigração de braços e portas abertas, porque senão é-se rotulado de racista e fascista. É proibido apontar a cultura de impunidade a certas comunidades, porque senão é-se rotulado de ciganofobo e fascistaÉ proibido criticar a ideologia de género senão é-se rotulado de misógino, transfóbico e fascista. É proibido criticar o aborto a pedido porque senão lá vem a acusação de machista e fascista… É proibido criticar o casamento e adopção gay senão lá vem o libelo da homofobia e mais uma vez o espantalho do fascismo. E por aí adiante… Conclusão: o irmão rival do fascismo, o comunismo, que matou mais, continua a obter o beneplácito de muitos beatos. Inclusive daqueles que reconhecem os erros das suas aplicações, mas que ainda consideram que é uma excelente ideia… enquanto as políticas da esquerda radical, cúmulo da virtude, não se podem criticar sob pena de sermos cilindrados com os epítetos mais degradantes. Os políticos tradicionais continuam na sua cegueira a recusar enxergar as razões do protesto e do mal-estar das populações, mas isto tem de levar uma grande volta. Dia 10 votação massiva para começar a mudar este estado de coisas.                Tim do Á: Ana Abrunhosa é uma comunista totalitária caviar de barriga cheia de dinheiro contra o povo. O marido dela é dono da fábrica de farinha Branca de Neve. Fora com os comunas caviar!              João Floriano: Abandona-se a sala porque durante muito tempo se pretendeu forçar outros a   abandoná-la. Estou a lembrar-me das famosas linhas vermelhas, do não cumprimento de normas parlamentares como a eleição de um vice-presidente do parlamento, de declarações tonitruantes tipo: «Por mim  a direita não passará», «temos de acabar com isto!», de várias pressões para que o TC se pronunciasse pela ilegalidade de quem não se queria  a partilhar o mesmo espaço democrático. Como não resultou, «abandona-se a sala» como uma excelente estratégia para ocultar a falta de ideias, de poder argumentativo, o medo de ser confrontado com os seus erros e ainda aparentemente ficar por cima demonstrando uma grande superioridade moral. Impossível não pensar no abandono mais mediático dos últimos dias: o da Ana Abrunhosa quando se recusou a escutar o discurso «xenófobo» (o termo é da senhora Ministra) de António Pinto Pereira. Até hoje eu e certamente muitos milhares de portugueses não perceberam o que havia de xenófobo nas palavras de Pinto Pereira. Ana Abrunhosa é perita em abandonar o debate. Ninguém choraminga melhor do que esta governante que até agora ninguém percebeu o que acrescentou de bom ao governo demitido de António Costa,  a não ser uma sensibilidade e truque muito feminino e velho desde que o mundo é mundo: chorar. Nunca falha e ninguém resiste  a uma chorona. Mas sejamos justos: em termos de choraminguice piegas nada suplantou o exemplo das recentes entrevistas num determinado programa da manhã em que todos os líderes partidário foram convidados para entrevistas intimistas sobre o seu lado humano. A entrevistadora pôs toda aquela gente  a chorar: desde o Pedro Nuno ao Ventura, passando por Montenegro que me deu uma enorme vontade de rir, o Raimundo comunista e Inês Real vestida de noiva. Arrumaram Ana Abrunhosa a um canto.             João Floriano > Paulo Silva: O seu comentário enriquece a crónica da Dra. Patrícia Fernandes.           Paulo Silva > Américo Silva: Não entendeu ou não quis entender patavina do artigo. Aqui o ‘abandonar a sala’ não é de tão literal e singela leitura. É metáfora para aquela atitude tão pouco democrática de querer silenciar o outro e condená-lo à inexistência… Quando oiço falar em picaretas falantes só me vem à ideia a imagem das esganiçadas ou dos deputados Rui Tavares e Pedro Delgado Alves. Debitam mais palavras por segundo que um martelo pneumático… mais parecem metralhadoras falantes. Quanto aos gases, é verdade. A ‘democracia’, que nunca foi democrática, está tóxica de podre. É preciso arejar bem a sala com uma lufada de ar fresco ao final do dia 10, já mal se consegue respirar...                Rui Medeiros > Paulo Silva: Excelente comentário! Parabéns                 José B Dias: Vivemos cada vez mais entre aqueles que pensam de modo semelhante ao nosso, replicando as bolhas sociais criadas pela lógica algorítmica das redes sociais. Desabituamo-nos, nessa medida, de sermos desafiados por posições diferentes das nossas e somos tentados a “bloquear pessoas”, excluindo do nosso mundo aqueles que dizem coisas estranhas. E se não nos conseguirmos proteger absolutamente do que esses dizem, somos treinados a, rapidamente, “denunciar alguém” para que as instituições competentes possam impor a nossa visão do mundo. Muitos dos aqui comentadores deviam ler, reler e reflectir sobre o parágrafo que para maior facilidade transcrevi supra ...

As coisas


“Que terei pudor de contar seja a quem for”. Felizmente que existem investigadores corajosos, como Maria Helena Matos, (e comentadores conhecedores) que vão denunciando tanta penúria e incúria e incapacidade de o Governo socialista governar com decência. Nunca esquecerei que Pedro Nuno dos Santos, que foi ministro com falhas e quer ser primeiro-ministro, apesar das ditas, dissera um dia, por alturas de 2011 – tenho-o gravado – que as contas ao estrangeiro não deviam ser pagas, dito de que depois fez que se arrependeu e pediu desculpa, tendo sido um dos afeiçoados do ex-primeiro-ministro Costa e agora um presumível sucessor no mesmo cargo, desculpabilizado por um povo que até aceita bem as irregularidades, desde que se sinta favorecido pecuniariamente, venha o dinheiro donde vier…

Uma crescente sensação de insegurança

Uma criança morreu baleada em Setúbal. Os polícias manifestam-se e os militares ameaçam seguir-lhes o exemplo. O maior problema da Administração Interna é agora a própria administração interna.

HELENA MATOS Colunista do Observador

OBSERVADOR,25 fev. 2024, 07:4181

Serei apenas eu a estranhar que o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, tenha vindo dizer que foi informado sobre a realização de “umas negociações escondidas” entre o PSD e outros partidos? Esta revelação feita por um ministro da Administração Interna só pode ter uma resposta que é obviamente uma sucessão de perguntas: como soube o ministro da Administração Interna que estão a acontecer as tais “negociações escondidas” entre o PSD e o Chega? Em que qualidade foi informado e por quem? Sim, tem relevância política que o PSD negoceie com o Chega mas tem muito mais relevância esta frase quando proferida por um ministro da Administração Interna: “Dizem-me que há umas negociações escondidas entre os partidos da AD e outros partidos em relação ao futuro.”  José Luís Carneiro quis mesmo dizer isto?

A condescendência nacional para com estas declarações do ainda ministro da Administração Interna (há alguns anos teriam gerado uma tempestade política!) vem confirmar a degradação desta área. Tornou-se quase incontestável que os governos de António Costa falharam na Saúde e na Educação. Curiosamente omite-se uma das pastas em que o saldo é mais negativo: a Administração Interna.

Era difícil fazer pior: agentes da PSP e da GNR estão contra a PJ por causa do subsídio de risco que António Costa atribuiu a esta última polícia no final de Novembro passado, já depois de se ter demitido. Entretanto os militares ameaçam entrar nos protestos caso as suas remunerações não acompanhem as dos agentes da PSP e da GNR com quem Pedro Nuno Santos e Montenegro declaram ir negociar quando vencerem as eleiçõesO maior problema da Administração Interna é agora a própria administração interna: as forças que a deveriam assegurar transmitem-nos uma crescente sensação de insegurança. E os governantes ou candidatos a tal a procurarem não perder a face perante aqueles homens e mulheres que gritam “A polícia unida jamais será vencida!”

Outra das áreas da Administração Interna em que a intervenção governamental gerou o caos é o SEF, ou melhor dizendo o ex-SEF. Quando agora somos confrontados com notícias que dão conta de que “Cerca de 20 requerentes de asilo estão desde domingo a dormir na rua em Lisboa. Vindos da Gâmbia e do Senegal, estão a dormir em frente à Agência para a Integração, Migrações e Asilo como forma de protesto, após terem visto pedido de asilo recusado” ou “Há pouco que a AIMA possa fazer pelas condições em que migrantes dormem no aeroporto” é preciso lembrar como chegámos aqui: mal assumiu a liderança do Governo, António Costa afastou o director do SEF e nomeou uma directora, Luísa Maia Gonçalves, que acabou por ser uma das vítimas da geringonça: mal chamou a atenção para as consequências às alterações à Lei de Estrangeiros, Luísa Maia Gonçalves passou a estar a prazo. Entre essas alterações contava-se o facto de a “promessa de um contrato de trabalho” passar a ser suficiente poder obter uma autorização de residência em Portugal e do impedimento de expulsão dos imigrantes que tenham cometido crimes como homicídios, roubos violentos ou tráfico de droga.

Luísa Maia Gonçalves foi substituída por Carlos Moreira, que por sua vez foi substituído por Cristina Gatões, que por sua vez deu lugar a José Luís do Rosário. A instabilidade do SEF era pública e notória. A morte do ucraniano Ihor Homeniuk nas instalações do SEF no aeroporto de Lisboa foi o pretexto usado para acabar com o SEF que, após vários adiamentos, foi extinto em Outubro de 2023 e teve as suas competências divididas por sete, repito, sete diferentes entidades: PSP; GNR; Polícia Judiciária; Serviço de Estrangeiros e Asilo; Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA); Instituto de Registos e Notariado (IRN) e Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros (UCFE). Entre a dispersão de serviços e o facilitismo da nova legislação acabou-se a não acolher os imigrantes com dignidade, a confundir requerentes de asilo com imigrantes e a criar situações “descontroladas” como aquelas que agora se registam nas Caldas da Rainha, para onde a AIMA mandou uns requerentes de asilo fugidos não se sabe de que guerras, ou Beja, onde a Câmara Municipal desaloja os imigrantes que se instalaram nos seus edifícios devolutos e muda-lhes as fechaduras (felizmente a autarquia é socialista e os eleitos dividem-se maioritariamente entre o PS e a CDU, pelo que tudo isto acontece sem que os activistas do costume apareçam a dar mostras da sua solidariedade para com os expulsos).

A pasta da Administração Interna foi nos governos de António Costa uma sucessão de figuras improváveis: começou com a constrangedora Constança Urbano de Sousa, sucedeu-lhe o inenarrável Eduardo Cabrita e tivemos até a insólita situação de, entre Dezembro de 2021 e Março de 2022, a ministra da Justiça Francisca Van Dunem ter sido também responsável pela Administração Interna. Finalmente em Março de 2022 chegou José Luís Carneiro que destoa desta lista pelo seu perfil institucional que infelizmente parece estar a perder nesta campanha.

A degradação das questões de segurança e do próprio ministério da Administração Interna é uma consequência dos paradoxos a que nos levou e leva o inibidor da extrema-direita. O inibidor da extrema-direita serve para tudo. Serve para não se perguntar como foi possível o “disparo acidental” que matou uma criança no Bairro Amarelo em Setúbal há poucas semanas. Serve para que não se discuta esse outro país onde as rixas entre grupos rivais acabam aos tiros. Para que não se discuta a legislação sobre imigração. Ou a degradação das condições de trabalho na PSP. Os carros avariados da GNRBasta que alguém afirme que esses assuntos favorecem a extrema-direita para que logo se passe adiante. Até ao dia em que os problemas que se negaram se impõem na brutalidade de um qualquer facto. Inicialmente esse facto era a ocorrência daquilo que tanto se tinha negado: uma violação, um tiroteio, um arrastão. Agora está-se já noutra fase: depois de anos em que não se discutiu a insegurança para não favorecer a extrema-direita, acabámos não só a ver subir exponencialmente a extrema-direita (dando de barato que o Chega é de extrema-direita) como estamos sem discurso para tratar daquilo que se delimitou como assuntos demarcados da extrema-direita e que na verdade são assuntos que afectam a vida de todos. A falsa sensação de segurança deu lugar a uma crescente sensação de insegurança.

SEGURANÇA    SOCIEDADE    MINISTÉRIO ADMINISTRAÇÃO INTERNA    POLÍTICA

COMENTÁRIOS (de 89)

MCMCA A > Maria Tubucci: E temos um povo que se remete a uma falsa sensação de liberdade e democracia                  S N > Maria Tubucci: Até uma universidade foi encerrada, talvez por ou para não se perceber porque concedera uma licenciatura a um domingo                bento guerra > Paulo J Silva: Apoiado. Boa síntese sobre a hipocrisia dos políticos e dos jornaleiros                   Paulo J Silva: É cansativo continuar a ver tanta gente a insistir em pôr o rótulo de extrema-direita ao Chega. A desonestidade intelectual que ilude, engana, tem de ser denunciada. Quanto às negociações “secretas” entre o PSD e outro partido de direita. Muito bom seria que esse partido fosse o Chega. Seria sinal de que o PSD teria atingido a maturidade política na medida em que já todo o país percebeu que só estes dois partidos conseguem uma solução de governabilidade estável para Portugal. Por fim, uma nota sobre as negociatas à esquerda com partidos totalitários. Aqui já não há indignação, nem surpresa. Nada. O regime está de facto muito doente. Este sim é um assunto muito importante para todos, apesar de o governo e a comunicação social terem decidido que são tabu. Por isso a cronista merece muitos parabéns por apontar o dedo para este verdadeiro barril de pólvora que nada garante que não possa explodir-nos nas mãos, como aconteceu esta semana em Setúbal e Oeiras. Uma tragédia a propagar-se à vista de todos da qual ninguém pode falar, exceto se for… Fascista! O estado a que quase tudo está a chegar não pode deixar de preocupar muito.                  Lily Lx: Como sempre, excelente. O PS adoptou medidas inenarráveis na imigração, como se estivesse mandatado para o efeito. Acaso, foram a votos a solução de vistos automáticos para os palop, em clara violação das regras de schengen? Acaso, os residentes em Portugal aprovaram a entrada de 1 milhão de imigrantes, tantos de matriz cultural distinta da portuguesa? Acaso, há algum bom senso na extinção do sef? Para os socialistas, tudo isto é indiferente, porquanto, vivem na sua redoma de privilégio. Mas não é indiferente para os pobres e para s classe média, que frequentam transportes públicos mais sujos, vias públicas mais degradadas, e são preferidos no acesso à saúde e à educação (Portugal acolhe tão bem os imigrantes que eles tem privilégio no acesso a médicos de família e à instrução no ensino público).                 Cisca Impllit: Como dói este artigo que relata a verdade  na sucessão  de asneiras em crescendo e as pessoas continuam com a cabeça amolecida  - cada vez mais acríticas voando num ninho de slogans                   Carlos Quartel: Que não se tenha estranhado as declarações do ministro é, em grande parte, culpa da fraca qualidade da comunicação social.  Um ministro das polícias não pode dizer que tem conhecimento de um facto, sem que isso  seja associado à existência de espionagem, neste caso, sobre actividades dos partidos políticos. O que seria grave, inconstitucional e mesmo alarmante. Quanto ao aumento de 700 euros à Judiciária foi a manobra final de Costa, para criar um problema ao próximo governo. Seja ele de Pedro Nuno ou de Montenegro, ambos são vistos por Costa como gente que lhe rouba o poleiro. Que país é este, com 2 milhões de pobres, que pode dar aumentos de 700 euros a funcionários públicos?? Qualquer que seja a função ou a patente, essa quantia é muito mais próxima de um vencimento do que de um aumento. Cabe também perguntar em que pensava o presidente quando assinar semelhante barbaridade. Num golpe de mágica, os inspectores da PJ acordarem todos coronel ou ten-coronel. Mesmo para militares disciplinados, é difícil de engolir.  Quanto aos polícias, acrescente-se que tudo leva a crer que há por ali manipulação e razoáveis suspeitas.                 Maria Tubucci: Muito bem, HM. Diz que a “A falsa sensação de segurança deu lugar a uma crescente sensação de insegurança”. Tem muita razão, há 8 anos que apenas temos uma falsa sensação de governo. Normalmente os governos existem para governar a coisa pública, os últimos governos socialistas existiram para se governarem da coisa pública, é o mundo ao contrário. Aliás, o seu pensamento já está em preparar os lugares para a próxima geração, consideram-se os donos do regime. Os socialistas estão-se a marimbar para a coisa pública, para o povo, para a destruição que provocam nas instituições, pois sabem que nunca serão responsabilizados pelo mal que fazem. Repare, quando querem esconder a sua incompetência extinguem a instituição que dá problemas. O modus operandi é sempre o mesmo, quando há problemas numa instituição, extinguem essa instituição e dividem as suas competências por muitos locais.  Há muitos exemplos, a antiga JAE; na protecção civil distribuíram as competências por 14 instituições; o SEF extinto e distribuíram por 7 instituições as suas competências. Porquê? Para garantir que os problemas nunca sejam resolvidos, para garantir mais tachos para a famiglia, para diluir as suas responsabilidades, para se manterem no poder, ou seja, “só o PS pode substituir o PS” como eles dizem. E o caroço da cereja no topo do bolo, perdão da poia, o culpar a suposta “extrema-direita” evitando que alguém fale no assunto, ficando assim de livres da sua culpa. Agora em campanha temos uma falsa sensação de um novo líder do PS, que promete uma falsa sensação de saúde, uma falsa sensação de educação, uma falsa sensação que resolve os problemas, tudo falso, tudo de plástico e de má qualidade.              J. D.L.: "Como soube o ministro da Administração Interna que estão a acontecer as tais “negociações escondidas” entre o PSD e o Chega?" É obvio: através de um relatório da PIDE/DGS...                 Pedro Campos: José Luís Carneiro teve uma política absolutamente irresponsável e incompetente que teve como consequência a degradação das forças de segurança em Portugal!                  Carlos Chaves: E ainda ontem tivemos o PNS em Viseu a declarar com pompa e circunstância que tem muito orgulho nos excelentes resultados dos governos de António Costa! E claro a maioria da CS passa isto vezes sem conta, sem qualquer referência aos verdadeiros resultados catastróficos nomeadamente nas áreas que a Helena aqui refere, muito menos confrontar o emissor de tais declarações com os resultados reais das políticas de que ele tem muito orgulho! Cada vez mais fica claro que este consulado do sr. Costa corroeu e destruiu a nossa sociedade, e o pior é que não foi só em termos económicos, empobrecendo-nos, foi a chegada da mentira, da mediocridade, do truque, da encenação, da falta de respeito pelas regras básicas da sã convivência em sociedade, enfim uma degradação generalizada onde acabaram por nos pôr uns contra os outros. E isto vamos pagar caro, muito caro!                João Floriano: A decadência da imagem do Ministro Carneiro espanta apenas alguns mais desatentos que confiavam ou ainda confiam naquele ar sereno, naquela pretensa sensatez. Carneiro é mais um daqueles que se integram no grupo de «Com papas e bolos se enganam os tolos». O mestre da táctica reside em Belém e embora seja relaxante não o ter  a colaborar para  a confusão, interrogamo-nos muitas vezes o que se passará dentro daquela cabeça, que conjecturas fará nesta espécie de licença sabática que parece ter adoptado. E é tanto mais intrigante este silêncio da parte de alguém que não se passava um dia sem vir dar a sua opinião mais do que uma vez até, quanto uma decisão  de extrema importância pode estar nas mãos do PR decorrente dos resultados de 10 de março. A crónica de Helena Matos não podia ser mais certeira, sobretudo no que se refere ao impedimento da discussão de assuntos que podem favorecer a «extrema» direita, aqui Helena Matos anda mal porque o CHEGA não é nem nunca foi de extrema-direita. Qualquer comentador medíocre da nossa televisão, que está cheia deles e delas, não fala do que se passa nas polícias e GNR sem apontar as vantagens políticas que isto está  a trazer para a extrema-direita.  O que se retira destas linhas é que o país de brandos costumes há muito que se foi e que as penas suaves aplicadas aos criminosos por vezes por crimes hediondos são de uma leveza que faz esta gente pensar que até vale  a pena arriscar porque passado pouco tempo estarão livres e soltos. Mas quando se fala em rever as penas, isso é tabu porque dá vantagem à extrema-esquerda. E o mesmo se passa quando se fala de imigração descontrolada: xenofobia e racismo. Falar da exorbitância dos lobbies LGBTI+ e wokes é ser-se homofóbico. Voltando ao MAI, consigo perceber um laivo pidesco no aviso de Carneiro sobre encontros secretos entre PSD e CHEGA. Mesmo que os haja, que interessa isso ao Ministro,  a não ser uma maneira de influenciar os eleitores? Antes do 25 de Abril, ou melhor antes do 25 de Novembro, existiam informadores nos bairros, nos empregos, nas escolas que vigiavam as reuniões das pessoas, quem entrava e saía das suas casas. Será que estamos  a entrar de novo em algo semelhante? Juntamente com o clima de inquietude que perpassa pelas forças de segurança, esta possibilidade é mesmo assustadora.                Madalena Magalhães Colaço: Muito esclarecedor. Ao contrário da esquerda, BE, Livre e PS que aceitam a entrada sem restrições de todos os imigrantes, o Chega é o partido que à direita mais esclarece sobre o que se deve fazer em relação à imigração sem controlo assunto completamente tabu para a esquerda. António Costa deixa-nos um país caótico.             Joao A: Os imigrantes decentes não escolhem Portugal. Em Portugal entra qualquer criminoso sem qualquer problema e fica legalizado. Em Portugal os imigrantes nunca são expulsos. Quem se vai embora é apenas porque Portugal não presta para gente decente.  A administração Interna do partido socialista é surreal. É tão mau, mas tão mau que nem se consegue destacar nada - é tudo péssimo. A incompetência do partido socialista é gigante, é só interesses pessoais, cunhas, gente do mais rasca e incapaz.                  Paulo Almeida: O caso de Beja mostra a hipocrisia da esquerda. A Câmara é PS e PCP. Se fosse de direita, haveria uma indignação enorme, usar-se-iam os imigrantes como arma política para manifestações. Mas como são da mesma cor, querem lá saber dos imigrantes.               klaus muller: Só peço a Deus que o "Hábil" Costa ainda esteja vivo quando, daqui a uns anos e já com uma CS sem complexos de esquerda, se faça uma análise imparcial do que foi este vergonhoso consulado do Habilidoso. Não me lembro de ver o país tão abandalhado como agora. O Cunhal mereceu, pelo mal que fez, o sofrimento de ver o Sol da Terra a implodir abjectamente. O Costa também merece sofrer ao ver a sua imagem na lama devido ao estado em que deixou este país.              José B Dias: Não, cara Helena Matos, não é só a si que causa imensa estranheza ... e preocupação!                    Ana Luís da Silva: Helena Matos a pôr o dedo na ferida da total incompetência socialista também na Administração Interna e na segurança dos cidadãos, para os quais o PS se está completamente a marimbar! No entanto, a negociação do PSD com outros partidos, só me parece ser com a IL. A ser com o CHEGA, não há-de ser o PSD de Montenegro.               João Ramos:  “Finalmente em Março de 2022 chegou José Luís Carneiro que destoa desta lista pelo seu perfil institucional que infelizmente parece estar a perder nesta campanha” mas qual é o espanto, é socialista como os outros portanto teria que ser mais uma desilusão…               João Ramos > João Floriano: Já repararam no descanso que tem sido o não aparecimento do personagem de Belém…               Maria Emília Santos Santos: A comunicação social é quem manda em Portugal! Ela a OMS, a ONU e o FEM. Então, o que os portugueses de bem como o Ventura têm a fazer, é arranjar maneiras de lutar            Fernando CE:  Muito bem. Uma analise que descreve a triste realidade do nosso pais construída pelo Costa, tantas vezes comentado de forma inacreditável , sem pudor nem distanciamento, por outro Costa. Serei só eu a pensar assim?!             Rui Oliveira: Gravíssimo o que se está a passar em Portugal neste momento. Mais grave ainda, a passividade com que tudo acontece. Os sucessivos responsáveis pela Administração Interna são uma galeria de horrores, e é evidente a incapacidade dos actuais protagonistas para acudir ao descalabro a que se chegou              F. Mendes: Mais um excelente artigo da HM, que, entre outros, tem o grande mérito de nos recordar algumas patifarias praticadas por estes bandalhos, durante mais de 8 anos de um pesadelo que parece interminável. Espero que o PSD pegue, e insista, na questão de se determinar como é que o Carneiro teria sabido desta treta das negociações secretas. Será que o MAI está ao serviço do PS? Será que negociações entre partidos são uma ameaça à segurança pública? O grau de captura do estado pelo PS chegou a níveis impensáveis? O desespero e o medo de perder eleições, não podem ser dados como justificação, nem desculpa, para estes abusos intoleráveis. Finalmente, a questão da imigração, a ser discutida, recolhe uma atenção mais do que tardia. No meio de novos "sem-abrigo de importação", temos o Marcelo - que prometeu preocupar-se com os sem-abrigo! - caladinho e a fazer sabe-se lá o quê (talvez a esperar que o caso das gémeas seja esquecido de vez!). Esperemos que depois de 10 de Março, o novo governo procure emendar esta situação e impeça males ainda maiores. Assim haja coragem para tal.                    fonseca 07: Mas afinal o que é que não funciona  ???? TUDO.                Manuel Martins: Em minha opinião,  a segurança pública resulta mais da percepção que a estatística criminal e a comunicação social queiram transmitir à população do que da realidade.  Como não confio na estatística criminal (quantos casos não são registados porque o comandante local quer mostrar resultados positivos,  ou os governos mostrar uma falsa segurança?), nem nos critérios da comunicação social (quantos casos,  sobretudo os que envolvem minorias,  imigrantes, etc, são omitidos,  deturpados, pela cartilha do "politicamente correcto "?). Como a realidade se sobrepõe inexoravelmente à ficção,  e os governantes não controlam as instituições internacionais,  o que temos como certo é um país que,  desde a geringonça,  desce nos rankings da segurança, que não respeita regras de Schengen,  que desce nas avaliações ao controlo das fronteiras,  que provocou situações inéditas de exploração dos imigrantes,  e tudo com o absoluto cinismo de, ao extinguir o sef, alegar que o fazia para ter um sistema mais humanista...                 Nokogiri: O SIS está controlado e não serve para o que deve, infelizmente, há que o o tornar numa Unidade Especial que sirva apenas Portugal. O que se passou com este serviço de Inteligência é tão sensível que não pode ser entregue a políticos sem sentido de Estado. O "disseram-me" tem costas largas. Achava que este socialista tinha mais carácter, afinal é igual aos outros todos. Inventa, altera, aldraba tudo o que se passa. Não olham a meios para atingir o poder.                      Vítor Prata: Mais um excelente texto, revelador da incapacidade deste governo dirigir a politica de segurança interna e de conseguir quem a proponha e execute. Enfim, socialistas!                    João Ramos > Nokogiri: Muito bem, o SIS controlado por gente que não presta e que confunde o seu partidozeco com o Estado só poderá dar mau resultado                      joão Melo: Temos de ser directos, e deixar de fazer floreados absurdos. A solução para Portugal deixar de estar miseravelmente agarrado a uma sistema de esquerda, que quer nivelar tudo por baixo,  só pode ser uma: PSD e CHEGA unirem-se para acabar de vez com esta chachada socialista. Os medos e receios de que falam são infundados. O Chega com o PSD irá moderar-se, e claro que os dois poderão ter as suas "lutas", mas pior do que estamos com estes chuchas, isso não ficamos de certeza.                   Manuel Rodrigues: O cidadão comum  há muito sabe que o caos social, económico, laboral, administrativo é generalizado... Qual é a  actividade  Estatal ou função do  Estado que tem um  funcionamento aceitável? Ficaria feliz  com  tal descoberta…. O voto serve para corrigir   o rumo do País...                 Vitor Batista > Carlos Quartel: Tem toda a razão, e não esquecer o aumento que ele deu aos juizes em cima daquilo que já auferiam.             Carlos Vito: Costa nunca foi um estadista, Marcelo também nunca foi e nunca será, Pedro Santos já se percebeu que nunca será, mas o problema vem de longe com a infiltração desde Abril das FA e Policias pelo PCP e maçonaria, depois o Centrão nunca percebeu por falta de cultura e falta de qualidade sucessiva dos seus dirigentes e isto é um problema em Portugal e na UE de alguns países, a implosão da UE pode acontecer por via de tudo isto, Portugal, Espanha, França e Alemanha servem de exemplo.               graça td: Concordo com tudo o que escreve. Mas não é menos tranquilizador saber que do outro lado a presumível oposição vencedora, o seu líder, revela ainda maior tibieza nas palavras do que o ministro da Administração Interna. Se nas acções for igualmente frouxo e sonso como parece pretender afirmar-se (diz ele que não se sentiu incomodado pelos protestos policiais frente ao Capitólio!!!!) estamos feitos! Tem razão, como pode o ministro da administração interna dizer isso? Como é possível a imprensa não reagir? A administração interna é mais uma área de pré-colapso do estado promovido pelo PS. Um pormenor: o SEF é realmente um problema sério de corrupção e violência. O emigrante ucraniano não "morreu" nas instalações do SEF. O emigrante foi brutalmente torturado e assassinado.  Assim como o Navalny não "morreu" na prisão e não são "as facas" que andam a matar civis por essa Europa fora.                   Lidia Santos: Excelente!!                       Censurado sem razão: A questão aqui é como a sequência de aves raras na administração interna e correspondentes trapalhadas não obrigaram a demissão antecipada destes governos de incompetentes. Somos um povo manso. Um povo de vendidos. Um povo que come meeerda, mas só come se for dada pela esquerda. Que dá o cuuuu se for preciso, desde que não haja descontos no recibo de vencimento. Tenho absoluta vergonha de me dizer português. Pq pariu esta escumalha socialista que ocupou o poder e o aparelho de estado.                 Lúcia Henriques: Que bem descreveu esta bagunça. E PS preocupado com possíveis, como fez em 2015 com comunistas. Hipócritas!                  José Pinheiro: Cara Helena, excelente análise… só não vê quem não quer..                  João Ramos > Maria Emília Santos Santos: Faltou referir a Maçonaria…