Próprios da primeira infância… das
gentes como dos povos. Não enxergam mais porque não se esforçam por isso,
drásticos nos seus preconceitos de conveniência trapaceira, do seu pobre “sim
porque sim e tenho dito”. Um povo destes, que assim se deixa dominar, por seres
nitidamente ignaros, não tem hipótese, pese embora a simpatia e a eficiência de
tantos. O tal bloco oportunista está ali para destruir, apenas, e não há quem
possa valer a esse povo timorato, que parece não se importar, de resto, cada
vez mais pacoviamente desintegrado, que canta e ri e aceita a difamação, sem
ao, menos, refutar os ismos das definições extremistas…
Direita social? Isso é socialismo!
O jornalismo de referência assegura
que toda a preocupação social é socialista e toda a intervenção estatal é de
esquerda, devendo a Direita ater-se à sua proverbial maldade e ao seu endémico
egoísmo.
JAIME NOGUEIRA PINTO
Colunista do Observador
OBSERVADOR, 10
fev. 2024, 00:1846
O que distinguiu e distingue as direitas
das esquerdas – chamemos-lhe assim, por comodidade – nunca foi só a economia. E
hoje não o é claramente.
Mas há neste canto ocidental da Europa
uma pequena aldeia mediática que resiste ainda e sempre a abandonar o mundo
encantado do PREC, os tempos da Guerra Fria ou o que seja. Nesse mundo
encantado, as duas direitas que, aparentemente, existem – ambas isentas de
“preocupações sociais”, como lhes compete – são: a) uma direita fascista, racista, populista, má e inimiga dos
imigrantes, das causas sociais e das amplas liberdades democráticas; e
b) uma direita liberal, inimiga dos
trabalhadores e amiga dos empresários, da iniciativa privada e do “grande
capital”.
Só as esquerdas – boas, generosas, acolhedoras, progressistas
e amigas de todos os seres vivos em geral e de cada ser vivo em particular
– podem abraçar simultaneamente e sem sombra de demagogia as causas sociais, o
Estado Social, os pensionistas, as contas certas, as contas incertas, os
nativos, os imigrantes, o mundo global, enfim, o Planeta.
Em
Portugal, talvez por termos tido uma tentativa de instauração de um regime
comunista, com a nacionalização das principais indústrias e dos bancos depois
do 11 de Março 1975, a ideia de que Direita e Esquerda se distinguem só, ou
quase só, pela economia cristalizou-se. Para isso terão também
contribuído as políticas economicamente liberais do thatcherismo e do
reaganismo – que enfrentavam o poder dos sindicatos no Reino Unido e o peso da
carga fiscal nos Estados Unidos – e a afirmação do mercado livre em relação às
economias de direcção central dos países comunistas.
Mas estas diferenças eram ou tornaram-se conjunturais. Com o fim da União Soviética, o modelo
socialista de economia deixou de ser uma opção (hoje restam, como Estados
socialistas, a Coreia do Norte, Cuba e a Venezuela) e até a República Popular
da China se transformou num capitalismo de direcção central. Como tal, passou a haver apenas um modelo
de economia – a economia de mercado, mais liberal ou mais social, mais ou menos
regulada. Ou seja, não havendo Estados socialistas, há diferenças importantes
em economia, mas só quanto a um maior ou menor investimento em obras públicas,
um maior ou menor incentivo à iniciativa privada, uma maior ou menor carga
fiscal, um maior ou menor grau de incompetência, corrupção, compadrio e uso e
abuso do poder político.
Assim, as questões que dividem Direita e
Esquerda são hoje essencialmente políticas e de ordem ética e moral. Das questões
políticas, a mais
importante será talvez a contraposição nacionalismo-globalismo. Ou, se se
quiser, patriotismo-internacionalismo ou federalismo europeu. São de direita os que acreditam que a
fronteira é importante, que a identidade nacional conta e que os direitos,
garantias e liberdades das pessoas são mais bem defendidos no e pelo Estado
soberano. E que um mundo de Estados soberanos e
independentes, com todos os seus riscos, é melhor que um mundo sem fronteiras,
gerido pelas sinarquias e oligarquias do dinheiro e da tecno-burocracia
multilateralista. Mesmo o liberalismo de
direita, tal como outrora o de Thatcher ou de Reagan, tem necessariamente de
privilegiar a nação.
E depois há as questões relativas à vida e à família, ao modelo de
sociedade e até de humanidade, que unem grande parte das direitas, embora haja
liberais em costumes que se afirmem de direita e se assista, em França, a uma
direita laica, bem definida nas questões da nação e da identidade nacional, mas
liberal e hedonista nalgumas questões fracturantes – como se tornou evidente na
recente votação da integração na Constituição de 1958 da liberdade de abortar.
Mas
se a direita de cada país é marcada pela sua tradição nacional e tem a
afirmação da identidade e da independência nacional como valor primeiro, todas as direitas, sem abdicarem
do princípio da liberdade económica e da existência do mercado, são unânimes na preocupação social.
As direitas conservadoras são tributárias da direita social
católica, com raízes nos movimentos católicos alemães, franceses e italianos da
segunda metade do século XIX; as outras, as chamadas nacionais-populistas,
democráticas na ideologia e na prática, mantêm a forte referência social das
direitas nacionais revolucionárias do século XX, que tinham opções autoritárias
e totalitárias. Lembre-se,
entretanto, que o Estado
social começou na Alemanha com Bismark,
um nacional-conservador.
Seja como for, ignorar a
tradição e a presença da direita social, ou a forte preocupação social à
direita, pode ser uma estratégia compreensível no calor de um debate político-eleitoral,
mas entre comentadores supostamente objectivos e imparciais não pode deixar de
ser um alarmante sinal de ignorância, de maniqueísmo ou de falta de
independência analítica.
Mas tudo é possível neste extremo
ocidental da Europa, onde até o jornalismo de referência nos assegura que toda
a preocupação social é socialista e toda a intervenção estatal é de esquerda,
devendo a Direita abandonar a demagogia e ater-se à sua proverbial maldade e ao
seu endémico egoísmo, concentrando-se exclusivamente ora no iliberalismo ora na
iniciativa privada, no proveito próprio e no capitalismo selvagem – que, isso
sim, são coisas de direita e não poderão nunca confundir-se com “socialismo”.
A SEXTA COLUNA HISTÓRIA CULTURA POLÍTICA
COMENTÁRIOS (DE
Américo Silva: As maiores diferenças na política não se situam entre
esquerda e direita, mas entre os que acham que o homem se realiza no estado,
e os que acham que o estado está ao serviço do homem: os primeiros são cada
vez mais da direita à esquerda; acresce que o estado tem dono, é a grande
empresa, o grande negócio, e assim, numa espiral sem fim, o serviço do estado é
o serviço duma minoria de indivíduos, seja qual for o regime. Rui
Lima: Na verdade a vertente económica hoje não
é a grande fronteira direita-esquerda - mais ou menos todos juram pelo mercado
e sabem que só as empresas podem criar a riqueza e lha dar sobre a forma
de imposto para os políticos comprarem os votos. Hoje o confronto direita-esquerda
é entre quem quer destruir de vez o mundo Ocidental e quem o quer proteger,
os portugueses vão sentir o terror dentro de alguns anos ao começo tudo é fácil
e bom, eu vi-os vestir à ocidental e a beber cerveja nas esplanadas. Hoje
agridem / perseguem quem o faz nos seus territórios. Quando era
estudante cortei uvas no “Château Lafite Rothschild “ próximo de Bordéus,
corri a cidade de ponta a ponta um paraíso, nunca esquecerei, tudo era
limpo e seguro , a beleza da sua estação de caminhos de ferro a
Catedral Saint-André hoje é trágico e medonho, problemas todos
os dias quem chegou e chega não se integra serão os nativos a ter de fugir ou
aceitar o que lhe impõem. Os pobres nativos ainda se manifestam como o
vão fazer hoje: “Muitos habitantes não aguentam mais a «ocupação permanente de
seu bairro por traficantes», nos arredores do mercado dos Capuchinhos em
Bordeaux. Eles se manifestarão em frente à camara neste sábado, para
expressar seu «ras-le-bol».” De hoje “La manifestation aura lieu ce
samedi 10 février à 17 heures devant l'hôtel de ville. Nicolas Costa, un des
instigateurs de ce rassemblement, explique que la rue Élie Gintrac est
«infestée de dealers», mais déplore également «des gens qui font des jeux
d’argent» et qui urinent dans la rue. Selon lui, «les habitants et commerçants
peuvent se faire agresser à tout moment». Nicolas Costa explique d’ailleurs
s’être fait «menacer de mort deux fois» et se faire «insulter presque
quotidiennement». Pour ce riverain à bout de nerfs, «les dealers font ce qu’ils
veulent, ils sont parfois 15 à l’angle de la rue à dealer, sans aucun problème,
et à mettre leur musique à fond jusqu’à 3 heures du matin». Rui
Lima > madalena colaço: Vejo que é conhecedora , hoje 99% dos portugueses e
90% dos europeus nada sabem do mundo que lhes vão servir, quando acordarem a
sua vida será outra , eu aceito tudo só quero que o que está a ser feito seja
referendado pelos europeus para lhe dar legitimidade democrática. madalena
colaço: O
Federalismo que Ursula van der Leyen já impôs na Europa é ignorado
completamente na nossa comunicação social. O Estado-Nação foi abolido e em
lugar temos a Super potência Europeia, que decide tudo, quer em termos
económicos como políticos e morais. Fico admirada da ignorância por exemplo de
André Ventura no que respeita à imigração. Ao contrário do que ele diz, que
pretende fazer um controlo nas entradas dos imigrantes, a directiva europeia
não lhe permite fazer essa barragem. Para dar um exemplo: em França foi
expulso um senegalês pois mostrara indícios de delinquência. O tribunal
europeu, alegando que o indivíduo já estava em território francês condenou
obrigando o Estado Francês a indemnizar o indivíduo com 3.000€ e perguntar-lhe
se ele desejaria regressar a França. O que se passa na Europa, que nos passa
completamente desapercebido é gravíssimo e deveríamos prestar toda a atenção.
A preocupação desta senhora no Fórum de Davos foi a desinformação. A guerra na
Ucrânia, a transição energética...todos esses temas, disse Ursula não a
preocupam. O que a preocupa é a informação que Ursula pretende controlar.
As eleições na Europa e nos EUA estão a preocupá-la e por isso é necessário,
como disse, controlar as notícias, ao que chamou desinformação. bento
guerra: O
"jornalismo de referência " é normalmente mentiroso, porque não
aceita contestação. O conceito de serviço social foi lançado por Bismark ,em
1888,quando verificou que muitos trabalhadores afectados pela "Revolução
Industrial" caíam em situações degradadas ,que as idéias pré-marxistas de
então, agitavam. Na Inglaterra foi Beveridge, um liberal quem lançou o serviço
universal de saúde, após a II GM Henrique
Nobre: Caro JNP, Obrigado pelo
seu contributo para desconstruir a fábula da 'exclusividade' marxista no que
diz respeito á justiça social e direitos de cidadania. Cumprimentos. Pedro
Campos: O que é isso
do jornalismo de referência? É o Público e Expresso? Santo deus!!! João
Floriano: Excelente
como sempre! Esta campanha é completamente diferente de todas as
anteriores porque nunca a separação entre direita e esquerda foi tão evidente,
tão crispada, nunca o sectarismo e o enviesamento foi tão vincado graças
não só aos debates em si como aos comentários que se seguem provenientes na sua
esmagadora maioria de pessoas fortemente engajadas na esquerda. Somos colocados
em dúvida se vimos o mesmo debate ou se estamos a perder a nossa
capacidade de análise. A diferença reside igualmente no facto de nunca como
agora a esquerda sentir a possibilidade de perder a condução do governo. Se
houver profissionalismo nas sondagens a conclusão a que chegamos é que o
PS não conseguirá formar governo mesmo que seja o partido mais votado porque
através do voto útil para o qual PNS já começou a apelar, esvaziará ainda mais
os partidos de extrema- esquerda. Esperemos que a direita e a centro
direita sejam suficientemente inteligentes e pragmáticas e percebam que o
desígnio principal não é andar a criar cenários para afastar um dos partidos da
sua área, mas impedir que a esquerda e a extrema-esquerda continuem a destruir
o que ainda resta não só o plano económico como no plano anímico. Tal como é salientado e muito bem na crónica já não é
só pela economia que direita e esquerda se confrontam mas na organização da
sociedade. Quando
Marcelo Rebelo de Sousa entrou em Belém tinha como grande desígnio dos seus
mandatos acabar com a crispação, o formalismo, a rigidez que era apontada
a Cavaco Silva. Todos sabemos o que aconteceu à «bonita amizade» entre Marcelo
e António Costa. Esperemos que o próximo PR saiba de facto comportar-se de modo
a adoçar a profunda antipatia que a esquerda fomentou durante estes anos
dividindo a sociedade entre NÓS os bons, os justos, os progressistas, e
ELES os fascistas, os retrógados. Pior ainda do que andar a destruir o
estado social e a democracia com que enche a boca em todos os debates, a
esquerda tem vindo a destruir a coesão social entre os portugueses
divididos em primeira e segunda escolha como os mosaicos para ladrilhar o
jardim.
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