quinta-feira, 30 de abril de 2020

Um texto pacífico, não passivo



A mim parece muito inteligentemente concebido, com clareza e racionalidade, próprias de uma personagem bem lúcida do nosso tablado político, mas provocou só reacções virulentas entre os seus comentadores, o que me espantou. A sua férula justiceira pareceu-me mais preocupada em elucidar (com ironia, é certo), do que em castigar, no desejo sério de construir um mundo mais verdadeiro, não entregue às peias do obscurantismo e da inveja. Não conseguiu.
OPINIÃO CORONAVÍRUS: O vírus e o regresso dos pavlovianos de serviço
É vê-los por aí a atacar a globalização capitalista, a destruição dos perfeitos equilíbrios naturais ou a perniciosa opção pela desvalorização das fronteiras civilizacionais, étnicas ou nacionais.
          PÚBLICO, 4 de Abril de 2020
1.Como grande parte dos portugueses divido estes dias de reclusão forçada entre a descoberta do teletrabalho, no meu caso materializado na realidade das aulas à distância, e inesperados encontros com leituras improváveis. Um misto de acaso e necessidade, fruto de uma inevitável indagação sobre a repercussão histórica das epidemias, conduziu-me à leitura de uma curiosa obra de um autor não menos singular. A obra intitula-se O Concílio do Amor e é da autoria de Oskar Panizza.
Panizza, que viveu entre 1853 e 1921, foi um médico psiquiatra e um homem de letras alemão que teve uma vida bastante rocambolesca, que terminou, aliás, num hospício de loucos em Bayreuth. Viajou pela Europa, produziu uma obra poética e escreveu o texto dramatúrgico acima referido. O Concílio do Amor valeu-lhe um ano de prisão e uma ampla marginalização social para toda a vida. Até o grande Thomas Mann foi pequeno para com ele.
N’O Concílio do Amor a acção decorre no ano de 1495 e desenrola-se entre o Céu, o Inferno e a corte do Papa Alexandre VI, um membro da família Bórgia. O tema da obra é a propagação da sífilis, doença hedionda, também conhecida à época como o “mal francês” ou o “mal de Nápoles”. O enredo consiste no seguinte: Deus, a Virgem Maria e Jesus Cristo, informados do carácter licencioso e obsceno que prevalecia na vida terrena e adquiria desenfreadas manifestações em Nápoles e na cúria romana, decidiram recorrer ao auxílio do Diabo com a intenção de promover o castigo e a redenção dos seres humanos. Este, recorrendo à sua ardilosa imaginação, criou uma nova doença de natureza epidémica, a sífilis, destinada a ser propagada através da figura de uma mulher, a bela e pecaminosa Salomé. O Papa, os cardeais da cúria, as altas figuras da Igreja, foram os primeiros a sofrer os efeitos desta contaminação. A doença era terrível. Quem dela padecia passava por vários estados, num processo de degradação física e psíquica que acabava por conduzir à morte. Ao longo de tão tétrico padecimento, que durava anos, os seres humanos iam mudando de atitude em relação à vida, ao mundo, aos outros e a si próprios. Seria esse o penoso e o mórbido caminho da redenção.
Panizza foi tratado como um celerado e violentamente atacado pelas autoridades civis e eclesiásticas do seu tempo. Estes ataques tiveram mais que ver com a forma burlesca e iconoclasta como ele se referiu a aspectos sensíveis do mundo católico do que com a ideia de que a sífilis representava um castigo imposto por Deus aos homens. Aliás, o génio de Panizza consiste em ele ter associado essas duas dimensões – a representação do burlesco e a noção de uma causalidade de origem divina na manifestação de uma doença com características epidémicas que afligia e aterrorizava a humanidade naquela época.
Agora os tempos são outros e um hipotético Panizza contemporâneo teria de alterar o cenário e os protagonistas do seu enredo sem que, contudo, se visse obrigado a prescindir da substância da sua obra dramatúrgica. Basta observar a forma como alguns sectores ideológicos e políticos têm reagido à pandemia que presentemente nos aflige. Perante um acontecimento que pela sua magnitude questiona radicalmente a Humanidade há quem, em lugar de optar pela reflexão dubitativa, recorra à mais simples das reacções: a do reflexo condicionado. Para estes pavlovianos tudo tem sempre uma explicação simples, obediente a uma causalidade sistémica predeterminada. Um vírus, a queda de um meteorito, uma erupção vulcânica - ou até a inesperada chegada de extraterrestres - mais não serão do que a consequência de uma imensa falha humana, que tanto pode ser identificada com o capitalismo como com produtivismo anti-ecológico ou com o cosmopolitismo antinacionalista.
Estamos perante a versão contemporânea dos velhos castigos divinos. Esses castigos procuravam introduzir uma certa racionalidade no Universo, já que buscavam encontrar uma explicação justa para o mal. Essa explicação remetia inevitavelmente para uma noção muito presente na nossa cultura judaico-cristã: a noção de culpa. É a essa noção que recorrem agora os nossos pavlovianos de serviço. É vê-los por aí a atacar a globalização capitalista, a destruição dos perfeitos equilíbrios naturais ou a perniciosa opção pela desvalorização das fronteiras civilizacionais, étnicas ou nacionais. Os extremistas acabam sempre por se encontrar.
O que tudo isto revela é que todos quantos estão prisioneiros de uma representação excessivamente sistémica da realidade se revelam incapazes de pensar e de entender os acontecimentos portadores de um elevado grau de singularidade. Estão por isso condenados à perpétua repetição de uma ladainha que os impede de compreender o presente e de imaginar o futuro.
2.Morreu há dias Júlio Miranda Calha. Era um homem inteligente e culto, um conhecedor profundo dos temas internacionais, em particular dos relacionados com a política de segurança e defesa que dominava como quase ninguém. Deputado desde a Assembleia Constituinte foi um dos construtores da democracia representativa portuguesa. Foi sempre um homem livre, empenhado na afirmação dos melhores valores da ocidentalidade. Durante anos convivi com ele na Assembleia da República. Desses anos recordo o companheiro de lutas, o homem intelectual e espiritualmente próximo, o amigo. Sentirei muito a ausência da sua voz.    Militante do PS
COMENTÁRIOS:
filipeluis.marques: EXPERIENTE: Muito provavelmente a auto crítica. 04.04.2020
Magritte EXPERIENTE: A admiração não é a do pavlovianismo: é o facto de a explicação continuar a funcionar, pese embora essa vitória estrondosa do capitalismo. Que um socialista, aliás um militante do PS, se tenha rendido ao sistema capitalista, à sua expansão globalizante, não admira nada. Que o PS não tenha uma única proposta alternativa ao sistema mostra bem quem é o seu mestre e os bolsos de quem o comprou. Com apoiantes como Assis, Ana Gomes pode pouco: uma das poucas socialistas que ainda se incomoda com a imoralidade dos offshores. A Assis se calhar nem a especulação ou a competição catastrófica por material de saúde admiram: é o mercado, ora pois. 04.04.2020
Eduardo Guevara.885833 INICIANTE: Na verdade, todos salivamos mas por coisas diferentes. Uns por dinheiro e poder, pelo perpetuar do mecanismo que lhes permite manter a sensação de pertença a uma qualquer "elite", moral, intelectual ou financeira. Outros salivam por justiça. 04.04.2020       Magritte EXPERIENTE: Salivamos todos por poder: capacidade de influenciar os outros. Uns preferem dinheiros, outros fama ou carisma, outros acesso ao poder público, outros também justiça e moral. Tem toda a razão. 04.04.2020
publico1234567 INICIANTE: "Salivamos todos por poder" - Fale por si... e pelo autor, se quiser! 04.04.2020
Magritte EXPERIENTE: Nem que seja pelo poder de dizer que não queremos nada com ele. E fazermo-nos sentir melhor connosco próprios. 04.04.2020
viana EXPERIENTE: "O que tudo isto revela é que todos quantos estão prisioneiros de uma representação excessivamente sistémica da realidade se revelam incapazes de pensar e de entender os acontecimentos portadores de um elevado grau de singularidade." Nunca teria imaginado o Francisco Assis a elogiar a ignorância. Pois na prática o que ele está a fazer é a desvalorizar a capacidade de interpretar a realidade de modo amplo e sistémico, independentemente de estar correcta! Talvez decorra da sua incapacidade de compreender certos fenómenos. Então, perante a sua incapacidade de pensar sistemicamente trata de denegrir quem o faz. Quer-nos cegos perante o futuro, tacteando dum dia para o outro à procura dum caminho. Mas caminhar no escuro é receita garantida para muitos desastres... 04.04.2020
nelsonfari EXPERIENTE: O que lhe fazia bem, caro senhor, era ler o artigo de José Reis de há alguns dias - explica que este mundo é um claro pretérito imperfeito e que, em vez destas vulnerabilidades que acabaram com o seu reino, aparecerão certamente outras, mas a vida e os humanos não são perfeitos e haverá tempo e espaço para criar novas sínteses, após a criação de teses e antíteses. É esta a dialéctica humana. E, caro senhor, um servidor da classe política que, obviamente, reparte em si os "dividendos" desta louca corrida humana iniciada sob os auspícios de Milton Friedman e concretizada por Reagan. Thatcher, Clinton, Blair, Bush, Chirac e outros. E os peões, deputados e quejandos que obtiveram proveitos e boas vidas. O mundo não se reconhece. O vírus é o sinal dos tempos. Jogar xadrez com a morte? Só em Bergman. 04.04.2020  O que o torna tão extraordinário, caro senhor, para se arrogar a chamar cão salivador de Pavlov a quem discorda de si e do seu vencido quadro teórico de referência? Que mundo do seu tem para oferecer? Constata-se o que fez, caro senhor, em trinta anos de actividade política: ajudou a criar um mundo desigual. Custava-me ver a infrutífera actividade dos deputados europeus que, às sextas-feiras, retornavam à "terra", despejados pelos aviões, com um vazio para oferecer, vazio esse corporizado no não holandês às vítimas do vírus em Itália e em Espanha. A Holanda só está disponível para mostrar solidariedade com as empresas que demandam as suas vantagens fiscais, de que é exemplo o distribuidor Pingo Doce. Afinal, quem é o cão salivador? 04.04.2020
publico1234567 INICIANTE: Dá-lhe, nelsonfari! Devias era facultar o link do artigo de José Reis que explica que este mundo é um claro pretérito imperfeito.;) 04.04.2020

António Cunha MODERADOR: Muito bem, NelsonFari! Assis quase vive de esmola do PS. Está encostado ao seu canto, com o seu umbigo. Fala, fala, mas ninguém liga. 05.04.2020 


EDUCAÇÃO, a quantas andas?



Parece um texto válido, este de Gonçalo Leite Velho sobre a retoma do ensino normal, em presença e com a necessária postura, de responsabilidade e desejo de saber real. Mas lembro o que se passou no 25 de Abril de há 46 anos, com passagens administrativas e correspondências de bacharelatos a licenciaturas, e as desordens posteriores em toda a sorte de ensinos, de indisciplina generalizada, - (que os governos da liberdade, centrados, entre outros ditames, em canções do tipo da tal gaivota com que Ermelinda Duarte empestava as consciências de um Zé Povinho apto a digerir-lhe o desafio, favorecedor de ascensões ou promoções, que a viragem à esquerda atabalhoadamente facultava), - tais desordens, digo, estão prontas a retomar-se, a pretexto, hoje, de um coronavírus enleador, que vem a calhar para o mesmo tipo de criaturas oportunistas, as quais esperam a mesma condescendência de então, para as suas ambições de realização. Parece-me, pois, criterioso, o texto de Gonçalo Leite Velho, mas não creio que resulte, ainda que o governo pretenda fingir que concede uma retoma de critérios adequados, de responsabilização. O pretexto do medo dispensa o pensamento honesto – este último, aliás, também convertido em pretexto.
Sair do medo
Não temos uma rede de Ensino Superior. Temos cada vez mais feudos, receosos de perder um pequeno poder, embrião de ideias tão alucinadas como substituir todo o ensino presencial por ensino à distância
GONÇALO LEITE VELHO , Presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup)
OBSERVADOR, 29 abr 2020
O regresso às aulas, tal como o regresso à vida, depende da nossa capacidade de vencer o medo. Ora, dificilmente se vence o medo sem esperança.
É certo que a melancolia deste confinamento atingiu o ponto. Ruckert-Lieder, com o discurso da chanceler Merkel a defender o fim do princípio da esperança – tão desolador como os célebres versos de Holderlin, sobre uma terra sem sulcos de arado.
Opto por citar outra alemã, Hannah Arendt, recordando que: “as pessoas estão dotadas da capacidade de começar e por isso podem realizar o inesperado e infinitamente improvável. A capacidade de actuar é a possibilidade de realizar “milagres””.
É preciso actuar e manda a precaução que tenhamos vários planos, daqueles que são sociologicamente capazes de demonstrar porque falham as curvas das previsões matemáticas.
O SNESup fez o trabalho de casa. Atempadamente, preparámos uma lista sobre o que importava acautelar, no confinamento e a seguir no desconfinamento.
O ministro Manuel Heitor fingiu ignorar essa lista. Continuou na sua senda de não reunir com a organização mais representativa de docentes e investigadores (a lista de desprezo pela liberdade e independência sindical está cada vez mais longa). Depois, emulou parte dessa lista e enviou umas ideias vagas, para as instituições ponderarem. A confusão que se seguiu e as sucessivas aparições de reitores e presidentes de politécnico a dizerem tudo e o seu contrário, lembra a nau de insensatos.
Sejamos sinceros. Não temos uma rede de Ensino Superior e Ciência. Temos cada vez mais feudos, receosos de perder um pequeno poder e embrião de ideias tão alucinadas como substituir para sempre todo o ensino presencial por ensino à distância.
Esse desconcerto reflecte-se na equidade, dado que vamos ter diplomados com níveis de formação profundamente desequilibrados (uns efectivamente com parte prática, outros nada disso), aumentando uma desconfiança óbvia e nunca validada à partida (a avaliação da qualidade foi suspensa totalmente e sine die?). Não podemos deixar de estar preocupados com os alunos, nomeadamente os que estão em situações frágeis e que não terão a formação que deveriam ter.
A chave para sair do medo é a confiança. Não é algo que se conquista com um polícia em cada varanda. Conquista-se sim com a capacidade de nos sentirmos seguros perante um problema de saúde pública no nosso local de trabalho, como nos sentimos em casa, ou noutros espaços.
Daí as medidas de higiene propostas pelo SNESup, incluindo materiais e adaptação dos espaços lectivos, bem como a reorganização do tempo de trabalho e a dimensão das turmas, entre muitas outras, num regresso faseado.
Sairemos do medo quando nos sentirmos confiantes. Sem mais, nem menos. E é por isso que é tão importante o trabalho de comunidade, articulado, dialogante, representativo.
É nisso que estamos concentrados. Infelizmente, faltam os interlocutores. A razão é simples e reside num outro medo: o medo de perder o poder. Esse medo reflecte em sim uma impotência e a materialização dessa impotência é o cadeado sobre as instituições. Fica um país triste, isolado, descoordenado e com muito medo. Incapaz de restabelecer a confiança, a começar pelas instituições de ensino superior e ciência. Não pode ser. Não podemos continuar presos nisto.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

E assim vamos viajando



E aprendendo, alegremente, a curiosidade desperta…
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 29.04.20
Deixei-me encantar por San Sebastian e naquela idade não sabia nada do que, entretanto, aprendi. Achei a baía esplendorosa mas adivinhei logo que àquelas águas deviam faltar pelo menos 10º C para que eu me metesse lá dentro.
Não me lembro ao certo por que horas da manhã lá andámos mas achei pouca gente nas imediações da praia. Ainda deviam estar a dormir. Barkamena[i]! A aristocracia frequentadora de San Sebastian não dorme, descansa.
Foi pela arquitectura geral que me pareceu andar por ali muita prosperidade e adivinhei que a aristocracia «a banhos» (gelados) seria bem endinheirada e que viria de todas as Espanhas – daí, o cosmopolitismo que referi no texto anterior. Algo me disse – imaginação pura – que os estrangeiros que por ali andavam à babugem, talvez na gigolade, seriam uns pelintras comparados com os espanhóis veraneantes.
Sim, chique mas, vim a saber muito mais tarde, os segredos por ali guardados não eram apenas mexericos e fofocas sociais ou de lupanares de luxo, eram também dos pesados e conformes à lei da bomba. Os contrafortes dos Pirenéus que para ali descem separam duas metades duma Nação que não se enquadra nem com um dos lados da fronteira desenhada a seu descontentamento nem com o outro. A diferença entre as duas metades estava em que de um lado havia uma ditadura que impunha uma vontade não negociável e do outro já então havia uma democracia em que a maioria salvaguardava os direitos das minorias. Quem visitasse San Sebastian como eu estava a fazer (e, sobretudo, com a idade que eu então tinha), não imaginava a «cultura de fronteira» que por ali contava com décadas de clandestinidade cuja faceta mais benigna seria o contrabando de produtos em falta aqui ou ali. Mas a passagem de refugiados e de armamento, sim, era a especialidade daqueles furtivos nacionalistas. Quem olhasse para todo aquele esplendor mundano, não imaginava a presença de uma forte tradição maquisarde.
Não se julgue, contudo, que a passagem «a salto» era só para fugitivos de cá para lá. Durante a segunda guerra mundial, já com Franco no poder, muitos foram os membros da Resistência Francesa que se acoitavam nos Pirinéus espanhóis das investidas do Regime de Vichy nos Pirinéus franceses, muitos os judeus que ali chegaram com destino a Lisboa atravessando Espanha em segredo. E, vencido Pierre Laval e regressada a paz a França, então sim, muitos opositores aos regimes de Salazar e Franco que passavam para o lado de lá. Tráfego humano? Sim, mas também há quem lhe chame «fuga para a liberdade de cada um». Fora a escravatura, tudo o resto era política.
E foi ao lado de todos estes sítios que passei sem me aperceber de nada.
Hendaia à vista, lá vamos nós…
(continua)
Abril de 2020
Henrique Salles da Fonseca
[i]- «Perdão» em basco
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COMENTÁRIO
Francisco G. de Amorim 29.04.2020: Terras de dois dos meus bisavós! Também lá passei a correr, mas não consegui procurar parentes por San Sebastian estava sob um enorme inundação! Azar.

NOTA DA INTERNET:
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
San Sebastián (em castelhano) ou Donostia (em basco), oficialmente Donostia/San Sebastián, é uma cidade espanhola localizada no País Basco espanhol, capital da província de Guipúscoa. Rodeada pela Baía da Concha, à beira do golfo da Biscaia, a cidade tem cerca de 183 000 habitantes, enquanto sua periferia possui aproximadamente 400 mil residentes.


Está visto que não é bem assim



Dois textos graves, o segundo – além de outras provas noutros países que mostram a inutilidade da arrogância na questão da liberdade de opções que o primeiro texto defende – transpondo para o cenário da vida o riso contra essa comédia humana que mais do que nunca o absurdo condena, desta vez sob a forma de um requintado vírus que também põe problemas de opção, na escolha das vítimas.
I - OPINIÃO CORONAVÍRUS:    Esta comédia desumana e triste
Estão em processo de continuidade ideias torturadoras dos mais velhos. É pois altura de ser claro: enquanto estiver lúcido e não prejudicar os outros, sou eu que decido os riscos que quero correr
SANTANA CASTILHO  Professor do ensino superior                 PÚBLICO, 29 de Abril de 2020
1.Já me referi ao tema. Mas é imperioso que a ele volte, agora que, tudo indica, a emergência dará lugar à calamidade. Estão em processo de continuidade ideias torturadoras dos mais velhos. É pois altura de ser claro: enquanto estiver lúcido e não prejudicar os outros, sou eu que decido os riscos que quero correr. Amedronta-me menos o vírus circulante que os perímetros abdominais e as papadas de alguns políticos que me querem proteger. Basta de paternalismos cívicos!
Em tempo de restrições como nunca tivemos depois de Abril, a liberdade é o valor maior que me apetece invocar, num país sob uma autofágica polarização: os que querem permanecer fechados, encurralados pelo pânico, e os que, embora reconhecendo a gravidade da situação, sacodem cabrestos e discriminações que julgavam afastadas.
São livres os portugueses presos em lares miseráveis, que não percebem porque lhes desapareceram filhos e netos? Não é um défice de liberdade a falta de conhecimento para interpretar com serenidade o fenómeno que nos atormenta? São hoje livres os milhares de portugueses que ficaram ontem sem emprego? Os que já viviam na fronteira da sobrevivência e hoje desesperam, esses, são livres?
Porque não tenho senhores e penso livremente, ouso perguntar ainda: será que um estado de emergência duas vezes repetido, com tão pequeno questionamento e tão generalizada aceitação, pode ser socialmente havido como um resquício da ditadura de que Abril nos livrou? Como aceitar, sem enorme perplexidade, os delatores que a covid-19 destapou? Antes, a PIDE zelava pela ordem que o Estado Novo determinava e a censura amordaçava-nos. Hoje há quem defenda certificados de imunidade e a georreferenciação das pessoas, enquanto, sofredores, resignados, confinados, de máscara posta, adoecemos mentalmente. Vão-me dizendo que as decisões políticas são tomadas depois de ouvir os especialistas. Mas há especialistas que não são ouvidos. Não são ouvidos os virologistas e os epidemiologistas que pensam a contrario sensu dos que são seguidos por Marcelo e Costa, muito menos são ouvidos outros especialistas, de outras áreas (psicólogos sociais e psiquiatras, por exemplo), que poderiam complementar o saber médico e epidemiológico e explicar as consequências do autêntico assédio moral que tem sido exercido sobre os mais velhos, ou a influência depressiva do massacre noticioso dos telejornais, sobre toda a população.
Deputados do PS, do PSD e do CDS chumbaram no Parlamento a atribuição temporária de um subsídio de risco aos trabalhadores que asseguram actividades críticas, enquanto o resto do país está em casa (protegido, dizem). A ministra buzina permitiu que médicos e enfermeiros fossem miseravelmente discriminados quanto ao indecoroso aumento salarial dos restantes funcionários públicos. Depois batem-lhes palmas à janela e chamam-lhes heróis.
No Parlamento, as propostas que visavam a proibição da distribuição de dividendos relativos a lucros de 2019 (e que exigiam das empresas apoiadas que não despedissem) foram rejeitadas pelo PS e pelo PSD. Depois abrem-se linhas de crédito, que a banca aproveita para transformar créditos antigos, com risco seu, em créditos novos, com risco do Estado.
A minha geração, aquela que mais lutou pela liberdade, essa, pelo menos, entenderá como me revolta tudo isto e entenderá que não esteja passivamente disponível para assistir à erosão das liberdades individuais, em moldes inaceitáveis numa democracia aberta e plural.
2. Subliminarmente, António Costa apelou a uma certa união nacional em torno das aulas da novel telescola, quando classificou de “mesquinhas” as críticas feitas nas redes sociais às primeiras sessões e argumentou que os professores “não são actores de cinema”. O problema não está em pedir aos professores, que foram formados para ensinar em sala de aula, que sejam profissionais de TV. O problema está nos erros científicos e pedagógicos expostos. Porque torrei a paciência a ver as primeiras aulas e ele não, e porque sempre defendi os professores e ele não, posso, serenamente, dizer isto. Teria sido melhor não acrescentar os professores à paranóia das palmas à janela, depois de, no anterior Governo, lhes ter roubado o tempo de serviço efectivamente prestado. Citando Torga,o que não presta é isto, esta mentira quotidiana. Esta comédia desumana e triste”.
II- OPINIÃO CORONAVÍRUS: Covid-19: por quem os sinos dobram
Uma questão bioética fundamental deveria ser tema de discussão séria, na sociedade portuguesa de hoje: a quem alocaremos os ventiladores disponíveis em caso de aumento súbito do número de doentes com covid-19?
HELENA PEREIRA DE MELO Professora de Direito da Saúde e da Bioética da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa                PÚBLICO, 28 de Abril de 2020
Com uma constância digna de um funcionário público disciplinado, a covid- 19, segundo os dados da Direcção-Geral da Saúde, na semana passada em Portugal, em média por dia, matou cerca de 27 pessoas e contaminou cerca de 522. Os enterros foram, por razões de saúde pública, tristes e assustados: os vivos receiam que os mortos lhes transmitam a peste.
Quando cessar o estado de emergência, a covid-19, indiferente à vontade do senhor Presidente da República, continuará a ser causa de morte no nosso país: o vírus está aí, não é azul nem fluorescente, pronto para nos apanhar em qualquer superfície em que, inadvertidamente, poisemos as mãos. Uma lotaria negra, de morte, abateu-se sobre nós, determinando que alguns morrerão, só não sabemos quem serão os infelizes contemplados no sorteio diário que nos aguarda.
Se as pessoas confundirem a realidade no plano jurídico com a realidade factual, tenderão a descontrair e a pensar que o regresso à normalidade constitucional significou o regresso à normalidade sanitária. Voltarão a abraçar-se, felizes por estarem vivas, pelo reencontro tão ansiado e a pandemia acentuar-se-á. A realidade dos factos em Espanha e na Itália mostra-nos o que acontece quando esta se revela em todo o seu esplendor, com milhares de mortes e a insuficiência de meios de tratamento disponíveis para acorrer às necessidades de todos os que deles necessitam.
Uma questão bioética fundamental deveria ser tema de discussão séria, na sociedade portuguesa de hoje: a quem alocaremos os ventiladores disponíveis em caso de aumento súbito do número de doentes com covid-19? Serão de adoptar as linhas orientadoras da Sociedade Espanhola de Medicina Interna que, assentando num pretenso “bem comum” definido de forma utilitarista, nos dizem que não deveremos seleccionar, para o efeito, os mais idosos ou doentes, os mais frágeis atenta a sua constituição biológica, com menor esperança de vida à partida? Iremos adoptar a regra de que quem tem mas de 70 anos ou é diabético, ou doente oncológico em fase avançada, não tem à sua espera um dos ventiladores, disponíveis em número insuficiente no sistema de saúde, no caso de dele necessitar, por ser portador da covid-19? A definição destes critérios determinará quais as vidas que a nossa comunidade entende merecerem ser vividas. Significará uma revolução no plano jurídico porque a dignidade deixará de ser uma qualidade a todos reconhecida e invariável ao longo da vida de cada um, para se tornar num conceito quantitativo, sendo alguns considerados mais dignos do que outros. O dever do Estado de respeitar e garantir a vida de todos nós, de assegurar o respeito pelo direito à protecção da saúde na sua vertente de acesso equitativo a cuidados de saúde de qualidade e apropriados ao estado clínico em que nos encontremos, terá que ser repensado. A não discriminação injusta com base na idade e na vulnerabilidade passará a significar que quem, sendo portador da covid-19, é jovem e saudável, é indevidamente discriminado se, tendo chegado meia hora mais tarde a um hospital, encontrar o ventilador ocupado por uma pessoa de 71 anos diabética?
A formulação destas regras orientadoras da actuação dos profissionais de saúde terá consequências naquilo que a nossa sociedade poderá ser, daqui a alguns anos: uma sociedade jovem, saudável e bonita ou uma sociedade mais grisalha, menos saudável e também bonita. Terá efeitos pedagógicos porque a covid-19 preanuncia uma nova era de pandemias, em que vírus e organismos geneticamente modificados, nocivos à sobrevivência da espécie humana, poderão ser produzidos em laboratório e deliberadamente lançados no ambiente. Os critérios que definirmos hoje serão aqueles que nos serão aplicados, em situação de pandemia de contornos semelhantes, daqui a dez ou 20 anos. Se queremos comemorar o 25 de Abril de 1974 e a Constituição profundamente democrática dele nascida, deveremos defender – através da discussão séria, livre e esclarecida em matéria essenciais como esta – os valores que estão na sua génese, os da liberdade, igualdade e solidariedade para com todos, em particular para com os mais vulneráveis de entre nós. De contrário, os sinos continuarão a dobrar, enquanto não se dispuser de tratamento médico eficaz, pela morte constante e contínua, dos mais idosos e doentes da nossa sociedade. Continuarão a dobrar por todos nós, pela tristeza do tempo que se quebrou com a pandemia e pela nossa possível incapacidade de controlar, de forma séria e equitativa, o que uma segunda vaga da doença poderá trazer.

terça-feira, 28 de abril de 2020

E o encanto prossegue


Nos dados preciosos, na justeza das observações, na curiosidade que desperta, que me levaram a surripiar dados na Internet, sobre o País Basco. Também estivera na longa praia de San Sebastián, durante as muitas horas de espera do comboio que me recolocaria em Portugal, vinda de França, em 55, praia onde dormi ao sol, arrasada pela viagem desde Paris, de pé, ou estirada sobre a mala, no vagão atulhado…

HENRIQUE SALLES DA FONSECA              A BEM DA NAÇÃO, 28.04.20
Salamanca no retrovisor, Castilla la Vieja debaixo das rodas do «pão de forma» na rota de Valladolid e Burgos.  Seriam 300 quilómetros por estrada que veio a ter muito melhores dias.
Paisagem ocre, vegetação rara, sequeiro seguido de mais sequeiro, morros por aqui e por ali com qualquer coisa que não percebi à primeira vista. No morro seguinte, preparado, olhei com afinco e vi que eram aberturas ao estilo de portas e janelas. Nem quis acreditar que houvesse gente a viver naquelas condições – falta de condições. Na altura, não sabia mas hoje chamo-lhes trogloditas. Em Julho de 1961 havia trogloditas em Castela. Não havia a História de se referir à rudeza dos Conquistadores castelhanos da América… Ainda por cima, a contas com a Justiça. Nesta nossa travessia, vimos uma terra madrasta geradora de sobreviventes, não de finuras.
Lastimavelmente, Valladolid varreu-se-me. Um pedido de perdão aos valladolidenses. Que lástima!
Afinal, os cabos telefónicos pendurados em árvores mortas eram um sinal do progresso já conseguido depois da guerra civil e apesar do embargo. Não era atraso, era sinal de tenacidade. Mas isto sou eu hoje a pensar porque à época me limitei a ver e a registar a informação. Um salto no tempo e comparar aquela miséria com a pujança da actual Espanha. Caramba, tem sido obra!
Burgos à vista cá de longe, imaginei Filipe II e seu séquito a cavalo por aquela paisagem poeirenta a caminho da cidade e o Arcebispo D. Cristóbal Vela Tavera a vir ao seu encontro com o cabido reverente… E o Alcalde? Não sei, não o imaginei. Nem sei quem pudesse ser.
Desta vez, entrámos em Burgos com menos pompa que Filipe II. Como já ia sendo costume, demos uma volta pela parte histórica – com passagem obrigatória pela Catedral – e saímos rumo a Vitória. Seriam cerca de 150 quilómetros, nada que o «pão de forma» temesse.
A paisagem continuou amadrastada. Com uma diferença: aqui e ali, em zonas mais baixas, tufos verdes a assinalar água. O que se via à distância era o arvoredo mas alguma coisa mais devia haver. Notei que nalguns casos, essas zonas estavam muradas e pareceu-me, num caso ou noutro, vislumbrar uma casa lá no meio. E quanto mais nos aproximávamos de Vitória, mais frequentes eram essas manchas verdes. Até que chegámos e o Bispo não veio receber-nos ao caminho. Não faltaria muito para que a noite se anunciasse e era hora de escolher poiso. Saímos da cidade e procurámos um sítio sem vacas.
De facto, na manhã seguinte não havia vacas, desmontámos o acampamento e fizemo-nos à estrada rumo a San Sebastian, uma centena de quilómetros.
A paisagem modificou-se completamente e o verde passou a ser a cor dominante. Cercas brancas de contenção de gado, agricultura com água à farta, vilas limpas e com bom aspecto. Mas, não esquecer, estávamos em Euskadi.
Fiquei deslumbrado com a baía de San Sebastian e achei a cidade muito cosmopolita. Já não era aquela Espanha por que passáramos, ocre, seca, agreste, com vacas à mistura e muita imaginação de reis e arcebispos. Europa à vista, cheirou-me.
Amanhã há mais.    (continua)
Abril de 2020          Henrique Salles da Fonseca
Tags:      "viagens na minha casa"

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Comunidade Autónoma do País Basco
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A Comunidade Autónoma do País Basco (em castelhano, Comunidad Autónoma del País Vasco; em basco Euskal Autonomia Erkidegoa ou Euskadi) é uma das 17 comunidades autónomas da Espanha e tem nacionalidade histórica reconhecida pela Constituição Espanhola. Está situada no nordeste daquele país, junto aos Pirenéus.
Culturalmente, a comunidade autónoma do País Basco faz parte da região histórica denominada País Basco ou Euskal Herria, que os nacionalistas bascos consideram como território cultural e linguístico do povo basco.
Na Espanha, duas comunidades autónomas constituem o País Basco do Sul (em basco, Hego Euskal Herria ou Hegoalde): A comunidade autónoma do País Basco; A comunidade foral de Navarra (em basco, Nafarroa)
Na França, o chamado País Basco francês ou País Basco do Norte (em basco, Ipar Euskal Herria ou Iparralde) constitui uma pequena parte (15%) do País Basco histórico e está situado na parte ocidental do departamento dos Pirenéus Atlânticos (Pyrénées-Atlantiques). Corresponde à reunião das três  situadas na França: O Labourd (em basco, Lapurdi); A Baixa Navarra (em basco, Nafarroa Beherea); a Sola (em basco suletino, Xiberoa; em basco unificado, Zuberoa)
As principais cidades da comunidade autónoma do País Basco são Bilbau (em basco, Bilbo, a mais populosa), San Sebastián (em basco, Donostia) e Vitoria (em basco, Gasteiz, a capital oficiosa da comunidade autónoma).
O principal aeroporto é o Aeroporto Internacional de Bilbau (IATA: BIO).
História dos bascos: Presume-se que o povo basco tenha ocupado a Península Ibérica por volta do ano 2000 a.C. e tenha resistido as constantes invasões sofridas pela região ao longo dos séculos. Apesar da dominação romana, os bascos mantiveram sua língua, costumes e tradições, num processo de constante resistência. A língua basca ou euskara não tem parentesco com as línguas indo-europeias, embora seja a mais antiga língua viva da Europa, o vasconço somente constitui-se como língua escrita no século XVI e reforçou o sentimento de união do povo. Entre os séculos XV e XVI, a região sul foi submetida ao Estado Espanhol, que havia sido iniciado com o casamento dos reis católicos Fernando e Isabel. Há no território basco movimentos e organizações que desejam uma relação mais federalista com a Espanha. Alguns desejam mesmo a total separação e a independência da região. A mais notória dessas organizações foi o ETA (Euskadi Ta Askatasuna; em português, 'Pátria Basca e Liberdade'), que lutou, sem sucesso, pela independência da região histórica do País Basco (Euskal Herria), atualmente distribuída entre Espanha e França. Todos os partidos legais, bem como a maioria da população da região consideravam o grupo como sendo terrorista.
Geografia: Sua região é principalmente montanhosa, conformada pelos Montes Bascos e a imponente Serra Cantábria no sul, com o Toloño como máxima altitude.
No País Basco podem distinguir-se quatro zonas climáticas: a vertente atlântica ao norte, uma zona de clima subatlântico (Vales Ocidentais de Álava e a Llanada Alavesa), uma zona de clima submediterrâneo e, ao extremo Sul, entrando na depressão do Ebro e Rioja Alavesa, onde se passa a um clima com verão claramente seco e caloroso do tipo continental.
Territórios históricos: O País Basco compreende três províncias da Espanha, as quais recebem a denominação de territórios históricos: Álava (299.957 habitantes). Capital: Vitoria-Gasteiz; Guipúscoa (688.708 habitantes). Capital: San Sebastián;  Biscaia (1.136.181 habitantes). Capital: Bilbau
Graças a ser um dos focos iniciais da revolução industrial na Espanha, a população do País Basco teve um grande crescimento desde meados do século XIX até princípios dos anos 70, recebendo uma grande imigração de outras regiões espanholas. Entretanto, o fim do protecionismo, a crise industrial, a instabilidade política e o decréscimo da natalidade tem provocado um retrocesso demográfico e desde a Transição, a região está com crescimento. Segundo o censo Instituto Nacional de Estatística da Espanha (o INE) de 2006, o País Basco conta com uns 4,01% de imigração, o que representa uma das porcentagens mais baixas da Espanha e constitui menos da metade da média nacional (9,27%).
Economia: Apesar de sua extensão relativamente pequena, o País Basco concentra um grande volume de indústrias e é uma das regiões mais ricas da Espanha: 117,1% da média europeia do PIB per capita (dados Eustat, ano 2002). A meados dos anos 80, em plena crise económica, produziu-se a reconversão industrial e a reindustrialização, o qual produziu um importante recesso e, já recuperada desta situação desde muito tempo, é na atualidade uma das regiões mais desenvolvidas da Espanha e segundo um estudo do Instituto Basco de Estatística seguindo metodologia da ONU a região alcançaria em 2004 um dos Índices de Desenvolvimento Humano mais altos do mundo.
Línguas: No País Basco falam-se duas línguas: o castelhano e o euskera (basco), sendo esta última a língua originária da região. O euskera, ao contrário do resto das línguas ibéricas modernas, não procede do latim nem pertence à família indo-europeia. No ano de 2001, 49,6% da população era monolíngue em castelhano, 32,2% era bilíngue e 18,2% era bilíngue passivo (entendia euskera ainda que o falasse com dificuldade). Estas porcentagens variam de um território histórico a outro, sendo Guipúscoa onde mais se fala euskera e Álava onde menos.
A opção política maioritária desde a transição democrática é do “nacionalismo basco", em suas diversas variantes desde as mais moderadas até as mais radicais e com suas diferentes concepções para a configuração da atual Comunidade Autônoma (independente, autônoma, federalista). Tal opção disputa o mapa eleitoral com outras ideologias denominadas não nacionalistas bascas, de amplo respaldo no,território histórico de Álava, tradicionalmente castelhano-falante.