terça-feira, 28 de abril de 2020

E o encanto prossegue


Nos dados preciosos, na justeza das observações, na curiosidade que desperta, que me levaram a surripiar dados na Internet, sobre o País Basco. Também estivera na longa praia de San Sebastián, durante as muitas horas de espera do comboio que me recolocaria em Portugal, vinda de França, em 55, praia onde dormi ao sol, arrasada pela viagem desde Paris, de pé, ou estirada sobre a mala, no vagão atulhado…

HENRIQUE SALLES DA FONSECA              A BEM DA NAÇÃO, 28.04.20
Salamanca no retrovisor, Castilla la Vieja debaixo das rodas do «pão de forma» na rota de Valladolid e Burgos.  Seriam 300 quilómetros por estrada que veio a ter muito melhores dias.
Paisagem ocre, vegetação rara, sequeiro seguido de mais sequeiro, morros por aqui e por ali com qualquer coisa que não percebi à primeira vista. No morro seguinte, preparado, olhei com afinco e vi que eram aberturas ao estilo de portas e janelas. Nem quis acreditar que houvesse gente a viver naquelas condições – falta de condições. Na altura, não sabia mas hoje chamo-lhes trogloditas. Em Julho de 1961 havia trogloditas em Castela. Não havia a História de se referir à rudeza dos Conquistadores castelhanos da América… Ainda por cima, a contas com a Justiça. Nesta nossa travessia, vimos uma terra madrasta geradora de sobreviventes, não de finuras.
Lastimavelmente, Valladolid varreu-se-me. Um pedido de perdão aos valladolidenses. Que lástima!
Afinal, os cabos telefónicos pendurados em árvores mortas eram um sinal do progresso já conseguido depois da guerra civil e apesar do embargo. Não era atraso, era sinal de tenacidade. Mas isto sou eu hoje a pensar porque à época me limitei a ver e a registar a informação. Um salto no tempo e comparar aquela miséria com a pujança da actual Espanha. Caramba, tem sido obra!
Burgos à vista cá de longe, imaginei Filipe II e seu séquito a cavalo por aquela paisagem poeirenta a caminho da cidade e o Arcebispo D. Cristóbal Vela Tavera a vir ao seu encontro com o cabido reverente… E o Alcalde? Não sei, não o imaginei. Nem sei quem pudesse ser.
Desta vez, entrámos em Burgos com menos pompa que Filipe II. Como já ia sendo costume, demos uma volta pela parte histórica – com passagem obrigatória pela Catedral – e saímos rumo a Vitória. Seriam cerca de 150 quilómetros, nada que o «pão de forma» temesse.
A paisagem continuou amadrastada. Com uma diferença: aqui e ali, em zonas mais baixas, tufos verdes a assinalar água. O que se via à distância era o arvoredo mas alguma coisa mais devia haver. Notei que nalguns casos, essas zonas estavam muradas e pareceu-me, num caso ou noutro, vislumbrar uma casa lá no meio. E quanto mais nos aproximávamos de Vitória, mais frequentes eram essas manchas verdes. Até que chegámos e o Bispo não veio receber-nos ao caminho. Não faltaria muito para que a noite se anunciasse e era hora de escolher poiso. Saímos da cidade e procurámos um sítio sem vacas.
De facto, na manhã seguinte não havia vacas, desmontámos o acampamento e fizemo-nos à estrada rumo a San Sebastian, uma centena de quilómetros.
A paisagem modificou-se completamente e o verde passou a ser a cor dominante. Cercas brancas de contenção de gado, agricultura com água à farta, vilas limpas e com bom aspecto. Mas, não esquecer, estávamos em Euskadi.
Fiquei deslumbrado com a baía de San Sebastian e achei a cidade muito cosmopolita. Já não era aquela Espanha por que passáramos, ocre, seca, agreste, com vacas à mistura e muita imaginação de reis e arcebispos. Europa à vista, cheirou-me.
Amanhã há mais.    (continua)
Abril de 2020          Henrique Salles da Fonseca
Tags:      "viagens na minha casa"

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Comunidade Autónoma do País Basco
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Comunidade Autónoma do País Basco (em castelhano, Comunidad Autónoma del País Vasco; em basco Euskal Autonomia Erkidegoa ou Euskadi) é uma das 17 comunidades autónomas da Espanha e tem nacionalidade histórica reconhecida pela Constituição Espanhola. Está situada no nordeste daquele país, junto aos Pirenéus.
Culturalmente, a comunidade autónoma do País Basco faz parte da região histórica denominada País Basco ou Euskal Herria, que os nacionalistas bascos consideram como território cultural e linguístico do povo basco.
Na Espanha, duas comunidades autónomas constituem o País Basco do Sul (em basco, Hego Euskal Herria ou Hegoalde): A comunidade autónoma do País Basco; A comunidade foral de Navarra (em basco, Nafarroa)
Na França, o chamado País Basco francês ou País Basco do Norte (em basco, Ipar Euskal Herria ou Iparralde) constitui uma pequena parte (15%) do País Basco histórico e está situado na parte ocidental do departamento dos Pirenéus Atlânticos (Pyrénées-Atlantiques). Corresponde à reunião das três  situadas na França: O Labourd (em basco, Lapurdi); A Baixa Navarra (em basco, Nafarroa Beherea); a Sola (em basco suletino, Xiberoa; em basco unificado, Zuberoa)
As principais cidades da comunidade autónoma do País Basco são Bilbau (em basco, Bilbo, a mais populosa), San Sebastián (em basco, Donostia) e Vitoria (em basco, Gasteiz, a capital oficiosa da comunidade autónoma).
O principal aeroporto é o Aeroporto Internacional de Bilbau (IATA: BIO).
História dos bascos: Presume-se que o povo basco tenha ocupado a Península Ibérica por volta do ano 2000 a.C. e tenha resistido as constantes invasões sofridas pela região ao longo dos séculos. Apesar da dominação romana, os bascos mantiveram sua língua, costumes e tradições, num processo de constante resistência. A língua basca ou euskara não tem parentesco com as línguas indo-europeias, embora seja a mais antiga língua viva da Europa, o vasconço somente constitui-se como língua escrita no século XVI e reforçou o sentimento de união do povo. Entre os séculos XV e XVI, a região sul foi submetida ao Estado Espanhol, que havia sido iniciado com o casamento dos reis católicos Fernando e Isabel. Há no território basco movimentos e organizações que desejam uma relação mais federalista com a Espanha. Alguns desejam mesmo a total separação e a independência da região. A mais notória dessas organizações foi o ETA (Euskadi Ta Askatasuna; em português, 'Pátria Basca e Liberdade'), que lutou, sem sucesso, pela independência da região histórica do País Basco (Euskal Herria), atualmente distribuída entre Espanha e França. Todos os partidos legais, bem como a maioria da população da região consideravam o grupo como sendo terrorista.
Geografia: Sua região é principalmente montanhosa, conformada pelos Montes Bascos e a imponente Serra Cantábria no sul, com o Toloño como máxima altitude.
No País Basco podem distinguir-se quatro zonas climáticas: a vertente atlântica ao norte, uma zona de clima subatlântico (Vales Ocidentais de Álava e a Llanada Alavesa), uma zona de clima submediterrâneo e, ao extremo Sul, entrando na depressão do Ebro e Rioja Alavesa, onde se passa a um clima com verão claramente seco e caloroso do tipo continental.
Territórios históricos: O País Basco compreende três províncias da Espanha, as quais recebem a denominação de territórios históricos: Álava (299.957 habitantes). Capital: Vitoria-Gasteiz; Guipúscoa (688.708 habitantes). Capital: San Sebastián;  Biscaia (1.136.181 habitantes). Capital: Bilbau
Graças a ser um dos focos iniciais da revolução industrial na Espanha, a população do País Basco teve um grande crescimento desde meados do século XIX até princípios dos anos 70, recebendo uma grande imigração de outras regiões espanholas. Entretanto, o fim do protecionismo, a crise industrial, a instabilidade política e o decréscimo da natalidade tem provocado um retrocesso demográfico e desde a Transição, a região está com crescimento. Segundo o censo Instituto Nacional de Estatística da Espanha (o INE) de 2006, o País Basco conta com uns 4,01% de imigração, o que representa uma das porcentagens mais baixas da Espanha e constitui menos da metade da média nacional (9,27%).
Economia: Apesar de sua extensão relativamente pequena, o País Basco concentra um grande volume de indústrias e é uma das regiões mais ricas da Espanha: 117,1% da média europeia do PIB per capita (dados Eustat, ano 2002). A meados dos anos 80, em plena crise económica, produziu-se a reconversão industrial e a reindustrialização, o qual produziu um importante recesso e, já recuperada desta situação desde muito tempo, é na atualidade uma das regiões mais desenvolvidas da Espanha e segundo um estudo do Instituto Basco de Estatística seguindo metodologia da ONU a região alcançaria em 2004 um dos Índices de Desenvolvimento Humano mais altos do mundo.
Línguas: No País Basco falam-se duas línguas: o castelhano e o euskera (basco), sendo esta última a língua originária da região. O euskera, ao contrário do resto das línguas ibéricas modernas, não procede do latim nem pertence à família indo-europeia. No ano de 2001, 49,6% da população era monolíngue em castelhano, 32,2% era bilíngue e 18,2% era bilíngue passivo (entendia euskera ainda que o falasse com dificuldade). Estas porcentagens variam de um território histórico a outro, sendo Guipúscoa onde mais se fala euskera e Álava onde menos.
A opção política maioritária desde a transição democrática é do “nacionalismo basco", em suas diversas variantes desde as mais moderadas até as mais radicais e com suas diferentes concepções para a configuração da atual Comunidade Autônoma (independente, autônoma, federalista). Tal opção disputa o mapa eleitoral com outras ideologias denominadas não nacionalistas bascas, de amplo respaldo no,território histórico de Álava, tradicionalmente castelhano-falante.

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