Nos dados preciosos, na justeza das
observações, na curiosidade que desperta, que me levaram a surripiar dados na
Internet, sobre o País Basco. Também estivera na longa praia de San Sebastián,
durante as muitas horas de espera do comboio que me recolocaria em Portugal,
vinda de França, em 55, praia onde dormi ao sol, arrasada pela viagem desde
Paris, de pé, ou estirada sobre a mala, no vagão atulhado…
ANDA COMIGO –
5 - EUSKADI
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 28.04.20
Salamanca no retrovisor, Castilla la Vieja debaixo das rodas do «pão de forma» na rota de Valladolid
e Burgos. Seriam 300
quilómetros por estrada que veio a ter muito melhores dias.
Paisagem
ocre, vegetação rara, sequeiro seguido de mais sequeiro, morros por aqui e por
ali com qualquer coisa que não percebi à primeira vista. No morro seguinte,
preparado, olhei com afinco e vi que eram aberturas ao estilo de portas e
janelas. Nem quis acreditar que houvesse gente a viver naquelas condições –
falta de condições. Na altura, não sabia mas hoje chamo-lhes trogloditas. Em
Julho de 1961 havia trogloditas em Castela. Não havia a História de se referir
à rudeza dos Conquistadores castelhanos da América… Ainda por cima, a contas com a Justiça. Nesta nossa
travessia, vimos uma terra madrasta geradora de sobreviventes, não de finuras.
Lastimavelmente,
Valladolid varreu-se-me. Um pedido de perdão aos valladolidenses. Que lástima!
Afinal,
os cabos telefónicos pendurados em árvores mortas eram um sinal do progresso já
conseguido depois da guerra civil e apesar do embargo. Não era atraso, era
sinal de tenacidade. Mas isto sou eu hoje a pensar porque à época me limitei a
ver e a registar a informação. Um salto no tempo e comparar aquela miséria com
a pujança da actual Espanha. Caramba, tem sido obra!
Burgos à vista cá de longe, imaginei Filipe II e seu
séquito a cavalo por aquela paisagem poeirenta a caminho da cidade e o
Arcebispo D. Cristóbal Vela Tavera a vir ao seu encontro com o cabido
reverente… E o Alcalde? Não sei, não o imaginei. Nem sei quem pudesse ser.
Desta
vez, entrámos em Burgos com menos pompa que Filipe II. Como já ia sendo
costume, demos uma volta pela parte histórica – com passagem obrigatória
pela Catedral – e saímos
rumo a Vitória. Seriam cerca
de 150 quilómetros, nada que o «pão de forma» temesse.
A
paisagem continuou amadrastada.
Com uma diferença: aqui e ali, em zonas mais baixas, tufos verdes a
assinalar água. O que se via à distância era o arvoredo mas alguma coisa
mais devia haver. Notei que nalguns casos, essas zonas estavam muradas e pareceu-me,
num caso ou noutro, vislumbrar uma casa lá no meio. E quanto mais nos
aproximávamos de Vitória, mais
frequentes eram essas manchas verdes. Até que chegámos e o Bispo não veio
receber-nos ao caminho. Não faltaria muito para que a noite se anunciasse e era
hora de escolher poiso. Saímos da cidade e procurámos um sítio sem vacas.
De
facto, na manhã seguinte não havia vacas, desmontámos o acampamento e
fizemo-nos à estrada rumo a San Sebastian, uma centena de quilómetros.
A
paisagem modificou-se completamente e o verde passou a ser a cor dominante.
Cercas brancas de contenção de gado, agricultura com água à farta, vilas
limpas e com bom aspecto. Mas, não esquecer, estávamos em Euskadi.
Fiquei
deslumbrado com a baía de San Sebastian
e achei a cidade muito cosmopolita. Já não era aquela Espanha por que
passáramos, ocre, seca, agreste, com vacas à mistura e muita imaginação de reis
e arcebispos. Europa à
vista, cheirou-me.
Amanhã
há mais. (continua)
Abril de 2020 Henrique Salles da Fonseca
Páginas
da Internet
Comunidade
Autónoma do País Basco
Origem: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
A Comunidade
Autónoma do País Basco (em castelhano, Comunidad
Autónoma del País Vasco; em basco
Euskal Autonomia Erkidegoa ou Euskadi) é uma das 17 comunidades autónomas da Espanha e
tem nacionalidade histórica
reconhecida pela Constituição Espanhola. Está situada
no nordeste daquele país, junto aos Pirenéus.
Culturalmente,
a comunidade autónoma do País Basco faz parte da região histórica denominada
País Basco ou
Euskal Herria, que os nacionalistas bascos consideram como território cultural
e linguístico do povo basco.
Na Espanha, duas comunidades autónomas constituem o País Basco do Sul (em basco, Hego Euskal Herria
ou Hegoalde): A comunidade autónoma do País Basco; A comunidade
foral de Navarra
(em basco, Nafarroa)
Na França, o chamado País Basco francês ou País Basco do Norte
(em basco, Ipar Euskal Herria ou Iparralde) constitui uma pequena parte (15%)
do País Basco histórico e está situado na parte ocidental do
departamento dos Pirenéus Atlânticos (Pyrénées-Atlantiques).
Corresponde à reunião das três situadas na França: O Labourd (em basco, Lapurdi); A Baixa
Navarra (em basco,
Nafarroa Beherea); a Sola (em basco suletino, Xiberoa;
em basco unificado, Zuberoa)
As principais
cidades da comunidade autónoma do País Basco são Bilbau (em
basco, Bilbo, a mais populosa), San Sebastián (em basco, Donostia) e Vitoria (em
basco, Gasteiz, a capital oficiosa da comunidade autónoma).
História
dos bascos: Presume-se que
o povo basco tenha ocupado a Península Ibérica por volta do ano 2000 a.C.
e tenha resistido as constantes invasões sofridas pela região ao longo dos
séculos. Apesar da dominação romana, os bascos mantiveram sua língua, costumes e
tradições, num processo de constante resistência. A língua
basca ou euskara não tem parentesco com as línguas indo-europeias, embora seja a mais antiga
língua viva da Europa, o vasconço somente
constitui-se como língua escrita no século
XVI e reforçou o sentimento de união do povo. Entre os
séculos XV e XVI, a região sul foi submetida ao Estado Espanhol, que
havia sido iniciado com o casamento dos reis
católicos Fernando e Isabel. Há no território basco movimentos e
organizações que desejam uma relação mais federalista com a Espanha. Alguns desejam mesmo a total separação e a
independência da região. A mais notória dessas organizações foi o ETA (Euskadi Ta Askatasuna; em português, 'Pátria
Basca e Liberdade'), que lutou, sem sucesso,
pela independência da região histórica do País Basco (Euskal Herria),
atualmente distribuída entre Espanha e França. Todos os partidos legais, bem como a maioria da
população da região consideravam o grupo como sendo terrorista.
Geografia: Sua
região é principalmente montanhosa, conformada pelos Montes
Bascos e a imponente
Serra Cantábria no
sul, com o Toloño como
máxima altitude.
No
País Basco podem distinguir-se quatro zonas climáticas: a vertente atlântica ao norte, uma zona de clima
subatlântico (Vales Ocidentais de Álava e a Llanada Alavesa), uma zona de clima
submediterrâneo e, ao extremo Sul, entrando na depressão do Ebro e Rioja
Alavesa, onde se passa a um clima com verão claramente seco e caloroso do tipo
continental.
Territórios
históricos: O País Basco compreende três
províncias da Espanha, as quais
recebem a denominação de territórios históricos: Álava (299.957 habitantes). Capital: Vitoria-Gasteiz; Guipúscoa (688.708
habitantes). Capital: San
Sebastián; Biscaia (1.136.181 habitantes). Capital: Bilbau
Graças
a ser um dos focos iniciais da revolução industrial na Espanha, a população
do País Basco teve um grande crescimento desde meados do século XIX até
princípios dos anos 70, recebendo uma grande imigração de outras regiões
espanholas. Entretanto,
o fim do protecionismo, a crise industrial, a instabilidade
política e o decréscimo da natalidade tem provocado um retrocesso demográfico e
desde a Transição, a região está com crescimento. Segundo o censo Instituto
Nacional de Estatística da Espanha (o INE) de 2006, o País Basco
conta com uns 4,01% de imigração, o que representa uma das porcentagens mais
baixas da Espanha e constitui menos da metade da média nacional (9,27%).
Economia: Apesar de sua extensão relativamente pequena, o País
Basco concentra um grande volume de indústrias e é uma das regiões mais ricas
da Espanha: 117,1% da média europeia do PIB per capita (dados
Eustat, ano 2002).
A meados dos anos 80, em plena crise económica, produziu-se a reconversão
industrial e a reindustrialização, o qual produziu um importante recesso e, já
recuperada desta situação desde muito tempo, é na atualidade uma das regiões
mais desenvolvidas da Espanha e segundo um estudo do Instituto Basco de
Estatística seguindo metodologia da ONU a região alcançaria em 2004 um dos Índices de
Desenvolvimento Humano mais altos do mundo.
Línguas: No País Basco falam-se duas línguas: o castelhano e o euskera (basco), sendo esta última a língua originária da região. O euskera, ao
contrário do resto das línguas ibéricas modernas, não procede do latim nem pertence à
família indo-europeia. No ano de 2001, 49,6% da população era monolíngue em
castelhano, 32,2% era bilíngue e 18,2% era bilíngue passivo (entendia euskera
ainda que o falasse com dificuldade). Estas porcentagens variam de um território histórico a outro, sendo Guipúscoa
onde mais se fala euskera e Álava onde menos.
A
opção política maioritária desde a transição democrática é do “nacionalismo basco", em suas diversas variantes desde as mais
moderadas até as mais radicais e com suas diferentes concepções para a
configuração da atual Comunidade Autônoma (independente, autônoma,
federalista). Tal opção disputa o mapa eleitoral com outras ideologias
denominadas não nacionalistas bascas, de amplo respaldo no,território histórico de Álava,
tradicionalmente castelhano-falante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário