segunda-feira, 20 de abril de 2020

Propostas ousadas



O mundo tornar-se-ia menos injusto? Ou acentuar-se-iam, pelo contrário, as dissensões entre os povos, cujos governos não aceitariam provavelmente intervenções no foro interno, afinal cada nação desejando ser livre de tutelas alheias, não foi isso o que se decretou com as descolonizações? Dvorak não compôs essa sinfonia do Novo Mundo, mas houve quem compusesse nos anos 80, uma canção para coro, de uma generosidade bonita mas tão enfatuadamente falsa como piegas:
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving
Não sei se retirado esse “direito de veto” de que trata Salles da Fonseca, e criado o Forum Mundial para a igualdade de direitos, o caos mundial não seria mais absurdo ainda… Como outrora na Torre bíblica… Comecemos do zero, a partir de um tal corona vírus, mas não em pé de igualdade, é claro. Seria tão utópico vivê-lo, como apenas desejá-lo.
A SINFONIA DO NOVO MUNDO – 2   A SINFONIA QUE DVORAK NÃO COMPÔS
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 19.04.20
Sendo o direito de veto um conceito democraticamente absurdo, há que o banir dos “fora” internacionais em que ele persiste. E como esse banimento será vetado por quem é detentor do dito direito, resta a solução de esvaziar as instituições em que ele vigora. Refiro-me à ONU e a todas as suas agências onde presumo que tal direito vigore igualmente (a confirmar ou infirmar).
Mas, para que o mundo não se afogue num emaranhado quântico de meras relações bilaterais, haverá que criar o Forum Mundial em que assentem todos os países do mundo em pé de igualdade, sem votos ponderados nem privilégios democraticamente absurdos. Se os votos fossem ponderados, por exemplo conforme a população, era ver o Lichtenstein a apregoar que tinha 5 ou 10 milhões de habitantes e a comunidade internacional a ter que andar de Herodes para Pilatos a ver quem mentia mais.
Também anacrónica é hoje a divisão do mundo em Primeiro Mundo (o correspondente aos países integrantes da OCDE), o Segundo Mundo (o que compreende os países que pertenceram ao defunto Pacto de Varsóvia, alguns dos quais até já integram a UE) e o Terceiro Mundo (todos os demais países). Eis por que a OCDE e o PNUD deviam ser fundidos e fazer a sua integração no novo Forum Mundial como sua agência para o desenvolvimento económico e humano.
E já que estamos no mesmo paralelo de Nova Iorque, creio que a nova instituição poderia perfeitamente assentar unitariamente em Lisboa em vez da actual repartição entre Genève e Nova Iorque. Deixaríamos a FAO em Roma e na Suíça a União Mundial das Telecomunicações, a Organização Mundial do Trabalho (o que tem feito a OIT contra o trabalho escravo na RPChina?) e a da Saúde (com quem o mundo tem muitas contas a ajustar a propósito do Covid-19). Ou não? É que, se a Suíça reiteradamente se pronuncia pela não pertença a todas essas organizações, não faz mais sentido continuar a albergar as respectivas sedes.
(continua)
Abril de 2020
Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS
Francisco G. de Amorim, 19.04.2020: Apoio e aplaudo. Mas... queremos nós endireitar o mundo!!! E os "dos vetos" não querem. Solução inteligente levar a ONU para Lisboa. Eu votaria em Évora. Pelo menos os membros da dita iam comer e beber bem, e de barriga cheia todos votam a favor!
Adriano Miranda Lima, 20.04.2020: Ah-ah-ah. A sua sugestão tem graça mas olhe que esconde muita verdade: o estômago é que comanda as nossas vidas. Também não percebo por que razão a Suíça alberga sedes das organizações internacionais. Por ter sido neutra nos dois grandes conflitos mundiais? Penso que não é razão suficiente, e até se poderia considerar que a própria neutralidade devia retirar-lhe esse privilégio. Quanto ao resto, é difícil conceber que o homem evolua para a criação de um organismo mundial que lhe traga paz e harmonia.




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