O mundo tornar-se-ia menos injusto? Ou acentuar-se-iam,
pelo contrário, as dissensões entre os povos, cujos governos não aceitariam
provavelmente intervenções no foro interno, afinal cada nação desejando ser
livre de tutelas alheias, não foi isso o que se decretou com as
descolonizações? Dvorak não compôs
essa sinfonia do Novo Mundo, mas houve quem compusesse nos anos 80, uma canção
para coro, de uma generosidade bonita mas tão enfatuadamente falsa como piegas:
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving
Não sei se retirado esse “direito de veto” de que trata Salles da Fonseca, e criado o
Forum Mundial para a igualdade de
direitos, o caos mundial não seria mais absurdo ainda… Como outrora na Torre
bíblica… Comecemos do zero, a partir de um tal corona vírus, mas não em pé de
igualdade, é claro. Seria tão utópico vivê-lo, como apenas desejá-lo.
A SINFONIA DO
NOVO MUNDO – 2 A SINFONIA QUE DVORAK NÃO COMPÔS
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 19.04.20
Sendo o direito de veto um conceito democraticamente absurdo, há que o banir
dos “fora” internacionais em que ele persiste. E como esse banimento será vetado por
quem é detentor do dito direito, resta a solução de esvaziar as instituições em
que ele vigora. Refiro-me à ONU e a todas as suas agências onde presumo que tal
direito vigore igualmente (a confirmar ou infirmar).
Mas,
para que o mundo não se afogue num emaranhado quântico de meras relações
bilaterais, haverá que criar o Forum
Mundial em
que assentem todos os países do mundo em pé de igualdade, sem votos ponderados
nem privilégios democraticamente absurdos. Se
os votos fossem ponderados, por exemplo conforme a população, era ver o
Lichtenstein a apregoar que tinha 5 ou 10 milhões de habitantes e a comunidade
internacional a ter que andar de Herodes para Pilatos a ver quem mentia mais.
Também
anacrónica é hoje a divisão do mundo em Primeiro Mundo (o correspondente aos países integrantes da OCDE), o Segundo
Mundo (o que compreende os países que
pertenceram ao defunto Pacto de Varsóvia, alguns dos quais até já integram a
UE) e o Terceiro Mundo (todos os
demais países). Eis por que
a OCDE e o PNUD deviam ser fundidos e fazer a sua
integração no novo Forum Mundial como sua agência para o desenvolvimento
económico e humano.
E
já que estamos no mesmo paralelo de Nova Iorque, creio que a nova instituição
poderia perfeitamente assentar unitariamente em Lisboa em vez da actual
repartição entre Genève e Nova Iorque. Deixaríamos a FAO em Roma e na Suíça a União
Mundial das Telecomunicações, a Organização Mundial do Trabalho (o que tem
feito a OIT contra o trabalho escravo na RPChina?) e a da Saúde (com quem o
mundo tem muitas contas a ajustar a propósito do Covid-19). Ou não? É que, se a
Suíça reiteradamente se pronuncia pela não pertença a todas essas organizações,
não faz mais sentido continuar a albergar as respectivas sedes.
(continua)
Abril de 2020
Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS
Francisco G. de Amorim, 19.04.2020: Apoio
e aplaudo. Mas... queremos nós endireitar o mundo!!! E os "dos vetos"
não querem. Solução inteligente levar a ONU para Lisboa. Eu votaria em Évora.
Pelo menos os membros da dita iam comer e beber bem, e de barriga cheia todos
votam a favor!
Adriano Miranda Lima, 20.04.2020: Ah-ah-ah.
A sua sugestão tem graça mas olhe que esconde muita verdade: o estômago é que
comanda as nossas vidas. Também não percebo por que razão a Suíça alberga sedes
das organizações internacionais. Por ter sido neutra nos dois grandes conflitos
mundiais? Penso que não é razão suficiente, e até se poderia considerar que a
própria neutralidade devia retirar-lhe esse privilégio. Quanto ao resto, é
difícil conceber que o homem evolua para a criação de um organismo mundial que
lhe traga paz e harmonia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário