Este Stefan Löfven é uma besta! / premium
Na Suécia a estratégia de combate ao
coronavírus resultou numa taxa de mortalidade escassas nove vezes superior à da
vizinha Finlândia. Mas como Stefan Löfven não se chama Donald Trump...
TIAGO DORES
OBSERVADOR 08 abr 2020
OBSERVADOR 08 abr 2020
Ora
aqui está uma acusação que jamais será proferida, ou sequer insinuada, num
telejornal português. E porquê? É simples. Porque Stefan Löfven não se chama
Donald Trump. Stefan Löfven é o primeiro-ministro sueco e está, por estes dias,
a ponderar fechar escolas, bares e restaurantes. Isto porque, na Suécia, a
estratégia de combate ao coronavírus resultou numa taxa de mortalidade escassas
nove vezes superior à da vizinha Finlândia. Ui, e recordar o banzé que foi quando Trump disse, por
exemplo, que gostava de ter a América de volta ao trabalho na Páscoa. Acaba por
ser bem feito, para lembrar ao presidente norte-americano no que dá não ser um
social-democrata nórdico, alto e louro, mas antes um fascista ianque, alto e
cor-de-laranja.
Já
no nosso Portugal, tudo é paz e harmonia. Que sossego bestial, pá. O PS a não
ter de prestar contas de nada a ninguém, mesmo tendo-nos cativos muito por
culpa das cativações de Costa e Centeno no SNS. Rui Rio a poder, enfim, fazer passar os seus achaques
de autoritarismo por profundíssimo sentido de estado. Os partidos de extrema-esquerda a usarem máscara, não
tanto por causa do coronavírus, mas mais para conterem a salivação provocada
pela perspectiva de nacionalizações em barda. E mesmo aquela inquietação que há, em todo o lado,
por não se saber como vai ser o futuro, tem solução fácil em Portugal. Basta ir
rever o que Manuela Ferreira Leite andou a desejar em 2009. Sim porque, em
2008, a então líder do PSD aludiu à suspensão da democracia durante seis meses
e veja-se onde estamos uma dúzia de anos volvidos.
A
única nuvem neste céu límpido, típico dos climas de salvação nacional, é a
polémica em torno da eventual libertação de presos. Eu concordo com a medida. E
não é tanto porque a sobrelotação das cadeias possa provocar um contágio em
massa, como aconteceu nos lares de idosos. É mais por ser urgente arranjar
bastante espaço para encarcerar esses bandidos que andam a furar as regras do
estado de emergência porque lhes apetece ir dar uma volta de carro, às vezes
até com os vidros abertos, imaginem, a pulverizarem vírus por essas estradas
fora.
Agora,
confesso que me tem repugnado o silêncio do PAN. Numa altura em que, por todo o mundo, cientistas
testam novas vacinas contra a Covid-19, eu faço uma pequena ideia das toneladas
de ratinhos de laboratório que andam por aí a ser dizimados. É que devem ser
carradas e carradas de fofinhos roedores. E, no entanto, da parte do PAN, há um
silêncio ensurdecedor sobre este verdadeiro ratinhocídio. Creio estarmos
perante um daqueles casos a que se aplica o clássico ditado: “Quando a febre
sobe e a tosse é seca e funda, os militantes do PAN são os primeiros a
abandonar o barco.”
Mas,
felizmente, a epidemia parece mais controlada. E penso termos condições para
continuar assim. Desde que não oiçamos as recomendações da Direcção Geral da
Saúde quanto ao uso de máscaras de protecção, claro. Com esta dança do “Tire a
máscara”, “Afinal ponha a máscara”, “Espere, não use a máscara”, “Coloque já a
máscara”, claro que uma pessoa acaba por tocar com os dedos, quiçá infectados,
na própria cara! Mais que não seja porque é mesmo difícil, perante a catadupa
de trapalhadas, não sentir aquela vergonha alheia que nos leva a, por instinto,
tapar a face com a mão.
Enquanto
isso, o Ministério da Educação está a preparar o arranque da telescola, método
de ensino que me levanta imensas reservas. Por um lado, é verdade que
torna impossível aos gazeteiros baldarem-se às aulas e irem fumar para trás do
pavilhão de Educação Física. Por outro, é muitíssimo provável que faltem à
mesma, mas desta vez porque farão zapping para o Sexy Hot. Mas mesmo
com os alunos mais estudiosos, é provável que a telescola não funcione bem. Está-se
mesmo a ver o típico choninhas: “Hum.
Ver televisão? Vou antes ler um livro, pois considero o livro um veículo muito
mais efectivo no que à aquisição das valências fundamentais ao desenvolvimento
do meu pensamento crítico diz respeito.” Sacana
do marrão. A tua sorte é a escola estar fechada, se não já estavas a enfardar
uns valentes calduços.
COMENTÁRIOS:
Ana Brito: agora
A brincar, a brincar, o Tiago disse
tudo, muito lúcido sobre a hipocrisia que reina na política, nos média e os
sonhos de tiranetes que se querem aproveitar da crise para atacarem a
propriedade e as liberdades de todos nós. É tempo para abrir os olhos e equilibrar o barco.
Voto Em Branco: artigo
perfeito, principalmente no seu início: tudo o q for socialista é digno de
louvores. até o observador escrever um artigo muito soft sobre a estratégia da
suécia de deixar tudo aberto.
Mariana Seabra: Parabéns pela coragem! Junto com o comentário do José
Miguel Júdice no jornal da SIC Notícias, finalmente alguém que vem pôr bom
senso no meio desta comunicação social que tanto tem contribuído para empolar e
dramatizar este surto de um vírus da família da gripe... 2018 -. 3.300
mortos de gripe. Vamos ver se o Covid chega lá E se o Matemático/ astrólogo
Buescu emigra para longe!!!
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