E se ri. Podem os povos superiores
querer aplicar as regras de uma perfeita democracia, os seus governos confiando
no bom senso dos seus cidadãos, nada impondo e apenas aconselhando, dando assim
exemplo ao mundo de que a razão humana é suficiente para decidir, no caso desses
seus cidadãos, instruídos e superiormente responsáveis, talvez troçando à socapa,
ou frontalmente, dos submissos, a quem os respectivos governos aferrolham em
casa, com autoridade, enquanto eles próprios, governantes, se passeiam sem
máscara, pelas ruas e parlamento, e até festejando acontecimentos importantes,
na liberdade restrita aos seus cargos de autoridade. Tudo são critérios, de uns
ou de outros, critérios de ordens rigorosas versus critérios de conselhos
responsabilizantes. O coronavírus é quem manda, afinal. E se ri das debilidades
humanas, quer assumam a forma altiva da liberdade racional, quer a forma da
passividade respeitadora e amedrontada. Mas gostei do texto informativo de António Saraiva Lima, sobre as
normas seguidas na Suécia, cujo
conhecimento me vem da infância, maravilhada com as viagens do Nils Holgerson no dorso do seu ganso, através dessa
Suécia de harmonia e educação.
CORONAVÍRUS
Covid-19: Número de mortos preocupa, mas
a Suécia mantém abordagem de “responsabilização individual”
Críticas à estratégia de restrições
mínimas estão a aumentar e as autoridades admitem que a protecção dos lares de
idosos não foi a mais adequada. Mas acreditam que a situação epidemiológica
está a estabilizar. Já morreram mais de 1700 pessoas.
PÚBLICO, 21 de Abril de 2020
O
número elevados de mortes causadas pelo novo coronavírus na Suécia está
preocupar o Governo e a aumentar as críticas internas, mas as autoridades
suecas garantem que o serviço nacional de saúde está a responder bem aos
desafios da pandemia e
acreditam que a situação epidemiológica do país começa a dar sinais de
estabilização. Por isso mesmo, a controversa abordagem de restrições
mínimas e confinamento reduzido, baseada na “responsabilização individual”, é
para manter. Pelo menos para já. “A
tendência que temos visto nos últimos dias, com uma curva mais achatada –
muitos casos novos [de infecção], sem haver um aumento diário –, parece estar
estabilizar”, disse na sexta-feira aos jornalistas Karin Tegmark
Wisel, chefe do departamento de Microbiologia
da Autoridade Pública de Saúde da Suécia,
cita pela Bloomberg.
“Estamos numa espécie de
planalto”, acrescentou
na segunda-feira Anders Tegnell,
principal responsável pela área de epidemiologia e arquitecto da estratégia
sueca.
Mais de 15 mil suecos foram
infectados pela covid-19, metade deles em Estocolmo, e já morreram 1765 pessoas
com a doença. Os números mostram um contágio mais acelerado que o registado nos
países da região escandinava, como a Dinamarca (7695 infectados e 370 mortos),
a Noruega (7191 infectados e 182 mortos) ou a Finlândia (4014 infectados e 141
mortos) e levaram uma parte da comunidade científica a exigir ao Governo
“mudanças radicais e rápidas” para travar a propagação do vírus.
“É
necessário reforçar o distanciamento social, fechar escolas e restaurantes, e
todos os que trabalham com população idosa devem usar equipamento de protecção
adequado. Se um membro de uma família estiver doente ou testar positivo,
toda a família deve ser colocada em quarentena”, pediu um grupo de
investigadores e virologistas, num artigo de opinião, citado pelo Guardian,
publicado na semana passada no jornal Dagens Nyheter.
Mas
as autoridades sublinharam as diferenças em relação aos países da região, assumindo
as suas responsabilidades.
“Tivemos um desenvolvimento lamentável, especialmente
em comparação com os nossos países vizinhos, que foi a penetração do vírus em
várias lares de idosos”, assumiu
Tegnell, já depois de o próprio primeiro-ministro, Stefan Löfven ter admitido
que se devia ter feito mais para proteger estes estabelecimentos.
Tomando
em consideração as características demográficas do país – mais de
50% de lares com apenas uma pessoa e uma densidade populacional de 25 pessoas
por quilómetro quadrado –, a
Suécia surpreendeu a comunidade internacional quando pôs em prática um plano de contenção bastante
mais flexível e menos restritivo que a maioria, assente em
recomendações, em vez de imposições, sobre distanciamento social e
comportamentos a adoptar em espaços públicos.
Grande parte das escolas suecas
permanece aberta, tal como os restaurantes, os bares, as lojas e os ginásios,
tendo sido apenas proibidos os ajuntamentos de mais de 50 pessoas e as visitas
a lares de idosos. A população foi ainda aconselhada a trabalhar a partir de
casa, evitar deslocações desnecessárias e o Governo assumiu abertamente os
riscos da sua abordagem.
Apesar
de as recomendações terem tido um impacto significativo, com reduções na
utilização dos transportes públicos e na quantidade de pessoas a circular nas
ruas das principais cidades, o elevado número de mortes e a pressão sobre os
estabelecimentos de ensino fez aumentar as críticas, particularmente dos
professores.
A
principal preocupação das autoridades é, por estes dias, Estocolmo, onde os níveis de contágio teimam em não descer e
onde têm sido registados mais casos de incumprimento das recomendações.
Ainda
assim, as sondagens mostram que a maioria da população defende a abordagem do
Governo.
“Com medidas voluntárias conseguimos
que as pessoas circulassem bastante menos que o costume. A forma como
conseguimos pôr em prática o distanciamento social tem sido bastante eficaz,
talvez até mais eficaz que noutros países que o fizeram através da imposição de
restrições”, justifica Tegnell,
citado pela edição sueca do site The Local.
O
executivo liderado pelo social-democrata Stefan Löfven não exclui, no entanto, um cenário de imposição de
medidas restritivas, principalmente se as pessoas começarem a deixar de seguir
as recomendações. Por isso mesmo, o Governo já fez aprovar uma lei que lhe
permite decretar o encerramento de determinados estabelecimentos comerciais sem
precisar da aprovação prévia do Parlamento.
Questionado
na segunda-feira sobre a possibilidade de se avançarem para medidas de
confinamento mais robustas, Anders Tegnell
respondeu desta forma: “Com esta doença tudo é possível, mas acredito que a
probabilidade de seguirmos por esse caminho é cada vez mais reduzida à medida
que o tempo passa”.
TÓPICOS
COMENTÁRIOS:
Dr.Sebastiao12345 INICIANTE: Agora é só imaginar o que pode acontecer ao Brasil ou
nos EUA se derem ouvidos a um Chico-esperto que anda por lá.
Anoninho EXPERIENTE: “O executivo liderado pelo social-democrata Stefan
Löfven não exclui, no entanto, um cenário de imposição de medidas restritivas,
principalmente se as pessoas começarem a deixar de seguir as recomendações.” -
Ou seja, se não fizerem “voluntariamente” o que eu “recomendo”, eu obrigo-vos a
fazê-lo. Esperteza saloia destes suecos. 21.04.2020
JDSousa INICIANTE: Qual é a sua crítica, concretamente? O governo
português impôs de imediato porque assim entendeu necessário. O governo sueco
(outro país, com diferentes circunstâncias) considerou que não era necessário
impor se os cidadãos assumissem certas recomendações, e muitos estão a fazê-lo.
Caso esta abordagem não seja suficiente, a estratégia adapta-se, e essa
adaptação há muito que está planeada. O que é que aqui é esperteza saloia...? 21.04.2020
Anoninho EXPERIENTE A minha crítica é simples: na Suécia não lhe chamaram
imposição, mas neste momento (segundo é relatado), se não é cumprida, passa a
sê-lo... ora, qual a diferença? Até pode não ser assim na prática, mas acho
engraçado o excerto que citei.
Pedro Trova INICIANTE: Já antes tinha sido censurado um comentário em
português com referências ao estudo da Universidade de Stanford. O estudo
concluiu que a a taxa de infecção é muito maior (50 a 85 vezes mais) que o
indicado pelo número de casos confirmados. E termina a aconselhar a calibração
dos números da mortalidade tendo em conta estes novos resultados. Façam um
exercício básico. Multipliquem o número oficial de infectados por 85 e depois
apurem a percentagem da mortalidade. Cerca de 0.041%. Só a ciência é o antídoto
da histeria. E qual foi a desculpa agora para censurar a tradução da conclusão
do estudo científico?
Anoninho EXPERIENTE: Pedro Trova, e sobre a histeria do colapso dos sistemas
de saúde italianos e espanhóis e dos corpos a acumular em Nova Iorque? O que
diz?
joao.de.melo INICIANTE Onde andam os defensores do fascista brasileiro? A
internet falha sempre nestas situações, "rais parta". 21.04.2020
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