Ela possibilita as expectativas e dá azo
à formulação de hipóteses e teorias e vacinas, de que precisamos como do pão para
a boca. Entretanto, aqui vamos estando, bem comportados, seguindo as peripécias
da Covid-19, ouvindo coisas, dizendo coisas, e sobretudo lendo-as, obedientes e
amedrontados, ante a hecatombe que desabou em várias frentes no mundo. Acho
nobre a proposta do Dr. Salles, de enfrentamento de uma China pouco
escrupulosa, não só em relação ao seu povo, a quem permite refeições carnívoras
verdadeiramente pestilenciais, como em relação a todos os mais povos, em
cinismo de estarrecer. Mas enfrentá-la, com a imposição de regras, parece mais
perigoso ainda, à escala global, como país certamente apetrechado de armas letais
superiores às do coronavírus, nestes tempos do nuclear. Então, não teríamos
ocasião de praticarmos confinamentos domésticos, nem isso seria eficaz.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 18.04.20
Seremos todos Cristóvãos Colombo ou seremos Bartolomeus Dias ou Vascos
da Gama?
Como
assim?
É
que Bartolomeu Dias e Vasco da Gama sabiam perfeitamente o
que faziam mas Cristóvão Colombo chegou a um sítio novo, sim, mas que
desconhecia por completo e não era, de todo, o que procurava.
E nós, saberemos para onde
vamos depois de sobrevivermos à tentativa de extermínio a que estamos a ser
sujeitos?
Tudo depende do grau de
manobra que permitirmos ao agressor, o Regime ditatorial chinês. Se não lhe impusermos regras de convivência
planetária, corremos o risco de que novas calamidades dali surjam na
continuação de um processo repetitivo de que este Covid-19 é apenas mais um
caso. Lançado de propósito ou sem querer, o
mal está aí com perfil de chacina global e não se pode repetir. Impõe-se uma
reacção do resto do mundo e se as actuais Autoridades chinesas não dão garantias
formais e credíveis de que dali não virão mais calamidades, então o resto do
mundo assume a legitimidade de uma imprescindível intervenção.
Perante
o que, numa fase imediata, deve ser retirado à China (leia-se, ao actual Regime
ditatorial chinês) o direito de veto na ONU, tanto no Conselho de Segurança
como noutros quaisquer órgãos daquela instituição em que essa singularidade
antidemocrática esteja prevista.
Aliás,
não devem ter direito de veto quaisquer Regimes políticos que não sejam
comprovadamente democráticos, independentemente da dimensão humana a que
correspondam. Não é por dominar um quarto da Humanidade que o Regime
ditatorial chinês adquire legitimidade para condicionar decisivamente o bem
comum aos outros três quartos da população mundial. Quando a representatividade
não tem uma base democrática, não é legítima.
(continua)
Abril
de 2020
Henrique
Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS
ganganeli pereira 18.04.2020: A
humanidade sofria do mal de Adão e Eva, mas esse sofrimento piorou após a
Conferência de Bandung na década de 1950, quando os chamados neutrais ou
socialistas, quiseram assumir o poder do mundo em parte nas suas próprias mãos.
Assim começaram a impor o socialismo e o comunismo. Muitos países
ficaram independentes com base racista sob a chefia dos poderosos que passaram
a ser os líderes do povo. A confusão já estava lançada, a procissão ainda
estava no adro da igreja e passada uma geração as procissões dos migrantes e
emigrantes desses países tornou-se uma realidade por falta de emprego e
condições de vida nos países da sua origem. Na Índia o castismo não acabou, na
Rússia deu-se a perestroika, quer dizer abertura, na China a ditadura
comunista, aliada a multinacionais ocidentais, melhorou a vida dos seus
cidadãos, tal como na Índia, na década de 1980, etc., a África entrou em
colapso e vive à custa do capital e conhecimento das multinacionais ocidentais,
noutras partes asiáticas e africanas e do médio-oriente, a situação passou a
ser guerra contra o povo ou as tribos. Para colmatar tudo isso, agora a
China mandou os frutos do seu pecado pelo exportações dos produtos globo todo,
o Covid 19 e os seus mentores vão enriquecer à custa do seu povo e que as
multinacionais com a sua deslocalização na década de 1980 nesses países
poluidores do ambiente em geral, água, oceanos, solo, ar, ordenamento urbano e
rural, etc. ali produzem, deixando-se de produzir nos seus países de origens
ocidentais, produtos baratos, que agora os importam da China, após a crise
geral lançada pela China. Será que desta vez vamos aprender a lição de que as
políticas da ONU estão erradas e de que todos nós somos irmãos globais, apenas
se distinguindo pelas línguas que falamos?
Anónimo, 18.04.2020: : Faço uma pergunta
mais geral, Henrique: Não contestando a existência de membros permanentes
no Conselho de Segurança, será que se justifica o direito de veto, por parte
daqueles, 75 anos após a assinatura da carta fundadora da ONU, em S. Francisco?
(A ironia é que o primeiro subscritor foi o Sr. Chiang Kai-Shek, que viu a sua China
permanecer na ONU até 1971, quando foi substituída pela outra China, a que hoje
provoca as maiores preocupações).
A prossecução do c de manter a paz e a segurança internacionais só poderia concretizar-se desde que aqueles países partilhassem a mesma concepção de ordem mundial, o que, sabemos, não era bem o caso. Por isso, se ouviu tanto a palavra “niet”. Aliás, o decano Ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrei Gromiko, ficou conhecido pelo Senhor Niet, tal o número de vezes que dizia não e o seu antecessor, Sr. Molotov, por Senhor Veto. É claro que é impossível, em meia dúzia de linhas, discutir o tema da oportunidade de se manter aquele direito de veto, nem eu tenho capacidade nem conhecimento para tanto. Mas assalta-me a ideia que talvez não seja já justificável o argumento que ele existe para evitar que a ONU tome acções contra os seus principais membros fundadores. Também não me parece que colham os precedentes que costumam ser invocados, como ele vem desde a Roma Antiga Republicana ou, inclusive, invocando o século XIX e a concertação de potências institucionalizada através de conferências diplomáticas periódicas entre os chefes de governo da Quádrupla Aliança, primeiro, (Grã-Bretanha, Prússia, Áustria e Rússia) e Quíntupla Aliança, depois, com a adesão da França. Termino, como comecei, com uma pergunta: Será que o direito de veto não poderia ser substituído por votação por maioria qualificada, de todos os membros do Conselho (permanentes e não), seja ela de dois terços ou de três quartos? Abraço. Carlos Traguelho
A prossecução do c de manter a paz e a segurança internacionais só poderia concretizar-se desde que aqueles países partilhassem a mesma concepção de ordem mundial, o que, sabemos, não era bem o caso. Por isso, se ouviu tanto a palavra “niet”. Aliás, o decano Ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrei Gromiko, ficou conhecido pelo Senhor Niet, tal o número de vezes que dizia não e o seu antecessor, Sr. Molotov, por Senhor Veto. É claro que é impossível, em meia dúzia de linhas, discutir o tema da oportunidade de se manter aquele direito de veto, nem eu tenho capacidade nem conhecimento para tanto. Mas assalta-me a ideia que talvez não seja já justificável o argumento que ele existe para evitar que a ONU tome acções contra os seus principais membros fundadores. Também não me parece que colham os precedentes que costumam ser invocados, como ele vem desde a Roma Antiga Republicana ou, inclusive, invocando o século XIX e a concertação de potências institucionalizada através de conferências diplomáticas periódicas entre os chefes de governo da Quádrupla Aliança, primeiro, (Grã-Bretanha, Prússia, Áustria e Rússia) e Quíntupla Aliança, depois, com a adesão da França. Termino, como comecei, com uma pergunta: Será que o direito de veto não poderia ser substituído por votação por maioria qualificada, de todos os membros do Conselho (permanentes e não), seja ela de dois terços ou de três quartos? Abraço. Carlos Traguelho
Adriano Miranda Lima, 18.04.2020: Bem
dito. A minha total concordância.
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