terça-feira, 21 de abril de 2020

Como na botica



Há de tudo, bom e mau. A “entrada” na Europa deu-nos mais estatuto, e sobretudo distribuição de dinheiros, que possibilitou, entre outras coisas, estudos fora, com bolsas Erasmus, que poderão ou não resultar, mas ajudam à formação, abrindo portas… Mas possibilitou igualmente os atropelos de uma corrupção inaudita. Marco Silva é um dos que discorda da tese de Rui Ramos, este, defensor integral da União Europeia. Mas as razões daquele são igualmente de peso, e convém rever o que por nós passou, e irá continuar…
Não brinquem connosco /premium
A UE é uma das poucas coisas que resta do mundo tal como ele era há vinte anos. Poupem-nos por isso aos anúncios do seu fim que deram cinco minutos de fama a dois políticos de países pequenos.
RUI RAMOS                                             
OBSERVADOR, 03 abr 2020,
No mundo de agora, há uma coisa de que podemos ter a certeza: todas as crises, sejam elas quais forem, serão sempre crises da União Europeia. Foi assim com a guerra do Iraque em 2003, em que Tony Blair e a “nova Europa” se separaram da “velha Europa”; foi assim com a crise das dívidas soberanas em 2011; foi assim com o afluxo de migrantes em 2015; e, agora, com a epidemia do coronavírus. Seja qual for o motivo da crise, é certo e seguro que uma parte da UE não concordará com a outra parte, e que toda a gente, muito exaltada, começará a falar do fim da UE.
Nada disto é verdadeiramente surpreendente. A UE não compreende apenas Estados com níveis de desenvolvimento desiguais, mas com economias e modelos sociais diferentes. As taxas de inflação registadas antes do Euro, como uma vez explicou Vítor Bento, desenham a fronteira entre duas culturas, uma de moeda forte, a norte, e outra de moeda fraca, a sul. Julgou-se, em tempos, que a integração europeia poderia, contra a história, fazer do continente um bloco homogéneo. Não fez. Serviu apenas para sentar à volta da mesa países com pontos de vista e interesses contraditórios.
Em 2012, pedia-se muito que nos deixássemos de moralismos ao discutir a crise das dívidas soberanas. Sim, deixemo-nos de moralismos. Não falemos do parasitismo do sul, mas não falemos também da mesquinhez do norte. Admitamos apenas que todos os Estados têm o direito de defender os seus interesses. A Itália tem o direito de exigir transferências de dinheiro da Alemanha, e a Alemanha de exigir que a Itália equilibre as suas contas. As “crises” podem limitar a margem de manobra de um ou de outro para impor as suas preferências, mas nunca eliminarão as diferenças de perspectiva.
Invocar a “solidariedade”, no meio das “crises”, para ignorar os interesses dos outros não é sério. Os políticos e os eleitorados do norte já são suficientemente solidários, ao prestarem-se a ser contribuintes líquidos da UE. Dir-me–ão: porque a UE é um bom negócio para eles. Esperemos que sim, que seja, porque só assim a UE pode durar. Mas também não é um bom negócio para o sul? Por alguma razão, os políticos e os eleitorados do sul aguentaram as condições da assistência financeira em 2011. Se fosse melhor estar fora do euro, teriam naturalmente saído. Não saíram. Cortaram salários e pensões para lá ficar, e o que recuperaram entretanto, recuperaram-no por esse esforço, mas também pelo enquadramento europeu, a começar pelas políticas do BCE.
A UE é um bom negócio para todos, porque a circulação de mercadorias, capitais e pessoas, que a UE viabiliza e regula, é o único meio conhecido de assegurar a prosperidade do maior número de países – na Europa, como no resto do mundo. Estados diferentes, com interesses diferentes, têm este interesse em comum: mercados abertos. Para manter as instituições que, no continente, zelam por essa abertura, o norte da Europa tem tolerado as liberalidades do BCE, e o sul tem tentado equilibrar os orçamentos.
A UE não pode ser mais do que é, mas também não pode ser menos. Não é o melhor dos mundos, mas há mundos piores. Neste momento, é uma das poucas coisas que resta do mundo tal como ele era há vinte anos. Só porque não tem alternativa, não quer dizer que dure. Por essa razão, talvez não seja demais pedir que nos poupem aos anúncios do seu fim. Bem sei que, a semana passada, esse niilismo apocalíptico deu cinco minutos de fama a dois políticos de países pequenos. Mas já vivemos com demasiadas dúvidas e incógnitas. Não brinquem connosco. Não agora.

COMENTÁRIOS
Pedro J.: 5 minutos de fama?! Ninguém para lá de Badajoz suspeita da existência do António Costa, salvo um punhado de políticos que lhe aperta a mão em conferências europeias, mas com dificuldade em lembrarem-se do nome dele. Esta diabrite recente com a Holanda foi só para consumo interno. 
Ana Brito: Com os projectos de enquadramento da actividade económica nos países membros a UE fez a mesma coisa que a URSS com a planificação económica: centralizou, criou dependências e agora não se consegue viver fora dela (nomeadamente, os pequenos), mas dentro dela também não se vai a lado nenhum. Acho que é isto que costuma configurar uma rotura de regime e de sistema.  
Marco Silva: Boa sorte com isso. O caro autor ainda não percebeu o objectivo do projecto europeu: - Criar um superestado federal antidemocrático, onde ninguém vota nos seus lideres E para chegar aí: - Garantir a subserviência dos países fracos aos países fortes (não sei se sabe, mas graças à UE, antes CEE, Portugal é OBRIGADO a comprar arroz - por exemplo - de países como Itália ao mesmo tempo que foi OBRIGADO a destruir a sua própria agricultura) - Acabar com a soberania de cada país, privando-o de qualquer capacidade de governação pelos governantes eleitos em cada país.
Todos os países na UE são OBRIGADOS a cumprir leis feitas pelos comissários europeus QUE NINGUÉM ELEGE. De resto os orçamentos feitos em cada país pelos governantes eleitos, são aprovados ou não em Bruxelas.... Isto não é "manutenção de paz", isto não é "solidariedade", isto não é um "bom projecto". Isto é uma ditadura em formação. Não esquecer quem manda na UE, a Alemanha e mais especificamente a Merkel, que ninguém fora da Alemanha elegeu, no entanto há 3 meses ela fez um discurso onde dizia que a liberdade de expressão tem de ser limitada, tal qual ditadora que é ou quer ser. O projecto europeu é uma farsa e nunca foi por causa da "solidariedade". Foi sim para garantir que os mais fortes (maior indústria, melhor economia) garantem o seu status, à custa dos mais fracos, que são obrigados a importar produtos dos mais fortes, quer queiram, quer não e para garantir isso, só através de um sistema que destrói a soberania de cada país e que garante que nenhum desses países consiga eleger seja quem fôr, que realmente manda na UE.
A crise migratória foi o mais perfeito exemplo disto, onde a ideologia vigente foi mais importante que a vida de milhares de europeus, que foram mortos, violados, espancados, mutilados pelos "refugiados" que foram deixados entrar sem restrições e que transformaram a europa no epicentro do terrorismo mundial. Em 2015 apenas, foram 211 atentados terroristas e até 2020, foram muitas mais centenas, tudo graças à ideologia de quem manda na UE, que obrigou outros países e fazer o que eles/as queriam. Os que não fizeram (Hungria por exemplo) são castigados, como demonstração da "solidariedade" e "democracia" que existe na UE.
De resto o problema que a UE criou para si mesma com os "refugiados", ainda não acabou, pois temos a Turquia a fazer chantagem porque quer mais dinheiro e literalmente a cometer actos de guerra ao disparar balas de borracha contra guardas de fronteiras gregos. O que a UE fez ? Absolutamente nada. Sabe quem está a ajudar os gregos? Os húngaros...esses "malfeitores" aos olhos dos burocratas europeus, que não deixaram entrar no seu país, milhões de selvagens muçulmanos, que tanto "sucesso" fizeram em países como França, Reino Unido, Alemanha e Suécia...A Suécia então adorou os selvagens muçulmanos...é a capital da europa das violações à custa disso, e só em 2019 foram mais de 100 bombas explodidas...que bom! Até países com fronteira com a Suécia tiveram de controlar as suas fronteiras, para tentar impedir que terroristas saltem da Suécia para esses países. Que maravilha que é a UE! Portanto, e mais um vez, boa sorte com isso. O projecto europeu tem os dias contados, não tenha dúvidas, mas claro que não vai acabar já amanhã. Agora com o vírus, da mesma forma que aconteceu com os "refugiados" (que ainda não acabou), os mais fortes vão continuar o seu caminho e os mais fracos vão continuar a exigir que os mais fortes lhes forneçam "dinheiro gratuito".
Já ficou evidente a descoordenação e incompetência com a questão das fronteiras, onde todos criticavam quem fechava fronteiras e proibia tráfego aéreo (como fez Trump), mas a Alemanha fecha as suas fronteiras (pois a Alemanha faz o que quer, sem pedir nada a ninguém) e a partir daí já muitos aceitam que se calhar fechar fronteiras até não é mau, pois se quem manda na UE o faz, eles também podem fazer. E mesmo assim, isso não impediu a Úrsula, presidente não eleita da comissão europeia, de criticar quem o fez...isto apesar de ser óbvio que manter fronteiras abertas e não restringir movimento, é garantir que a infecção não é controlada de modo algum. Mas na UE a ideologia é mais importante que a vida e saúde dos europeus, pois o objectivo do projecto nada tem que ver com uma "união" mas sim os sonhos megalómanos de fanáticos da globalização, que recebem milhões de interesses chineses e do médio oriente (por exemplo)`em detrimento dos europeus. Os exemplos são muitos e fazem parte da história. Não podem ser negados, ou pelo menos não devem ser negados por pessoas minimamente inteligentes.


Nenhum comentário: