quarta-feira, 22 de abril de 2020

O prato de aletria


Coisa simples, cozida em água, com casca de limão, um pouco de manteiga e de sal, o açúcar, a olho, vai depois, já quase desaparecida a água, enquanto vou mexendo, de vez em quando, abrandado o lume, que arrancou no máximo, o leite, aos poucos, a seguir, mexe que mexe, com meia colher de chá de maisena, desfeita em leite, depois. Finalmente, duas gemas de ovos, diluídas no resto do litro de leite do pacote, passadas no coador, continuando a mexer até fazer bolhas, e retiradas as cascas de limão para um pires, com creme agarrado, que serve para se ir degustando. A Paula e o Artur gostam, há quem prefira o arroz doce, nos mesmos moldes cremosos. Fi-la hoje, 21, para celebrar a doçura de mais dois bisnetos, nascidos ontem, que a Ana teve e me parecem iguaizinhos ao Pedrinho, mas que só conheço por fotografia, enviada pela Paula. Uma fofura, os dois no mesmo saco, virados um para o outro, um de olho aberto, tal qual o Pedrito, que já vai fazer quatro anos, quando o vi a primeira vez, de perfil, no Hospital, o outro de olhos fechados, e os dizeres da mãe, não sei se do facebook:  “Eles são muito fofinhos, só querem estar juntos.” Um encanto: Dois meninos, tão lindinhos, bem juntinhos para a vida, Manuelzinho e Joãozinho, com o amor e a alegria dos “bisavós” bem felizes. Ponho entre aspas bisavós por não corresponder exactamente à verdade, o bisavô Rui já não teve a oportunidade de conhecer os seus quatro bisnetos – o Nunito da Catarina, via Paula, os três da Ana, via Ricardo. Somos uma grande família. Será que virei a conhecer outros bisnetos – filhos dos filhos - do João e do Artur e do Luís – a Beatriz, a Mafalda e o Sebastião e o Bruno? Festejemos, com aletria, este feito da Ana, bem extraordinário, a preocupação suspensa sobre os nossos meninos todos, em tempo de um infernal coronavírus, que fez que a nossa amiga, anteontem, pelo telefone se lamentasse, depois de me ter perguntado pela Ana: “Quando é que a cadeia termina para os inocentes? Ai, ai, estou farta!” A inocente era ela, a nossa amiga sempre se acostumou a reivindicar os seus direitos.

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