O Sr.Ganganeli Pereira explica o que sabemos, e foi assim que aconteceu. O
Dr. Salles considera pura especulação a sua hipótese e é-o, de facto. Nós somos
sempre a “Belle au bois dormant”,
esperando a salvação do Príncipe. Não vale a pena esperar pelo príncipe, quando
se vai dormindo no bosque. O que era necessário é que as camadas de jovens que
vêm vindo crescessem em compostura e saber, mais entregues a uma formação real
que não misturasse tudo no mesmo saco, em pura massificação anárquica que envencilha
hoje a sociedade. Não, nunca seremos mais do que aquilo que somos, povo
simpático mas impreparado, desde sempre, apesar das arremetidas de mudança
nesse capítulo, que vão tendo alguns resultados aqui e além, mas que não criam
raízes fundas, os que vão ao leme da barca, mesmo ilicitamente, usando os seus
truques para o não perderem e o resto de nós acomodando-se ou largando os tiros
do seu próprio humor que divertem e aquecem os corações, mas não saem disso.
Também Eça e a sua geração nos descrevera, com graça inesperada, o encanto dos seus
livros como resultado das suas vivências no exterior, entre outras razões, mas,
de mudança política em mudança política, não de cem anos como la Belle, mas de vinte
ou quarenta ou, neste momento já quase cinquenta, para continuar, nunca
receberemos o beijo do Príncipe que nos desperte de vez, porque a nossa
passividade nos leva à acomodação no sono. E hoje mais do que nunca, em
quarentena amansada.
Como
teria sido se não tivesse sido como foi? - O LEITE DERRAMADO
*
* *
Reformulo
a pergunta: - Que teria acontecido se nós, os que tínhamos esperança no
Professor Marcelo Caetano, nos tivéssemos antecipado e feito um golpe de Estado
contra os «ultras» do caduco Estado Novo?
Resposta:
-Pura especulação.
Especulemos,
pois…
-
Teríamos apeado o Almirante Américo Tomás do cargo que ocupava e para
que fora administrativamente nomeado por uma Assembleia Nacional também ela
administrativamente nomeada pela caduca União Nacional transfigurada em Acção
Nacional Popular;
-
Teríamos pedido ao Professor Marcelo Caetano que assumisse a Chefia interina
do Estado até que, num prazo de um ano, se realizassem eleições livres e,
portanto, pluripartidárias;
-
Teríamos pedido ao Dr. Sá Carneiro que assumisse o cargo de Primeiro
Ministro de um Governo Provisório cujo mandato seria:
Preparar
a realização de eleições livres e, como tal, pluripartidárias no prazo
de um ano;
Preparar
eleições livres e, portanto, pluripartidárias, em cada um dos territórios
ultramarinos e consequente constituição de Assembleias Legislativas;
Redigir
uma Constituição provisória que seria referendada na primeira
legislatura da Assembleia resultante das eleições.
E
se…
…
o Professor Marcelo Caetano não aceitasse?
…
o Dr. Sá Carneiro não aceitasse?
…
apesar da jura de fidelidade ao Professor Marcelo Caetano, a Brigada do
Reumático não colaborasse?
…
ficávamos com o «menino» nos braços e alguma solução haveríamos de encontrar
pois…
… em
democracia não há homens insubstituíveis
Na
certeza, porém, de que as soluções alternativas não passariam pela
sovietização de Portugal nem das suas colónias como esteve subjacente ao 25 de
Abril de 1974 em que a liberdade, ainda hoje badalada, foi a que os comunistas
adquiriram de prender os não comunistas.
São
desconhecidos os resultados de experiências não experimentadas mas duvido que
Moscovo pactuasse com o que deveríamos ter feito, a antecipação em dois anos do
25 de Novembro de 1975.
Deixemo-nos,
pois, de carpir agora sobre o leite derramado e não percamos tempo com
especulações inúteis mas paremos também com os cânticos absurdos à glória
soviética.
25
de Abril de 2020
Henrique
Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS:
Francisco G. de Amorim 25.04.2020: Esses
cantos a esquerda caviar não cala. Nem ela nem a mídia, porque isso é que dá
dinheiro. Desse sonho do "como deveria ter sido" há muito despertei,
e hoje cada vez mais desconfio que nunca mais vamos sair desta canalha!
Isabel Pedroso
25.04.2020: PALAVRAS
PARA QUÊ tá aqui tudo resumido e bem. Mas era bom fazer alguma coisa e não
ficar só pelas PALAVRAS é k a esperança é a última a morrer e a pobrezinha já
tá tão Fraquinha
Ganganeli Pereira 25.04.2020: Interessante especulação para dizer alguma coisa sobre
o passado, mas vamos abordar aqui alguns factos que podem servir-nos para
compreender alguma coisa sobre a realidade então vivida. Não sei o por quê do
termo de chamar reumáticos aos militares de patente mais alta para além de
capitães do quadro permanente que com as armas nas mãos defenderam um Portugal
de Minho a Timor desde 1961 até à revolução de 25.4.74 em Lisboa, em
colaboração com o governo e as mais altas patentes militares, e permitiram
até lá o desenvolvimento como nunca dantes visto naquelas partes ultramarinas,
com o apoio das populações locais nativas e sua tropa local que em 1974 já era
quase 60% dos efectivos, que sempre mostraram suponho eu muito apreço aos jovens
ultramarinos que por lá obrigados iam prestar serviço militar, com a aplicação
dos planos de fomento iniciados na década de 1950, além dos primeiros 15 anos
de lançamento das infraestruturas básicas e elementares, que a I República
tinha deixado o país mais atrasado da Europa Ocidental e quase 90% analfabeto.
Os povos ultramarinos estavam ainda pior. Até 1975 tudo isso tinha
sido superado dentro do possível, em Portugal o analfabetismo era nessa altura
30%, ainda hoje é apreciada a Telescola de então iniciada na década de 1960
para levar o ensino básico e elementar aos sítios mais rurais e isolados. O
25.4.74 foi afinal a obra do próprio regime inconformado por não ter apoio
maioritário na ONU e em 1973 com o uso dos mísseis soviéticos na Guiné através
do PAIGC que hoje se encontra insulares, estão hoje nas ruas de amargura com o
retrocesso do progresso económico e social que o anterior regime dos ditos
reumáticos por lá ia executando, antes da democratização. A ideia da
democratização surgiu com o livro, "Passado, presente e
futuro" do então General
Spínola na altura governador da Guiné,
publicado em 1973, para assim após a abertura democrática e consultado o povo
de cada território, instalar uma verdadeira democracia no seu todo. Foi o pontapé de saída para a revolução contra o
anterior regime, mas o Spínola teve que fugir para a Espanha e o Portugal caiu
nas garras dos mentores soviéticos ou comunistas pois estes conseguiram a
transformação das mentalidades de alguns dos próprios militares golpistas que
inicialmente queriam uma transformação pacífica para a democracia e tudo caiu
nas mãos dos anti-democratas. O
ultramar foi entregue aos mandantes dos grupos guerrilheiros que lá
mentalizaram o povo para uma ditadura, durante o governo de transição que durou
quase 1 ano. Mas Portugal libertou-se da ditadura comunista com o
25.11.75, enquanto os principais países, Angola, Moçambique e Guiné, ainda não
se conseguiram obter uma democracia e progresso que todo o mundo almeja. E hoje
todos os países estão da CPLP estão com uma brutal dívida pública externa,
incluindo Portugal. Em Portugal ficou-nos apenas a liberdade, o
desenvolvimento que tivemos foi uma continuação do ritmo anterior. Em Portugal
apenas celebramos a liberdade, mas nos países em causa no ultramar não se
celebra esse dia da liberdade que em vez de liberdade levam a porrada, fome e
miséria.
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