Mas na distância requerida,
naturalmente, forma de se ocupar o tempo de uma pandemia absurdamente
enclausurante.
Outrora, aquando da peste negra, fez Boccaccio
um “Decameron” de histórias várias – cem ao todo - contadas por um grupo de jovens
refugiados numa “vila” em Florença, para escaparem à peste, entretendo-se desse
modo, e esquecerem os horrores de uma pandemia que separava as famílias e os
amigos, no terror do contágio. Aqueles jovens, assim reunidos, contaram novelas
mais ou menos facetas e mesmo licenciosas, servindo a obra, do século XIV, de
anticlericalismo saliente e sátira, de abertura para a formação do humanismo
renascentista posterior, mais liberto dos convencionalismos mediévicos,
submissos às regras clericais.
Hoje, também nós nos encerramos nas
nossas casas, por imposição protectora dos governos, e haverá, talvez, quem
aproveite para criar arte, como imaginou Boccaccio. Mas, com os meios mediáticos
fornecidos pelas tecnologias sofisticadas, qualquer um pode deles se servir
para atacar ou defender uns e outros, dos que escrevem, com quem se concorda ou
discorda, por vezes com argumentos bastante válidos. No caso presente, sobre a
revolta de Carmen Garcia contra os
lirismos toscos dos que, um pouco estarolas, talvez, não observam bem os
aspectos hediondos de uma pandemia mortífera e ruinosa, cantando loas a uma
situação absurda, pelo destaque de aspectos válidos nela, é certo, que alguns
comentadores referem. Daí, o transcrevê-los, em dialogação que não deixa de ser
divertida, por vezes, e construtiva também.
CRÓNICACORONAVÍRUS
Podem parar de romantizar a pandemia?
Vão lá fazer esta conversa de que
devemos estar gratos por esta experiência a quem não vai dormir a casa por medo
de contaminar os filhos e que, todos os dias, se apresenta na linha da frente
de combate.
CARMEN GARCIA PÚBLICO,
21 de Março de 2020,
Acabei
de ler mais um daqueles textos virais nas redes sociais que juntam na mesma
frase palavras como “covid-19” e “gratidão” e confesso que estou, neste exacto
momento, a martelar em fúria as teclas do computador. Já dei dezenas de voltas à cabeça e continuo sem
conseguir perceber como é que alguém pode achar que devemos estar gratos por
estar a viver uma situação de pandemia que nos obriga a medidas de isolamento
social extremas.
É
assim tão difícil as pessoas perceberem que esta não é uma “incrível
experiência de amor” ou que estamos muito longe de “ver o mundo a, finalmente,
meter tudo no lugar”? Mal está
quem precisa de um vírus com esta taxa de letalidade para aprender a amar seja
o que for… A infecção por covid-19, para a esmagadora maioria da população, é
uma experiência essencialmente de medo e há milhares de pessoas a braços com
uma terrível e angustiante ansiedade. E não, o mundo não está a meter nada no
lugar quando há cidades italianas onde os mortos são tantos que os caixões têm
de ser recolhidos em camiões do exército. É verdade que a poluição atmosférica diminuiu
e que os canais de Veneza estão mais
limpos mas, pergunto eu, a que custo?
Pensarão estas pessoas que, enquanto
estão no conforto das suas casas a procurar palavras caras para grandes e
profundos pensamentos que romantizam o vírus, há profissionais de saúde que
apenas podem comer e fazer as necessidades básicas uma vez por cada turno de 12
horas? E não
falo de Espanha nem de Itália, falo de Portugal. Falo dos
meus colegas que, em alguns hospitais deste país, já acabam os turnos com zonas
de pressão no nariz e na testa devido ao número de horas que passam com os
equipamentos de protecção individual colocados. Vão lá fazer esta conversa de
que devemos estar gratos por esta experiência a quem não vai dormir a casa por
medo de contaminar os filhos e que, todos os dias, se apresenta na linha da
frente de combate. Eles terão, com certeza, muito para vos dizer a esse
respeito.
A
minha irmã é médica no norte de Itália e há dois dias que não responde às
mensagens. Não sabemos se está a trabalhar, se está a descansar ou até se foi
infectada. Mas depois lemos que devemos agarrar esta oportunidade para olhar
para dentro e crescer… Como é que se olha para dentro numa altura destas
é coisa que não faço ideia, confesso desde já. Pessoalmente só tenho
olhado para fora, para lá dos muros do meu quintal, para lá das fronteiras do
meu país. E tenho medo do que vejo e daquilo que ainda vou ver. Mesmo sem
perceber nada de economia tenho medo do que aí vem, tenho medo do aumento do
número de desempregados, tenho medo dos pequenos empresários que vão levar a
estocada final com esta pandemia que outros parecem querer fazer-nos acreditar
que chegou para bem da humanidade.
Neste
momento deposito todas as minhas esperanças na ciência porque é dela, e só
dela, que podemos esperar soluções. Há centenas de cientistas a trabalhar numa
vacina, todos os dias novos fármacos são testados… A solução chegará. Mas,
acreditem que não vem na cauda de um unicórnio nem nas palavras bonitas da
actriz que acha que a pandemia é a altura ideal para alinharmos os chakras.
O
arco-íris virá. Eu tenho medo. E acredito que a maioria das pessoas também. É
verdade que temos visto exemplos incríveis de solidariedade, é verdade que têm
existido gestos bonitos… Mas teria sido óptimo que nada disto chegasse às
custas de um vírus que já leva, no momento em que escrevo estas palavras, mais
de 11.500 mortos consigo. Não há nada de belo numa pandemia, não há nada de
belo naquilo que tem vindo a acontecer dentro dos hospitais, não há nada de
belo no medo e na ansiedade que sentimos e que tentamos não passar aos nossos
filhos. Eu percebo a necessidade humana de conforto, percebo que a romantização
seja uma forma de ajudar alguns a ultrapassar esta fase. Ainda assim, a mim,
parece-me inaceitável que se tente dourar uma catástrofe desta dimensão.
Acredito
que venceremos e que o mundo, tal como o conhecemos, vai mudar para melhor
depois de este pesadelo acabar. Mas agora, enquanto ainda estamos imersos nele,
vamos viver um dia de cada vez. Vamos gerir a nossa ansiedade, controlar os
nossos medos, chorar os nossos mortos, cumprir todas as indicações que nos
forem dadas pelas autoridades competentes. O arco-íris virá. Depois.
COMENTÁRIOS:
António Manuel da Gonçalves INICIANTE: Carmen: O facto de a conjuntura ser
péssima não impede que tenha facetas positivas. Assim, de repente, ocorrem-me
algumas: mostrar que é possível reduzir quase instantaneamente a poluição
ambiental; reforçar a consciência do inimaginável desrespeito pela vida animal;
Contenção do hedonismo e consumismo desenfreados; Reforço da importância da
coesão e suporte social; Vamos reverter morte e sofrimento em vantagens e
benefícios. Força, saúde e obrigado pelo empenho. 23.03.2020
julio amado INICIANTE: António, não se iluda com
a humanidade. 27.03.2020
Luís Azenha
Bonito EXPERIENTE: "Não
saia de casa!" Uma rede solidária para que nada falte aos idosos de
Benfica. Um exemplo que me enche de felicidade! 22.03.2020
lmsequeira INICIANTE Bravo! Só posso concordar, e enviar um
pedido ao nosso PR que vá lá à arrecadação da Imprensa Nacional Casa da Moeda buscar
uns caixotes de medalhas de mérito para condecorar todos os nossos heróis que
estão na linha da frente e que o fazem muito mais do que deviam por altruísmo
do que propriamente para receber o salário miserável no final do mês... 22.03.2020
Corrupto INFLUENTE: Se em vez de emigrar a sua
irmã tivesse ficado em Portugal a trabalhar no SNS, país que imagino a terá
educado, talvez fosse mais fácil contactá-la. 22.03.2020
Oliveira Oliveira.894431 INICIANTE: Romantizar ou não
Romantizar, tentar encontrar gratidão num momento de catástrofe, qual é o
problema? Qual é o grande problema de as pessoas procurarem amor, conforto e
gratidão quando sentem medo, dúvida e dor por tudo aquilo que está a acontecer?
Se estão frustrados ao ler estes textos, não os leiam. Não agradeçam. Não
procurem luz, amor nem carinho numa altura onde ele é mais preciso. Se são mais
felizes assim, continuem. Quem é médico ou profissional de saúde, está a
cumprir o seu dever. Sim, é uma merda passar pelo que os profissionais de saúde
estão a passar, mas foi uma escolha fazê-lo e eu estou grato por isso.
Agora, por causa disso, devo deixar de estar grato por estar com a minha filha
em casa e vê-la crescer mais um pouco? As melhoras ou os meus sentimentos aos
afectados. 22.03.2020
Jorge Machado.852978 INICIANTE: Concordo plenamente. Sou médico e a minha
esposa também. Tenho uma filha de 14 anos que fica sozinha em casa e a minha
mãe é dependente com 87 anos e insuficiência cardíaca. De facto, metem nojo
as romantizações da pandemia. Porque é muito cómodo ficar em casa. Ir todos os
dias para a linha da frente, não sabendo se se vai ficar infectado e infectar
os seus, é triste e terrível. 22.03.2020
Oliveira Oliveira.894431 INICIANTE: Não é um nojo. Foram vocês
que fizeram essa escolha. Ninguém vos obrigou a escolher o caminho nobre de
querer curar o outro. Ninguém vos obrigou a ter uma filha. Grato pelo trabalho
que fazem todos os dias por alguém. Mas se vocês escolheram mal o vosso caminho,
não culpem quem está a tentar escolher bem o seu. A gratidão e o amor continuam
a ser a chave para um bem-estar emocional maior. Se não o procurarem mesmo
nessas circunstâncias, estão condenados a sofrer pelo mal provocado pelos
vossos próprios pensamentos. Que tenham força e mais luz no vosso dia para que
consigam ultrapassar esta situação com mais sanidade. 22.03.2020
anita.vilar INICIANTE: força e abaixo as imagens
e ideias idílicas da pandemia! 22.03.2020
Maria Ramos INICIANTE: Concordo totalmente, e
desmascarem-se os preguiçosos do sofá, que têm rendimento garantido e ainda
brincam e romanceiam com as vidas dos outros, que vão trabalhar por necessidade
profissional. 23.03.2020
Sofia Alexandra da Costa Nunes INICIANTE: Concordo tenho uma filha médica em casa,
parem de lamechices de famosos e de jornalistas de conversas de merda, tenham
respeito pelos profissionais, apelem antes a donativos e ajuda a todos os
profissionais e trabalhadores dos hospitais esses vossos discursos lamechas e
pirosos não adiantam nada até parecem um gozo com quem arrisca a sua própria
vida pelos outros, seus idiotas de famosos e jornalistas calem se. Não usem
isto para se mediatizarem, sejam sérios e racionais e respeitosos na forma como
abordam isto , isto não é um palco de teatros de péssima qualidade, os famosos
ou dizem algo de útil que está no bem bom em casas luxuosas a divertir se ou
calem se 22.03.2020
Sofia Alexandra da Costa Nunes INICIANTE: Eu peço desculpa as minhas considerações
da polícia , há coisa que não podem evitar como estes ataques durante uma vida
que não são crime, mas são criminosos . A polícia está neste momento a prestar
um grande serviço ao país merecem todo o apoio. Bem Haja 22.03.2020 publico1234567 INICIANTE: Esta atraiu para aqui
aquilo que repudiava... mas o objectivo dela devia ser mesmo o clickbaite.
21.03.2020
JDSousa INICIANTE Carmen, não é esta
pandemia que vai mudar a miopia do público em geral. Quem não é profissional de
saúde simplesmente vê o mundo com olhos diferentes. Estão agora a chamar
"heróis" a quem faz turnos de 12 horas. Mas ainda há um mês chamavam
"malandros" a muitos que fazem turnos de 24 ou 36 horas no mesmo SNS
pelo mesmo vencimento. Agora romantizam do conforto da sua quarentena e da sua
rede social porque acham que sabem o que se passa. Mas há um mês ignoravam as
centenas de doentes diários nas urgências, as pneumonias, os AVCs, os enfartes,
os acidentes de viação. Quem não é profissional de saúde nunca vai compreender
o que se passa do lado de lá da triagem. Mas, Carmen, mal por mal, prefiro a
romantização e os "heróis" à indiferença total e aos
"malandros". Dói menos na alma.
21.03.2020
Níqui
EXPERIENTE: Acho que muita gente precisa de descobrir qualquer sentido em
catástrofes dessas. Não tem nada a ver com romantizar. 21.03.2020
Álvaro Torres INICIANTE: Isso é ingénuo. Os médicos
estão à beira do esgotamento, sentem que a probabilidade de serem infectados é
cada vez maior e não precisam de "lágrimas de crocodilo" ou de
tiradas metafísicas. Se querem ajudar, arranjem donativos para adquirir
material de protecção, voluntariem-se para as limpezas de desinfecção, protejam
os animais abandonados, sejam úteis. 22.03.2020
Sandra MODERADOR: Preocupa-me este vírus,
obviamente, mas, não consigo deixar de me preocupar também com todos os danos
colaterais. Hoje, na rua, na fila para a padaria, falava com um vizinho e,
perguntei sobre as feiras. A esmagadora maioria da população cigana vende
nas feiras, não vem trabalhar para casa, não mete férias, ou vende na feira
ou... bom, um cigano perto de nós respondeu-me: "Filha, a gente sem comida
para dar aos filhos, não fica...." disse mais... Qual o apoio que
se está a pensar dar à comunidade cigana? Vi gente de muita idade, a mal
poder andar, a vir carregada com sacos de compras. Quem é que lhos leva a casa?
Sei de gente que tem de aceitar meter férias. Sei de outros que não viram o
contrato de trabalho ser renovado. Sei de gente doente, que, não vai ao médico,
porque o centro de saúde fechou, porque lhes dizem para não ir, contudo, apesar
da existência desde vírus, todas as outras doenças não deixaram de existir.
Sim, de romântico isto não tem nada. 21.03.2020
Joao INICIANTE Ó Sandra, eu percebo, e somos nós que nos deparamos e ficamos
espantados pelas carências dos mais carenciados e incapazes ou excluídos. Mas
desculpe, isso é cá na base, cá haverá felizmente sempre algum violinista que
toque para alegrar quem vai para a câmara de gás como no filme, mas a guerra
não se vence com violinistas ou pianistas dotados e sensíveis. A guerra
ganha-se nas decisões dos que detêm o poder, que deverão (deveriam) estar
isentos de ruídos e sensibilidades para poderem definir o plano eficaz e seguro.
Sandra MODERADOR: João, como eu sempre ouvi
dizer, "É perante o pano que se talha a obra". Saúde.
Suspicious Minds INFLUENTE: Tens toda a razão, Sandra. De repente
fiquei rodeado de gente desesperada, que não estando doente, não têm condições
económicas para ficarem em casa....e enquanto tiverem casa...Necessitamos
urgentemente de uma resposta para esta pandemia de pobreza que está a eclodir.
Coletivo Criatura INFLUENTE: A verdade, nua e crua!
Vivemos uma tragédia. No futuro os nossos netos estudarão nos livros o que
estamos a viver. Nessa altura poderá haver muitas leituras, muitas
justificações e muitas avaliações das consequências, que agora não sabemos nem
prevemos! Uma coisa é certa: tanta gente a estudar e trabalhar para inventar
medicamentos, estruturas e políticas sociais cada vez mais justas... e todos a
ganhar uma miséria, a viver de bolsas que podem acabar amanhã! E é neles que
pomos a nossa esperança. Outros, a ganhar milhões por darem um pontapé na bola,
por escreverem umas linhas na Internet ou vestir uma roupa de marca, por
mostrarem as sua vidas fúteis em programas de TV!! Esperamos alguma coisa
dessas pessoas agora? Não! Infelizmente vamo-nos esquecer disto passados uns
anos! 21.03.2020
julio amado INICIANTE: É preciso uma pandemia para saber que
morremos? Agora fecham-se restaurantes e bares para evitar mortes mas nunca
ninguém se lembrou de fechar fábricas de armamento? Crianças que morrem à fome
e cruzeiros de luxo sem fim. 'Pessoalmente só tenho olhado para fora, para lá
dos muros do meu quintal, para lá das fronteiras do meu país. E tenho medo do
que vejo e daquilo que ainda vou ver. Mesmo sem perceber nada de economia tenho
medo do que aí vem, tenho medo do aumento do número de desempregados, tenho
medo dos pequenos empresários que vão levar a estocada final com esta pandemia
que outros parecem querer fazer-nos acreditar que chegou para bem da
humanidade.' Não chegou para bem da humanidade, mas o mal agora é para todos. É
mais injusto assim? 21.03.2020
pedroavalente
INICIANTE: Ninguém quis esta crise e desejou a actual tragédia humana. Mas
há objectivamente alguns (poucos) temas que ficarão melhor e que não são de
importância relativa: a questão do ambiente é um deles e, além do atrasar do
aquecimento global, a melhoria da qualidade do ar é um tema premente, sobretudo
na China - há milhares, senão milhões, de mortos por ano na China incluindo
muitas crianças, apenas por doenças associadas à má qualidade do ar. Melhorar
um pouco este tema minimiza estas mortes. A maior proximidade dentro de cada
família é também, para muitos, um aspecto positivo - muitas pessoas gostam de
estar mais tempo, ainda que dentro de casa, com os filhos. Repito: preferia não
ter esta crise, mas dado que está aí, devemos superá-la, e ajuda-me ter consciência
de tudo o que ela envolve 21.03.2020
filipeluis.marques EXPERIENTE: O romântico começou desde
cedo, em disseminação carnavalesca, os doentes eram classificados com
pneumonia, porque o vírus chinês não chegava à Europa, e mesmo que chegasse
seria uma doença dos gays ou dos pobres ou duma classe marginal. O romance
passa a burlesco quando a morte atinge o CEO do Santander, na neve e tântrico
quando atinge Ministro da cidade do Sol, e Bruxelas. 21.03.2020
Pombal Pombal INICIANTE: Aqui está a maioria dos
comentadores "democratas"anti ditadura ou seja quarentena
obrigatória, ainda não entenderam o que lhes está a entrar pela porta. 21.03.2020
publico1234567 INICIANTE: "Mas depois lemos que devemos
agarrar esta oportunidade para olhar para dentro e crescer… Como é que se olha
para dentro numa altura destas é coisa que não faço ideia" - Nãããã...!!!
Devemos é olhar para dentro e crescer quando estamos nas discotecas a curtir uma
boa, ou quando estamos refastelados ao sol e a beber uma caipirinha num paraíso
tropical, ou quando estamos no meio de uma relação amorosa... era só com um
gato morto no meio das *%#&*! 21.03.2020
viana EXPERIENTE: Está frustrada, ansiosa, assustada, com medo. Tem o todo o direito a
estar assim. O que não tem o direito é exigir que outras pessoas assim também
estejam. Cada um de nós tem diferentes realidades que enfrentar, e tem todo o
direito a fazê-lo sem entrar em depressão. Quer gente a afluir aos serviços de
urgência com ataques de ansiedade e pânico?! Para pensar nas consequências dos
seus actos, do que escreve, do que está a pedir a quem a lê. Pergunte-se: as
reacções ao que escrever serão positivas para os próprios e para a comunidade,
ou não? Se a resposta é negativa, como é o caso, pare! Não é tempo para o
egoísmo. A criticar é bem-vinda quando impede comportamentos perniciosos.
Alguém prejudica outro por tentar não se deixar dominar pela ansiedade e pelo
medo?! Reflicta. 21.03.2020
holandes_voador INICIANTE: Mais uma das poucas
vozes da razão. Certas pessoas salivam com este género de desgraças e querem que
nos sintamos todos miseráveis. Há quem esteja a descobrir-se e a reinventar-se
com isto. Bom para eles. 21.03.2020
publico1234567 INICIANTE: Esta, se tivesse poder para isso,
impunha nas regras do estado de emergência que as pessoas não podiam manifestar
o seu estado de espírito... tinha que se comportar como o rebanho do
quotidiano! O sonho de qualquer ditador! 21.03.2020
Eduardo Guevara.885833 INICIANTE: Concordo com a autora,
menos romance e mais responsabilidade é o que se pede. 21.03.2020
Antonio Leitao EXPERIENTE: As pessoas têm mecanismos diferentes para
lidar com o medo, e talvez esse tipo de reflexões as leve para outros sítios e
planos, onde a dor, o sofrimento e a frágil condição o humana são lidos como
experiências gratificantes ou com um significados que não deixam a nu a crua e
dura falta de sentido da nossa existência. Não se zangue com isso, se quer
ajudar quem está na linha da frente, agora e daqui para diante, mobilize-se
pelo SNS público forte, por uma economia para as pessoas, pela defesa da
ciência contra as fake news e pelo combate contra o populismo. 21.03.2020
Joao INICIANTE: Gostei, e é assim mesmo. Todos somos
engenheiros, médicos, economistas, especialistas em saúde pública, matemáticos
e assim, descobrimos isso agora. Todos pipocamos comentários e posts, avulsos
mas em abundância (plagiei o pipocar do esplêndido artigo da Marisa de ontem).
Claro que incomoda, como a Marisa já ontem tinha dito, claro que incomoda as
pessoas na linha da frente sem tempo para cerimónias e a braços com
dificuldades e carências. Fez bem em falar. 21.03.2020
Mónica Pacheco INICIANTE: E é exactamente por
ser tão grave que as pessoas param para pensar em gratidão. Está tudo certo o
que dizes. Mas também está certo quem não está a viver isto na linha da frente,
procurar dar um sentido de beleza, de profundidade, de mudanças para o futuro.
No mínimo, não aleija : Que cada um faça o seu caminho, cuide do seu corpo e do
seu espírito o melhor que pode e sabe e sim, que saibamos reconhecer quem são
os verdadeiros heróis e curvar-nos perante todas as situações de angústia,
sofrimento e incerteza. Mas sim, sem nos atropelarmos, há espaço para cada um
viver isto com a poesia que lhe aliviar e a dor. Espero que tenham notícias
(boas) da tua irmã rapidamente! Um
abraço 21.03.2020
José Teixeira, cidadão mais descansado por saber que o
SNS está a ser defendido pela Margarida Paredes INICIANTE: Pumba! Esta arranjou
espaço para, na situação horrível em que todos estamos, ficar ofendidinha com a
reacção de certas pessoas à situação horrível em que todos estamos! Notável!
jvilarinho77 INICIANTE: “Como é que se olha para dentro numa
altura destas é coisa que não faço ideia, confesso desde já.“ - o problema está
aí. Aprendi desde pequeno que é nas situações de crise que se destacam as
grandes virtudes e os grandes defeitos - em todos nós. É assim que surgem os
grandes líderes, os heróis, os que em pequenos actos de coragem fazem a
diferença. O medo e o quase pânico que transbordam em cada sílaba deste
texto denotam uma incapacidade flagrante de ver as coisas pelo lado bom - estão
milhares de pessoas a sofrer directamente com esta pandemia. Estão milhões de
pessoas a ter de alterar os seus hábitos de vida, a passar tempo com os seus
filhos, a descobrir prazer na simplicidade de ter mais tempo e em como vão
mudar as suas vidas. Se esta não é altura de reflexão, então não sei o que é. 21.03.2020
Oliveira Oliveira.893967 INICIANTE: E tens todo o direito a tua indignação
assim como a estupidez e especulação dos governos que ainda têm de se reunir e
decidir se vão liberalizar linhas de crédito e o que vão investir. Deviam
investir ao máximo e garantir a continuidade de todos da melhor forma sem olhar
a meios monetários para garantir que todos iriam ficar em casa mesmo sem questionar
o sua subsistência mínima dos meses seguintes assim como garantir também a
sustentabilidade a nível nacional de todos os presentes como o excedente de
emigrantes vindos recentemente e cidadãos comuns sem forma de pagar as suas
contas e sem ajudas advindas seja do centro de emprego, segurança social ou de
terceiros... 21.03.2020
Roberto34
INICIANTE Nu e cru é isso mesmo! O ideal seria que a China tivesse feito o
seu trabalho e não tivesse havido nenhuma pandemia. 21.03.2020
Oliveira Oliveira.893967 INICIANTE Não devemos pôr culpas
premeditadas em relação ao que nos é apresentado. Teorias da conspiração também
poderiam acusar uma outra potência mundial de ter contaminado a própria
China... Óbvio que o pensamento imediato será algo parecido com o que disse mas
é como o pensamento que haveria em Portugal na maioria das pessoas que nada
chega cá, que estamos longe de guerras e da maior parte das grandes catástrofes
mundiais mas os tempos mudam 21.03.2020
martins.ruijorge
MODERADOR PRO: se a China não
tivesse feito o seu trabalho a coisa seria bem pior, acredite. Foi o primeiro
país a enfrentar o problema, a lidar com a necessidade de tomar medidas que se
comprovaram acertadas, de isolamento social, a construir hospitais em tempo
recorde e a dar ao mundo um exemplo de eficiência do serviço de saúde pública.
Mais do que isso, está na linha da frente na investigação de um tratamento e de
uma vacina. Ainda mais, solidariamente está a exportar conhecimento, meios e
material para os países mais afectados no momento, apesar de ainda lidar com a
pandemia no seu território. A OMS têm vindo a destacar o papel e a acção da China, era bom que o pessoal
lesse isso em vez de comentários idiotas no FB.
Roberto34
INICIANTE: Há anos que as autoridades internacionais alertam a China sobre
o consumo de mamíferos exóticos portadores de vírus letais. A SARS-1 em 2003 pouco ou nada fez para
a China mudar isso. Alguma vez aparecem vírus mortais na Europa? Onde
existem regras de segurança alimentar apertadas? Não me parece! O Mundo devia
era pedir indemnizações à China pelo crime que cometeu. 21.03.2020
António Cunha MODERADOR: Caro PRO, estive a ler há pouco sobre
factos reais, que aconteceram. Mesmo. Houve um episódio de soldados (!)
americanos infectados nos jogos em Wuhan, em outubro de 2019. Era mesmo
COVID-19. Agora, pare e pense acerca das manobras americanas para fazer crer
que foi a China culpada pelo vírus. Deliberadamente Trump e seus acólitos
designam o vírus da China, esta é uma afirmação política e, de momento, não
acredito mais nos EUA do que na China. A história comprova quem esteve sempre
por detrás da maioria das guerras. E não me parece que tenha sido a China... 21.03.2020
Roberto34 INICIANTE: E eles já vinham infectados ou infectaram-se?
Há imensos estudos científicos sobre o aparecimento de vírus tipo SARS através
do consumo de mamíferos exóticos. Portanto. 21.03.2020
martins.ruijorge MODERADOR PRO: existem imensos estudos acerca da morte
por cogumelos selvagens e todos os anos morrem dezenas de pessoas em Portugal
pela sua ingestão. Acha por acaso que é fácil alterar a mentalidade cultural de
um país com quase dois biliões de pessoas e uma tradição milenar? olhe que o Mao
tentou com a Revolução Cultural e não foi muito bem sucedido. Apontar culpas a
inimigos externos é uma imensa declaração de ignorância num momento destes, que
tem um potencial destrutivo muito maior que qualquer vírus.
publico1234567 INICIANTE: Ó PRO, vai dar uma
curva... sem sair de casa! 21.03.2020
Roberto34 INICIANTE: Continuem a defender regimes como a China
e depois não se queixem. Daqui a 10 anos, sai de lá outro vírus tão ou mais
letal que este. E a culpa é sempre dos governos Europeus que não o souberam
conter, em vez das autoridades Chinesas que nada fizeram para impedir que vírus
perigosos passem dos animais aos humanos. 21.03.2020
V´’martins.ruijorge MODERADOR: "nada fizeram para
impedir que vírus perigosos passem dos animais aos humanos." Esta cola
perfeitamente com a epidemia da doença das vacas loucas com origem em
Inglaterra...
Joao2 MODERADOR: martins.rui jorge, a
doença das vacas loucas não tem nada a ver com esta situação. Houve um caso
passado na China, precisamente com origem nos mercados de animais exóticos, e o
governo Chinês nada aprendeu com essa situação. É verdade que facilitou. Quanto
à origem do vírus, pode ser discutível, mas é plausível que tenha tido origem
nos mercados referidos. Vamos fazer o quê, declarar guerra à China? Claro que
não. Se as autoridades chinesas estivessem conscientes do que ia acontecer os
mercados estariam proibidos. Afinal não são cientistas e os cientistas que
falam contra o regime são "reeducados". Há muito boa gente na China.
O governo que aprenda com esses. Outros exemplos de irresponsabilidade colectiva:
a irresponsabilidade ambiental, o comércio de armas, os conflitos armados...
27.03.2020
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