quarta-feira, 8 de abril de 2020

Du tac au tac



Mas na distância requerida, naturalmente, forma de se ocupar o tempo de uma pandemia absurdamente enclausurante.
Outrora, aquando da peste negra, fez Boccaccio um “Decameron” de histórias várias – cem ao todo - contadas por um grupo de jovens refugiados numa “vila” em Florença, para escaparem à peste, entretendo-se desse modo, e esquecerem os horrores de uma pandemia que separava as famílias e os amigos, no terror do contágio. Aqueles jovens, assim reunidos, contaram novelas mais ou menos facetas e mesmo licenciosas, servindo a obra, do século XIV, de anticlericalismo saliente e sátira, de abertura para a formação do humanismo renascentista posterior, mais liberto dos convencionalismos mediévicos, submissos às regras clericais.
Hoje, também nós nos encerramos nas nossas casas, por imposição protectora dos governos, e haverá, talvez, quem aproveite para criar arte, como imaginou Boccaccio. Mas, com os meios mediáticos fornecidos pelas tecnologias sofisticadas, qualquer um pode deles se servir para atacar ou defender uns e outros, dos que escrevem, com quem se concorda ou discorda, por vezes com argumentos bastante válidos. No caso presente, sobre a revolta de Carmen Garcia contra os lirismos toscos dos que, um pouco estarolas, talvez, não observam bem os aspectos hediondos de uma pandemia mortífera e ruinosa, cantando loas a uma situação absurda, pelo destaque de aspectos válidos nela, é certo, que alguns comentadores referem. Daí, o transcrevê-los, em dialogação que não deixa de ser divertida, por vezes, e construtiva também.
CRÓNICACORONAVÍRUS
Podem parar de romantizar a pandemia?
Vão lá fazer esta conversa de que devemos estar gratos por esta experiência a quem não vai dormir a casa por medo de contaminar os filhos e que, todos os dias, se apresenta na linha da frente de combate.
CARMEN GARCIA PÚBLICO, 21 de Março de 2020,
Acabei de ler mais um daqueles textos virais nas redes sociais que juntam na mesma frase palavras como “covid-19” e “gratidão” e confesso que estou, neste exacto momento, a martelar em fúria as teclas do computador. Já dei dezenas de voltas à cabeça e continuo sem conseguir perceber como é que alguém pode achar que devemos estar gratos por estar a viver uma situação de pandemia que nos obriga a medidas de isolamento social extremas.
É assim tão difícil as pessoas perceberem que esta não é uma “incrível experiência de amor” ou que estamos muito longe de “ver o mundo a, finalmente, meter tudo no lugar”? Mal está quem precisa de um vírus com esta taxa de letalidade para aprender a amar seja o que for… A infecção por covid-19, para a esmagadora maioria da população, é uma experiência essencialmente de medo e há milhares de pessoas a braços com uma terrível e angustiante ansiedade. E não, o mundo não está a meter nada no lugar quando há cidades italianas onde os mortos são tantos que os caixões têm de ser recolhidos em camiões do exército. É verdade que a poluição atmosférica diminuiu e que os canais de Veneza estão mais limpos mas, pergunto eu, a que custo?
Pensarão estas pessoas que, enquanto estão no conforto das suas casas a procurar palavras caras para grandes e profundos pensamentos que romantizam o vírus, há profissionais de saúde que apenas podem comer e fazer as necessidades básicas uma vez por cada turno de 12 horas? E não falo de Espanha nem de Itália, falo de Portugal. Falo dos meus colegas que, em alguns hospitais deste país, já acabam os turnos com zonas de pressão no nariz e na testa devido ao número de horas que passam com os equipamentos de protecção individual colocados. Vão lá fazer esta conversa de que devemos estar gratos por esta experiência a quem não vai dormir a casa por medo de contaminar os filhos e que, todos os dias, se apresenta na linha da frente de combate. Eles terão, com certeza, muito para vos dizer a esse respeito.
A minha irmã é médica no norte de Itália e há dois dias que não responde às mensagens. Não sabemos se está a trabalhar, se está a descansar ou até se foi infectada. Mas depois lemos que devemos agarrar esta oportunidade para olhar para dentro e crescer… Como é que se olha para dentro numa altura destas é coisa que não faço ideia, confesso desde já. Pessoalmente só tenho olhado para fora, para lá dos muros do meu quintal, para lá das fronteiras do meu país. E tenho medo do que vejo e daquilo que ainda vou ver. Mesmo sem perceber nada de economia tenho medo do que aí vem, tenho medo do aumento do número de desempregados, tenho medo dos pequenos empresários que vão levar a estocada final com esta pandemia que outros parecem querer fazer-nos acreditar que chegou para bem da humanidade.
Neste momento deposito todas as minhas esperanças na ciência porque é dela, e só dela, que podemos esperar soluções. Há centenas de cientistas a trabalhar numa vacina, todos os dias novos fármacos são testados… A solução chegará. Mas, acreditem que não vem na cauda de um unicórnio nem nas palavras bonitas da actriz que acha que a pandemia é a altura ideal para alinharmos os chakras.
O arco-íris virá. Eu tenho medo. E acredito que a maioria das pessoas também. É verdade que temos visto exemplos incríveis de solidariedade, é verdade que têm existido gestos bonitos… Mas teria sido óptimo que nada disto chegasse às custas de um vírus que já leva, no momento em que escrevo estas palavras, mais de 11.500 mortos consigo. Não há nada de belo numa pandemia, não há nada de belo naquilo que tem vindo a acontecer dentro dos hospitais, não há nada de belo no medo e na ansiedade que sentimos e que tentamos não passar aos nossos filhos. Eu percebo a necessidade humana de conforto, percebo que a romantização seja uma forma de ajudar alguns a ultrapassar esta fase. Ainda assim, a mim, parece-me inaceitável que se tente dourar uma catástrofe desta dimensão.
Acredito que venceremos e que o mundo, tal como o conhecemos, vai mudar para melhor depois de este pesadelo acabar. Mas agora, enquanto ainda estamos imersos nele, vamos viver um dia de cada vez. Vamos gerir a nossa ansiedade, controlar os nossos medos, chorar os nossos mortos, cumprir todas as indicações que nos forem dadas pelas autoridades competentes. O arco-íris virá. Depois.
COMENTÁRIOS:
António Manuel da Gonçalves INICIANTE: Carmen: O facto de a conjuntura ser péssima não impede que tenha facetas positivas. Assim, de repente, ocorrem-me algumas: mostrar que é possível reduzir quase instantaneamente a poluição ambiental; reforçar a consciência do inimaginável desrespeito pela vida animal; Contenção do hedonismo e consumismo desenfreados; Reforço da importância da coesão e suporte social; Vamos reverter morte e sofrimento em vantagens e benefícios. Força, saúde e obrigado pelo empenho. 23.03.2020
julio amado INICIANTE: António, não se iluda com a humanidade. 27.03.2020
Luís Azenha Bonito EXPERIENTE: "Não saia de casa!" Uma rede solidária para que nada falte aos idosos de Benfica. Um exemplo que me enche de felicidade! 22.03.2020
lmsequeira INICIANTE Bravo! Só posso concordar, e enviar um pedido ao nosso PR que vá lá à arrecadação da Imprensa Nacional Casa da Moeda buscar uns caixotes de medalhas de mérito para condecorar todos os nossos heróis que estão na linha da frente e que o fazem muito mais do que deviam por altruísmo do que propriamente para receber o salário miserável no final do mês... 22.03.2020
Corrupto INFLUENTE: Se em vez de emigrar a sua irmã tivesse ficado em Portugal a trabalhar no SNS, país que imagino a terá educado, talvez fosse mais fácil contactá-la. 22.03.2020
Oliveira Oliveira.894431 INICIANTE: Romantizar ou não Romantizar, tentar encontrar gratidão num momento de catástrofe, qual é o problema? Qual é o grande problema de as pessoas procurarem amor, conforto e gratidão quando sentem medo, dúvida e dor por tudo aquilo que está a acontecer? Se estão frustrados ao ler estes textos, não os leiam. Não agradeçam. Não procurem luz, amor nem carinho numa altura onde ele é mais preciso. Se são mais felizes assim, continuem. Quem é médico ou profissional de saúde, está a cumprir o seu dever. Sim, é uma merda passar pelo que os profissionais de saúde estão a passar, mas foi uma escolha fazê-lo e eu estou grato por isso. Agora, por causa disso, devo deixar de estar grato por estar com a minha filha em casa e vê-la crescer mais um pouco? As melhoras ou os meus sentimentos aos afectados. 22.03.2020
Jorge Machado.852978 INICIANTE: Concordo plenamente. Sou médico e a minha esposa também. Tenho uma filha de 14 anos que fica sozinha em casa e a minha mãe é dependente com 87 anos e insuficiência cardíaca. De facto, metem nojo as romantizações da pandemia. Porque é muito cómodo ficar em casa. Ir todos os dias para a linha da frente, não sabendo se se vai ficar infectado e infectar os seus, é triste e terrível. 22.03.2020
Oliveira Oliveira.894431 INICIANTE: Não é um nojo. Foram vocês que fizeram essa escolha. Ninguém vos obrigou a escolher o caminho nobre de querer curar o outro. Ninguém vos obrigou a ter uma filha. Grato pelo trabalho que fazem todos os dias por alguém. Mas se vocês escolheram mal o vosso caminho, não culpem quem está a tentar escolher bem o seu. A gratidão e o amor continuam a ser a chave para um bem-estar emocional maior. Se não o procurarem mesmo nessas circunstâncias, estão condenados a sofrer pelo mal provocado pelos vossos próprios pensamentos. Que tenham força e mais luz no vosso dia para que consigam ultrapassar esta situação com mais sanidade. 22.03.2020
anita.vilar INICIANTE: força e abaixo as imagens e ideias idílicas da pandemia! 22.03.2020
Maria Ramos INICIANTE: Concordo totalmente, e desmascarem-se os preguiçosos do sofá, que têm rendimento garantido e ainda brincam e romanceiam com as vidas dos outros, que vão trabalhar por necessidade profissional. 23.03.2020
Sofia Alexandra da Costa Nunes INICIANTE: Concordo tenho uma filha médica em casa, parem de lamechices de famosos e de jornalistas de conversas de merda, tenham respeito pelos profissionais, apelem antes a donativos e ajuda a todos os profissionais e trabalhadores dos hospitais esses vossos discursos lamechas e pirosos não adiantam nada até parecem um gozo com quem arrisca a sua própria vida pelos outros, seus idiotas de famosos e jornalistas calem se. Não usem isto para se mediatizarem, sejam sérios e racionais e respeitosos na forma como abordam isto , isto não é um palco de teatros de péssima qualidade, os famosos ou dizem algo de útil que está no bem bom em casas luxuosas a divertir se ou calem se 22.03.2020
Terráqueo EXPERIENTE: Sério e racional é a antítese do seu comentário. 22.03.2020
anita.vilar INICIANTE: apoiado 22.03.2020
Sofia Alexandra da Costa Nunes INICIANTE: Eu peço desculpa as minhas considerações da polícia , há coisa que não podem evitar como estes ataques durante uma vida que não são crime, mas são criminosos . A polícia está neste momento a prestar um grande serviço ao país merecem todo o apoio. Bem Haja 22.03.2020 publico1234567 INICIANTE: Esta atraiu para aqui aquilo que repudiava... mas o objectivo dela devia ser mesmo o clickbaite. 21.03.2020
JDSousa INICIANTE Carmen, não é esta pandemia que vai mudar a miopia do público em geral. Quem não é profissional de saúde simplesmente vê o mundo com olhos diferentes. Estão agora a chamar "heróis" a quem faz turnos de 12 horas. Mas ainda há um mês chamavam "malandros" a muitos que fazem turnos de 24 ou 36 horas no mesmo SNS pelo mesmo vencimento. Agora romantizam do conforto da sua quarentena e da sua rede social porque acham que sabem o que se passa. Mas há um mês ignoravam as centenas de doentes diários nas urgências, as pneumonias, os AVCs, os enfartes, os acidentes de viação. Quem não é profissional de saúde nunca vai compreender o que se passa do lado de lá da triagem. Mas, Carmen, mal por mal, prefiro a romantização e os "heróis" à indiferença total e aos "malandros". Dói menos na alma. 21.03.2020
Níqui EXPERIENTE: Acho que muita gente precisa de descobrir qualquer sentido em catástrofes dessas. Não tem nada a ver com romantizar. 21.03.2020
Álvaro Torres INICIANTE: Isso é ingénuo. Os médicos estão à beira do esgotamento, sentem que a probabilidade de serem infectados é cada vez maior e não precisam de "lágrimas de crocodilo" ou de tiradas metafísicas. Se querem ajudar, arranjem donativos para adquirir material de protecção, voluntariem-se para as limpezas de desinfecção, protejam os animais abandonados, sejam úteis. 22.03.2020
Sandra MODERADOR: Preocupa-me este vírus, obviamente, mas, não consigo deixar de me preocupar também com todos os danos colaterais. Hoje, na rua, na fila para a padaria, falava com um vizinho e, perguntei sobre as feiras. A esmagadora maioria da população cigana vende nas feiras, não vem trabalhar para casa, não mete férias, ou vende na feira ou... bom, um cigano perto de nós respondeu-me: "Filha, a gente sem comida para dar aos filhos, não fica...." disse mais... Qual o apoio que se está a pensar dar à comunidade cigana? Vi gente de muita idade, a mal poder andar, a vir carregada com sacos de compras. Quem é que lhos leva a casa? Sei de gente que tem de aceitar meter férias. Sei de outros que não viram o contrato de trabalho ser renovado. Sei de gente doente, que, não vai ao médico, porque o centro de saúde fechou, porque lhes dizem para não ir, contudo, apesar da existência desde vírus, todas as outras doenças não deixaram de existir. Sim, de romântico isto não tem nada. 21.03.2020
Joao INICIANTE Ó Sandra, eu percebo, e somos nós que nos deparamos e ficamos espantados pelas carências dos mais carenciados e incapazes ou excluídos. Mas desculpe, isso é cá na base, cá haverá felizmente sempre algum violinista que toque para alegrar quem vai para a câmara de gás como no filme, mas a guerra não se vence com violinistas ou pianistas dotados e sensíveis. A guerra ganha-se nas decisões dos que detêm o poder, que deverão (deveriam) estar isentos de ruídos e sensibilidades para poderem definir o plano eficaz e seguro.
Sandra MODERADOR: João, como eu sempre ouvi dizer, "É perante o pano que se talha a obra". Saúde.
Suspicious Minds INFLUENTE: Tens toda a razão, Sandra. De repente fiquei rodeado de gente desesperada, que não estando doente, não têm condições económicas para ficarem em casa....e enquanto tiverem casa...Necessitamos urgentemente de uma resposta para esta pandemia de pobreza que está a eclodir.
Coletivo Criatura INFLUENTE: A verdade, nua e crua! Vivemos uma tragédia. No futuro os nossos netos estudarão nos livros o que estamos a viver. Nessa altura poderá haver muitas leituras, muitas justificações e muitas avaliações das consequências, que agora não sabemos nem prevemos! Uma coisa é certa: tanta gente a estudar e trabalhar para inventar medicamentos, estruturas e políticas sociais cada vez mais justas... e todos a ganhar uma miséria, a viver de bolsas que podem acabar amanhã! E é neles que pomos a nossa esperança. Outros, a ganhar milhões por darem um pontapé na bola, por escreverem umas linhas na Internet ou vestir uma roupa de marca, por mostrarem as sua vidas fúteis em programas de TV!! Esperamos alguma coisa dessas pessoas agora? Não! Infelizmente vamo-nos esquecer disto passados uns anos! 21.03.2020
julio amado INICIANTE: É preciso uma pandemia para saber que morremos? Agora fecham-se restaurantes e bares para evitar mortes mas nunca ninguém se lembrou de fechar fábricas de armamento? Crianças que morrem à fome e cruzeiros de luxo sem fim. 'Pessoalmente só tenho olhado para fora, para lá dos muros do meu quintal, para lá das fronteiras do meu país. E tenho medo do que vejo e daquilo que ainda vou ver. Mesmo sem perceber nada de economia tenho medo do que aí vem, tenho medo do aumento do número de desempregados, tenho medo dos pequenos empresários que vão levar a estocada final com esta pandemia que outros parecem querer fazer-nos acreditar que chegou para bem da humanidade.' Não chegou para bem da humanidade, mas o mal agora é para todos. É mais injusto assim? 21.03.2020
pedroavalente INICIANTE: Ninguém quis esta crise e desejou a actual tragédia humana. Mas há objectivamente alguns (poucos) temas que ficarão melhor e que não são de importância relativa: a questão do ambiente é um deles e, além do atrasar do aquecimento global, a melhoria da qualidade do ar é um tema premente, sobretudo na China - há milhares, senão milhões, de mortos por ano na China incluindo muitas crianças, apenas por doenças associadas à má qualidade do ar. Melhorar um pouco este tema minimiza estas mortes. A maior proximidade dentro de cada família é também, para muitos, um aspecto positivo - muitas pessoas gostam de estar mais tempo, ainda que dentro de casa, com os filhos. Repito: preferia não ter esta crise, mas dado que está aí, devemos superá-la, e ajuda-me ter consciência de tudo o que ela envolve 21.03.2020
filipeluis.marques EXPERIENTE: O romântico começou desde cedo, em disseminação carnavalesca, os doentes eram classificados com pneumonia, porque o vírus chinês não chegava à Europa, e mesmo que chegasse seria uma doença dos gays ou dos pobres ou duma classe marginal. O romance passa a burlesco quando a morte atinge o CEO do Santander, na neve e tântrico quando atinge Ministro da cidade do Sol, e Bruxelas. 21.03.2020
Pombal Pombal INICIANTE: Aqui está a maioria dos comentadores "democratas"anti ditadura ou seja quarentena obrigatória, ainda não entenderam o que lhes está a entrar pela porta. 21.03.2020
publico1234567 INICIANTE: "Mas depois lemos que devemos agarrar esta oportunidade para olhar para dentro e crescer… Como é que se olha para dentro numa altura destas é coisa que não faço ideia" - Nãããã...!!! Devemos é olhar para dentro e crescer quando estamos nas discotecas a curtir uma boa, ou quando estamos refastelados ao sol e a beber uma caipirinha num paraíso tropical, ou quando estamos no meio de uma relação amorosa... era só com um gato morto no meio das *%#&*! 21.03.2020
viana EXPERIENTE: Está frustrada, ansiosa, assustada, com medo. Tem o todo o direito a estar assim. O que não tem o direito é exigir que outras pessoas assim também estejam. Cada um de nós tem diferentes realidades que enfrentar, e tem todo o direito a fazê-lo sem entrar em depressão. Quer gente a afluir aos serviços de urgência com ataques de ansiedade e pânico?! Para pensar nas consequências dos seus actos, do que escreve, do que está a pedir a quem a lê. Pergunte-se: as reacções ao que escrever serão positivas para os próprios e para a comunidade, ou não? Se a resposta é negativa, como é o caso, pare! Não é tempo para o egoísmo. A criticar é bem-vinda quando impede comportamentos perniciosos. Alguém prejudica outro por tentar não se deixar dominar pela ansiedade e pelo medo?! Reflicta. 21.03.2020
holandes_voador INICIANTE: Mais uma das poucas vozes da razão. Certas pessoas salivam com este género de desgraças e querem que nos sintamos todos miseráveis. Há quem esteja a descobrir-se e a reinventar-se com isto. Bom para eles. 21.03.2020
publico1234567 INICIANTE: Esta, se tivesse poder para isso, impunha nas regras do estado de emergência que as pessoas não podiam manifestar o seu estado de espírito... tinha que se comportar como o rebanho do quotidiano! O sonho de qualquer ditador! 21.03.2020
Eduardo Guevara.885833 INICIANTE: Concordo com a autora, menos romance e mais responsabilidade é o que se pede. 21.03.2020
publico1234567 INICIANTE E o que é responsabilidade? 21.03.2020
Antonio Leitao EXPERIENTE: As pessoas têm mecanismos diferentes para lidar com o medo, e talvez esse tipo de reflexões as leve para outros sítios e planos, onde a dor, o sofrimento e a frágil condição o humana são lidos como experiências gratificantes ou com um significados que não deixam a nu a crua e dura falta de sentido da nossa existência. Não se zangue com isso, se quer ajudar quem está na linha da frente, agora e daqui para diante, mobilize-se pelo SNS público forte, por uma economia para as pessoas, pela defesa da ciência contra as fake news e pelo combate contra o populismo. 21.03.2020
Joao INICIANTE: Gostei, e é assim mesmo. Todos somos engenheiros, médicos, economistas, especialistas em saúde pública, matemáticos e assim, descobrimos isso agora. Todos pipocamos comentários e posts, avulsos mas em abundância (plagiei o pipocar do esplêndido artigo da Marisa de ontem). Claro que incomoda, como a Marisa já ontem tinha dito, claro que incomoda as pessoas na linha da frente sem tempo para cerimónias e a braços com dificuldades e carências. Fez bem em falar. 21.03.2020
Mónica Pacheco INICIANTE: E é exactamente por ser tão grave que as pessoas param para pensar em gratidão. Está tudo certo o que dizes. Mas também está certo quem não está a viver isto na linha da frente, procurar dar um sentido de beleza, de profundidade, de mudanças para o futuro. No mínimo, não aleija : Que cada um faça o seu caminho, cuide do seu corpo e do seu espírito o melhor que pode e sabe e sim, que saibamos reconhecer quem são os verdadeiros heróis e curvar-nos perante todas as situações de angústia, sofrimento e incerteza. Mas sim, sem nos atropelarmos, há espaço para cada um viver isto com a poesia que lhe aliviar e a dor. Espero que tenham notícias (boas) da tua irmã rapidamente! Um abraço 21.03.2020
José Teixeira, cidadão mais descansado por saber que o SNS está a ser defendido pela Margarida Paredes INICIANTE: Pumba! Esta arranjou espaço para, na situação horrível em que todos estamos, ficar ofendidinha com a reacção de certas pessoas à situação horrível em que todos estamos! Notável!
jvilarinho77 INICIANTE: “Como é que se olha para dentro numa altura destas é coisa que não faço ideia, confesso desde já.“ - o problema está aí. Aprendi desde pequeno que é nas situações de crise que se destacam as grandes virtudes e os grandes defeitos - em todos nós. É assim que surgem os grandes líderes, os heróis, os que em pequenos actos de coragem fazem a diferença. O medo e o quase pânico que transbordam em cada sílaba deste texto denotam uma incapacidade flagrante de ver as coisas pelo lado bom - estão milhares de pessoas a sofrer directamente com esta pandemia. Estão milhões de pessoas a ter de alterar os seus hábitos de vida, a passar tempo com os seus filhos, a descobrir prazer na simplicidade de ter mais tempo e em como vão mudar as suas vidas. Se esta não é altura de reflexão, então não sei o que é. 21.03.2020
Oliveira Oliveira.893967 INICIANTE: E tens todo o direito a tua indignação assim como a estupidez e especulação dos governos que ainda têm de se reunir e decidir se vão liberalizar linhas de crédito e o que vão investir. Deviam investir ao máximo e garantir a continuidade de todos da melhor forma sem olhar a meios monetários para garantir que todos iriam ficar em casa mesmo sem questionar o sua subsistência mínima dos meses seguintes assim como garantir também a sustentabilidade a nível nacional de todos os presentes como o excedente de emigrantes vindos recentemente e cidadãos comuns sem forma de pagar as suas contas e sem ajudas advindas seja do centro de emprego, segurança social ou de terceiros... 21.03.2020
Roberto34 INICIANTE Nu e cru é isso mesmo! O ideal seria que a China tivesse feito o seu trabalho e não tivesse havido nenhuma pandemia. 21.03.2020
Oliveira Oliveira.893967 INICIANTE Não devemos pôr culpas premeditadas em relação ao que nos é apresentado. Teorias da conspiração também poderiam acusar uma outra potência mundial de ter contaminado a própria China... Óbvio que o pensamento imediato será algo parecido com o que disse mas é como o pensamento que haveria em Portugal na maioria das pessoas que nada chega cá, que estamos longe de guerras e da maior parte das grandes catástrofes mundiais mas os tempos mudam 21.03.2020
martins.ruijorge MODERADOR PRO: se a China não tivesse feito o seu trabalho a coisa seria bem pior, acredite. Foi o primeiro país a enfrentar o problema, a lidar com a necessidade de tomar medidas que se comprovaram acertadas, de isolamento social, a construir hospitais em tempo recorde e a dar ao mundo um exemplo de eficiência do serviço de saúde pública. Mais do que isso, está na linha da frente na investigação de um tratamento e de uma vacina. Ainda mais, solidariamente está a exportar conhecimento, meios e material para os países mais afectados no momento, apesar de ainda lidar com a pandemia no seu território. A OMS têm vindo a destacar o papel e a acção da China, era bom que o pessoal lesse isso em vez de comentários idiotas no FB.
Roberto34 INICIANTE: Há anos que as autoridades internacionais alertam a China sobre o consumo de mamíferos exóticos portadores de vírus letais. A SARS-1 em 2003 pouco ou nada fez para a China mudar isso. Alguma vez aparecem vírus mortais na Europa? Onde existem regras de segurança alimentar apertadas? Não me parece! O Mundo devia era pedir indemnizações à China pelo crime que cometeu. 21.03.2020
António Cunha MODERADOR: Caro PRO, estive a ler há pouco sobre factos reais, que aconteceram. Mesmo. Houve um episódio de soldados (!) americanos infectados nos jogos em Wuhan, em outubro de 2019. Era mesmo COVID-19. Agora, pare e pense acerca das manobras americanas para fazer crer que foi a China culpada pelo vírus. Deliberadamente Trump e seus acólitos designam o vírus da China, esta é uma afirmação política e, de momento, não acredito mais nos EUA do que na China. A história comprova quem esteve sempre por detrás da maioria das guerras. E não me parece que tenha sido a China... 21.03.2020
Roberto34 INICIANTE: E eles já vinham infectados ou infectaram-se? Há imensos estudos científicos sobre o aparecimento de vírus tipo SARS através do consumo de mamíferos exóticos. Portanto. 21.03.2020
martins.ruijorge MODERADOR PRO: existem imensos estudos acerca da morte por cogumelos selvagens e todos os anos morrem dezenas de pessoas em Portugal pela sua ingestão. Acha por acaso que é fácil alterar a mentalidade cultural de um país com quase dois biliões de pessoas e uma tradição milenar? olhe que o Mao tentou com a Revolução Cultural e não foi muito bem sucedido. Apontar culpas a inimigos externos é uma imensa declaração de ignorância num momento destes, que tem um potencial destrutivo muito maior que qualquer vírus.
publico1234567 INICIANTE: Ó PRO, vai dar uma curva... sem sair de casa! 21.03.2020
Roberto34 INICIANTE: Continuem a defender regimes como a China e depois não se queixem. Daqui a 10 anos, sai de lá outro vírus tão ou mais letal que este. E a culpa é sempre dos governos Europeus que não o souberam conter, em vez das autoridades Chinesas que nada fizeram para impedir que vírus perigosos passem dos animais aos humanos. 21.03.2020
V´’martins.ruijorge MODERADOR: "nada fizeram para impedir que vírus perigosos passem dos animais aos humanos." Esta cola perfeitamente com a epidemia da doença das vacas loucas com origem em Inglaterra...
Joao2 MODERADOR: martins.rui jorge, a doença das vacas loucas não tem nada a ver com esta situação. Houve um caso passado na China, precisamente com origem nos mercados de animais exóticos, e o governo Chinês nada aprendeu com essa situação. É verdade que facilitou. Quanto à origem do vírus, pode ser discutível, mas é plausível que tenha tido origem nos mercados referidos. Vamos fazer o quê, declarar guerra à China? Claro que não. Se as autoridades chinesas estivessem conscientes do que ia acontecer os mercados estariam proibidos. Afinal não são cientistas e os cientistas que falam contra o regime são "reeducados". Há muito boa gente na China. O governo que aprenda com esses. Outros exemplos de irresponsabilidade colectiva: a irresponsabilidade ambiental, o comércio de armas, os conflitos armados... 27.03.2020


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