sábado, 30 de setembro de 2023

Consequências já

 

Do muito que soubemos nós retirar-lhes, por conta das liberdades tolas que lhes quisemos conceder, por falta de bom senso nosso. Será que é deles a culpa? Afinal, eles fazem parte do sistema que construímos, desconstruindo, em pedantismo e atropelo já de pura imitação… Não, não colhe, o passa-culpas…

Os chalupas que fazem correr muita tinta

Consciente ou alucinadamente o activismo do clima possui objectivos claros: combater o capitalismo e instituir um retrocesso civilizacional sem precedentes. Ou seja, quem promete acabar mal somos nós.

ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 30 set. 2023, 00:225

Em livrinho recente, o teólogo espanhol Luis Santamaria del Rio calcula que a pertença dos portugueses a seitas religiosas ronda os dois por cento, valor que é o dobro da média europeia. Ainda assim, a estimativa é baixa. Com certeza o dr. del Rio não considerou os membros das seitas “climáticas”, por aqui chamados de “activistas” para disfarçar e confundir teólogos estrangeiros. Se a semana que passou serve de amostra, eu diria que uns dez por cento dos portugueses frequentam cultos do género. O número deve subir para trinta por cento se considerarmos apenas os jovens.

Vamos aos factos. Num dia, os “activistas”, jovens e portugueses, invadiram uma conferência em que participava o ministro do Ambiente e pintaram o homem de verde. No dia seguinte, os “activistas”, portugueses e jovens, invadiram uma conferência sobre aviação na FIL e pintaram as portas de vermelho. Por fim, saiu a notícia de que seis “activistas”, naturalmente jovens e naturalmente portugueses, rumaram de bicicleta (estou a brincar: foram de comboio) a Estrasburgo, de modo a comparecer ao julgamento, no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, de uma queixa que haviam apresentado em 2020 contra 32 países da União Europeia. A queixa versa a “inacção” em matéria de “emergência climática” e os queixosos tinham, à data do início do processo, entre 8 e 21 anos.

A conclusão imediata a tirar é que, por cá, as manifestações ambientais não incluem cola. Por escassez de acervo digno, e o receio de andar durante meses com uma obra de Cabrita Reis agarrada às mãos, os nossos “activistas” evitam a adesão (digamos) a peças artísticas que faz furor lá fora.

A segunda conclusão é a de que os níveis de abandono escolar, ou pelo menos de absentismo, são preocupantes. Embora as aulas já tenham começado, constata-se que incontáveis meninos e meninas as trocam pela participação em números de circo. No meu tempo, faltávamos para conversar no café, actividade que, admito, não oferece tantas saídas profissionais. Agora, inspirados nos exemplos da pequena Greta e do pequeno Guterres, os jovens que não auguram futuro ao planeta ambicionam um futuro risonho em carreiras devotadas a não augurar futuro ao planeta. Ao que parece, emporcalhar lugares e pessoas enquanto se gritam slogans apocalípticos tornou-se uma espécie de ofício, para cúmulo um ofício que se pode desempenhar a partir de casa, naturalmente a dos pais. Se os jovens qualificados se sentem forçados a deixar o país, os jovens desqualificados lá arranjam maneira de ficar, excepto por ocasionais – e breves – viagens de trabalho a Estrasburgo.

O problema não é geracional. Se é, a geração responsável é a dos progenitores dos jovens em questão, que assistem nos “media” às proezas dos filhotes e, suspeito, não os presenteiam com um arraial de pancada no regresso ao lar. Quando eu fugia às aulas em prol do café e da malandrice em geral, convinha manter o meu pai na ignorância: explicar-lhe que as minhas baldas decorriam de aflições com o ecossistema não teria mitigado a sova. Pelo contrário, o “argumento” só o convenceria de que, além de preguiçoso, o filho não regulava bem. Agora os jovens largam a escola para desfilar nas televisões, assaz orgulhosos por pintarem o que calha com uma demão tosca e sem primário. E aposto que os papás, enternecidos com a evidência de distúrbios psiquiátricos ou de uma enorme lata, gravam as imagens para rever em sucessivos jantares de família.

A propósito de distúrbios psiquiátricos, é importante notar que são os referidos jovens a confessar padecerem de “ansiedade climática”. Alguns fazem-no porque viram no Tik-Tok e acharam giro. Mas haverá quem leve a sério os alertas de que o mundo acabará anteontem. Aliás, logo após o cabelo azul e a argola no nariz, o principal critério de admissão numa seita milenarista é a propensão para engolir patranhas: os seguidores de Jim Jones, David Koresh ou Charles Manson não se distinguiam pelo cepticismo nato. Nem os fiéis do genro do dr. Louçã, cujo nome não recordo e que é o guru que o templo da Climáximo foi capaz de engendrar.

A verdade é que, na ausência de orientação paternal e de acordo com o grau de inimputabilidade, o “activismo” que incomoda terceiros devia merecer cadeia ou acompanhamento clínico. Por azar, recebe antena prolongada a meio dos telejornais, momento aproveitado pelos jovens para reclamar com urgência “a abolição dos fósseis” e pelos oportunistas para lhes aplaudir a “coragem” e a “dedicação” a uma “causa”. A coragem justificava-se se os seus actos tivessem consequências penais. A dedicação a infantilidades confunde-se com o ócio. E entrar em histeria a pretexto de desastres inventados ou hipotéticos não constitui a defesa de uma causa. Muito mais legítimo seria os contribuintes cobrirem governantes com alcatrão e penas para protestar o preço dos combustíveis, que ao invés dos cataclismos ecológicos é comprovável.

Brincadeiras à parte, consciente ou alucinadamente o “activismo” do clima possui objectivos claros: combater o capitalismo e instituir um retrocesso civilizacional sem precedentes. Todas as seitas têm as suas manias e, se contrariadas com firmeza, costumam acabar mal. A novidade é que desta vez o Ocidente em peso decidiu alimentar os delírios destes peculiares cultos e “compreender” os apelos ao atraso de vida. Ou seja, quem promete acabar mal somos nós.

ACTIVISMO   SOCIEDADE   ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS   CLIMA   AMBIENTE   CIÊNCIA

COMENTÁRIOS:

F. Mendes: Bom artigo, embora seja pena que o AG não tenha antes dedicado o seu talento ao que se passou com as eleições na Madeira; ou, o que seria ainda melhor, à sanha do Costa em encher a Europa e Portugal de migrantes, imigrantes, refugiados, fugitivos ao aquecimento global e de tudo o que for cabendo numa chalupa para acabar com a civilização Ocidental. Este último fenómeno, desconfio, será muito mais perigoso para os nossos valores, do que estes actos dos patetas do clima, dos animais, da igualdade de género, etc. Já agora, refiro que o inefável Marcelo ficou calado face a estes atropelos à civilidade. E sou insuspeito de simpatias com ministros socialistas, Duarte Cordeiro incluído. Mas, há limites que o bom-senso recomendaria que fossem respeitados. Tristemente, para quem comenta decotes em termos que envergonhariam um servente de pedreiro, os limites são o que nosso “pr” quiser e disser

Fernando Cascais: A grande inspiração para os nossos jovens activistas foi a Greta, que de tanto activismo ambiental ainda acaba junta com outra activista. A pequena Greta passou a fenómeno internacional quando se lembrou de fazer greve pelo clima uma vez por semana à porta da escola. Ocorreram jornalistas de todo o mundo e a moça ficou famosa e com o futuro garantido. Já viajou por todo o mundo, discursou na ONU e escreveu livros. Garantidamente já terá uma conta bancária simpática. Por cá, os pais que sonhavam ter um filho como o Cristiano Ronaldo na bola, assim que perceberam que os miúdos eram uns chonés que nem para apanha-bolas serviam, lembraram-se da Greta e uma lâmpada das antigas materializou-se em frente às suas testas e acendeu-se. Foram a correr ao AKI comprar umas argolas para enfiarem nos narizes e nas orelhas dos putos. Pelo caminho passaram pela Robbialac e compraram umas latas de tinta de esmalte aquoso de diversas cores e pintaram à trincha o cabelo aos filhos. Depois, pegaram neles, e em vez de seguirem para a academia do Sporting levaram-nos para a sede do BE, depositando toda a esperança no treinamento da madrinha Mortágua afim de se tornarem pontas-de-lança do movimento nacional ambientalista com fortes expectativas na esperança de se internacionalizarem e garantirem um futuro confortável. As televisões têm dado algum destaque mas não o suficiente… ainda nenhum deles foi agarrado como especialista do ambiente para comentar regularmente num programa de televisão. As acções têm sido envergonhadas, mas, nota-se que há coragem para ir mais além. Uma boa ideia seria, agora que toda a gente fala na TAP, conseguir invadir a pista do Aeroporto internacional de Lisboa, e, espalhados por toda a pista amarrados com cadeados ao que por ali houvesse, impedir os aviões de aterrar e levantar voo, e, assim de queimar combustíveis fósseis. Ia dar nas vistas. Depois, no discurso, diriam que a venda da TAP é uma medida inimiga do ambiente, porque, os aviões iam deixar de fazer greve e voar muito mais contribuindo para um maior número de emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.

Quem dera

 

Que um exemplo, como o de Eugénia de Vasconcellos, proliferasse entre a mocidade de hoje, esta cada vez mais enfronhada nos prazeres mediáticos e de comunicabilidade, que a palma da mão ferozmente expande, através de uma caixinha magicamente alienadora, impeditiva de gradual abertura para o mundo mágico dos livros, como foi o seu…

Os meus maridos

As minhas colegas tinham posters, Duran Duran e outras bandas. Eram fãs. Eu não tinha posters. Tinha maridos. Entre os mortos era uma poligamia às claras, encabeçada, sempre e até hoje, por Eça.

EUGÉNIA DE VASCONCELLOS Poeta, ensaísta, escritora

OBSERVADOR, 29 set. 2023, 00:1510

Não conheço um único poeta vivo – bem, não exactamente. Dos meus poetas mortos não conheci um que fosse. Nem Ramos Rosa, nem Manuel António Pina, nem Ruy Belo. Já Herberto Helder nunca o quis conhecer. Gostava demasiado da poesia dele para contemplar a possibilidade de a beliscar com a realidade. Dos romancistas, só conversei com Agustina num longo sonho de fazer inveja ao Matrix depois do comprimido tomado. Nem o cadeirão de orelhas assente em efémero branco me faltou ao sonho – tinha dezanove anos e foi tão real aquela ficção que até hoje a tomo por verdadeira e juro por ela. Também sonhei um poema com uma enorme pintura de Paula Rego, e escrevi-o, detalhei bem aquela bonecada toda, acho que lhe chamei O Guardador de Patos, e foi um momento de absoluta lucidez, horrível também, como só a verdade sabe ser.

No início da minha adolescência, a Biblioteca Municipal e a da Gulbenkian funcionavam num claustro que também cumpria funções de Museu. Ia no Verão. À torreira do calor quando o sol a pique lambe até o ângulo recto das casas e pelos passeios não há a sombra de uma sombra. Nem todos os livros se podiam levar para casa e uma pessoa tinha de ler de empreitada e copiar os poemas ainda com a letra redondinha da infância que não se despega nunca, nem quando a caligrafia se faz de electrocardiograma e já somos crescidos. Por mim, comprava aqueles livros e mais sei lá quantos, um exemplar de cada, de tudo quanto houvesse sobre a terra, para fazer uma habitável biblioteca infinita onde casa e rua e praia fossem o mesmo caminho de estantes, percorridas a pé ou de bicicleta. Não sabia, então, que Eugénio de Andrade estava no Porto. Mas sabia que os meus catorze anos queriam vê-lo de carne e osso como os meus quinze queriam conversar com David Mourão-Ferreira que descobri por acidente num livro de António Ferro, e os meus dezoito todos os dias juravam a si mesmos, os mentirosos, que amanhã, sem falta, iriam ter com Yvette Centeno, de Musaeum Hermeticum e cinco mil dúvidas debaixo do braço.

E havia a questão dos maridos. As minhas colegas tinham posters, Duran Duran e outras bandas, conheciam os seus integrantes pelo nome próprio. Eram fãs. Eu não tinha posters. Tinha maridos. Entre os mortos era uma poligamia às claras encabeçada, sempre e até hoje, por Eça. O pior foi o dia em que vi um dos meus maridos na Feira do Livro, já em Lisboa, vivo, a dar à caneta. Uma roda de gente, mais que na praça, ao fim-de-semana. E eu, surpreendida pelo marido levantado dos mortos, de coração na boca, fugi logo, não sei se do susto de um putativo fantasma dar autógrafos, se por ver exposta a poligamia, ou do medo de lhe falar e ficar com cara de dois de paus.

Só queria aprender a escrever com os meus maridos… Fosse por esforço, osmose ou milagre, tanto fazia.

Não conheço poetas nem escritores, nem críticos literários, nem pintores. Quero dizer, conheço. Até o avesso lhes conheço, virei-os e revirei-os letra a letra. Gosto de me lembrar deles. Gosto de lhes agradecer.

LITERATURA    CULTURA

COMENTÁRIOS:

Rosário Santos : " Meu rico Eça!" (EV)          HUGO BELCHIOR: Muito bom.                Carlos Chaves: O sol deve ter a língua toda cortada nos ângulos rectos das casas de Lisboa! Obrigado Eugénia, excelente texto dos poucos que ainda vão sobrevivendo no Observador Coxinho: Com essa poligamia toda, Eugénia, muita gente se terá zangado consigo! Mas gabo-lhe a poligamia porque é evidente que o resultado valeu o "sacrifício".

João Floriano: Hoje não gostei. Este tipo de poligamia resulta muito bem no Jorge Amado e na D. Flor e os seus dois maridos, Vadinho o pândego mulherengo e divertido, que mesmo em forma de fantasma a leva ao céu de tanto prazer, e Teodoro, o farmacêutico monótono, chato mas que lhe dá segurança. Aqui no caso da poeta Eugénia não resulta. Se eu nunca acreditei nos delírios místicos de Santa Teresa de Ávila , possuidora isso sim de uma imaginação notável, menos ainda acredito em delírios poéticos.                   Sofia Ribeiro: Querida Eugénia, maravilhoso este texto que me entrou pela manhã. Inteligente, terno, poético. É generoso da sua parte oferecer-nos estes textos. Uma pérola. Infelizmente, receio que para porcos.                Alexandre Barreira: Pois. Cara Eugénia. Bela "prosa". Passe bem.....!                 Maria Augusta Martins: Um lindo texto para contrastar com outros! A boa erva produz destes arroubos, parabéns.               Filipe Paes de Vasconcellos: Mas que bonito texto. Obrigado por me encantar logo pela manhã.             Filipe Pereira: Lindo! Obrigado!

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

“Com que então caiu na asneira…”

 

O Ricardo fez três quadras, neste vinte e nove do nove, para festejar, com a doçura tradicional – ou com a pena existencial – os 18 anos da sobrinha Beatriz, os 53 do irmão Artur – juvenis os da Beatriz, jovens ainda os do Artur, que já foi “Tutula”, no colo dos irmãos mais velhos.

E é assim que nos vai a vida. Festejemo-la sempre, Ricardo, os anos da nossa existência – em festas mais preenchidas, ou mais diminutas, porque a vida é sempre um dom. Estranho, mas admirável, com alegria e com dor, em crescimento e avanço. Festejemos, pois, os anos - aninhos ou anões que sejam. E sejamos gratos.

Mas gostei a valer dos teus “Anões”. Afinal, foram eles também que protegeram a “Bela Adormecida” na sua existência condenada pela Madrasta má, e no seu sono centenário, que um Príncipe Encantado, finalmente safaria. É claro que não se chamou este, Putin, nem…

Mas são três quadras que provam bem a tua brilhante capacidade de explicitar argumentos, por malandros que sejam. Ou significativos, plutôt, de íntimo padecer… Dommage!

 

«Anões»

«Há quem lhe chame um aninho

Mas para mim é anão,

Vem passando de mansinho,

Correndo até à exaustão.

 

Não há no mundo sequer

Dicionário que o altere

Vamo-lo vendo a crescer...

Complete-o quem o quiser...

 

Seja homem ou mulher,

Seja menina ou rapaz,

Um dia, haja o que houver,

Segure-o quem for capaz.

Guerra


Em tópicos, para inúteis repúdio e pena, à distância.
GUERRA NA UCRÂNIA

Alertas activos

Em directo/ Zelensky deixa garantia: "Ucrânia merece ser membro da NATO e será”

Secretário-geral da NATO e ministros da Defesa de França e do Reino Unido em Kiev para visita surpresa. Rússia vai aumentar as despesas com a defesa em quase 70% em 2024.

ANA KOTOWICZ: Texto

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022. Zelensky continua a apelar à integração na NATO -  PRESIDENTIAL PRESS SERVICE HANDOUT/EPA

Momentos-chave

Há 7hPonto de situação. O que se passou nas últimas horas?

Há 10hOficial da marinha britânico diz que ataque à frota russa do Mar Negro significa iniciativa da Ucrânia

Há 10hPutin elogia eleições nas regiões ucranianas anexadas

Há 11h"Ucrânia merece ser membro da NATO, e será”, diz Zelensky

Há 12hRússia vai aumentar as despesas com a defesa em quase 70% em 2024

Há 13hUcrânia confia que os EUA vão fornecer mísseis ATACMS

Há 14hPutin declara dia 30 de setembro como o Dia da Reunificação das regiões anexadas

Há 15hPresidente do Cazaquistão apoia sanções da UE contra o Kremlin e promete que país não vai permitir que Moscovo as contorne

Há 16hPutin garante que as eleições na Rússia são "abertas, justas e competitivas"

Há 16hKadyrov está doente? Líder da Chechénia mostra bíceps

Há 16hPutin reuniu-se com o líder da Chechénia. Kadyrov garantiu que vai "cumprir ordens" do Presidente russo "a 100%" na Ucrânia

Há 17hGovernador de Belgorod confirma bombardeamentos e fogo de artilharia

Há 17hGrupo paramilitar aliado de Kiev terá atravessado fronteira com a Rússia e chegado a Belgorod

Há 17hZelensky discutiu com Stoltenberg reforço da defesa aérea da Ucrânia

Há 18hNATO tem contratos firmados no valor de 2,4 mil milhões de euros para comprar munições para Kiev

Há 19hDestroços de míssil encontrados na Moldávia. Lago Hârbovăț sob vigilância

Há 20hStoltenberg em Kiev. Forças ucranianas estão “gradualmente a ganhar terreno”, diz secretário-geral da NATO

Há 20hMinistro da Defesa do Reino Unido visita Kiev e reúne-se com Zelensky e Umerov

Há 20hAtaque noturno. Kiev diz ter abatido 34 de 44 drones russos

Há 23hUcrânia avança perto de Bakhmut e a oeste de Zaporíjia

Há 24hRelatório da Greenpeace. Ocidente sem capacidade para garantir segurança na central de Zaporíjia

Há 1dJornalistas pró-Moscovo recebem cabeças de porco decepadas

Há 1dKremlin. Ataque ao Nord Stream teve envolvimento de ingleses e norte-americanos

Actualizações em directo

Há 7h00:17 Carolina Sobral:

Ponto de situação. O que se passou nas últimas horas?

O Presidente russo assinou hoje uma lei que estabelece o dia 30 de setembro como o Dia da Reunificação das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia, anexadas pela Rússia no ano passado.

A Bielorrússia afirmou ter activado aviões militares depois de um helicóptero polaco ter violado o espaço aéreo do país liderado por Lukashenko. Polónia negou ter violado a fronteira do país.

O míssil que em novembro de 2022 matou dois civis na aldeia polaca de Przewodow, perto da fronteira com a Ucrânia, era ucraniano e não russo, confirmou esta quinta-feira o ministro da Justiça polaco.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse esta quinta-feira que a Ucrânia está determinada em resolver a crise relacionada com a exportação de cereais e que nem Kiev nem Varsóvia precisam de uma disputa sobre este assunto.

Moscovo vai aumentar as suas despesas militares em 68% em 2024 devido à “guerra híbrida” que o governo diz estar a ser travada contra a Rússia.

No seu discurso diário, Volodymyr Zelensky defendeu que a “Ucrânia merece ser membro da NATO, e será”, avançando que estão a ser feitos progressos práticos na questão da adesão.

O Chefe do Estado-Maior de Defesa britânico considerou que os ataques ucranianos à frota russa do Mar Negro são um exemplo de como a Ucrânia mantém a iniciativa e de que o Putin perdeu o controlo da guerra.

A Ucrânia avançou que as forças de ocupação russas instalaram cerca de 40 torres de vigilância em Mariupol para espiar os residentes.

Há 8h23:16 Carolina Sobral 

Rússia instala "torres de vigilância" em Mariupol

A Ucrânia avançou que as forças de ocupação russas instalaram cerca de 40 torres de vigilância em Mariupol para espiar os residentes.

Segundo a Sky News, as conversas telefónicas e o tráfego de Internet dos cidadãos estão a ser monitorizados pelo equipamento.

O controlo total em acção. O velho Orwell ficaria simplesmente espantado com a forma como todas as suas ficções se tornaram a realidade de Mariupol”, afirmou Petro Andryushchenko, um conselheiro do presidente da câmara da cidade exilado.

Há 9h22:47 Agência Lusa

Rússia aprova projeto-lei que prevê prisão até cinco anos a quem promova "actividades extremistas"

O Parlamento russo aprovou hoje em primeira leitura um projeto-lei que prevê uma condenação até cinco anos de prisão a quem promova ou justifique actividades ou opiniões extremistas.

O objectivo desta proposta da Duma (a câmara baixa do hemiciclo) consiste em completar o artigo 280 do Código penal russo, relacionado com protestos na via pública de actividades extremistas, e que agora prevê a punição da promoção ou justificação destas acções.

A infracção ao artigo 280 na sua actual versão já contempla sanções económicas até 300.000 rublos e penas de prisão até quatro anos, ampliadas para cinco anos caso o delito seja cometido pela internet, indicou a agência noticiosa TASS.

Esta proposta de lei contempla ainda que seja considerada propaganda extremista a distribuição de materiais e informação “destinada a formar numa pessoa a ideologia do extremismo, a convicção da sua utilidade ou a ideia de que é permitido efectuar actividades extremistas”.

Há 9h22:46 Agência Lusa:

Plataforma de voluntários internacionais para salvar património ucraniano vence Grande Prémio Europa Nostra

A plataforma online de Salvação do Património Cultural Ucraniano (SUCHO) é um dos cinco projectos vencedores dos Grandes Prémios Europeus do Património/Europa Nostra, na categoria Heritage Champions (Campeões do Património), hoje entregues em Veneza.

A SUCHO é uma “grande rede de voluntários internacionais, mobilizada por um grupo de profissionais do património, [que] reagiu às ameaças ao património em consequência da invasão brutal da Ucrânia pela Rússia e começou o seu trabalho nos primeiros dias da guerra, utilizando as ferramentas digitais existentes”, justifica em nota a organização Europa Nostra.

“Estes voluntários ajudaram a garantir que uma enorme quantidade de bens patrimoniais ucranianos pudesse ser salvaguardada. Também fizeram esforços significativos para digitalizar colecções em risco”, acrescenta a organização, sustentando a atribuição do prémio.

O Grande Prémio Europa Nostra, em cada uma das cinco categorias, tem o valor pecuniário de 10.000 euros.

Há 9h22:20 Agência Lusa:

Pedidos até 5 anos de prisão para suspeito de espionagem para a Rússia

Um procurador sueco pediu hoje pena de prisão até cinco anos para um empresário russo-sueco suspeito de fornecer ilegalmente tecnologia ocidental à Rússia.

Sergei Skvortsov, que se mudou nos anos 1990 para a Suécia com a mulher, é acusado de utilizar as empresas de importação e exportação de componentes electrónicos que geria para as suas actividades de espionagem.

Skvortsov “é um agente responsável pelo fornecimento do complexo militar russo e dos seus serviços de informação, o GRU”, afirmou, nas alegações finais, o procurador Henrik Olin.

O arguido declarou-se inocente e insistiu que era um homem de negócios que tinha procurado obter autorizações para exportar o seu equipamento.

Segundo o procurador, as autorizações destinavam-se a “dar-lhe uma aparência de legitimidade”, mas o suspeito utilizou nomes falsos de parceiros comerciais, não forneceu informações sobre o equipamento exportado e prestou informações falsas sobre os utilizadores finais.

A pena pedida por Olin foi de “quatro anos e meio a cinco anos” de prisão.

Há 10h21:16 Carolina Sobral:

Oficial da marinha britânico diz que ataque à frota russa do Mar Negro significa iniciativa da Ucrânia

O Chefe do Estado-Maior de Defesa britânico considerou que os ataques ucranianos à frota russa do Mar Negro são um exemplo de como a Ucrânia mantém a iniciativa e de que o Putin perdeu o controlo da guerra.

“Putin perdeu o controle da guerra que iniciou. Esta visita, juntamente com as minhas visitas durante o verão, reforçou minha crença de que a Ucrânia vencerá. O Reino Unido permanecerá com a Ucrânia em cada passo do caminho”, disse Tony Radakin, citado na Nexta.

Há 10h20:55 Carolina Sobral:

Putin elogia eleições nas regiões ucranianas anexadas

O Presidente russo, Vladimir Putin, elogiou as recentes eleições nas regiões anexadas da Ucrânia, descrevendo-as numa reunião com os chefes regionais como “realizadas de forma aberta, justa e competitiva”, avançou a CNN Internacional.

A comunidade internacional considerou as eleições— realizadas em algumas, mas não todas, regiões de Donetsk, Zaporizhzhia, Kherson e Luhansk, ocupadas pela Rússia — uma farsa.

“É claro que se trata de um acontecimento significativo, um passo importante para a entrada plena de novas regiões no espaço único legal e estatal do nosso grande país”, afirmou Vladimir Putin.

Segundo o Presidente russo, a “elevada taxa de participação” nas eleições demonstrou “a crescente maturidade cívica da nossa sociedade”.

Há 11h20:37 Carolina Sobral:

"Ucrânia merece ser membro da NATO, e será”, diz Zelensky

No seu discurso diário, Volodymyr Zelensky defendeu que a “Ucrânia merece ser membro da NATO, e será”, avançando que estão a ser feitos progressos práticos na questão da adesão.

O Presidente ucraniano agradeceu ainda à França e ao Reino Unido depois de ter reunido com os ministros da Defesa dos dois países, que estiveram em Kiev sem aviso prévio. Também na capital ucraniana esteve o secretário-geral da NATO. Zelensky e Stoltenberg discutiram o reforço da defesa aérea da Ucrânia.

“Debatemos, em particular, o reforço das nossas forças e a estratégia global para a nossa vitória na guerra. Estamos também a trabalhar no sentido da produção conjunta das armas de que necessitamos, o que é essencial tanto para a Ucrânia como para os nossos parceiros”, afirmou o presidente sobre as reuniões de hoje.

Há 12h19:31 Carolina Sobral:

Rússia vai aumentar as despesas com a defesa em quase 70% em 2024

Moscovo vai aumentar as suas despesas militares em 68% em 2024 devido à “guerra híbrida” que o governo diz estar a ser travada contra a Rússia.

De acordo com aCNN Internacional, o Ministério das Finanças russo propôs atribuir até 10,77 biliões de rublos (111,04 mil milhões de dólares) à “defesa nacional”, o que representa quase 70% mais do que no ano passado.

“É óbvio que esse aumento é absolutamente necessário porque vivemos num estado de guerra híbrida, continuamos a operação militar especial. Refiro-me à guerra híbrida que tem sido travada contra nós. E isto exige custos elevados”, afirmou Dmitry Peskov.

Por sua vez, o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, sublinhou que o orçamento se centra principalmente nas despesas militares.

Há 12h19:26:

"Uma 3.ª guerra mundial poderia ser nuclear"

É o que acredita o historiador Bruno Cardoso Reis. Análise à estratégia de Kiev, “não me espanta que Ucrânia tenha dificuldades em avançar”. Ainda “não há sinais de colapso de linhas ofensivas russas”. Ouça aqui na íntegra:

Há 12h19:10 Carolina Sobral:

Ataques russos fazem cinco mortos nas regiões de Kherson e Donetsk

Cinco pessoas morreram e pelo menos seis ficaram feridas na sequência de ataques russos nas regiões de Kherson e Donetsk.

Segundo a Sky News, o ministro do Interior da Ucrânia avançou que três mulheres morreram vítimas de um ataque a uma área residencial em Kherson.

Em Krasnohorivka, na região de Donetsk, dois homens morreram e três pessoas ficaram feridas.

Há 12h19:00 Agência Lusa:

"Não precisamos desta guerra de cereais e a Polónia também não", diz Dmytro Kuleba

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse esta quinta-feira que a Ucrânia está determinada em resolver a crise relacionada com a exportação de cereais e que nem Kiev nem Varsóvia precisam de uma disputa sobre este assunto.

“A história, o futuro e a segurança simplesmente não nos deixam outra escolha senão sair desta crise. Não criámos esta crise e estamos absolutamente empenhados em acabar com ela”, afirmou Kuleba, em entrevista divulgada pela agência Interfax-Ucrânia.

Segundo o chefe da diplomacia de Kiev, “as emoções estão em alta”, devido às eleições legislativas na Polónia em 15 de outubro, nas quais o partido no governo joga o futuro no poder, e “a temperatura pode ainda aumentar”.

“Estamos a trabalhar com a Comissão Europeia. Transmitimos sinais claros à Polónia sobre o nosso compromisso com uma solução construtiva para esta situação. Não precisamos desta guerra de cereais e a Polónia também não”, declarou.

Há 13h18:04 Carolina Sobral:

Polónia nega que helicópteros tenham entrado no espaço aéreo da Bielorrússia

A Polónia negou que algum dos seus helicópteros tenha entrado no espaço aéreo bielorrusso depois de o país liderado por Lukashenko a ter acusado de ter violado “repetidamente a fronteira do Estado”.

“O comando operacional nega inequivocamente estes relatos”, disse um porta-voz do Comando Operacional das Forças Armadas polaco, citado na Sky News.

“Nenhum dos helicópteros polacos atravessou o espaço aéreo da Bielorrússia”.

Há 13h17:56 Carolina Sobral:

Ucrânia confia que os EUA vão fornecer mísseis ATACMS

O Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano mostrou-se confiante de que os EUA vão fornecer mísseis de longo alcance ATACMS para a Ucrânia.

“Estou convencido de que o fornecimento de mísseis ATACMS à Ucrânia é uma questão de tempo. Tal como já resolvemos com sucesso problemas com outros tipos de armas”, afirmou Dmytro Kuleba, citado na Sky News.

Na passada sexta-feira, a estação televisiva NBC avançou que Joe Biden tinha decidido enviar um pequeno número daqueles mísseis para a Ucrânia.

Na terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o fornecimento de mísseis ATACMS à Ucrânia não vai alterar a situação no campo de batalha uma vez que as forças russas estão constantemente a aprender a adaptar-se a novos tipos de armas.

Há 14h17:35 Agência Lusa:

Míssil que matou duas pessoas na Polónia era ucraniano, confirma Varsóvia

O míssil que em novembro de 2022 matou dois civis na aldeia polaca de Przewodow, perto da fronteira com a Ucrânia, era ucraniano e não russo, confirmou esta quinta-feira o ministro da Justiça polaco.

A explosão no local de uma instalação de secagem de cereais perto de uma escola, a cerca de seis quilómetros da fronteira com a Ucrânia, ocorreu quando a Rússia realizava ataques massivos contra infraestruturas civis ucranianas, em todo o território da Ucrânia.

“A investigação levada a cabo pelos procuradores polacos levou à conclusão inequívoca de que este míssil era ucraniano”, declarou hoje Zbigniew Ziobro, que também ocupa o cargo de procurador-geral polaco.

“Considerando de onde foi disparado e por que unidade militar, tratava-se de um míssil ucraniano”, esclareceu, ao indicar que se tratava de um projéctil “de fabrico soviético”.

Há 14h17:29 Carolina Sobral:

Bielorrússia envia aviões militares após helicóptero polaco "violar a fronteira".

A Bielorrússia afirmou ter activado aviões militares depois de um helicóptero polaco ter violado o espaço aéreo do país liderado por Lukashenko, avançou a Sky News.

O Ministério da Defesa bielorrusso informou que o helicóptero atravessou a fronteira por volta das 15h20, hora local, e voltou a atravessá-la uma hora mais tarde.

Durante a primeira travessia, “voou a uma profundidade de até 1,5 quilómetros” e, na segunda, o helicóptero “violou repetidamente a fronteira do Estado, indo a 300 metros de profundidade”, disse o ministério.

Há 14h17:10 Carolina Sobral;

Putin declara dia 30 de setembro como o Dia da Reunificação das regiões anexadas.

O Presidente russo assinou hoje uma lei que estabelece o dia 30 de setembro como o Dia da Reunificação das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia, anexadas pela Rússia no ano passado, avançou a agência Tass.

Há 14h17:01 Agência Lusa:

NATO envia aviões AWACS para a Lituânia para monitorizar acções russas

A NATO anunciou esta quinta-feira o envio temporário de aeronaves de vigilância do Sistema de Alerta e Controlo Aerotransportado (AWACS) para a base de Siauliai, na Lituânia, para monitorizar as atividades militares russas perto das fronteiras da Aliança.

O primeiro dos dois aviões previstos para esta missão chegou esta quinta-feira àquela base aérea e, segundo a NATO, estas aeronaves podem detectar outros aviões e mísseis a centenas de quilómetros de distância, o que lhes dá uma capacidade de alerta precoce.

“A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia aumentou a nossa atenção sobre o ambiente de segurança na região do Mar Báltico”, disse o porta-voz interino da NATO, Dylan White.

Há 15h16:53 Agência Lusa:

União Europeia prolonga protecção a refugiados até março de 2025:

O Conselho da União Europeia decidiu hoje prolongar até março de 2025 o estatuto de protecção temporária concedido aos ucranianos fugidos da guerra movida pela Rússia.

De acordo com um comunicado do Conselho, os ministros da Administração Interna da UE concordaram “a fim de dar segurança a mais de quatro milhões de refugiados ucranianos” que vivem no bloco dos 27 Estados-membros, em prorrogar “a protecção temporária para as pessoas que fogem da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia de 04 de março de 2024 para 4 de março de 2025”.

O sistema em vigor confere uma protecção imediata e colectiva (ou seja, sem necessidade de examinar pedidos individuais) às pessoas deslocadas que não estão em condições de regressar ao seu país de origem

Há 15h16:10 José Carlos Duarte:

Presidente do Cazaquistão apoia sanções da UE contra o Kremlin e promete que país não vai permitir que Moscovo as contorne

O Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, esteve esta quinta-feira em Berlim, onde se reuniu com o chanceler alemão, Olaf Scholz.

Numa conferência de imprensa após o encontro, o Chefe de Estado cazaque disse apoiar as sanções da União Europeia contra a Rússia pela “agressão à Ucrânia”, assegurando igualmente que não vai dar chances a Moscovo “para contornar” a política sancionatória aplicada por Bruxelas.

Adicionalmente, segundo a Reuters, o Cazaquistão também se mostrou disponível para “aumentar o fornecimento petróleo” aos “amigos alemães”.

Até ao momento, o Cazaquistão ainda não aplicou sanções contra a Rússia, mas também não tem prestado apoio diplomático a Moscovo.

Pau para toda a colher


Digo, a democracia. Aparentemente, é justificação para toda a casta de desordens, razão para todas as sem-razões das actuaçóes. Por isso, já se mata nas escolas e se borram paredes de vermelho, para atacar a humanidade que não se esforça por despoluir, e continua a poluir, até mesmo os borradores, os tais que expelem as suas razões de causas que receberam lá de fora, onde são expelidas há mais tempo. É o que acontece com todos os defensores das causas nobres actuais, que são as igualdades, liberdades e fraternidades, convertidas em princípios de apoio para os desfeiteados antes e de ataque sistemático aos desfeiteadores - os tais do racismo, do anti-sexismo e demais causas da ordem e das desordens dos dias. Segundo Alexandre Homem-Cristo, basta que eles se considerem “donos da razão” para poderem armar-se em juízes, o que é condenável porque é uma inverdade, puro exibicionismo pegajoso e malandro, de uma extrema exaltação de jeitos e de sentidos, sendo esses tais provavelmente apoiantes dos fautores das guerras lá na distância, que também apresentam razões, assim, arbitrariamente, desde há muito tempo, anti-colonialistas encartados, que invadem hoje - entre outros, seus próximos - os tais povos mais distantes, que ajudaram a descolonizar, oferecendo armas e cereais, numa democracia de virtude e anti-racismo…. E de posse real. Afinal, há muitas espécies de democracias… até mesmo de fachada.

Activistas anti-democráticos

O critério “ter razão legitima a violência” é perigoso: pretende arbitrar o que é ter razão (sobrepondo-se à democracia) e autoriza que qualquer acção violenta seja legitimada pela força das convicções

ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 28 set. 2023, 00:2227

Vivemos numa era de ressurgimento de intolerâncias, tribalismos e legitimações da violência exercida em nome de causas (apresentadas como) bondosas. São disso ilustrativos os dois episódios violentos dos últimos dias (a interrupção de um lançamento de livro e o ataque com tinta ao ministro Duarte Cordeiro), que reacenderam as trincheiras do combate político. De onde estou, não tenho dúvidas: considero todas estas manifestações violentas deslocadas, contraproducentes e inaceitáveis. Acho surpreendente como é que ainda se cai no erro de, na comunicação social, tratar uns como vilões (a direita) e outros como anjinhos (a esquerda). E, sobretudo, preocupa-me o risco sério de fragmentação social quando se relativiza a violência em funções dos grupos (ideológicos, geracionais, étnicos, sexuais) a que se pertence: quem celebra a violência pelas causas que apoia está a legitimar igualmente a violência pelas causas que repudia (mas que outros apoiarão). Infelizmente, é esse caminho que estamos a percorrer.

Isso tornou-se claro com a defesa que muitos fizeram dos activistas que atacaram o ministro Duarte Cordeiro. Recorro ao artigo de Carmo Afonso, ontem no Público, não para individualizar a discussão, mas porque me parece ser aquele que melhor elabora o raciocínio que tantos partilham — e que eu critico. Diz Carmo Afonso: “Ter razão legitima acções que, à partida, seriam ilícitas ou pelo menos incorretas. A própria lei penal consagra este princípio. E cada um de nós faz o mesmo no seu código pessoal de conduta. Não podemos, nem devemos, dissociar a bondade de um protesto da bondade da causa pela qual se protesta.”

Não nego que exista algo de verdadeiro nesta tomada de posição de Carmo Afonso. Fazer o que é justo pode significar agir de forma ilícita face às regras ou às leis vigentes. A história está repleta de exemplos de homens e mulheres que desafiaram o poder político ao desobedecer ou resistir contra a tirania, o ódio ou a segregação — fazendo-o com razão e forçosamente de forma ilícita. Carmo Afonso insiste nesse ponto: “As sufragistas foram violentas e o povo francês foi violento quando aboliu a monarquia absolutista. Serão precisos mais exemplos? A História avança assim. Hoje comemoramos essa violência, sabemos que serviu para erradicar uma violência maior e, sobretudo, sabemos que era justa e que lhe devemos muito”. Eu acrescentaria até que nem precisamos de consultar os livros de história: no Irão, vemos actualmente mulheres a resistir corajosamente à repressão do regime — têm razão, mesmo que sejam perseguidas como criminosas.

O problema do argumento enunciada por Carmo Afonso começa no baralhar dos contextos: subsiste uma diferença inultrapassável entre resistir a leis persecutórias de regimes autoritários (que sufocam liberdades e afastam cidadãos da decisão política) e atacar um ministro de uma democracia liberal, eleito pela maioria dos votos, num regime onde existem canais próprios para dar voz aos cidadãos (e, portanto, dispensar o recurso à violência). A legitimação da violência não tem espaço numa democracia liberal, onde as instituições existem precisamente para criar canais de comunicação, de diálogo e de construção conjunta de soluções. Ou seja, nada do que é verdadeiro no argumento de Carmo Afonso se aplica ao episódio dos activistas que agrediram o ministro Duarte Cordeiro. Por mais que alguns sonhem com jacobinismos, não estamos na França de Luís XVI.

O maior problema do argumento de Carmo Afonso surge logo de seguida (e consta acima na primeira citação): a associação da legitimidade da violência à convicção sobre se se tem razão ou não. É um critério que equivale à ausência de critério: quem exerce violência política está sempre convencido da bondade das suas razões. À falta de um juiz de moral política, isto torna-se válido para os activistas que agrediram o ministro, como o é para o grupo que interrompeu o lançamento de um livro com o qual discordava. Tal como o é, por exemplo, para os manifestantes que nos EUA invadiram em defesa  Comum. Numa democracia, onde reina o confronto de ideias, “ter razão” não é um critério que queiramos aplicar ao exercício da violência.

É claro que quem argumenta como Carmo Afonso não pretende legitimar toda a violência — apenas aquela que serve as razões políticas com que concorda e considera bondosas. O ponto é que, ao introduzir o critério «ter razão legitima o exercício de violência», está-se a abrir dois precedentes extremamente perigosos: a pretender arbitrar o que é ter ou não razão (passando por cima dos instrumentos democráticos) e a autorizar que qualquer acção violenta seja legitimada pela força das convicções dos seus autores. Por mais que seja apresentado doutra forma, o raciocínio de Carmo Afonso é intrinsecamente anti-democrático.

Há meros 10 anos, creio que seria evidente o quanto estas formas violentas de manifestação representam uma ameaça à coesão social nas sociedades ocidentais. Hoje, não o é de todo. As democracias caíram na ratoeira de elevar as diferenças (geracionais, étnicas, sexuais, identitárias, ideológicas) não em nome da saudável união na diversidade, mas em nome de uma fragmentação tribal de grupos que lutam entre si para exercer domínio sobre os outros. A defesa da legitimidade da violência é apenas um passo natural nesta caminhada de erosão dos regimes democráticos, onde o pluralismo vai sendo substituído pela intimidação e onde as minorias ambicionam impor a sua “razão” pela força. Diz que é tudo em defesa bem-intencionada do futuro — e há alguém que seja contra o futuro? Que haja tantos a acreditar na armadilha mostra bem o quão em risco esse futuro está.

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COMENTÁRIOS (de 27)

Joaquim Rodrigues: Posso estar muito enganado, mas, no caso das “bolinhas de tinta verde” atiradas ao Ministro Duarte Cordeiro, cheira-me a Teatro. Cheira-me a Segundo Acto daquela Peça de Teatro iniciada pelo habilidoso Costa, em Matosinhos, quando, nas eleições para as Autárquicas, foi em socorro do seu maior "capacho" a Norte, de seu nome Luísa Salgueiro, Presidente da CMM e da ANMP. Nessa altura, viu-se o habilidoso Costa a vociferar, sem nexo nem tempero, contra a Galp, (Primeiro Acto da Peça de Teatro) a propósito do fecho das Instalações daquela empresa em Matosinhos, quando, o seu Secretário de Estado Galamba, já antes tinha negociado com a mesma Galp o fecho daquelas instalações e a canalização de milhares de milhões do PRR para as "Bombas de Hidrogénio". Tudo em nome da emergência climática. Ontem, em minha modesta opinião, assistimos a um “Segundo Acto da mesma Peça de Teatro”. A justificação dos milhares de milhões do PRR para as “Bombas de Hidrogénio” não vai ser fácil. Estejamos atentos aos próximos “Actos desta Peça de Teatro”.       João Floriano: De madrugada engrossam as filas de utentes de centros de Saúde que esperam pelo milagre de uma senha. Com a aproximação do inverno, a chuva, o vento, o frio, tornará a espera muito mais penosa e juntar-se-ão como gado na pastagem debaixo de um oleado ou plástico que alguém mais previdente tenha trazido de casa. E até haverá lugar a fogueiras tribais. Esta gente tem razão para protestar e mostrar o seu descontentamento? Claro que sim. No dia em que a paciência bovina se esgotar e partirem vidros ou atirarem ovos ao Ministro responsável, qual será a atitude das autoridades? Será de ignorância como no caso daqueles «activistas pelo clima» que foram em paz à sua vida sem mais constrangimentos, ou serão levados para a esquadra, identificados e presentes a juiz para pagarem os danos causados? Apostaria na segunda hipótese porque esta gente pobre, humilde, que só interessa durante a época da caça ao voto não tem os advogados da moda, não pode pagar para sair imediatamente do tribunal. Foi esta a razão apontada por alguém para justificar a ignorância dos actos praticados e a não apresentação de queixa. Isto é democracia? No caso dos que protestaram contra o livro LGBTI para doutrinação e formatação de crianças, tivemos perigosos fascistas reaccionários, embora se tenham limitado a gritar palavras de ordem com um megafone, segundo dizem. Não partiram nada, não sujaram, não fizeram exigências ridículas. No caso dos ovos e da tinta tivemos activistas pelo clima e que bem que soa a palavra activista! Não me espanta absolutamente nada o que a Dra. Carmo Afonso escreveu. Espanta-me o que disse o PR: a liberdade é para ser defendida! Qual liberdade? A dos jovens para limitar a liberdade de quem quer falar e ouvir o ministro ainda que eu não perdesse o meu tempo a ouvi-lo? Alguém reparou nas palavras de ordem contra a Aviação? é para levar a sério? Estes activistas não passam de energúmenos que deverão ser responsabilizados. Isto não é democracia em funcionamento, é ditadura da minoria em funcionamento. e já agora sobre a queixa apresentada pelos jovens no tribunal Europeu ( é assim que se chama?), que populismo é aquele de uma miúda de 11 anos andar por lá metida?              Tristão: Bem, houve em tempos um presidente da república que instituiu um direito, o chamado direito à indignação a propósito das manifestações na ponte 25 de abril, já lá vão uns aninhos… O assunto é melindroso, mas evidentemente a violência em democracia deve ser sempre condenada, seja qual a forma que assuma, física ou verbal, pena é que haja sempre dualidade de critérios nos nossos media para a condenar ou celebrar. No tempo da troika valia tudo…